sexta-feira, 2 de abril de 2010

AVES E NAVES 04

Nas abordagens anteriores deste tema das sextas-feiras, ficou clara a necessidade de se dar atenção ao fato comprovado por documentos, sobre o primeiro aparelho criado pelo homem, que subiu na atmosfera, com força própria, gerada no seu interior.
A maior importância disso é justamente a de mostrar que O CONHECIMENTO CIENTÍFICO NOVO depende de duas coisas básicas, duas práticas indispensáveis: a do próprio indivíduo cujo caráter (ego) seja predominantemente investigativo, continuamente insatisfeito com perguntas sem respostas, buscando estas onde quer que possam ser encontradas; e a do método de estudo e pesquisa, que conduz paulatinamente à descoberta, à inovação, à invenção.

No caso do acima referido aparelho, foram muitos os homens que tentaram chegar a ele. Quase nunca, com método ou mesmo uma teoria, mas sempre com observação, experiência e alguma crença ou expectativa de sucesso. Ou seja, com engenharia empírica. A inovação é apenas uma palavra mais recente para o velho conceito de engenharia. O primeiro a conseguir isso com o aparelho voador foi indubitavelmente o Bartholomeu Lourenço, no seminário jesuíta de Belém da Cachoeira, na Bahia, quando o território brasileiro era parte do Reino de Portugal.
Era evidente ser ele, ainda aos seus dez anos de idade, uma criança curiosa, que cresceu e chegou à adolescência com um caráter investigativo, observador e experimentador. A escola dos jesuítas deu-lhe o método. Estava montada a condição básica para a inovação. Os padres jesuítas trabalhavam com a destilação, para fazer álcool, com fins terapêuticos e portanto, conheciam a vaporização necessária a esse processo. Há prova científica de que um padre jesuíta italiano (Francesco Lana), que publicara um livro na Itália sobre seus inventos, já propunha uma esfera mais leve que o ar (que seria retirado dela por meio de uma bomba de vácuo) como meio de elevar uma barquinha, fornecendo, assim, uma teoria para tal invento, que, no entanto, não se realizou por ser impossível fazê-lo com o vácuo.

Com tais considerações quero mostrar que já haviam as condições necessárias à invenção do balão, em Belém da Cachoeira: uma escola, instrutores competentes e um discípulo capaz de inovar, assim motivado por uma proposta de fazer uma barca voadora, substituindo o vácuo por alguma outra coisa.
Teria Bartholomeu Lourenço cerca de treze anos, talvez mais um pouco, mas antes dos quinze, quando já estaria trabalhando com a destilação e sabia que aquecendo a água a levaria ao estado de vapor, o mesmo vapor que se elevaria na atmosfera para formar as nuvens, capazes, mais tarde, de retornar à terra como chuva.
Um jovem inteligente, a vagar pelo ambiente de florestas e rio em volta do seminário, observava assim os fenômenos naturais e seria um tolo se não visse que o vapor de água poderia levar alguma coisa com ele... para cima.
Com isso na cabeça, inventaria duas coisas ao mesmo tempo: um modo de elevar água do rio por um cano de cem metros para o seminário e um modo de fazer subir a esfera de Francesco Lana. Foi isso o que aconteceu?
Vivemos num País que não valoriza a História. A prova está nos políticos que o comandam e que estão se lixando para sua própria imagem, nela. Vamos mudar essa postura.
Voltem na próxima sexta-feira, a este blog, para ter a resposta. Desde já, devemos saber que o ar quente é gás aquecido e o vapor é líquido vaporizado, isto é, ambos com suas moléculas sob tensão. Não são a mesma coisa, contudo.
Pensem nisso.