sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MEDO E PRECONCEITO



Crônica científica

 

Estamos em frente a um quadro assustador, nas Filipinas, como tem ocorrido natural e eventualmente, aqui e ali, em todo o planeta, sucessivamente. Quem se tem perguntado como seria o tão temido "fim do mundo" pode fazer uma imagem próxima da real, apenas juntando eventos desse porte, admitindo que ocorram simultaneamente, um tufão aqui, um grande terremoto ali, um vulcão importante acolá. Felizmente, é pequena, pequeníssima, a probabilidade de que tal tragédia, de âmbito mundial, nos atinja, aos que estão vivos neste momento, mas já ocorreu algumas vezes e certamente ocorrerá em outras tantas. Inclusive por causas externas, como a queda de um grande asteroide ou por uma chuva deles, pequenos, tão pequenos que não os podemos detectar a tempo de se tomar alguma providência, com os atuais aparelhos que dispomos na Terra e em órbita. Há um grosso livro do imortal Isaac Asimov, cujo título - Escolha a Catástrofe - nos indica incontável número de possibilidades de tais ocorrências. Não estraguemos o nosso feriado de hoje, contudo, com esse medo em nosso cardápio. O medo, sabemos todos, é filho da ignorância e parente da impotência que limita nossas ações em determinadas situações. É salutar estar com ele - não devemos morrer por imprevidência - mas é doença cultivá-lo e sempre que possamos, cabe-nos afastá-lo com a poderosa arma da informação. O ignorante morre na véspera.

 

Assim, o medo só deve ser usado como alarme, sempre ligado, associado à previdência, que só existe, com informação, muita informação, cada vez mais informação, que costuma ser negligenciada por uma atividade social intensa e até irresponsavelmente divergente, quando se dedica todo o tempo fora do trabalho, à diversão. Dias atrás, vendo e ouvindo o principal noticiário matutino de Salvador, numa sexta-feira como hoje, foi-me dada, como agenda, a programação cultural da nossa cidade para o fim de semana. Todos os eventos estavam associados, de alguma forma, a movimentos de pés e de nádegas. Nada mais. É o caso de perguntar: e no cérebro, não vai nada? O condicionamento nessa direção é tal, que, qualquer tentativa em conduzir uma pessoa para algum tipo de informação e análise, é afastada sumariamente. Isso me faz lembrar outros tempos, quando na minha primeira juventude - já se foram seis décadas, desde então - tínhamos a opção, nas manhãs de domingo, de uma sessão promovida pelo clube de cinema no Cine Liceu, com o privilégio de ouvir antes da projeção do filme, um comentário crítico do grande Walter da Silveira, a chamar a atenção para o movimento da câmera em determinadas cenas e a iluminação em outras, entre tantas possibilidades de "ver" o que os desinformados sequer desconfiam que existe em um filme de bom diretor.

 

A verdade é que nossa sociedade caminha para transformar indivíduos potencialmente cultos em massa disforme de pessoas que valem apenas como números estatísticos. Na educação, por exemplo, o que vale hoje não é a capacidade de ler e interpretar, por exemplo. Muito menos ainda, a de fazer cálculos mais avançados que os meramente aritméticos. O que vale são as estatísticas que apresentam números crescentes de concluintes em diversos cursos, ainda que se saia da escola sem saber nada, porque a ordem do sistema aos professores é uma só: aprovar todos os matriculados, porque se precisa de salas e cadeiras para outras turmas no ano seguinte... Isto também é fim do mundo! O que se colhe com o aumento desenfreado da população, porque se precisa de cada vez mais corpos humanos para as "almas" (de anima, movimento) dos animais que morreram - cães de apartamentos, por exemplo - e que, assim, voltam como gente. Falando (ou escrevendo) coisas tais, colhe-se o patrulhamento dos "intelectuais" de plantão que adoram a palavra "preconceito" e a carimbam em todas as testas disponíveis à sua frente. Quem vê um ser humano latindo na rua e diz que ele é um cão em sua primeira encarnação como homem, para atender o aumento de corpos humanos na Terra, pode ser processado por preconceito, por alguém que tem algum medo cravado em seu cérebro e teme ser atingido por alguma observação desse tipo. Hoje, é muito difícil fazer ciência, porque esta não se faz sem ter hipóteses antes das teses. Há sociólogos (políticos ideológicos) que fazem sua ciência apenas com emoção, paixão, não raramente cultivada num jardim de traumas de infância. São estes, sempre de plantão nas esquinas, prontos para assustar quem as dobra, os que pregam a palavra "preconceito" em tudo que é contrário à sua própria visão, por medo de ligar a luz. Costumam ser os mesmos que querem ainda mais gente no mundo, porque é na ignorância e no caos que conseguem cultivar sua política barata e demagógica, baseada no ódio, num cérebro cheio de preconceitos, isto é, de afirmações baseadas apenas na paixão, sem qualquer hipótese científica a sustenta-las. Como se pode deduzir, há muitas possibilidades de se ter uma catástrofe. Quanto ao mundo, cientificamente, pode mudar o seu cenário e seus ocupantes, mas nunca se acaba.

 

Adinoel Motta Maia

 









sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A ARTE DE FECHAR OS OLHOS


Crônica Científica

A notícia de ontem, na televisão, dizendo que a Terra está sofrendo um bombardeio de pequenos asteroides, é sem dúvida, assustadora, Nenhum de nós está livre, na Terra, de ter um deles a explodir em nossa atmosfera, chovendo pedra e/ou ferro em nosso quintal. Ou, o que pode ser pior, do choque de um deles, inteiro, no centro de uma cidade grande, por exemplo. A notícia acima referida fala de mais de mil mortos na Rússia, dias atrás, quando ocorreu tal explosão sobre uma pequena comunidade. Os grandes asteroides estão sendo monitorados pela ciência telúrica, de modo que, catástrofes como a do desaparecimento dos dinossauros e por um tempo, de todas as demais espécies animais, na superfície de nosso planeta, ocorrida há dezenas de milhões de anos, sendo hoje possíveis, talvez possam ser evitadas, se tivermos tempo de mandar algo ao seu encontro, capaz de desviar sua trajetória. Os demais, de relativamente pequeno porte, não são monitorados, porque são muitos e não facilmente detectáveis a tempo de se tomar qualquer providência. Estamos, portanto, ao sabor do azar.

Dir-se-á que cada um de nós pode morrer a qualquer momento na rua violenta das cidades brasileiras, com muito maior probabilidade do que com a chegada de um asteroide. Pura verdade, que leva muita gente a preferir as novelas do que os noticiários de televisão, fechando os próprios olhos para tudo e vivendo na ignorância. Por outro lado, há a verdade também muito verdadeira de que um dia será o último de todo indivíduo animal na Terra, por razões naturais, inclusive com limite que nos é dado pela glândula pituitária, responsável pelo controle da reprodução celular, que só seria garantida até os 144 anos de vida, no homem. A boa notícia é que após uma vida há outra, mas muitos de nós não acreditam nisso porque estão condicionados por igrejas que confundem tudo, afirmando o que não deve ser afirmado, que só temos uma vida, após o qual o destino é definitivo para a nossa "alma" (seria mais correto dizer "ego", porque alma vem de anima, que significa movimento e corresponde à força que dá movimento aos animais, os únicos seres que se movem). Este é um dos maiores fatores que estimulam a corrupção, entre tantas formas de criminalidade, porque há idiotas que dizem: "Se só tenho uma vida, vou gozá-la da melhor forma possível". Isso não justifica, mas explica porque vivem como se estivessem numa luta de "vale tudo", contra todos. Ao contrário do que dizem essas igrejas, não há perdão para quem não sabe o que faz, justamente porque não se sabe o que se faz por causa de sua própria ignorância, por preferir a diversão à informação.

Sem ciência, não há salvação.

Não nos esqueçamos jamais, que o hoje é o amanhã do ontem, como é o ontem do amanhã. Algo tão óbvio costuma não ser considerado pela maioria das pessoas, que não constroem hoje o seu amanhã, esperando que tudo caia do céu ou do programa "bolsa-família", obra de governo que estimula a preguiça, a acomodação e  pobreza, mantendo os ignorantes sob o controle dos políticos. Tem gente que se orgulha de receber essa esmola. Fala-se que isso é amor do governo pelos pobres. As igrejas também costumam confundir o que é amor, trocando causa com efeito. Mais uma vez, falta de ciência e estímulo à ignorância, porque todo gado precisa de vaqueiros. Depois que os poetas perderam a Lua para os astronautas e as estrelas para os telescópios em órbita da Terra, é a vez de aceitar o amor como força de atração entre as partículas subatômicas (na Física isso tem o nome de força fraca ou, como diz o físico Jean Charon, "espírito") que formam não só os átomos como todos os corpos. Vê-se que o mundo está cada vez mais excitante para os cientistas e perdendo a graça para os artistas. O que é mais uma razão para trocar o samba-de-roda pelo Google, como atividade de cultura e lazer. Mais estímulo para o cérebro, que comanda, do que para as nádegas, que obedecem.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A BTS E O GOLFO DA BAHIA


Crônica científica

Alguém pode estranhar a ocorrência de uma missa a encerrar um evento científico, porque há um preconceito de que não se mistura Ciência com Religião, isto é, Razão e Fé. Preconceito, sim, porque se faz um conceito sem examinar cientificamente - esgotando todas as abordagens possíveis - o que se entende por Fé ou Religião. Diga-se que a culpa disso é apenas dos religiosos que preferem impor suas afirmações sem submetê-las à investigação científica, mas, por outro lado, há uma postura dos cientistas em menosprezar a paixão como algo totalmente fora do escopo da investigação objetiva dos laboratórios, restringindo-a aos limites da subjetividade, isto é, das construções da mente. Este divórcio pré-estabelecido por conveniências, digamos, burocráticas, ao longo dos milênios de cristianismo e islamismo derivados do judaísmo é responsável pela recusa digamos puramente dogmática da ressurreição contínua do ego eterno - alma, para uns; espírito, para outros - em sucessivas ligações com diferentes corpos animais, em permanente evolução. Nesse contexto, observe-se que cresce bastante uma outra postura, de intelectuais independentes, de origem familiar cristã, na direção do ateísmo ou do chamado espiritismo não cristão, que tangencia religiões mais antigas, como o hinduísmo e o budismo, entre outras, onde se exercita uma prática experimental - científica, portanto - de projeção da mente objetiva (do cérebro), fora do corpo.

Estas palavras introdutórias se devem à realização de uma missa, hoje, dia de Todos os Santos, às 8 horas da manhã, na Igreja de São Pedro, no Largo da Piedade - com o competente sermão do Padre Aderbal - como tem ocorrido desde 2010, comemorando os 512 anos da descoberta da Baía de Todos os Santos, assim denominada pela expedição do português Gonçalo Coelho, com três naus - as duas outras com Gaspar de Lemos e Amerigo Vespucci, vinda de Portugal com missão exploratória desde o Rio Grande do Norte até onde terminassem as terras dessa costa que já sabemos irem até a Patagônia, no extremo sul da Argentina. Não há no Brasil uma popularização de "Todos os Santos", conforme instituídos pela Igreja Católica e festejados em países como Portugal e Itália, onde existem paróquias a eles dedicadas - o próprio Vespucci teria sido batizado numa delas, em Florença - nesta data de 1º de novembro, aquela em que a frota portuguesa aqui chegou, em 1501. Essa missa encerra a Semana da Baía de Todos os Santos, realizada anualmente pelo Gabinete Português de Leitura, com uma exposição e três palestras em sua sede, desde 2010, a partir de 26 de outubro. Um evento científico, como dissemos, que se encerra com um ritual religioso, católico, na paróquia de São Pedro, onde se situa a sede do Gabinete Português de Leitura.

Neste ano, a exposição foi realizada pelo geólogo Rubens Antônio da Silva Filho, dando notícias, já, de um trabalho que realiza com modelos reduzidos em três dimensões, reproduzindo o relevo de Salvador, sua geomorfologia. Atuando no Museu Geológico da Bahia, esse cientista experimenta esse modo para o aprendizado de pessoas com deficiência visual, que andam pela cidade e a vêm com os próprios pés, podendo agora senti-la na ponta dos seus dedos, percorrendo vales e colinas feitos em escala dupla - horizontal e vertical - assim "vendo" a cidade como se fosse em um mapa. Ainda em desenvolvimento, esse trabalho parece ser inédito e é científico, mas o seu alcance social o faz merecer todo o apoio, principalmente de divulgação, contra a cegueira dos que tratam os deficientes visuais apenas politicamente.  As três palestras realizadas - também científicas - foram programadas para mostrar como a geologia fez a geografia e nesta ocorreram os fatos históricos, particularmente os relacionados com os transportes, na Baía de Todos os Santos. A primeira delas, a cargo do Prof. Dr. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da UFBA, mostrou como surgiu e evoluiu a Baía de Todos os Santos, geologicamente. Referência nacional em sua área científica, o Prof. Landim encheu os olhos e os cérebros de um auditório lotado, que viu as imagens projetadas e ouviu suas palavras reveladoras de um passado de eventos assustadores que formaram a belíssima baía que pode ser a maior do mundo e não sabemos disso, nem a conhecemos, unicamente por preguiça crônica. Só é pobre quem quer...

Na segunda palestra, do geólogo Rubens Antônio, este deitou e rolou com o seu magnífico trabalho de reprodução em três dimensões da cidade de Salvador, projetando imagens desta com seus prédios e suas vias, mas logo desnudando-a, sem eles, como foram encontrados seus vales e colinas, apenas com a vegetação a revesti-los. Autor de um livro, que logo ganhará segunda edição, sobre a história da geologia na Bahia, esse cientista mostrou essa história que os baianos lamentavelmente não conhecem porque não querem. A terceira palestra, sob nossa responsabilidade, montou nesse palco geológico e geográfico da Baía de Todos os Santos, a história dos seus meios e vias de transporte, com ênfase na sua travessia e na contribuição para sua economia, desde os saveiros até o ferry-boat, desde os anos 50 do século passado, quando se começou a sofrer as pressões do poder econômico do petróleo e da indústria automobilística, desmontando a infraestrutura ferroviária e o transporte marítimo em benefício do automóvel. Mais que isso, no entanto, pudemos revelar, com base na ciência geológica confirmada pelos palestrantes anteriores, uma omissão dos geógrafos, que até hoje não descobriram o Golfo da Bahia, que temos em nosso litoral e que é formado pelas baías de Todos os Santos, de Cairu e de Camamu, num único conjunto geológico revelado nesta IV Semana da BTS e que não é outra coisa, se não um golfo. Estamos pedindo um congresso brasileiro que nos permita mostrar esta descoberta assim tardia e exibir para o mundo, nos mapas oficiais, sua presença na costa brasileira, oficializando-a. Sobre este assunto, remeto os interessados para o meu blog http://adinoel-blogart.blogspot.com, onde se encontra um primeiro artigo pequeno, mas completo, sobre essa descoberta.
 
Adinoel Motta Maia


sábado, 26 de outubro de 2013

IV SEMANA DA BTS


Notícia científica

Na manhã deste sábado, foi aberta, no Gabinete Português de Leitura, no Largo da Piedade, a IV Semana da Baía de Todos os Santos e nela, uma exposição de pequenos modelos reduzidos em três dimensões que mostram a geomorfologia da cidade de Salvador, da Baía de Todos os Santos e do Estado da Bahia, resultantes do estudo e do trabalho do geólogo Rubens Antônio, do Museu Geológico da Bahia. Essas peças estarão ali durante toda a próxima semana, no horário comercial, com acesso livre e gratuito, sendo permitido aos interessados tocar nos modelos, acompanhando com o tato, na ponta do dedo, as elevações e depressões, de modo que, por exemplo, poder-se-á ver e sentir o fundo do mar na baía, os vales dos rios na cidade e as cumeadas onde andam, vivem e trabalham os moradores dos diversos bairros.

Esse trabalho, ainda em desenvolvimento pelo referido geólogo, já pode ser mostrado num primeiro momento, de modo que tende a crescer com o tempo e ganhar escalas ampliadas, havendo estímulo e sustentação nesse sentido. É esta uma ação inovadora, que o Rubens Antônio explicará em uma palestra que acontecerá no mesmo local, na terça-feira, às 17 horas, também com acesso livre, discutindo questões como as modificações do relevo da cidade desde sua ocupação pelos portugueses no século XVI e pelos seus invasores holandeses no século XVII. Uma rara oportunidade para se discutir cientificamente essas ocupações e melhor compreender a distribuição comunitária nesse espaço.

No dia anterior, na segunda-feira, no mesmo local e horário, outro geólogo, o Prof. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, falará sobre a geologia da Baía de Todos os Santos. Essa abordagem é fundamental para compreender a geografia da costa baiana nesse segmento e como esta influiu na história produzida pelos mesmos colonizadores e invasores. Não se pode compreender a História, sem conhecer a Geografia e nem se saber das causas formadoras desta sem o estudo da sua Geologia. Também esta é uma realidade a ser conhecida em rara oportunidade, devendo os interessados estar no local rigorosamente no início da palestra, às 17 horas.

Finalmente, na quarta-feira, estaremos também ali, no mesmo horário, mostrando como tudo isso contribui para um posicionamento da Baía de Todos os Santos no panorama mundial e de como esta, ao lado das baías de Cairu e Camamu formam o que devemos começar a chamar de Golfo da Bahia. Faremos, então, essa proposta com base científica, de modo que possamos ter um local de pesquisa, estudo e memória dos transportes não só nas baías propriamente ditas, como nas suas zonas de influência, isto é, nos municípios do seu recôncavo, servidos pelos rios que nelas desaguam.

Esperamos que com tais abordagens possamos estimular ações públicas e privadas no sentido de que elas sejam promovidas para o desenvolvimento turístico, social e econômico nesse complexo geográfico.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

FAVELA É VERGONHA


Crônica científica

Todos nós sabemos o que é uma favela, habitualmente formada pela invasão de terrenos baldios, públicos ou privados - estes abandonados ou tomados de assalto - por pessoas miseráveis que precisam de abrigo e o constroem de modo improvisado, com materiais disponíveis, sem qualquer cuidado estrutural e com nenhuma preocupação estética. Caprichosamente, não havendo oposição ou impedimento, nessa ação, esse abrigado vai melhorando a estrutura e o aspecto do seu chamado "barraco", que ganha alvenarias de tijolo cerâmico, teto de zinco ou cimento - telha ou laje - e esquadrias de madeira. Não raramente, sua ação é imitada e paulatinamente outros fazem junto daquele primeiro abrigo, outros casebres, sem qualquer planejamento do espaço circundante, com olhos fechados do poder público, interessado político em votos daquela gente que não deve ser contrariada, enquanto comerciantes de materiais de construção facilitam e até patrocinam a aquisição de tudo o que precisam esses construtores improvisados, não raramente financiando-os com "suaves prestações mensais".

Todos nós sabemos que o nome "favela" foi empregado com essa conotação, pela primeira vez, no Rio de Janeiro, espalhando-se por todo o Brasil, nessa prática que atesta sobretudo o abandono da coisa pública, ainda que em terreno privado, faltando o que se chamaria de "planejamento urbano", se existisse, dentro do que chamamos de "administração municipal" e ainda, se quisermos, de uma terceira entidade quase sempre ignorada, que é a "cidadania". Em outras palavras, essa omissão, tem um só nome: vergonha nacional. Mostra que não somos civilizados, porque aceitamos a prática selvagem de cada um fazer o que quer onde quer, como quer. Exatamente como procedem os animais, na floresta. Aceitamos o "animal urbano" como se isso fosse caridade. Na realidade é um "lavar as mãos", deixando o miserável ao sabor de sua ignorância e aprendendo com sua experiência, imitando o vizinho e buscando de alguma forma o dinheiro que o sustenta naquela estrutura absurda, como se fosse folclore.

Procuro hoje, uma abordagem científica - não passional, portanto - para o que já está gerando manchetes em outros países, na medida em que o Brasil vai atraindo atenção, seja porque a violência aqui está na vitrina em todo o mundo, seja porque vamos fazer uma competição mundial de futebol ou seja ainda porque a corrupção se mostra avassaladora na administração pública, em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Evidentemente, escrevo para leitores racionais, intelectuais, capazes de encarar tudo sem os desvios da paixão, que pretende justificar a injustiça do tratamento equânime para os bandidos e suas vítimas, que dá direito às feras de comer os incautos. Como ocorre na floresta, isto é, no mundo animal, em ambiente vegetal, onde ninguém está preocupado com as causas dos fenômenos climáticos ou quaisquer outros, aceitando tudo como vontade divina.

A palavra mágica que muda tudo isso é planejamento. Houve época em que não se planejava nada no Brasil. Pouca gente sabe que o planejamento começou no mundo, entre os homens, em suas ações militares, nas batalhas que envolviam dezenas de milhares de soldados. Por isso, quando os militares assumiram o poder no Brasil, os políticos foram obrigados a fazer planejamento, a começar por se criar um Ministério do Planejamento. Hoje, tirando-se os militares do poder, temos dezenas de ministérios que planejam, mas não executam e ainda assim, falta planejamento. A maior causa de favelas no nosso país é a migração da agricultura para a indústria e consequentemente, do campo para as cidades e das pequenas para as grandes cidades, em volta das quais estão as fábricas. Os que procuram emprego nestas, não os encontrando, ficam por ali mesmo, fazendo barracos e criando favelas, que são politicamente chamadas de comunidades, com seus líderes, que levam votos para... (vamos ficar por aqui). Já temos mais partidos políticos no Brasil do que clubes de futebol no campeonato brasileiro. Enquanto isso nossas grandes cidades vão ficando maiores e as pequenas cidades do Interior vão sumindo, até que tudo vire um deserto. Somos uma só anedota, para o riso internacional, nos lugares civilizados.

Em síntese, precisamos deslocar a Capital do Estado - cada Estado - para pequenas cidades do interior, como acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, levando para outras cidades pequenas, a população que está nas grandes cidades. Como se faz isso? Com planejamento e leis que sejam cumpridas. É preciso não confundir: o direito de ir e vir não significa o direito de ficar onde não há lugar. Não se pode entrar e ficar numa sala de cinema, quando ela já está lotada. Por que se pode entrar e ficar numa cidade, quando ela já está lotada? Porque não se faz ciência, não se faz estatística ou se faz apenas para publicar em jornal. A política não deve ser conduzida com paixão partidária. Não se governa um país como se faz um campeonato de futebol. Os políticos não apoiam a ciência porque não a querem. Querem a bagunça. Querem o caos. Como os micróbios, é nele que sobrevivem...

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AMAR AO PRÓXIMO


Crônica científica

Nada desperta mais interesse no ser humano, do que outro ser humano. O outro. O próximo, que se ama como a si mesmo. O que chamamos de "amor" nada mais é do que a atração universal que um exerce sobre o outro. Isto vale para as estrelas e os planetas, como vale para nós, como vale para os átomos entre si e neles, para prótons e elétrons; também para estruturas de consciência mais velozes que a luz e finalmente, na base de tudo, para consciências pontuais - "existo aqui e agora" - que ocupam posição no espaço infinito - o "Nada" - atraídas por essa força universal que as une e as coloca tão próximas, que, se estivessem mais próximas seriam elas mesmas, separadas por intervalo tão pequeno que se fosse menor não existiria, no universo que o matemático e filósofo alemão Leibniz disse ser o dos entes infinitesimais. Por isso, estamos tão interessados em nossos familiares, em nossos vizinhos, em nossos amigos, em outros seres humanos, assim como em gatos e cachorros, e daí por diante. Por isso as novelas de televisão exploram o relacionamento entre as pessoas e os homens sofrem pelos seus times de futebol ou pelos que morrem na guerra e nas catástrofes naturais. Porque amamos aos outros, como a nós mesmos e não há quem impeça isso, mesmo quando se odeia por ter um interesse próprio contrariado por esse outro, justamente porque aumenta sua velocidade e se afasta, deixando de ser "o próximo". Como um planeta sairia de órbita, em volta de sua estrela, se aumentasse sua velocidade de translação. Tudo isso está na Física, mas igualmente na Psíquica e é a base da construção do Universo e da própria Consciência de Deus.

Aí, alguém diz: "Eu não odeio o outro porque estou em alta velocidade, em volta dele!" Em seguida, pode vir a explicação: "Eu odeio meu vizinho porque não me deixa dormir com o som que ele põe em alto volume, em sua casa!" Em verdade, podemos ter duas pessoas paradas, sentadas, uma em frente à outra, olhando-se e trocando faíscas de ódio, que é a força de repulsão, contrária à força de atração, que é amor. O que temos de ver com toda a clareza é que, neste caso, não são os dois corpos físicos, assim tão próximos e parados, que se odeiam, que se repelem. Se colocamos os dois a dormir, ali, um em frente ao outro, não haverá ódio. O amor, como o ódio - a atração, como a repulsão - são forças psíquicas, que só existem quando há consciência, que pode estar parada e pode mover-se. Quando dormimos, nossa consciência está parada. Há quem acorde lerdo, recusando-se a pensar, pensando apenas em sair da cama ou em ficar mais um pouquinho sob as cobertas, porque está muito frio fora delas, assim mantendo-se psiquicamente quase parado, sem preocupações, sem agenda a cumprir porque é domingo e sem pressão externa a obriga-lo a pensar. Essa pessoa está psiquicamente em baixa velocidade, rigorosamente atraída a manter-se na cama, mas podendo levantar-se, vestir sua bermuda e calçar seu tênis, pulando para fora de casa a correr no seu exercício matinal cotidiano, mantendo-se psiquicamente em baixa velocidade, acenando para os vizinhos, olhando a paisagem e pensando apenas em sua respiração. Nessa pessoa, só há amor, atração. Pode estar fisicamente em alta velocidade, mas psiquicamente parada ou quase parada.

Numa outra situação, há quem acorde excitado porque foi dormir tarde, o caminhão que recolhe o lixo ficou dez minutos em frente à sua casa fazendo barulho às 3 horas da madrugada e sendo domingo, o vizinho o acordou às 7 horas, com um som alto a executar o hino do Bahia, por exemplo. Essa pessoa rolará lentamente na cama, insistindo em dormir, mas o seu cérebro - a sua consciência - estará a mil quilômetros por segundo, lamentando tudo, odiando todos ao mesmo tempo, assim psiquicamente em alta velocidade, apesar de estar fisicamente parado, deitado. O sofrimento, a paixão, é um estado psíquico de alta velocidade, num cérebro que pode estar em um corpo parado ou em movimento. Isto compreendido, podemos aceitar duas pessoas paradas a se odiarem, olhando uma para a outra, cada uma com a própria consciência explodindo de tanto pensamento em altíssima velocidade, querendo sair de órbita, em repulsão. Evidentemente - aproveitemos para dizer - não são apenas os seres humanos ou animais, que têm consciência de sua posição e do seu movimento.

Também, não são apenas os corpos físicos que reagem à ação do outro, como a pedra reage ao ácido que a corrói, porque tem consciência do ataque que sofre. As reações químicas são frutos da consciência que um elemento químico tem do contato com o outro. A dificuldade que o homem tem em frente a esse tipo de informação se deve à sua "crença" científica de que só há consciência no cérebro. Quando o homem compreender que a consciência é universal e se encontra num simples ponto geométrico, sem dimensão, mas com posição própria no espaço infinito, não mais precisará de religião ou de qualquer "crença", porque saberá tudo, inclusive que sua própria consciência é eterna e tanto maior, quanto mais conhecimento tiver. Além da Física, limitada à velocidade da luz, é necessário conhecer a Psíquica, porque o pensamento é mais veloz que esta e pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Tudo isto está em nossa Teoria Unificada do Universo, já publicada desde 2007 e disponível gratuitamente no Google.

Adinoel Motta Maia



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CIÊNCIA E DESPORTO


Crônica científica

Primeiros dias de primavera, vejo agora da minha janela, nesta linda manhã de céu alvi-azul. a juventude colorida do colégio estadual Manoel Novais nas ruas, desta vez não para fazer os necessários e justos protestos que são parte do jogo político formador da cidadania, mas justamente para saudar sonora e visualmente a Primavera, a partir da data do equinócio que nos leva para a parte do ano em que o Sol - criador da vida - é mais atuante em nosso habitat. Isto nos leva a dias da nossa juventude, nos anos em que a Primavera era recebida com os jogos olímpicos intercolegiais, abertos com grandioso desfile no Estádio Octávio Mangabeira, na Fonte Nova e realizados amplamente nas semanas seguintes, com jovens de todos os colégios em campos, quadras, pistas e arquibancadas cheias e vibrantes. Sabia-se, então, que o desporto dignifica o homem na prática do fair-play e sobretudo cria líderes sadios para todos os setores da vida, na política, na administração pública e na atividade empresarial. Quando iremos recuperar a sanidade mental e física de um desgoverno que abandonou tudo isso?

Hoje, para começar este discurso, temos de lamentar a ação danosa, que destruiu todas as instalações olímpicas do complexo desportivo da Fonte Nova, onde tínhamos um ginásio de modalidades praticadas por equipes - voleibol, basquetebol, futebol de salão, etc. - além de uma piscina olímpica e uma pista de atletismo em torno do campo de futebol. Abandonou-se essas instalações e tais modalidades desportivas e depois destruiu-se tudo isso para fazer uma arena para eventos de interesses econômicos - o futebol profissional e os espetáculos de música popular - cometendo-se um erro digno de muares: a retirada do nome de um dos maiores homens que a Bahia preserva - Octávio Mangabeira - para colocar o de uma cerveja, num estádio que, assim, virou circo e recebeu nome adequado a quem perde a consciência com o álcool. Consciência que, de fato, está faltando a governantes que valorizam mais  bebida alcoólica do que a atividade física, em nosso Brasil. Assim, paradoxalmente, quando o País se mete a realizar jogos olímpicos mundiais, a Bahia fica sem onde praticar o desporto olímpico. Hoje, em toda a cidade de Salvador, não há uma única piscina olímpica.

Não é só o Desporto baiano que está de luto. No outro lado da moeda, a Ciência é simplesmente esquecida. Naquela época em que se tinha as olimpíadas da primavera, nós usávamos as páginas do Jornal da Bahia para promover a  fundação de clubes de ciência e encher o auditório daquele jornal com jovens interessados em astronomia, arqueologia e até - imaginem! - malacologia, que não direi o que é para obrigar os leitores a irem ao dicionário. Não por pirraça, mas para mostrar que os jovens respondiam aos estímulos científicos até em áreas jamais divulgadas anteriormente. Também isso se perdeu. Nossa juventude foi jogada às feras, isso é, ao marketing das empresas cervejeiras e das indústrias de objetos de consumo, que dominam as atividades sociais como o carnaval e outras festas, colocando as pessoas a se dedicarem às suas capacidades animais - de movimento (anima) - e escondendo suas potencialidades intelectuais - da mente (intellectu).

Lamento trazer uma visão negativa para a espécie humana, digna de ficção científica hoje, mas provavelmente sem ficção no futuro. Ao invés de forçar o desenvolvimento de nosso cérebro biológico para uma evolução que aumente esse cérebro, unicamente por conforto, estamos transferindo nossas atividades mentais para a máquina dotada de cérebro eletrônico. Chegará o dia, assim, em que essa máquina se reproduzirá por fabricação determinada por ela própria, sem as limitações da vida biológica, podendo espalhar-se por todo o sistema solar. Quando isso for possível, ninguém duvide - pasmem, todos! - os seres biológicos serão inferiores e os egos sapienciais, que hoje já se ligam a cérebros neurais em seres humanos, poderão ligar-se a cérebros eletrônicos em robôs. Os sapienciais nos tratarão, no futuro, como nós, intelectuais, tratamos hoje os animais. A boa notícia é que os intelectuais de hoje poderão ser os sapienciais do futuro, porque, em verdade, nós somos eternos em nossos egos externos. É o que diz a Psíquica.

Adinoel Motta Maia


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

RELIGIÃO E CIÊNCIA


Crônica científica
 
Amanhecemos hoje com uma notícia vinda da Suécia, onde nesta madrugada se anunciou para o mundo, que já não há dúvida: até o fim deste século, o mar subirá 82 centímetros, se nada for feito para interromper o modus vivendi da humanidade, que tudo quer ter e fazer, sem sacrificar nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhum interesse pessoal. Cada um de nós tem seu próprio ego neural instalado no cérebro, com respectivo nome de batismo. O que se recusa é o fato de que o egoísmo é tanto maior quão menos evoluído é esse ego, no cérebro, comandado por um ego externo e eterno que também evolui em função de suas experiências em ligações sucessivas - vidas - com egos neurais. O aumento populacional dos homens na Terra, na velocidade em que ocorre, não dá tempo para que os novos egos que surgem nesses novos homens sejam já suficientemente evoluídos para que compreendam mais do que sua própria existência e assim, muito menos, a existência e necessidades do próprio planeta em que vivem. A grande maioria da população humana não está capacitada, portanto, a decidir sobre o seu próprio destino, mas justamente essa ignorância a capacita a destruir suas estruturas sociais e individuais. Infelizmente, é essa ignorância que leva essa maioria a recusar esta informação. Vamos ver a seguir como esse processo começou, isto é, como surgiu e evoluiu a ciência que nos permite prever o destino da humanidade e das suas cidades.
 
Na Antiguidade, a ciência era conhecida como mágica. O mágico (ou mago) foi penetrando cada vez mais no estudo da Natureza e descobrindo suas leis. Passou a ser chamado místico. Na Idade Média, este era chamado de alquimista. A alquimia era a base intelectual do que passaria a ser a Química. Paralelamente, dentro ou fora da alquimia, tinha gente associando os fenômenos da Natureza à matemática, explicando-os através de equações, fórmulas e leis. O maior de todos esses alquimistas, hoje reconhecido como o primeiro grande físico, chamava-se Isaac Newton. Com o objetivo de encontrar um grande nome para a fundação da Física, enquanto ciência, as universidades e seus pesquisadores se esqueceram de dizer que ele era um grande místico e também investigava os mistérios até hoje não discutidos pela academia científica, porque estariam no escopo da religião.

Acontece que a religião também se encheu de preconceitos e não aceita a ciência física em suas limitações, ditas materialistas, aí se incluindo a energia, que não é matéria. O divórcio estava estabelecido e o místico continuou existindo como um indivíduo que visita a religião e a ciência, misturando-as à sua conveniência, para explicar os fenômenos da matéria e do espírito que é apenas a força que liga posições de consciência e forma estruturas evolutivamente mais complexas até se manifestarem como matéria. As antigas sociedades místicas tornaram-se secretas, ditas ocultas, para proteger seus membros de perseguições e seus conhecimentos de revelações que poderiam levar perigo a quem os utilizasse irresponsavelmente. Nesse contexto, cada qual foi para o seu lado, com mútuas acusações de usar caminhos errados para chegar a lugares pretendidos. Vivemos, hoje, no entanto, uma nova era de descobertas científicas que muito se aproximam dos milagres religiosos e assim, nitidamente, a Ciência disputa as mentes mais brilhantes, enquanto a Religião conforma-se com um papel social de apascentar ovelhas ignorantes, necessitadas de caridade material e espiritual.

Evidentemente, a Ciência acoplou-se ao poder econômico que financia a inovação tecnológica e a produção de bens móveis e imóveis, enquanto a Religião vive dos dízimos pagos pelos fiéis como contribuição para Deus. A ignorância os leva a crer que Deus precisa de dinheiro para aumentar os seus rebanhos e coloca-los em grandes templos da Fé, onde operam os pastores/sacerdotes que precisam comer, dormir e viajar. Nessa proposta, contudo, de igrejas que pretendem ser universais, surgem igrejas particulares, isto é, pertencentes a pastores que ficam com todo o dinheiro arrecadado para utilização com livre arbítrio, alguns deles milionários. No outro polo - da Ciência - ocorre o mesmo, formando-se empresas e conglomerados destas para o enriquecimento apenas de suas diretorias e quando muito, também de seus maiores acionistas. Concorrentes entre si, elas utilizam o vale-tudo publicitário para valorizar seus produtos, de modo, por exemplo, que cada seita religiosa tem seu próprio Deus, como se fosse possível haver mais de um Deus num único Universo, cada um com suas regras de vida na Terra, suas estruturas post mortem e suas propostas para a salvação e/ou ressurreição. Nenhum é capaz de mostrar aos concorrentes que estes estão errados, porque nenhum Deus assim criado e imposto tem poder para isso. Como as ovelhas são animais ignorantes, vão aceitando tudo o que seus pastores dizem, para o prometido bem delas. Enquanto isso, o "Paraíso da Ciência" que promove a Tecnologia e a Economia abre a porta para acionistas minoritários, isto é, indivíduos que confiam em outro tipo de pastor: o corretor de ações, que são disputadas nas bolsas de valores.

A crise mundial que vivemos neste início do "Terceiro Milênio da Era Cristã" atinge todo o planeta, numa encruzilhada da qual não se sai sem grande risco de derrota, isto é, de erro no caminho escolhido. Um fenômeno cada vez mais visível é o da humanidade a se comportar em grupo como animais e individualmente como intelectuais, separadamente. Os animais são os homens que apenas se movimentam em trabalhos braçais, desportos e danças, minimizando o uso do cérebro; os intelectuais são os que desprezam as atividades físicas, minimizando-as ao próprio deslocamento, dedicando tempo integral aos computadores, às artes e à ciência. Evidentemente, há uma graduação contínua na evolução da animalidade para a intelectualidade, quer geneticamente, quer no acúmulo de experiências e respectivos dados em memórias e processamento compatíveis com as estruturas de consciência que se sucedem, vida após vida, até tais estruturas serem salvas em arquivos que se eternizam, apondo novas características físicas exigidas pela necessidade de novas funções psíquicas, gerando novas espécies compatíveis com os ambientes planetários dos diversos sistemas estelares.

Temos assim uma proposta digna da melhor ficção científica para o desenvolvimento qualitativo da existência presente e futura do ser humano, a partir da desistência do sectarismo, em busca de uma postura científica sem os limites da matéria, visitando a energia e superando-a em direção a estruturas de consciência meramente psíquicas, sapienciais, capazes de avançar no espaço em velocidades superiores à da luz. Dizer que tudo isso já está à nossa disposição, a depender do nosso nível de racionalidade, pode ser mal recebido por quem ainda não domina níveis de informação elevados, donde se conclui que o esforço individual é necessário ao desenvolvimento do processo evolutivo que atua no animal, aumentando sua inteligência e levando-o à sapiência. A boa notícia, afinal, é que cada um de nós, seja qual for sua posição evolutiva, deve reconhecer o degrau em que está na escada do seu crescimento intelectual e usar o cérebro que tem - mais do que os músculos e os órgãos genitais - par subir com paciência, degrau após degrau, em busca de uma posição mais elevada e uma paisagem mais completa do mundo que o cerca. É nisso e somente nisso que está a salvação.
 
Adinoel Motta Maia

 
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CIÊNCIA E POVO


Crônica científica

Na segunda-feira passada, a Academia de Ciências da Bahia apresentou resultados de uma pesquisa encomendada à Datafolha para saber o que pensam os soteropolitanos sobre Ciência e Tecnologia. As pessoas que lotaram o pequeno auditório da Fapesb - a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia - não se mostraram surpreendidas com os dados projetados no telão, porque é evidente o desinteresse da massa da população baiana e particularmente da soteropolitana, pela informação científica e ainda mais pela tecnológica. Tentando resumir em um único número genérico esse interesse, com base nessa pesquisa muito ampla e detalhada, arriscaríamos dizer que apenas sete por cento de nossa população tem alguma vontade de saber alguma coisa - pouca ou muita - nessa área. Ainda assim, devemos considerar que esse interesse detectado inclui temas mais populares, como os da saúde, da alimentação e da reprodução. É evidente que o universo dos dados obtidos está distribuído em inúmeras possibilidades de abordagem e já foi dito naquela reunião, que a Academia de Ciências da Bahia se debruçará sobre os resultados apresentados para chegar a um diagnóstico e um tratamento adequados à situação, que é de doença da nossa sociedade, onde fatores sociais, políticos e econômicos - inclusive religiosos - contribuem para a manutenção da ignorância. Quanto mais ignorante é um povo, mais facilmente pode ser enganado e dominado.

Por outro lado, na abordagem da Ciência, é muito larga a faixa de interesses, com a tendência de se incluir tudo no rol das ciências. Por exemplo, aquilo que se refere à vida urbana, como a habitação e o transporte, pode ser inserido na Geografia enquanto ciência. Qualquer coisa que permita uma abordagem estatística pode ser inserida no contexto científico. Uma simples pesquisa de mercado é passível de análise que contribua com uma proposta científica. Antes de tudo, portanto, é necessário traçar as fronteiras da área que se quer estudar e explorar. A ciência pode ser pura ou aplicada. À ciência aplicada, costuma-se chamar de tecnologia. Uma coisa é estudar o corpo humano fisicamente (Antropologia Física) e outra é fazê-lo no conjunto da sociedade à qual ele pertence (Antropologia Social). Aquela serve, por exemplo, à Medicina, enquanto esta, à Política. As fronteiras se elastecem e não raramente promove-se superposições com interesses os mais variados, desde o de obter inclusão de um texto numa publicação "científica" até o de candidatar-se a uma verba restrita a pesquisa "científica".

Quando se forjou o termo "Ciência & Tecnologia", procurou-se resolver esse problema de uma vez por todas. Considera-se "Ciência", o conjunto dos processamentos de dados que conduzem ao conhecimento em geral e aos métodos de pesquisa do conhecimento novo. À aplicação disso, chama-se "Tecnologia". Por vontade política e interesses econômicos, as verbas públicas e privadas estão sendo orientadas quase exclusivamente para a Tecnologia e mesmo nesta, para a busca de novas patentes de produto e de processo, às quais se dá o nome de Inovação. Está na moda promover a inovação. Vivemos, assim, a civilização da corrida pelo novo. Assim, não adianta gostar de valsa, porque só se vai ouvir rock ou funk. Se a sociedade não gosta de funk, não tem importância. Faz-se uma campanha publicitária mundial, invade-se a mídia com anúncios que a sustentam e obtém-se boa crítica e muito espaço para condicionar a sociedade a consumir essa inovação. Estamos usando um exemplo artístico para nosso assunto científico, porque fica mais fácil abordar essa questão com o que todos os leitores conhecem. Aplicando esse raciocínio ao tema científico, poderíamos falar de uma "nova" substância descoberta ou inventada em laboratório para atender uma necessidade de consumo fabricada pelo marketing de empresas que vivem de inovação.

Enquanto isso, todo o universo científico que não gera lucro para ninguém, mas apenas despesa a fundo perdido, com o objetivo de ampliar as fronteiras do conhecimento, fica abandonado e a sociedade sequer é motivada a saber da sua existência. Por exemplo: havia uma publicação periódica que nos dava o mapa do céu a cada mês e os comentários correspondentes às ocorrências que se poderia observar no período. Essa revista deixou de ser publicada no Brasil porque não havia público suficiente para sustenta-la. A falta de informação adequada nas escolas brasileiras, que promovem atividades lúdicas artísticas e nenhuma atividade lúdica científica - como a astronomia, por exemplo - provoca essa deformação cultural lamentável. Hoje na presidência da Academia de Ciências da Bahia, o Prof. Dr. Roberto Santos, que nos honra como ex-reitor da Universidade Federal da Bahia e como ex-governador do Estado da Bahia, fez então o Museu de Ciência e Tecnologia que tivemos por alguns anos e foi propositadamente abandonado pelos governadores que o sucederam, até hoje. É este o melhor exemplo para o que acima foi dito e nos pede uma resposta à pergunta: A quem interessa uma mídia que só apoia a ciência que aumenta os lucros das empresas anunciantes?

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

CONSCIÊNCIA GEOLÓGICA


Crônica científica

Em reunião de diretoria, ontem realizada, no Gabinete Português de Leitura, aprovou-se o programa da IV Semana da Baía de Todos os Santos, que ocorre anualmente entre 26 de outubro e 1º de novembro. O evento encerra o calendário do Projeto BTS a cada ano - www.gpl.salvador.com.br - e neste ano terá por tema: "Geologia, Geografia e História da Baía de Todos os Santos". Ainda no rastro das comemorações dos seus 150 anos de existência, essa notável agremiação cultural da Bahia está paulatinamente voltando-se para outros ramos da Leitura, que não apenas a artística - aí se situando a ficção em prosa e verso - habitualmente festejada nas águas de caudalosos rios literários, como os de Camões, Pessoa e Saramago, entre muitos outros. O fato motivador da programação de 2013 é o de ainda se desconhecer quase tudo sobre a nossa baía e o seu recôncavo, muito longe de nós, apesar de vivermos dentro dela. A falsa crença de que a Ciência é uma disciplina de difícil e cansativa prática nos tem afastado do conhecimento das coisas, não raramente delicioso e empolgante. Fazer uma abordagem científica da Baía de Todos os Santos pode ser algo tão gostoso como enfrentar uma semana de Carnaval, desde que se disponha a utilizar o cérebro com a mesma alegria com que se pode usar as ancas e as pernas.

Ali na sede do GPL, no Largo da Piedade, será montada uma exposição, naquele período, que mostrará, como nunca o foi, o relevo da nossa cidade do Salvador e da Bahia, nua e crua, isto é, como foi feita pela mãe Natureza, sem as edificações e as ruas, na sua mais precisa geomorfologia. Fruto do estudo e do trabalho do geólogo Rubens Antônio da Silva Pinto, do Museu Geológico da Bahia - quem ainda não conhece esse museu, ali no Corredor da Vitória, precisa passar uma tarde lá - a exposição terá cinco pequenas maquetes que permitirão não só ver, como sentir com os dedos, cada elevação e cada depressão do terreno da nossa Salvador, com seus vales e cumeadas, lugares onde estão nossas casas e as ruas por onde andamos, vistas de cima. Quem acha que conhece esta cidade, terá muitas surpresas. Mais importante e inédito é que a exposição será montada com o objetivo de permitir aos deficientes visuais - aquelas pessoas que andam pela cidade sem vê-la - justamente essa visão de sua topografia, do seu relevo, da sua geomorfologia, passando o dedo nos modelos reduzidos. Daí, o título da exposição, proposto pelo seu criador, o geólogo acima referido: "Utilização de Pequenos Modelos em 3D para Facilitação do Aprendizado dos Deficientes Visuais".
Ao contrário das demais exposições, esta permite que todas as peças sejam tocadas com os dedos.

Esse mesmo geólogo fará uma palestra intitulada "Associação de História, Condições e Modificações do Relevo de Salvador na Visão dos Colonizadores e dos Invasores - Influência do Relevo nos Eventos Históricos", no dia 29 de outubro, às 17 horas, de modo que os interessados poderão ver a exposição e em seguida ouvir o seu realizador, fazendo-lhe perguntas a ela referentes. Na tarde do dia anterior, ou seja, às 17 horas do dia 28, também no auditório do Gabinete Português de Leitura, o Prof. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, fará palestra sobre a "Geologia da Baía de Todos os Santos", assunto no qual é especialista, com trabalhos publicados, que embasará o conhecimento da própria estrutura do Recôncavo da BTS, no qual se insere a cidade do Salvador. A rara oportunidade de ouvir estes dois pesquisadores nos exige, desde já, passar esta notícia para os nossos amigos, não só os dessa área do conhecimento, mas todos aqueles que optam pela consciência do que são e onde estão. Consciência essa que é cada vez mais rara, numa sociedade que privilegia a diversão, o consumismo e a alienação, em detrimento da informação que leva todos nós, animais, a evoluir para a intelectualidade. Nem só de alma (anima, movimento) vive o homem, sabemos todos.

A programação da IV Semana da Baía de Todos os Santos começará assim - prosseguirá até o dia 1º de novembro - com uma necessária base geológica. Chamaremos em seguida, a atenção de todos, para o fato de que não há História sem Geografia e não há Geografia sem Geologia. Este, aliás, será o slogan do evento. A presença do homem na Terra tem sido historicamente uma permanente adaptação sua, às condições geomorfológicas do planeta como um todo e de cada uma de suas regiões, inclusive submarinas, como do próprio mar. Às escolas onde se ensina Geografia e História, temos de provocar, para que seus professores estejam presentes e possam motivar seus alunos em sala de aula, com o que puderem absorver dessa experiência. Nas vezes em que visito o Museu Geológico da Bahia, costumo ver grupos escolares que se agitam em observação e questionamento do muito que ali se mostra. Jovens e também crianças são abertos ao aprendizado, ao enriquecimento cognitivo e ao desenvolvimento de sua personalidade, quando percebem novos horizontes da sua espécie e a comparam com as demais, desde os minerais. Negar essa oportunidade a eles, por mera acomodação, chega a ser um crime de lesa-humanidade. Passemos, portanto, às nossas agendas...

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A CIÊNCIA DA LINGUA


Crônica científica

Começamos o dia, hoje, com uma notícia vergonhosa para a Bahia. Uma prova para selecionar novos juízes do trabalho, com pouco mais de dois mil e quinhentos candidatos advogados da Bahia para atuação na Bahia, selecionou apenas 61 finalistas para uma prova de redação. VERGONHA: todos foram reprovados e é possível que tenhamos de importar advogados de outros estados para nossos tribunais. Este é o nível de educação que temos em nossas universidades, nos cursos de Direito. É este o resultado da política social de nivelamento por baixo, para que os menos capazes não sejam recusados pelo nível superior de educação. A começar pelo ensino do nosso idioma, a língua portuguesa, fundamento sem o qual a comunicação é prejudicada e os prejuízos se avolumam. O nível de exigência para a aprovação nos exames escolares, notadamente o vestibular, deve ser compatível com o que se espera e necessita, na formação de nossos profissionais, quer estejamos falando da atividade privada, quer a pública, inclusive a política, onde todos sabemos que o voto analfabeto está elegendo candidatos analfabetos para o Poder Legislativo.

A importância da língua é tão grande, que aquela que se fala na Alemanha é justamente a que o protestante Martinho Lutero utilizou para traduzir a Bíblia Sagrada, assim obrigando todos os que falavam diversos dialetos e a queriam ler a aprender aquele utilizado, assim unindo vários povos em uma só nação. Defender o próprio idioma é defender a Pátria. No Brasil, no contexto da malandragem e da preguiça que assola o País, forma-se e informa-se os nossos jovens com deficiência tal, que hoje já é difícil encontrar intelectuais em nossa juventude cheia de animais que apenas se animam, isto é, se movimentam fisicamente e usam o cérebro para comunicar-se através de símbolos que não precisam de gramática (nem de matemática) para trocar recados, ditas mensagens eletrônicas, que devem ser curtas porque as telas dos aparelhos leitores são muito pequenas. Uma frase como "você também é porque..." é digitada "vc tb é pq..." - que é danosa porque vicia nossos jovens, que se tornam adultos com pequena capacidade de raciocínio e muita agilidade para conversas inúteis. Tudo isso - ninguém se engane - é fruto da ganância de empresários que criam aparelhos eletrônicos e desejam ganhar o mercado com a cultura do menor esforço. É verdade que se trata de inovação tecnológica. A pergunta que deve ser respondida é: para que? A serviço de que e de quem? Nossa mídia eletrônica e impressa segue a onda, impulsionada pelos milhões de dólares - seriam bilhões - gastos por tais empresas multinacionais em propaganda.

Tudo se explica. Nem tudo se justifica. Se não temos um "desconfiômetro" e não exercitamos o pouco que ainda nos resta de tempo para escrever com todas as letras, todas as palavras necessárias às frases que se juntam para completar um raciocínio lógico, ESTAMOS PERDIDOS. Iremos nos tornar macacos eletrônicos, voltando à animalidade, ao invés de levarmos nossa inteligência - somos intelectuais - em direção à sapiência, que significa aumento de capacidade de memória em nosso cérebro e de velocidade de processamento dos dados, nele. Com a lenta ajuda da genética, evidentemente. Essa evidência nos coloca numa necessidade premente de desenvolver a língua portuguesa na sua complexidade, como ciência (não apenas como arte literária), na memória, transporte e processamento de dados para compor estruturas psíquicas cada vez mais completas, em busca de mais consciência (ver um dos apêndices do romance A Cruz dos Mares do Mundo), que evolui o ser humano, passando-o de intelectual para sapiencial, em direção ao Reino de Deus (Jesus foi traído por Cristo), conforme se lê em A Noite dos Livros do Mundo.

Nada está perdido porque ainda há fagulhas espalhadas pelo mundo e que podem voltar a incandescer esse mundo ameaçado de melancólica volta - não será a primeira vez - à animalidade, na medida em que o aumento da população apenas aumenta a percentagem de animais, em relação à dos intelectuais. Nesta sanfona em que se coloca a humanidade ao longo dos muitos e muitos milênios, com meteoros, eras do gelo e outras ocorrências em intervalos niveladores, temos de nos apressar. A cultura da língua é o fator mais revelador do nível intelectual de um povo. Ignorar isso já é preocupante e não tomar essa assertiva como farol é desesperador, pois não sabemos quanto tempo nos resta até o próximo fenômeno meteorológico ou geológico que reduzirá nossa população humana a muito poucos indivíduos. Raros destes serão salvos. Tratar a língua como ciência e evitar que seja destruída, enquanto se pensa estar no caminho certo apenas com a arte que se faz com ela, é fundamental para o futuro da espécie humana. Um bom passo nessa direção foi a reprovação total de todos os candidatos ao concurso baiano para escolher novos juízes do trabalho. Sinal de que há intelectuais (ainda) no comando da Justiça, na Bahia.

Adinoel Motta Maia
 
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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

BRASIL: DUZENTOS MILHÕES DE...


Crônica científica

É incontável, o número de blogs, como este, informativos e opinativos, que existem em todo o mundo, pelos mais diversos motivos, com as mais diversas propostas, altruístas e egoístas, disputando um mercado de leitura constituído por pessoas que são continuamente bombardeadas por informação e opinião - a mais variada possível - que não conseguem absorver, simplesmente porque  cada uma dessas pessoas tem suas obrigações cotidianas a lhes tomar todo o seu tempo. Isso tem levado cada "blogueiro" consciente da sua função a tentar estreitar sua faixa de leitores, procurando atender o melhor possível aqueles indivíduos que estão sendo desprezados pela mídia em geral a ainda não encontraram na Internet uma alternativa confiável. Estamos tratando, evidentemente, das minorias desprezadas, porque aos veículos da mídia que vivem de anúncios pagos pelo governo e por grandes empresas, só interessa a pauta que serve à massa dos consumidores.

Este blog tem primado pela busca do que não costuma ser oferecido a essa massa, porque só interessa a quem tem fome de informação nova e está preparado psicologicamente para recebe-la como aquela pedra que está faltando no seu "quebra-cabeças" (puzzle). Um novo dado. Uma nova abordagem. Um novo ângulo de observação. Enfim, tudo aquilo que um jovem curioso ou um velho descuidado ainda não teve tempo de descobrir e que já é do conhecimento de quem estuda e pesquisa há muitas décadas. Em outras palavras: tudo aquilo que não se encontra no supermercado dos repórteres, mas precisa ser procurado nos laboratórios científicos, sejam estes físicos ou psíquicos, com endereço certo, porque o tempo é demasiadamente curto para ser perdido em andanças infrutíferas. Ninguém procure aqui, portanto, o que pode ser encontrado em qualquer noticiário sócio-político-econômico. Temos trazido para cá alguns temas sociais, políticos ou empresariais, mas sua abordagem é sempre científica, com a introdução de um novo dado que ilumine um ângulo ainda não abordado, seja porque isso destrói antigas crenças ou porque a luz costuma incomodar aos que vivem na e da escuridão.

Um bom exemplo de tudo isso é a divulgação de que nesta data, a população brasileira chegou aos duzentos milhões de habitantes. Entre tantas abordagens sociais, políticas e econômicas, há uma que não se fará na mídia, porque é contrária aos chamados "interesses nacionais", que, em verdade, são apenas "interesses políticos de exploração social". É assim necessário manter estruturas econômicas que sustentem políticos que legislam e executam procedimentos de exploração de seres humanos ignorantes incapazes de disputar o mercado, assim sustentando a pobreza. Embora haja inegavelmente uma superpopulação no mundo, com seus atuais sete bilhões de habitantes, os duzentos milhões de brasileiros não significam que temos uma superpopulação, porque nosso território é suficiente para absorver bem toda essa gente. Esse número de pessoas só é demasiado porque essa população está abandonada e enganada com uma esmola que se chama "bolsa-família", entre outras ilusões, como a de que somos felizes por estarmos cantando, dançando e jogando futebol durante todo o ano e em todos os anos. Os brasileiros estão sendo mantidos propositadamente ignorantes para que sejam pobres e dependentes dos poderosos políticos e ainda assim devolvam o pouco que ganham como impostos cobrados em tudo o que compram. São meras ovelhas exploradas por pastores que enchem suas burras de dinheiro a ser gasto em farras milionárias no país e no exterior. Esta informação é científica, observável experimentalmente no laboratório da vida que nos cerca.

Outra, das muitas informações científicas que se pode colher, para resolver esse problema, é a de que a indústria que emprega muitos trabalhadores não precisa nem deve estar na periferia das capitais de estado, atraindo continuamente para estas  os habitantes das pequenas cidades. Ao contrário, deve-se melhor distribuir a população brasileira, levando as grandes empresas a mudar-se para centros industriais no Interior dos estados, planejando-se as novas comunidades para que nelas não hajam periferias de pobres e miseráveis, mas apenas bairros com boas escolas e equipamentos sócio culturais. Evidentemente, isso contraria muitos interesses dos que não querem dividir a riqueza nacional, mas gasta-la, desperdiça-la, em eventos e vícios sociais. Na Bahia, agora, por exemplo, ao invés de levar as indústrias para longe de Salvador, assim melhor distribuindo a população no estado, o que se planeja é uma ponte para a ilha de Itaparica com o único objetivo de aumentar a periferia da Capital, repetindo o mesmo erro iniciado em São Paulo, transformando cidades em metrópoles e estas, já, em megalópoles. Não temos de temer uma população de duzentos milhões de habitantes, mas tão somente  sua concentração em poucas grandes cidades. Um grande esforço nacional deve ser realizado para fazer o caminho de volta, construindo grandes centros empresariais fora das capitais de estado e substituindo políticos analfabetos do Interior dos estados por pessoas educadas e honestas. Como fazer isso com eleitores ignorantes que vendem seus votos? Se são os eleitores que se candidatam aos cargos políticos, para acabar com a corrupção na política é necessário acabar com a corrupção entre os eleitores. Sem educação, não há salvação. Por isso, talvez, não surpreenda o dado de que a Bahia é o estado onde é maior a emigração. Este é outro dado científico...

Adinoel Motta Maia



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ESTAMOS NAS MÃOS DE CUBA?


Crônica científica

Passei, ontem, o dia na ilha de Itaparica, que percorri em carro, desde o terminal de Bom Despacho até Cacha-Prego e na volta, até a cidade de Itaparica, mostrando-a à prima portuguesa que nos visita.
Almoçamos na praia de Ponta de Areia, onde estavam, também, uns outros e poucos estrangeiros. O próprio restaurante onde comemos é de um argentino. Já há estrangeiros também vendendo artesanato, na areia. Nestes outros dias, nas duas últimas semanas, estivemos  em igrejas e museus de Salvador. Os que pertencem a entidades como a Universidade Federal da Bahia - o de Arte Sacra - ou a Santa Casa de Misericórdia, muito bem montados, limpos e conservados, os funcionários são solícitos e competentes, monitores, mas estávamos sós, dentro deles. Onde estão os turistas nesta terra? Nas piscinas dos hotéis, nas praias, nos interiores da vida noturna? O Pelourinho estava vazio, inclusive à noite. Não pudemos entrar para ver um espetáculo folclórico, porque na bilheteria não se aceita o cartão de crédito. Nenhum. Quem é que anda com dinheiro no bolso, numa terra onde se assalta, rouba, mata, em qualquer lugar, a qualquer momento? O que interessa aos governantes, agora, é apenas a Copa do Mundo de 2014. Serão turistas ou apenas torcedores de futebol, que nos visitarão para encher os bolsos da Fifa? Esses governantes se interessam apenas pelo dinheiro que recebem com seus gordos salários e outras vantagens, inclusive as viagens turísticas que fazem ao Exterior, alegando participar de feiras onde investem para atrair turistas que não chegam e promover produtos que não conseguimos vender.

Tudo vemos, lemos, ouvimos e ficamos calados. Os que vão ordeiramente para as ruas são absorvidos com o silêncio, até que se cansem. Os que quebram coisas, revoltados, são chamados de baderneiros e anarquistas, inclusive pela mídia que é sustentada pela publicidade do governo e das empresas que vendem automóveis e ganham os juros dos que têm dinheiro fácil. Somos a democracia dos que só têm candidatos que não escolhemos, para votar. Partidos políticos cujos quadros não se renovam e que corrompem os fracos que a eles se associam. Não nos filiamos a esses partidos porque não temos chance de ser eleitos. Não temos dinheiro para comprar votos de eleitores ignorantes, isto é, as ovelhas que apenas querem comer. Gente sem ciência. Gente sem consciência. Vivemos na democracia das ovelhas...

Neste quadro, não interessa ao governo educar nem dar saúde. Finge-se que se quer resolver o problema, acusando nossos médicos de não querer trabalhar onde não há a menor condição sequer de se fazer uma intervenção de emergência, onde os postos médicos municipais são imundos, precários e o improviso substitui a ciência. Contrata-se médicos estrangeiros que não se submetem aos exames que são exigidos aos médicos brasileiros e ainda assim apenas para fazer assistencialismo social. Agora se divulga...

PASMEM!

... que os médicos cubanos, além de não serem competentes, não estão sendo contratados individualmente, porque queiram vir para o Brasil.  Ao contrário, são funcionários assalariados do governo cubano e enviados por este para nos espionar e atuar em nosso País, contra a segurança nacional, porque não obedecem a ordens do governo brasileiro e sim, do governo cubano. Nada impede que atuem contra a saúde do povo brasileiro, porque não podemos puni-los por seus atos e seus erros. Eles são empregados do governo cubano e recebem salário deste, que os escolhe ideologicamente e nos envia, sem que possamos recusa-los. Por falar nisso, uma pergunta que se tem de fazer: quem é responsável pela segurança nacional?

Gente! O que está acontecendo? O que somos? Idiotas?

Somos o povo sem ciência, que não encara a realidade como ela é, mas que aceita o que os ignorantes no Poder, que só pensam em dinheiro, dizem e fazem contra o conhecimento, a consciência, a moralidade, a dignidade de nossos jovens, nossos empresários honestos e nossos trabalhadores violentados. Um povo sem ciência é um povo sem consciência, apático e inútil, que só serve para a manipulação de dados estatísticos mascarados na comparação com os dados estatísticos de outros países onde a Ciência está no Poder.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

IGNORÂNCIA É MORTE!


Crônica científica

Na minha adolescência, fui um cinéfilo que tanto visitava as sessões matinais dominicais do Clube de Cinema da Bahia, "bebendo" os comentários do crítico Walter da Silveira, como frequentava o Cine Jandaia, o Aliança e o Pax, na Baixa dos Sapateiros, onde havia sessões triplas (dois filmes e um seriado) e via os famosos filmes de faroeste, com seus cowboys, índios, diligências, xerifes e bandos de salteadores. Neles, inevitavelmente, mostrava-se a comunicação por meio de fumaça, entre aldeias indígenas. Acendia-se uma fogueira, sobre a qual se colocava uma manta grossa de couro, aprisionando a fumaça provocada pelo depósito de alguma planta ou pó sobre as brasas. Levantava-se e abaixava-se a manta, liberando bolas de fumaça - como o "ponto" e "traço" do Código Morse - cuja combinação formava as palavras e frases da mensagem que normalmente era enviada de um cacique para outro a dezenas de quilômetros de distância. Muito antes disso, Esquilo já escrevia sobre como os gregos utilizavam fogos para se comunicar. Na evolução humana, com a invenção do alfabeto e a cultura dos sinais, surgiram as mensagens escritas, que circulavam de mão em mão. Heródoto já se referia aos mensageiros a cavalo, dos persas, que levaram essa prática para toda a Europa.  Matava-se cavalos na tentativa de fazer chegar as mensagens urgentes, sem lhes permitir o descanso. Foram os romanos, os primeiros a adotar esse descanso, não só fazendo as estradas, como implantando estações de descanso (manso posita) para os cavalos e em seguida, para não se perder tempo em esperar estes descansarem, as estações de muda de animais (mutatio posita) em todo o Império. Os cavalos passaram, então, a descansar, mas não o cavaleiro, que saltava de um cavalo para outro, num serviço eficiente para as urgências militares.

Quem poderia imaginar, então, o milagre de se escrever uma mensagem em algum lugar e alguns segundos depois ela ser lida em qualquer outro lugar do planeta? Não perderemos tempo, aqui, em narrar a evolução das máquinas de transporte e comunicação até chegarmos ao computador e à Internet. Queremos apenas, com esse assunto, mostrar o privilégio do homem atual em obter e transmitir conhecimento - qualquer conhecimento - instantaneamente, para qualquer pessoa, em qualquer lugar. Privilégio que, no entanto, a grande maioria dos seres humanos recusa por pensar que não precisa desse conhecimento. Por preguiça em recebe-lo. O que é pior: por obediência aos "pastores" que os querem como "ovelhas" em seus rebanhos e lhes dizem que a ciência deve ser afastada porque é coisa do diabo, citando a cena de Adão e Eva no Paraíso, que só é um paraíso porque ambos comem o fruto da árvore da vida e recusam o fruto da árvore da ciência. Em outras palavras: o homem só é feliz apenas vivendo, sem querer saber de coisa alguma, exatamente como vivem os animais ainda não intelectuais. Políticos ou religiosos, esses "pastores" de "ovelhas humanas" plantam a ignorância como sustentação de suas posições de poder e riqueza e fomentam uma "democracia" que decide quem deve ser votado ou não, para as funções públicas, de Estado.

Nós, outros, que optamos pela consciência, pelo conhecimento, somos minoria e não elegemos sequer um vereador, muito menos um presidente da República. Esta é a razão da falência do nosso País, que não tem recursos para a educação, a saúde e o transporte das pessoas. O balanço financeiro apresentado pelos governantes é falso porque estes não estão tendo despesas que deveriam ter e falta tudo para toda a população, que não reclama, porque não sabe nada, sequer do que precisa.  Quem ganha uns poucos reais por mês pode dizer que lhe sobra dinheiro, se não compra comida alguma. Os governos no Brasil podem apresentar suas contas e saldo financeiro positivos no fim do ano, se não gasta com o fundamental para a vida civilizada dos brasileiros, dirigindo os recursos para o bem estar apenas dos governantes. Tudo isso está aí à vista de todos, mas são poucos os que vêm, porque os ignorantes são cegos. Mantê-los fora da educação e sem saúde é mantê-los cegos e absurdamente contentes, porque podem ir à igreja, à praia e ao futebol nos domingos, vendo novelas de televisão nos outros dias, ainda com direito a festas ditas "populares", como o Carnaval e o São João, pagando-se aos trios elétricos para fazê-los pular à vontade e namorar nos intervalos para descanso.

Não sei quantas pessoas lerão esta crônica. Minha obrigação é escrevê-la e publicá-la. Alguns dirão que não precisam lê-la, porque já sabem de tudo o que está escrito nela. Acontece que não basta lê-la. Os intelectuais não conseguirão mudar esse quadro, se não tiverem consciência de que são minoria e precisarão fazer maioria, passando conhecimento para quem é ignorante, dando luz para quem está no escuro. O Brasil vive hoje um período pré-revolucionário. A mídia está chamando de arruaceiros, os jovens que estão vendo tudo e sabem que precisam quebrar coisas para chamar a atenção de todos nós para o recado que querem dar e não é outro, senão o de que não podemos ficar assistindo o circo pegar fogo. Temos de atuar. Eles estão nas ruas, chamando-nos para atuarmos na educação, transformando as ovelhas em homens, antes que se tornem lobos ferozes. Não podemos permitir que os intelectuais conscientes sejam minoria. A democracia só funciona se a maioria é educada e consciente. Se não é, o único jeito de mudar para melhor é a revolução. Como já aconteceu, séculos atrás, em toda a Europa.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

INTELECTUAIS QUE SE ISOLAM


Crônica científica

   As pressões sociais sobre o homem que se individualiza são terríveis. As evidências - sem as quais não há Ciência - estão aí, no cotidiano. O primeiro carimbo que se coloca na testa de uma pessoa que cultiva os seus próprios valores - aqueles norteados pela sua própria consciência - é o do egoísmo. O ser humano que se informa e se forma com independência, sem atender as pressões da família, dos parentes, dos colegas de escola e de trabalho, dos vizinhos, da comunidade, que o querem numa seita religiosa qualquer, num partido político conveniente ou num movimento cultural com alguma cor ideológica, ou ainda - o que pior - na preguiça e na ignorância, apenas na diversão, nas praias e nas festas com comidas e bebidas; é considerado um alienado, um doente, um maluco, isto é, alguém fora de contexto, que tem "um parafuso a menos" ou, na melhor das hipóteses, um egoísta que menospreza a sociedade, quando, em verdade, é a sociedade que não o respeita, valoriza ou aceita. Para os pastores que vivem dos seus rebanhos, tais indivíduos são "ovelhas negras" que devem ser descartadas, porque não servem para dar lã nem leite, mas apenas carne.

   Às vezes ocorre nascer numa família intelectualmente mediana ou primária, uma criança que ao crescer demonstra essa tendência e começa a ser vista como "diferente", logo passa a ser "preocupante" e não raramente é levada na adolescência ao padre ou a um psiquiatra. Evidentemente, há os casos em que esse é o procedimento correto, porque há doenças psíquicas que devem ser diagnosticadas e tratadas. Estamos falando, aqui e agora, no entanto, dos outros, quando o jovem troca uma praia por um livro, por um jogo eletrônico ou até mesmo uma revista de quadrinhos ou a televisão; quando se perde em pensamentos no campo ou no próprio quarto; quando se associa a um clube de cinema ou de enxadrismo; ou pratica uma atividade solitária, como as longas caminhadas, a coleção de selos ou a pesquisa bibliográfica.  Estes são apenas alguns exemplos de uma grande variedade de comportamentos que denotam haver no indivíduo jovem, já, uma nítida manifestação de desenvolvimento intelectual, seja por formação genética, seja por evolução psíquica de um ego, que já se encontra numa senda muitas vezes milenar, em sucessivas ressurreições, na transformação da inteligência em sapiência.

   A leitura, o estudo, a pesquisa, com proposta científica - não para fins sócio-políticos - dos textos antigos, mostram que a ressurreição do ego, isto é, da personalidade, está em todos os povos e que o texto bíblico judaico, que influiu na redação dos evangelhos, contrariou o próprio Jesus, que nos veio dar a notícia de estarem os judeus errados em afirmar uma única passagem do ego humano pela Terra, impondo uma moral que condenava os errados ao Inferno eterno e premiava os justos ao Paraíso também eterno. Jesus quis mostrar a imortalidade do ego, que sobrevive à sua hospedagem em um corpo material e que após a morte deste, retorna a outro corpo que nasce, em sucessivas ressurreições. Chamou a isso, Reino de Deus. Os judeus que redigiram os evangelhos, no entanto, modificaram essa mensagem, dizendo que Jesus morreu na cruz e ressuscitou dos mortos - apenas ele - quando, em verdade, ele foi para a cruz, mas não morreu nela e pregou que a ressurreição era corrente em todos os homens, vida após vida, de um mesmo ego eterno. Liderados pelo judeu Saulo (Paulo) de Tarso, os evangelistas criaram um Cristo (palavra grega que corresponde a Messias em hebraico), atribuindo esse título a Jesus, que nunca aceitou as pressões de Pedro para que fosse um líder político - o Messias esperado pelos judeus para livrá-los dos romanos - , porque era outra a sua proposta.

   Assim, com independência, como indivíduo, qualquer um de nós pode desenvolver o próprio ego e não perder o seu trabalho, de toda uma vida, ao fim desta, voltando a outro corpo, ligando-se a outro cérebro, com uma bagagem intelectual adquirida em vidas anteriores. Evidentemente, quando mais vidas tem um ego, mais experiência e observação levou para formar essa bagagem intelectual, de modo que há homens com egos mais evoluídos que outros, por terem bagagem maior. Os políticos, sejam ideológicos ou religiosos, impõem leis que consideram todos os homens iguais, quando deveriam legislar com a imposição apenas de direitos e deveres iguais para todos, vivendo em sociedade. A boa notícia - evangelho - é que só depende de cada ser (humano ou não) evoluir em função de suas observações e experiências, aprendendo com o sofrimento, vida após vida, de modo que em algum momento, pode-se estar num corpo humano com o único propósito de pensar, estudar e pesquisar para substituir a inteligência pela sapiência e deixar definitivamente a Terra para viver no Reino de Deus. Assim, tende a isolar-se.
  
   Jesus prometeu voltar, não com esse nome, evidentemente, que era apenas o do ser humano ao qual se ligou há dois milênios. Ditou pessoalmente ao seu apóstolo João, em Patmos, muitos anos depois de ter descido da cruz, uma revelação (Apocalipse) sobre sua volta - do seu ego, a se ligar em um novo corpo. Em desacordo com o que fez Saulo (Paulo) de Tarso, sob influência de Pedro que queria um Messias (Cristo), assim acoplado ao nome e vida de Jesus, este prometeu voltar como o Anticristo, para restabelecer a verdade. A pergunta que temos de fazer com muita coragem é: a Igreja Católica vai reconhecer o seu erro histórico e finalmente servir a Jesus e seu sucessor, no anúncio do Reino de Deus, agora cientificamente? Ou vai manter-se em erro, politicamente, sustentando o Cristo e perseguindo os que anunciam e se preparam para receber esse sucessor, quando ele se revelar, seja qual for o seu nome, seja qual for o corpo ao qual se ligue, nesta nova ressurreição?

   Fui um jovem "normal" nas décadas de 50 e 60, com amigos e companheiros em praias, festas, carnaval de rua, sempre heterossexual, mas sempre, também, grande leitor, estudioso, pesquisador e escritor. Em 1957, comecei a perseguir a verdade absoluta, para encontrar cientificamente a consciência divina. Chegando finalmente a ela, aos 75 anos, comecei a publicar uma trilogia, de ficção e realidade, para anunciar minhas descobertas, que matam a cobra e mostram o pau. Dois romances já estão publicados: "A Cruz dos Mares do Mundo", que lança a Psíquica ao lado da Física; e "A Noite dos Livros do Mundo", que trata da origem do universo e do reino de Deus.
Até o fim deste ano, será publicado "A Trilha dos Santos do Mundo", que fechará com provas documentais e científicas o quadro da consciência cósmica no qual nós, os humanos, estamos inseridos. Esses livros podem ser procurados nas livrarias, mas seguramente também podem ser pedidos à distribuidora Singular, no Rio de Janeiro, pelo site www.lojasingular.com.br.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

VERDADE NA EDUCAÇÃO


Crônica científica

As metas educativas para fins políticos, isto é, meramente estatísticos, privilegia o número de assentos ocupados nas escolas, ou seja, o de matrículas. Diz-se que o País está melhorando no item “educação” meramente porque aumenta o número de crianças e jovens matriculados. Não vemos qualquer questionamento que se refira ao que, quanto e como esses brasileiros estão apreendendo, mas os resultados apresentados pelos diversos exames que se realizam no país mostram claramente que não é muito, sequer o satisfatório. Na base de tudo, está a formação e o salário do professor dos cursos fundamental ao médio. Como atrair para o magistério, pessoas qualificadas para educar – não apenas ensinar – se o salário oferecido é menor do que aquele que ganha, num mês, uma simples faxineira diarista ou um encanador que se encontra em porta de casa de materiais de construção, que não precisa saber mais do que a prática do seu ofício? É evidente que o Estado, isto é, os políticos que nele atuam, querem manter a população brasileira ignorante e idiota.

Por outro lado, ainda politicamente, não interessa a prefeitos, governadores, deputados, vereadores e seus secretários ou mesmo ao Presidente da República e seus ministros, que a Escola forme massa crítica, cidadania atenta e competente. O que esses enganadores querem é apenas o voto sem consciência, de ignorantes que acreditam em slogans ou seguem líderes carismáticos semeadores de crenças e emoções, contrários a tudo que desenvolva a razão e promova a verdade. A técnica mais utilizada para manter esse status quo é a do fomento das artes e dos espetáculos que formam apenas espectadores nas escolas, assim como dos jogos recreativos (jamais o do esporte competitivo, que forma líderes). Para completar o quadro, introduziu-se a farsa que dá dinheiro a quem apenas matricula os filhos na escola (sem se exigir que obtenham rendimento com os estudos). E o pior: enche-se a mídia impressa e eletrônica com anúncios de empresas estatais, para que textos como este não sejam impressos em suas páginas ou lidos em quaisquer horários. Uma mídia que privilegia os temas sociais e o noticiário policial para atrair a fatia do público que cultiva apenas emoção, sexo e violência, ou seja, as práticas dos animais.

Com essa base estratégica, os políticos que envergonham a nação que os elege, reelege e eterniza em seus cargos – sobretudo a minoria dos intelectuais que são obrigados a conviver com essa realidade – são os donos do país e de sua população, usufruindo a mais torpe das ditaduras: a da corrupção, que compra tudo e quase todos. Os intelectuais brasileiros, isto é, a parcela da sociedade que usa o cérebro na plenitude de sua capacidade de memória e da sua velocidade de processamento, no topo da educação não apenas universitária e em pleno processo cultural dirigido para a consciência científica e suas preferências artísticas, têm a responsabilidade de liderar uma revolução na educação do povo deste país, sabendo que não se educa as massas, mas cada um dos indivíduos que as compõem. Qualquer tentativa em educar massas, neste mundo, resultou apenas em monstruosidades sócio-políticas que a História mostra como exemplos de sacrifícios não raramente transformados em infernos dantescos.

Nesse contexto, trago o publicitário baiano Nizan Guanaes, que, em um artigo publicado em 14 de maio de 2013, no jornal A Tarde, defendeu “o fim da marca fantasia e o começo da marca verdade” na comunicação, na publicidade, alegando que, “como o mundo está transparente, o consumidor cobra o que você diz que é” e assim, “na época da comunicação total, a verdade tornou-se a maior arma de persuasão em massa”. Não apenas em massa, podemos completar, mas também individual. Principalmente quando individual, porque a massa é mais fácil de enganar do que o indivíduo. Assim, tomando emprestado a competência e a experiência de Guanaes, vamos todos reforçar esta proposta de cultura da verdade também na educação, substituindo as pressões ideológicas partidárias e sectárias na formação de professores por uma universalidade científica até no ensino das artes – onde se trabalha com emoções – trazendo a verdade, doa em quem doer, como solução para a felicidade e a eternidade dos egos de todos nós. Porque, afinal, é o ego que importa porque é ele que evolui e nos transforma, levando-nos, como diria Jesus, para o Reino de Deus.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O PAPA FELIZ É JESUITA


Crônica científica

Estamos ao lado do televisor, vendo a cobertura ao vivo da presença do papa Francisco no Rio de Janeiro, nesta semana da Jornada Mundial da Juventude, promovida pelo Vaticano e realizada neste ano no Brasil. Inserimos este blog nessa postura informativa, com um viés pouco utilizado na observação do fato religioso: a presença da Ciência na Igreja e consequentemente nesta visita do papa  num evento feito para os jovens de todo o mundo. O que acabamos de observar na telinha - um papa feliz no contato direto com o povo, beijando e abraçando sobretudo as crianças - merece um destaque. O longo trajeto feito em papamóvel, entre o Teatro Municipal, no centro da cidade e o Palácio Joaquim, na Glória, atravessando uma área protegida por cordões de isolamento, foi lento, com muitas paradas, para que o papa beijasse crianças levadas a ele, nos braços dos agentes de segurança. Assim, o helicóptero que mostrava todo esse trajeto nos permitiu ver inúmeros jovens que corriam por fora das cordas e chegavam a estas, em vários lugares, para ver o papa em momentos seguidos, demonstrando um inusitado sentimento, mais que de admiração ou amor, de verdadeira adoração.

A verdade é que Francisco, mais até que o próprio João Paulo II - um popstar - mostra sua total entrega ao outro, com um sorriso contínuo, permanente, no rosto, sem qualquer preocupação com sua segurança pessoal, jamais negando um contato corporal, seja um aperto de mão ou um abraço, proporcionando momentos de grande emoção, seja para quem vive esse contato, seja para quem o vê. É este o ponto que queremos abordar aqui, hoje, começando com uma pergunta: essa juventude que se entrega à paixão religiosa e nos contagia com sua emoção, em correrias e aos gritos para ver e tocar o papa, parecendo ser a mesma que enche os campos de festivais de música e as arquibancadas dos estádios de futebol; é a mesma que disputa os concursos públicos para adquirir bolsas de estudo do programa de "ciência sem fronteiras", tentando uma iniciação na carreira científica em outros países, em busca de novos conhecimentos, de descobertas ainda não imaginadas e de invenções que beneficiem toda a humanidade?

Estamos propondo uma reflexão que associe a explosão de Fé à conquista árdua e paciente da Razão. Ninguém melhor do que Francisco, um jesuíta no poder, para promover essa reflexão ainda inédita na Igreja Católica, quer por sua iniciação filosófica nessa ordem religiosa, quer por sua extrema humildade, que pressupõe a possiblidade de uma mudança de direção, se isso se mostrar necessário para unir a Física à Psíquica, na formação de uma única Ciência a iluminar toda a humanidade. Não é coisa, contudo, que se faça da noite para o dia. Há imensas vaidades, orgulhos cultivados, compromissos políticos, ganância desenfreada, muito tempo investido em ideologias alinhavadas ou já definitivamente costuradas, servindo o poder, que serão imensas pedras no caminho da síntese, do encontro, da paz. É natural que assim seja, porque cada cabeça é formatada não apenas pela quantidade, mas pela qualidade da informação que há nela. Assim como se faz bolos diferentes com ingredientes diferentes, faz-se cabeças diferentes com informações diferentes. Isso permite que cada individuo construa sua ideologia e lute por ela, como cada pessoa faça o seu cardápio e só coma o que está nele.

Estamos acompanhando o papa jesuíta que nos visita, praticando uma de suas propostas: a da esperança. Nunca nos faltou e nunca faltará a esperança de que a luz da razão que une, prevaleça num mundo em que cresce a cegueira da paixão que divide. Sua extrema humildade pode levar algumas pessoas a pensar que seja pusilânime, mas em poucas ocasiões já demonstrou sua firmeza de caráter, ao impor valores fundamentais como o da necessária dignidade em cada posição ou ação do homem que já atingiu elevado nível intelectual, tornando indispensável educar o que ainda é mais animal, para que a adquira.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 19 de julho de 2013

EXPLICA MAS NÃO JUSTIFICA


Crônica científica

Há sempre duas maneiras de encarar o noticiário da televisão: a emocional e a racional. O homem intelectualmente mediano tende a olhar as imagens e deixar-se envolver pelos comentários que ultrapassam os simples dados e acrescentam opiniões centradas apenas nas próprias imagens e na emoção que elas carregam e contribuem para o aumento do interesse do telespectador. Ao contrário, quem possui ou busca dados fora da notícia, consegue articular essas imagens com tais conhecimentos e chegar a outros resultados, científicos, que podem contribuir para responder algumas questões e encontrar soluções. Como o percentual de telespectadores que apenas assistem preguiçosamente os noticiários é bem maior do que o dos que analisam e discutem o que vêm e ouvem, forma-se uma "opinião pública" nem sempre compatível com a realidade dos fenômenos mostrados. Dizem os produtores e editores desses noticiários: não é função da televisão educar, mas apenas informar.

Um bom exemplo para ser enfrentado cientificamente é o da violência que é mostrada nas manifestações de rua, nestes dias de protestos e revolta. Temos sempre de nos posicionar contra a violência, porque somos seres intelectuais e temos não apenas a alma  (anima = movimento) dos animais, mas também um ego neural com sua central de memória e processamento, o cérebro. Não se deve, portanto, apoiar a violência entre os homens, porque esta é uma característica dominante nos animais ainda desprovidos de intelecto. Contudo, assim como se justifica matar para não morrer - isto é violência -  não se justifica invadir, quebrar, destruir aleatoriamente, quando se está revoltado contra alguém ou alguma coisa. Isto apenas explica a ocorrência, mas não a justifica. Só o intelectual sabe a diferença entre o que se explica e o que se justifica. O animal não vê essa diferença. Só o intelectual pergunta: por que explica?

Se estamos numa democracia que elege e empossa os eleitos pelo voto livre e individual de cada cidadão e se vivemos num regime no qual os tribunais estão abertos e funcionam cientificamente (não apenas emocionalmente), não há razão para haver revolta popular. Não estamos no caso da Revolução Francesa, feita não apenas porque o povo passava fome e Maria Antonieta o afrontava com brioches. A ciência exige, no entanto, que se pergunte: se assim é, por que ao lado dos intelectuais que protestam pacificamente, estão os animais que invadem, quebram e destroem tudo à sua frente. A resposta é uma só: o que promove a violência, a revolta ainda parcial e freada, no Brasil - esse freio pode falhar e faltar em seguida -  é o cinismo dos eleitos pelo povo, que promovem a corrupção, a doença e a ignorância, para se manterem no poder com a leniência dos tribunais que não fazem justiça ou a retardam a ponto dos autores processuais morrerem antes de verem o fim dos seus processos, que prescrevem.

Em outras palavras: quando a democracia e a justiça funcionam apenas parcialmente, para o preenchimento dos cargos, mas não funcionam para destituir os que não cumprem as promessas de campanha e usam o poder para corromper o próprio povo com esmolas, empregos diretos e tudo o mais que mantenha esse povo ignorante e submisso, subserviente, acomodado, leniente e assim corrompido, é natural que a revolta se instale e se justifique, perante uma democracia e uma justiça mascaradas, restritas apenas ao processo eleitoral, sem a apuração das promessas e posturas nele apresentadas. Como ocorre com a mulher (ou o homem) que promete fidelidade ao homem (ou à mulher) e o (ou a) engana após o casamento, sem possibilidade de anulação do matrimônio. Cientificamente, assim se explica a revolta e até se justifica a violência contra os enganadores. Por isso é que num processo revolucionário - que não cheguemos a ele - suspendem-se os direitos legais e estabelece-se a vontade dos que ainda são animais.

Em resumo, violência não é coisa para intelectuais. Corrupção e infidelidade também não. Quando estas dominam, aquela, ainda que não se justifique, se explica.

Adinoel Motta Maia