sexta-feira, 26 de abril de 2013

A ILHA VIROU CONTINENTE


Crônica científica

Estamos nos dez dias em que, no ano de 1500, as embarcações comandadas por Pedro Álvares Cabral estiveram fundeadas em Porto Seguro, entre 22 de abril e 2 de maio. Quem ainda não conhece o lugar onde pisou, pela primeira vez, um europeu, no Brasil, não tem a consciência de onde começou este País, como território e como instituição. De uma só vez, fazemos ciência, com a dupla indissociável formada pela Geografia e a História. A verdade é que não se deve estudar uma, sem a outra. Tive o privilégio de, em minha profissão, trabalhar em Porto Seguro, fazendo o projeto geométrico das rodovias de acessao a essa cidade e ao Monte Pascoal, desde a BR-101, em Eunápolis.

No quinto centenário desse primeiro encontro comprovado de um europeu com um índio tupinambá, no ano 2000, fiz uma viagem a Portugal para conhecer todos os lugares portugueses, de alguma forma associados a esse feito. Um deles foi justamente aquele onde nasceu Pedr'Álvares Cabral, filho de Fernão Cabral e D. Isabel Gouveia, por volta de 1467: um castelo que hoje se encontra na cidade de Belmonte, em ruinas. Não se sabe muito sobre o jovem Pedro, mas é certo que viveu num ambiente militar. Seu avô Fernão d'Álvares Cabral lutou ao lado do Infante D. Henrique (Grão-Mestre da Ordem de Cristo, sucessora dos templários em Portugal) e morreu em batalha, na África (Tanger). Em sequência, seu pai lutou contra mouros e castelhanos, ao lado do rei Afonso V. Do Infante, nosso Cabral trouxe  o estandarte e a cruz daquela Ordem, à qual teria pertencido, colocando-a nas velas de suas embarcações e hasteando-o em Porto Seguro, com mais destaque do que o do Rei D. Manuel.

Conforme escreveu Pero Vaz de Caminha, em sua famosa carta, pensavam todos os que tripulavam doze dos treze barcos da frota, terem chegado a uma ilha no meio do oceano, à qual foi dado o nome de Vera Cruz. Para levar esta e outras cartas ao rei, foi designado o capitão Gaspar de Lemos, que certamente, ao voltar para Portugal, acompanhou a costa daquela "ilha" e assim descobriu que era mais que isso, um continente novo, que bordejou até o lugar, no atual Rio Grande do Norte, onde teria de sair para alto-mar, em direção a Lisboa. Podemos aceitar cientificamente que assim o fez - esta é a nossa proposta - porque no ano seguinte, comandando uma nova expedição, Gonçalo Coelho, com três barcos, saiu diretamente de Lisboa para o Rio Grande do Norte e daí desceu até a Baía de Todos os Santos, confirmando todas as latitudes marcadas por Gaspar de Lemos e dando nomes aos lugares por onde passou em dias santificados. Estamos dizendo isso no nosso livro A Cruz dos Mares do Mundo, publicando em nossos blogs e divulgando na Internet, para que o dia 2 de maio, da saída da frota de Cabral, de Porto Seguro para as Índias, seja também o do primeiro avistmento da Baía de Todos os Santos por Gaspar de Lemos, que, certamente, anotou-lhe a latitude e recomendou para quem viesse de Portugal o abrigo entre as ilhas na foz do rio Tinharé (hoje Una), como melhor do que o de Porto Seguro, indicando ser ali o início de uma baía na qual não entrou porque sua missão era chegar o mais rapidmente a Portugal.

Vamos mostrar isto e outras coisas da Baía de Todos os Santos, numa conversa no Gabinete Português de Leitura, às 9 horas do dia 2 de maio, abrindo o projeto BTS 2013, que terá um primeiro evento à noite - só para convidados - no qual será entregue o Prêmio Cabral, post mortem, ao Professor Doutor Edgard Santos, fundador e primeiro reitor da Universidade da Bahia, que se pode considerar como o principal fator de transformação de uma Bahia folclórica numa Bahia artística e científica, alterando-se o paradigma de sua civilização. A partir deste ano, entra o dia 2 de maio no calendário de efemérides e eventos da Baía de Todos os Santos, abrindo o semestre do Projeto BTS pela manhã e entregando-se o Prêmio Cabral à noite. A sessão da manhã é feita para os associados do Gabinete Português de Leitura, mas está aberta ao público em geral, com acesso gratuito. Neste ano, ao fim dessa sessão, o Gabinete Português de Leitura colocará na Internet o calendário de efemérides e eventos da BTS, aberto a todos os interessados que tiverem o que comemorar entre 1 de maio e 1 de novembro de cada ano e ali poderão registrá-los.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

DISCURSO SOBRE O PONTO


Crônica científica

As pessoas costumam recusar um conhecimento novo, que dizem não compreender, mas, que, na realidade, apenas não querem aceitar, pelos mais diversos motivos, desde seu compromisso puramente emocional com uma religião ou uma ideologia política, até sua recusa a perder tudo o que estudou e ter de começar uma nova trilha. Muita gente pode não dizer, mas pensa: "Não sei nem quero saber e se insistir eu chamo a polícia!" Um verdadeiro amigo insiste, mesmo sacrificando a amizade, porque é aquele que sacrifica até essa amizade em benefício do amigo.

Vamos ao exemplo mais simples que se pode dar. Ninguém está realmente interessado em saber o que é o ponto. Se insistimos, pega uma caneta e marca um "ponto" no papel, perdendo a paciência e afirmando: "Isto é um ponto". Esse "ponto", no entanto, é um círculo com um ou meio milímetro de diâmetro. Por definição, um ponto não tem diâmetro algum, porque não tem qualquer dimensão e por isso não pode ser desenhado. O máximo que se pode fazer com a ponta da caneta é marcar a "posição" do ponto que ali está, mas não pode ser visto nem representado geométricamente.

Parece isso ser uma bobagem, com a qual não se deve perder tempo, mas é justamente por não se saber ou dar importância a ela, que não se compreende a atualidade e a realidade universais e não se chega à conclusão se existe ou não um único Deus ou muitos deuses, ou nenhum. Quem torce o nariz ou sorrí maliciosamente perante estas palavras mostra apenas onde começa e termina sua ignorância, do mesmo modo como, quem não aceita o átomo, ignora o que é a matéria. Um átomo tem uma infinidade de pontos, assim como todo o planeta Terra também tem uma infinidade de pontos, o que não significa que a Terra tem o mesmo tamanho de um átomo. Quem não está conseguindo compreender este texto, assim, tão primário, deve se preocupar porque não conseguirá compreender mais nada intelectualmente, vivendo apenas emocionalmente, como animal, que apenas se move (anima = movimento). Ninguém deve se ofender com estas palavras, do mesmo modo como não se ofende quando um médico declara sua incapacidade de ouvir, temporariamente. A constatação de que se tem um problema serve apenas para uma coisa: começar a tentar resolvê-lo.

Se estamos todos convencidos de que temos de saber o que é um ponto, passemos ao passo seguinte: um ponto é uma posição no universo infinito. Sem qualquer dimensão, um ponto É nada, mas tem uma posição definida no espaço total do universo. Voltando à caneta e ao papel, podemos marcar ali um círculo de meio milímetro de diâmetro e dizer que lá ESTÁ um ponto e não apenas um, mas uma infinidade deles, porque, não tendo ele dimensão (dimensão zero), uma infinidade de zeros cabe em qualquer lugar, seja em meio milímetro, em um milhão de quilômetros ou em todo o espaço infinito.
É esquisito, mas é verdadeiro. Para fechar esse raciocínio, só precisamos dizer que esse ponto, ainda que num círculo de meio milímetro de diâmetro, deverá ter uma posição determinada, entre aquela infinidade delas, possíveis. É DE ENLOUQUECER? Seria, se não descobríssemos o que, científicamente, resolve o problema: o que determina a posição única desse ponto (dimensão zero) é sua própria consciência dela, em relação a todos os outros - os mais próximos - sem ter qualquer importância, quantos e quais estão à sua volta. NÃO HÁ OUTRO MODO DE FAZÊ-LO. Assim, cientificamente, somente a própria consciência de um ponto pode determinar sua posição, não só em relação à sua vizinhança, como a todo o Universo. Se assim é, temos de aceitar que existe consciência assim fundamental em todos os pontos do Universo e portanto, própria do Universo como um todo.

Nossa dificuldade em absorver esta idéia encontra-se no fato de que se diz tradicionalmente e se define a "consciência" como "atributo altamente desenvolvido na espécie humana", embora seja evidente que todos os animais sejam conscientes, por exemplo, de sua posição e seus movimentos no espaço; assim como, certamente, também os vegetais, as próprias células vivas que se encontram nestes e até as partículas que circulam livremente num átomo. É evidente que há consciência em tudo o que se relaciona no espaço, quer em posição, quer em velocidade, quer em massa, com outros elementos, sejam de que natureza e dimensão forem. Essa visão da consciência apenas humana já é tão ultrapassada, hoje, como o era a noção de estrela no Império Romano. Logo, tudo isso estará muito claro para todos. Quem quiser saber mais, deve ler gratuitmente no Google, o nosso artigo "Teoria Unificada do Universo", que é fundamental para compreender a revolução que ocorrerá neste Terceiro Milênio. Não penetrar neste novo mundo é optar por ficar de fora do que já começa a acontecer e só os poucos mais informados estão percebendo.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 12 de abril de 2013

AMOR AOS ANIMAIS


Crônica científica

Ví hoje no "Bom Dia Brasil", na TV, que em São Paulo há um hospital ao qual se permite levar até o leito dos pacientes internados, os seus animais de estimação, com o depoimento dos médicos de que isto tem contribuído para melhorar o estado físico deles e consequentemente reduzir o tempo de internação. Há muitos ângulos de abordagem desse fato, a começar pelo que nos mostra o que é uma prova científica, no caso, num laboratório terapêutico, no qual se comprova um efeito positivo qualquer - a melhoria do estado do paciente - em face a uma providência adotada. A repetição do procedimento e a obtenção de um mesmo resultado é uma das condições para que se considere a experiência e a descoberta como científicas.

Conduzo esta crônica, no entanto, para um outro ângulo de abordagem desse fato, demonstrando que a distância entre a Razão e a Fé pode ser nula, quando a velocidade do processamento dos dados, no cérebro, é a mesma, isto é, quando a inteligência e a sapiência operam na mesma velocidade, ou ainda, que  sapiência nada mais é do que inteligência em velocidade de processamento extremamente grande, que tende para valor infinito. Com base nesta assertiva, pode-se construir um edifício lógico que explica a cura pela Fé, que se faria com os mesmos elementos utilizados na cura pela Razão. Em outras palavras: religião e ciência são campos diferentes porque são resultantes de métodos diferentes na sua abordagem intelectual - sabemos todos - mas tão somente porque são diferentes essas abordagens, dos mesmos fenômentos neles observados.

Assim, mais diretamente, pode-se dizer que a cura pela Fé é mais rápida do que a cura pela Razão porque aquela atua diretamente nas causas psíquicas, enquanto esta trabalha com o tratamento dos efeitos físicos. Assim, o paciente internado que recebe no seu leito hospitalar o seu cachorrinho de estimação, que o saúda com olhos e rabinho movediços, recebe também uma injeção de amor, não apenas do animal por ele, mas sobretudo dele pelo animal. Essa dose de amor atua diretamente no seu sistema neural e o leva a promover condições fisiológicas mais favoráveis à cura, no próprio corpo, antecipando a sua alta hospitalar. Pode, contudo, o leitor estar estranhando o uso do termo Fé, sem uma associação a qualquer Santo ou ao próprio Deus. O que estamos a ver é que o resultado é o mesmo, porque o que promove a cura pela Fé não é o intermediário, seja este o médico, o santo ou o animal. O que promove a cura pela Fé é o acionamento direto da estrutura psíquica que é a base formadora do corpo físico, enquanto a cura pela Razão não ataca nessa profundidade, mantendo-se nos cuidados diretos com a matéria e a energia dos corpos, onde estão os efeitos e não as causas.

Não foi por outro motivo, que São Francisco deu tanta atenção aos animais. Muitos deles, os que vivem nas florestas, nascem, vivem e morrem sem médicos nem remédios, podendo ser atacados por micróbios ou por outros animais que buscam neles o alimento cotidiano. É esta a regra do jogo, que também é jogado pelos homens, intelectuais. Não há vida sem comida e as espécies mais evoluídas dominam as mais primitivas, das quais retiram seu alimento. Há animais, no entanto, que, por vários motivos, tornaram-se companheiros dos homens, que os domesticaram, colocando-os em suas casas e cuidando deles, se não como filhos, ao menos como amigos. Ainda que inconscientemente, os homens sabem ou sentem que já foram animais, na cadeia evolutiva iniciada antes, com os minerais e os vegetais, continuada com maiores graus de complexidade, desde os insetos coletivos até o mamíferos individuais, no topo dos quais estão os próprios homens, vida após vida, sucessivamente com cada vez menos animalidade (coletividade) e mais intelectualidade (individualidade).

Ao cuidar de um animal e colocá-lo até em nossa casa, quase como um membro de nossa família - há quem pague a médico e a salão de beleza para tratar dele - nada mais estamos fazendo do que reconhecer que em vidas anteriores, muito lá atrás, já fomos um deles. Agora, precisamos compreender que, assim os tratando, com amor e educação, estamos contribuindo para que evoluam individualmente com maior rapidez, saltando etapas naturais, não apenas físicas, genéticas, mas principalmente psíquicas, na medida em que o ego eterno de cada um possa, após uma vida, religar-se a um novo corpo, dentro da própria espécie ou passando para outra, superior. Há muito o que estudar, pesquisar e comprovar, ainda, nesse campo, mas um bom estímulo para que o façamos científicamente é conhecermos melhor todos os povos do mundo que valorizam os animais e os consideram nessa estrutura evolutiva do ego. Só os judeus, cristãos e muçulmanos "acreditam" que os homens vivem apenas uma vez, desta vida saindo para o Inferno ou o Paraíso eternos. Pura imaginação, sem nenhuma base científica...

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 5 de abril de 2013

ESPÍRITO DE CORPO


Crônica científica

As diversas instituições humanas, desde a mais simples comunidade agrícola até a mais complexa empresa ou repartição pública, precisam e dependem de um certo espírito de corpo, que deve haver entre seus membros - indivíduos - ativos, para que se tenha uma estrutura capaz de organizá-las e mantê-las cumprindo as funções para as quais foram criadas. Daí serem citadas, referidas, como corporações. Não raramente, contudo, esse espírito de corpo se acomoda no que pejorativamernte se conhece como "corporativismo", quando os membros de uma instituição fazem um pacto de proteção dos seus interesses pessoais, contra qualquer alteração institucional de desenvolvimento ou crescimento, ou ainda de inovação, que contrarie o status quo do grupo dominante, o tal corpo assim satisfeito e acomodado.

É óbvio que a inovação só ocorre quando se está em posição contrária à da acomodação, que promove apenas o elogio fácil aos que acrescentam o que já se sabe ao que está inventado, para os que não sabiam e não inventaram coisa alguma. Mera transferência de conhecimento disponível, em cursos e pesquisas autopófagas, mesmo quando se chega a dissertações e teses que nada mudam, além dos salários de quem com elas ganham títulos.

Assim vive nossa Ciência, com a proposta de descobrir novas folhas numa mesma árvore. Nessa estrutura, quando aparece alguém a pensar por conta própria e propor pesquisa num sentido oposto, por desconfiar que essa árvore está morrendo e é necessário passar para outra, o espírito de corpo se espanta e espanta o indivíduo logo considerado "espírito de porco", inicialmente com uma simples acusação de que "quer aparecer", seguindo-se a de que é ignorante ou sonhador. Não adianta esse indivíduo reconhecer que o espírito de corpo é necessário ao desenvolvimento da ciência, em busca de novas tecnologias, naquilo que já se sabe e precisa ser aprofundado e derivado. Não adianta pedir licença para mostrar que seu espírito de porco só é contra estruturas viciadas do corporativismo - a acomodação do espírito de corpo - porque este não pretende mudar posições confortáveis, assim nada se descobrindo de realmente novo ou se inventando.

Há um evidente retrato de falência na sociedade humana contemporânea, em todo o mundo. Alguma coisa, na estrutura política, social e/ou econômica está em confronto com a natureza imutável do planeta, que se sustenta em leis universais, ao que parece, ainda desconhecidas. Há uma insistência cabotina inclusive no meio acadêmico, de quem presume que sabe tudo e que recusa o que chama de "virada de mesa", quando surge uma proposta realmente inovadora de dar uma nova formatação ao mundo que parece já arrumadinho mas se mostra cada vez mais em crise, não apenas social, econômica ou política, mas também física, da própria estrutura do planeta.

Essa gente costuma acusar ofensivamente a quem apresenta novas propostas, considerando-as fora do escopo e da estrutura científicos, sequer aceitando examinar hipóteses. Sem estas, não há ciência. É com a teoria ainda não comprovada que se começa o processo de pesquisa justamente para ir buscar essas provas. Negar a hipótese, a teoria, é não dar estrada para quem quer andar na ciência. A proposta de cada um ao fazer o seu caminho é somente dele, que pode chegar a um maravilhoso lago com muitos peixes ou a um abismo sem fim, sendo opcional a outras pessoas acompanhá-lo ou não.
Só para dar um exemplo de onde podemos ir e não se vai porque se impede de darmos o passo inicial, imaginemos um formigueiro ao qual retorna uma formiga que percebeu sua companheira ser achatada por um sapato e relata o fato sem ter a menor suspeita do que era esse sapato. Do mesmo modo como sequer suspeitamos de que podemos estar na superfície de um planeta que gira em volta de uma estrela (um "elétron"), que gira em volta do núcleo de uma galáxia (um "átomo"), que se junta a outras galáxias para formar uma "molécula", numa "célula viva" de um "macróbio", isto é, um ser tão grande - um "universo" - quanto é pequeno um micróbio para nós.

Pensemos nisso, os "espíritos de porco" que não estão satisfeitos com o atual espírito de corpo que nos cerca, apenas exigindo o próximo salário no banco, enquanto não chega a aposentadoria. Tenho um livro publicado em 1981, onde lancei essa hipótese. Ainda não me apareceu um único cientista disposto a me acompanhar nessa caminhada, mas já vejo na televisão alguns comentários sobre o Universo tendendo a falar nesse caminho. Quem viver, verá...

Adinoel Motta Maia