quarta-feira, 31 de março de 2010

LETRA E MÚSICA 04

Em LETRA E MÚSICA 03, foram feitas algumas digressões autobiográficas para ilustrar a necessidade de oferecer a leitura em degraus aceitáveis, até que o leitor se capacite a penetrar por caminhos formais da leitura. O mercado livresco exige isso, a indústria editorial atende com presteza, mas a crítica continúa sendo rigorosa no combate à linguagem objetiva, direta, não metafórica, na narrativa ficcional. Uma das melhores e mais conceituadas vozes na análise da Literatura enquanto Arte, tem sido a da mineira Letícia Malard, que escreveu em livro:

“leitura: momento na prática social do indivíduo em que é instado a usufruir um objeto escrito”.

Parece evidente, nesta frase, assim genérica, que é o indivíduo quem determina o seu estado de satisfação, a qualidade do que o satisfaz e o tema ou o tratamento literário da coisa escrita que lhe interessa, não se devendo, portanto, em nenhum momento, cercear o seu desejo de usufruir um texto porque alguém, por mais competente que seja, acha esse texto inadequado, por tal ou qual motivo.
Isso nos leva não só ao livro, mas a outros suportes das letras, inclusive a música.
Tem sido usado como exemplo cabal a letra de música popular muito ouvida na Bahia em “shows” paralelos às festas de carnaval, que repete as palavras “água mineral” em sucessivas entonações e firulas de voz, parecendo ser só isso o que se quer passar ao ouvinte, numa pobreza franciscana de dar dó.
Para quem compôs, para quem canta e para quem ouve - este pulando de alegria - seria uma lástima, digna de condenação eterna, se não fosse necessário como primeiro degrau, daqueles bem baixos, como devem ser os que se oferece a crianças que dão os primeiros passos por conta própria.
Voltamos assim à pergunta embutida no texto aqui veiculado na quarta-feira anterior. Por que escrever? Para quem ler? É natural que ao se chegar a uma verdade, embora apenas sua, própria, incipiente para outras pessoas que já estão adiante, se queira divulgá-la. Mas, quem está atento ou disponível para recebê-la e aceitá-la, no nível em que é colocada?
A constatação é que o aumento populacional está pondo no mercado uma quantidade enorme de egos ainda mais próximos da animalidade do que da intelectualidade, todos precisando de degraus baixos, na longa escada a subir. Vamos ajudar essa gente ou simplesmente ignorá-la? Já vão longe os dias em que se fazia uma guerra qualquer para matar dezenas de milhares dessas “pessoas” numa única batalha.
Volte na próxima quarta-feira.

terça-feira, 30 de março de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 04

A coragem é inerente à profissão de jornalista, mas este fará muito pouco se as outras pessoas não tiverem também a própria coragem de expor sua observação, seu estudo, sua experiência, sua análise e sua conclusão nua e crua, doa em quem doer.
Trago um importante exemplo, aqui, hoje. Não há multidões visitando este blog, ainda nos seus primórdios, nem é sua proposta atingir o grande público, mas sobretudo registrar para a posteridade o fruto de décadas de observação, estudo, experiência e análise, como um arquivo onde qualquer pessoa possa a qualquer momento, buscar uma luz refletida num espelho que procura se manter limpo e de boa qualidade, para não deformar as imagens.
O jornalista e escritor Gay Talese, então com 77 anos, foi entrevistado na ilha de Manhattan (New York – EUA), por um extraordinário jornalista, da “Veja”, o André Petry, sendo a matéria publicada na edição de 17 de junho de 2009. Anotei o seguinte trecho:

“A imprensa se sustenta com publicidade, e o pessoal tinha receio de ser percebido como anti-patriótico – o que naqueles dias era o mesmo que ser anti-Bush – e acabar financeiramente punido, com os anunciantes debandando. O comediante Bill Maher fez uma brincadeira em seu programa na rede ABC, dizendo que os terroristas podiam ser chamados de tudo, menos de covardes, e foi retirado do ar. Essa atmosfera durou uns dois anos”.

Os anunciantes. Não há imprensa livre sem anunciantes. Quem paga a conta, manda no cardápio, desde o do botequim ao do restaurante de alto luxo. Quando o Estado paga a conta inteira de uma revista, um jornal ou uma emissora de televisão, é ele quem manda, sozinho, o que significa a vontade e a visão do dirigente máximo, com ou sem assessores.
Se a conta dos custos editoriais é paga por um grupo empresarial, através de anúncios ou publicando ele mesmo o órgão (“house organ”), nada se publica ali sem a anuência desse grupo, conforme seus interesses.
A imprensa livre e independente é aquela sustentada por anunciantes do Estado e da Iniciativa Privada, os mais variados, que se submetem à VONTADE E VISÃO DA EQUIPE JORNALÍSTICA que busca a verdade na investigação e no esforço de reportagem, até, não raramente, com risco de vida para o repórter. No fundo, contudo, quem lhe dá essa independência e financia sua coragem é o leitor, porque de uma grande tiragem ou audição/visão depende o interesse de quem anuncia e paga o necessário para sustentar a estrutura de informação e análise que põe órgãos impressos nas ruas ou nas mãos dos assinantes e programas no ar.
Mesmo quando a informação ali veiculada é contrária aos seus interesses.

O leitor, ao contrário do que muitos pensam, nunca é burro. Quem é burro, não lê. Vê apenas figura na televisão ou ouve um “som” qualquer, achando que é música, buscando sempre a emoção barata das cenas de violência, das catástrofes, do sexo grotesco, da pornografia camuflada e da demagogia enganadora. O perigo é que esse “não leitor” já é quantitativamente tão importante, que dá audiência suficiente para atrair anunciantes interessados em vender seus produtos a essa faixa do mercado. É justamente isso, que está levando nossa sociedade (como outras, em todo o mundo) a se dividir entre “os que incomodam” e “os que são incomodados”.
Sem educação e sem punição no lar e na escola, não há solução. A escola lúdica é só para crianças. Após a alfabetização, escola é trabalho. O trabalho de estudar e aprender a pensar e fazer. Só isso. Não se realiza essa tarefa com políticos, mas com educadores bem formados.
Bem formados e informados.

segunda-feira, 29 de março de 2010

DESORDEM E REGRESSO 04

Nas três abordagens já feitas às segundas-feiras, neste blog, ensaiou-se exemplos do cotidiano que mostram claramente o egoismo nas atitudes, a falta de compromisso com o dever, o desrespeito às leis e normas (até àquela feita por si próprio), num estado de desordem que se amplia na medida em que as pessoas não são punidas pelos erros que cometem contra terceiros na comunidade.
Mais do que consentir, indivíduos em postos de autoridade, que deveriam julgar e punir (pais, professores, policiais, juízes) costumam ser também autores ou agentes de atos contrários a essas leis e normas que deveriam impor, fiscalizando seu cumprimento e atuando contra os que não as cumprem. Assim não o fazendo, estão contribuindo para a DESORDEM nas comunidades e o REGRESSO destas a estádios anteriores da sua estrutura social, prejudicando muito àqueles indivíduos que deveriam evoluir com suas experiências e assim não as aproveitam, atrasando-se em sua caminhada para uma vida melhor.

Por que o fazem? Porque o acesso aos cargos e funções de autoridade é cada vez mais fácil e menor o número dos que estão preparados e são capazes de assumí-los. Pessoas estão sendo selecionadas e assumindo funções de alta responsabilidade não mais por sua capacidade em executá-las, mas por filiação partidária. Ignoram que o progresso da desordem leva ao regresso das estruturas sociais humanas que deveriam crescer em intelectualidade, mas fazem o caminho de volta, para a animalidade. Não é difícil ver isto. Está o tempo todo à volta de todos nós, nas páginas dos jornais e nos programas de televisão, sejam os noticiários, sejam as novelas, sejam os de auditório ou os chamados “reality shows”.
A vulgaridade na qual estão sendo lançados todos os cidadãos, por ação e omissão de ignorantes ou acomodados, transforma a sociedade numa pasta informe onde já é difícil manter a honra, a dignidade, a honestidade e os demais valores que resultam de estruturas superiores de consciência que fizeram a espécie animal evoluir para a intelectual.
Neste momento de crise social humana, aqui ou ali, é necessário separar o joio do trigo e dessa forma construir para todos através da educação com cobrança rigorosa de resultados, porque não se deve esquecer dos naufrágios, nos quais morrem todos os passageiros por culpa do comandante e da tripulação, que também morrem de morte bem morrida. Para sempre.

Punir com rigor, portanto, é benefício que se dá a quem precisa de referencial e guia. Essa punição começa na infância, a quem desobedece pai e mãe ou não faz o dever de casa com aplicação e correção, a ser apresentado com alegria ao professor. Continua na adolescência, quando se aprende a andar na rua, a respeitar o direito dos outros, a ajudar o que pede informação e a cumprir as normas de convivência social. Finalmente, chega ao adulto que já assume responsabilidades individuais, sociais, profissionais e administrativas, obedecendo a constituição e demais leis do seu País, os códigos, normas, regulamentos e estatutos diversos aos quais estiver subordinado, sem esquecer as leis da natureza, ditas “Leis de Deus”. Este, como se sabe, nunca perdôa. Basta ver o que acontece aos que ocupam lugares que não devem, quando ocorrem as erupções vulcânicas, os terremotos e as inundações, por exemplo. Ou aos que se submetem, por ignorância, aos germes e outros agentes patológicos. Deus pode demorar, mas sempre castiga.

domingo, 28 de março de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 03

Ainda não são muitas, nem devem ser, mas são significativas, as respostas que têm chegado a este blog e que servem como referencial, como balizamento, para a sua proposta. Uma das que chegaram nesta semana, reagindo à onda de “fim do mundo” que inunda a televisão, aqui analisada, pergunta se pode confiar nos personagens bíblicos que alegam receber mensagens divinas através dos sonhos, sobre o fim do mundo, o juizo final, coisas assim.
Em outras palavras, quer saber se os sonhos são confiáveis.
Aposentei-me em 1996, do magistério universitário e do jornalismo, para escrever uma obra de ficção – uma trilogia intitulada “Nortada” – com uma visão histórica e uma discussão universal da relação entre a religião, o misticismo, a filosofia e a ciência, numa linha que atravessa todo o período monoteísta do pensamento humano. São três romances, dois dos quais já estão prontos, mas ainda sofrendo alterações impostas, um sobre os outros. Razão porque ainda não devo liberar qualquer desses originais para publicação.
Num deles, há uma conclusão de que o sonho nada mais é do que parte do resultado da digestão intelectual cotidiana, relacionada com toda a memória do indivíduo nos seus arquivos Consciente e Inconsciente. Como os nutrientes (aproveitados) e as fezes (lançadas fora) são o resultado da digestão alimentar nos intestinos animais.
Peço que não se tire qualquer conclusão a partir dessa assertiva, sem a leitura completa do referido livro, mas acho que posso ilustrar um pouco essa afirmação com um exemplo, de um raro sonho do qual me lembrei de tudo ao acordar e por um tempo que me permitiu ir ao computador e registrá-lo por inteiro. Três dias depois, suas imagens ainda estão vivas em minha mente, o que, em mim, é inusitado.
Ocorreu agora, na madrugada do último dia 25 de março de 2010, eu com 72 anos na realidade, mas sentindo-me ainda jovem, sei lá, ali pelos meus 20 anos, não sei bem, como me sentiria, num momento que seria da minha juventude, mas que nunca ocorreu.
Da realidade física, o apartamento em que moro hoje, este o cenário. Do meu estado psíquico, a pessoa que eu era na década de 1950.
A seguir, o texto escrito no computador logo após acordar:

“No quarto em que durmo hoje, com minha mulher, estava eu, sentado na cama de casal, cercado pelos mesmos armários que temos, conversando com outros jovens como se fossem meus colegas, mas sem qualquer correspondência aos meus verdadeiros colegas de qualquer época (nenhum deles jamais entrou em minha casa). Era como se eles assim se apresentassem, mas eu não tinha certeza se eram. Não lembro dos diálogos, se houve diálogos, eu sentia como se falassem besteiras. Comportavam-se como um tanto alienados, acho que dois ou três rapazes e duas moças, que me visitavam, não sei por que, mas demonstravam uma certa camaradagem. No meio da conversa, passou um gato meio branco, meio amarelo, correndo e saltando por cima da cama, da qual se lançou para a janela aberta, saindo por ela na escuridão da noite. Eu pensei e falei que estávamos no décimo andar e o bichano iria se esborrachar na rua. Achamos todos “uma loucura”, alguns riram. Eu não sabia que gato era aquele, não era meu nem da casa. Levantei-me e fui até a cozinha. Lá estavam dois dos jovens, rapazes. Um deles fritava numa frigideira, duas pequenas peças de joelho de porco, já douradas, com pequenos ossos finos; o outro procurava algo no refrigerador aberto. Como se diz, metiam a mão, sem pedir licença, eu achava aquilo um absurdo, mas não falava nada. Eles se diziam meus colegas, eu sentia que eram, mas não os identicava bem. Uma das moças chegou à cozinha e então observei bem o seu rosto meio redondo, cabelos curtos cacheados e alourados, o vestido verde azeitona estampado e cinturado, mas folgado, falando bastante, não sei o que. Notei, então, a porta da rua, a de serviço, aberta e lá fora, o rosto da minha mãe, exatamente como era, com a mesma expressão de cinqüenta anos atrás, bonita e moderna, curiosa, olhando para a porta, sem entrar, como a achar que aquele não era o seu apartamento, pelo que via lá dentro. Eu não percebia, mas sentia que o meu pai estava com ela e estranhava não estarem a seu lado também a minha avó e a minha irmã, que ainda moravam comigo, então. Repito que tudo parecia uma cena da minha juventude, mas com cenário onde moro hoje. Aproximei-me da minha mãe, para dizer algo, quando notei no chão da área entre a porta da rua e a da cozinha, cinzas em boa quantidade, como se houvessem fumado bastante ali. Cinzas grossas, em duas porções. Imaginei que fossem de alguma droga e as liguei, no sonho, ao gato que corria como um louco e se lançava pela janela. A moça de vestido verde falava com a minha mãe a entrar em casa, quando eu tentava apresentar aquela gente a ela, mas não sabia os nomes das pessoas, que, de repente, estavam todas na cozinha, como se aquilo fosse uma festa para a qual teriam sido convidadas. Acordei e não dormi mais. Levantei-me e estou a escrever estas palavras, achando que este sonho pode ser um exemplo para a minha teoria sobre todos os sonhos e também servir a uma peça de ficção. Algo inusitado, que nunca aconteceu nem poderia ter acontecido na minha realidade, mas que cai na minha bandeja, pronto para ser servido como um bom exemplo e que hoje se encaixa na minha teoria da consciência como um prato feito.”
Como nas fezes fisiológicas, as psicológicas, assim lançadas para fora, servem para análise da saúde (física ou psíquica) e como fertilizantes para a cultura (agrícola ou artística). Respondo agora, à minha interlocutora: na digestão intelectual, os neurônios mandam para a memória (consciente e inconsciente) o que é útil. Os resíduos, os restos, vão para fora em sonhos e pesadelos. Servem para alguma coisa, mas não se pode confiar neles como informação, porque são falsos no todo ou em parte. Ainda que os cenários e os personagens sejam reais, as ações ou suas propostas estão fora dessa realidade.

sábado, 27 de março de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 03

No sábado passado (FÍSICA E PSÍQUICA 02), este blog apresentou “o ponto” a quem não o conhecia, mas não disse tudo o que se sabe sobre ele, além de que não tem dimensão alguma. Só tem posição. Por outro lado, há muita gente boa de cabeça que não consegue visualizar bem ou compreender o “infinitamente pequeno”. Fica extremamente difícil, portanto, para muitas pessoas, imaginar dois pontos separados por um intervalo infinitamente pequeno. Isso é tão inconcebível, para elas, que um universo cheio apenas de pontos é considerado “o Nada”.

Mas “o Nada” existe porque o ponto tem uma coisa: A CONSCIÊNCIA DE SUA POSIÇÃO. Como ele teria uma posição (é só isso o que tem) se não TIVESSE A CONSCIÊNCIA DE SER um ponto? Ele não sabe que é um ponto. Ninguém ou nada o informou sobre isso. Ele apenas SENTE que é isso, ou melhor, É CONSCIENTE DISSO, porque É uma das infinitas posições da consciência que forma o espaço ao qual chamamos Universo, infinito e eterno.

Originalmente, o Universo é apenas um espaço vazio, um Nada. Apenas o VERBO SER. Uma infinidade de pontos juntos num cubo de lado infinito, cada um “pensando” SOU.
Estamos na Geometria, na Matemática portanto, onde a existência é apenas “pensada”, porque é psíquica (adjetivo), um objeto da ciência PSÍQUICA (substantivo), cuja fundação está sendo assim proposta.
É muito difícil para a limitada estrutura de consciência no homem, enfrentar e imaginar esse “pensamento” solto no espaço, sem qualquer suporte, ele próprio como uma entidade autônoma, um “ser” consciente. Podemos dizer que é impossível, mas se já podemos imaginar isso, seguramente é possível.
Mais limitada (muito mais) do que a estrutura de consciência do homem, é a estrutura de consciência de uma célula do corpo humano. Pode esta imaginar (com o seu “pensamento” SOU-ESTOU-AQUI-AGORA-DENTRO-FORA-PARADA-EM MOVIMENTO-CUMPRINDO UM PROGRAMA, quase como um autômato) essa unidade SOU dos muitos pontos que então no seu espaço volumétrico definido e que formam sua consciência?
E a estrutura de consciência de uma molécula de carbono, por exemplo, nessa célula? E a estrutura de consciência de um átomo de carbono nessa molécula? E a estrutura de consciência de um dos elétrons desse átomo? E a estrutura de consciência de uma onda que contribuiu para a formação desse elétron?
Onda que nada mais seria do que um conjunto de pontos conscientes de suas posições, ou melhor, um conjunto de posições assumidas pela consciência que troca de posição entre um ponto e outro.

Está difícil? Vamos ler outra vez, tantas vezes quantas necessárias, porque nossos neurônios precisam de tempo para receber dados, processá-los e recusá-los até que outros dados sejam anexados e lhes permitam aceitá-los. Eu precisei de cinqüenta anos para começar a ver essa estrutura de consciência do VERBO SER. O verbo que, no princípio, fez “TODAS AS COISAS”, nas palavras de João (01,03), no seu livro, no Evangelho.
Ao fazer esta referência bíblica, contudo, não estou fazendo religião, mas ciência. Matemática Aplicada. Psíquica. Uma ciência que já posso apresentar com suas leis, como se lê no meu artigo já citado nesta coluna dos sábados, neste blog. Preparem-se, os que optarem por fazer esta travessia, para um longo exercício intelectual. Trata-se de um longo caminho, que exige paciência. Por isso, não é para todas as pessoas, mas é para qualquer uma que tenha paciência. Voltem no próximo sábado.

sexta-feira, 26 de março de 2010

AVES E NAVES 03

Divulga-se que a Embraer, a empresa brasileira que mais fabrica aviões, bateu o seu recorde de produção em 2009, entregando 244 novas aeronaves a diversos compradores do Brasil e do Exterior. Na medida em que este blog tratar da história da aeronáutica neste país, mais se falará dessa organização modelar da nossa indústria.
Não custa lembrar e repetir que tudo começou com um padre (Bartholomeu Lourenço – era esse o seu nome, quando inventou o primeiro aparelho a voar com recursos próprios, no Recôncavo Baiano, em Belém da Cachoeira, há três séculos). Se a escola do seu filho não disser isso para ele, com detalhes, ela não presta, não está compromissada com os valores que fazem uma criança e um(a) jovem buscar o conhecimento e a inovação, sem o que não se conquista uma posição relevante no mercado de trabalho.
Bartholomeu é o modelo brasileiro dessa criança questionadora e inovadora, não pode nem deve ser ignorado por qualquer escola do Brasil ou do mundo. Foi o primeiro inventor das Américas, muito antes do Benjamim Franklin inventar o pára-raios, num Brasil onde se tinha pouca gente estudando, além de índios e padres jesuítas.
Assim, se você é pai ou mãe, procure agora o seu filho e pergunte a ele quem foi Bartholomeu Lourenço, que depois acrescentou o sobrenome “de Gusmão”. Se ele não souber, se nunca ouviu falar desse padre, vá à escola e pergunte ao Diretor ou à Diretora. Se ele ou ela não souber, veja se há algum professor que conheça o nome e a pessoa desse homem que foi o primeiro cientista brasileiro. Aí, você descobrirá se essa escola está preparando cérebros para o estudo, a investigação e a inovação ou apenas espectadores para "shows" e jogos de futebol e espertos na Internet.
É possível que você já tenha dado a seu filho um desses livros sobre dinossauros, que estão nas livrarias e que ele já saiba serem esses animais pré-históricos os predecessores das aves, havendo um deles, até, que realmente voou: o pterossauro. Uma boa conversa sua, com ele, pode ser justamente em cima de como, a partir daí, a vida saiu da superfície da Terra, até o desejo do homem em voar. Você poderá depois empinar arraia (pipa) com seu filho, passando-lhe conhecimentos que o levarão em seguida a fazer pequenos aviões de papel com mais prazer e saber. Aeromodelos também são excelentes meios de desenvolvimento científico e tecnológico (dos pequenos e simples planadores de lançamento manual até os motorizados e controlados pelo rádio). Tudo isso chama ao estudo e à leitura, na direção do desenvolvimento do cérebro e da inovação, não apenas na engenharia, mas também na medicina e na administração de empresas, entre outras atividades de ponta.
Se o vôo lhe interessa, volte na próxima sexta-feira.

quinta-feira, 25 de março de 2010

ONDE E QUANDO 03

Está em todas as revistas de atualidade, nos jornais diários e nas emissoras de televisão, a cultura do ódio ideológico partidário e sectário, comumente resultante da insatisfação dos que têm pouco ou nada, contra os que estão bem estabelecidos, com seus problemas resolvidos, em estruturas sólidas e que funcionam.
Costuma-se considerar estes numa situação de DIREITA, porque a maioria da população mundial é composta por destros, para os quais é a mão direita a que mais e melhor produz, o que teria colocado, nos parlamentos europeus (notadamente o francês), os parlamentares da situação nas cadeiras do lado direito, indo para a esquerda os da oposição. Assim, costuma-se considerar como AS ESQUERDAS os grupos que se opõem aos que chegaram primeiro ou conquistaram posições privilegiadas e defendem as normas e procedimentos operacionais que os levaram a tais posições.

Geográfica e historicamente, os judeus chegaram primeiro na adoção das propostas e valores inovadores do monoteísmo, levado este do Egito (proposto por Akenaton) para Canaã (por Moisés), sobre o qual montaram uma estrutura social e econômica dominante, até que os romanos os expulsaram da Palestina e os espalharam pelo mundo, criando uma Igreja (Saulo de Tarso era romano) que seria absorvida pelo Imperador Constantino.
Com a queda de Constantinopla e o fim militar do Império Romano, Roma manteve-se no poder, com um novo regime (religioso) e um novo trono (o Vaticano), continuando a perseguir os judeus onde quer que estivessem, usando como principal arma o Tribunal do Santo Ofício, inventado pela ordem dos dominicanos.

Depois de empurrados da França para a Espanha e daí para Portugal, os judeus tiveram de sair também desse país (ou renegar sua Fé), com a instalação do Tribunal do Santo Ofício nesse reino, por D. João III, em 1536 (D. Manuel I já havia iniciado sua expulsão, não por convicção, mas por obrigação, por estar casado com uma espanhola, filha dos Reis Católicos, de Espanha). Cabia a esse tribunal combater as heresias (judaísmo, protestantismo, feitiçarias, tudo o que contrariasse a Fé católica), perseguindo também os bígamos, os sodomitas e até os sacerdotes considerados sacrílegos.
É bom saber “onde” e “quando” tudo começou, quando se examina a atual situação dos judeus, agora com outra frente de luta, no mar de ódio que banha o Oriente Médio. Não é com o ódio, que se chega ao entendimento e à paz. Sua capacidade obliteradora é uma das poucas coisas que impedem a passagem da luz. Iluminar uma questão é o primeiro passo para respondê-la corretamente. Não há luz “onde” e “quando” não há informação, estudo, conhecimento, análise honesta. Pior: quem mais perde com a falta de luz não é o objeto a ser iluminado, mas o cego, o que não consegue ver sem ela. Por que há tanta gente optando pela escuridão e a cegueira? Porque, antes, optaram pelo ódio.

quarta-feira, 24 de março de 2010

LETRA E MÚSICA 03

Este blog não pretende ser chato. Nem redondo. Pode ser enfadonho para algumas pessoas e não o ser para outras, interessadas na informação que traz ou na reflexão que propõe. Assim são todas as composições literárias e musicais.
Quando eu estudava e tocava (mediocremente) violino, muito do que executava era bastante chato para quem ouvia, mas quase nunca a culpa era do compositor. Assim é na literatura: o autor leva a fama de chato, porque o leitor lê muito mal, não conhece o real significado das palavras ou não consegue extrair delas, em frases e parágrafos, uma proposta de sentimento ou de raciocínio. Há muitos livros que são muito chatos porque não se revelam numa primeira leitura, mas depois da segunda ou da terceira, deixam-se invadir e entregam ouro e brilhante ao paciente buscador de emoções ou de sabedoria.
A explicação é que uma obra literária deve ser atravessada totalmente, porque muitas informações são reveladas ao longo delas, até as últimas páginas – não se pode colocar todo o conteúdo na primeira – e costumam ser indispensáveis para se compreender o que foi escrito no início. Conhecido, assim, o conjunto completo, começa-se a releitura com outra espectativa e se vê nas entrelinhas o que não fora percebido num primeiro contato.

Este blog provoca o seu leitor a verificar isso em boas obras, de bons autores, que promovem o pensamento filosófico em textos de ficção, dando vida a personagens da fantasia que falam com profundidade intelectual.

É natural que se comece com as histórias em quadrinhos ou os livros ditos infantís, com muitas figuras e linguagem direta, como se começa na música com as cantigas de ninar e as de roda. Na minha infância, nos anos 1940, eu lia a revista que meus pais compravam para mim: O TICO-TICO. Ainda lembro da emoção, com a qual abria suas páginas coloridas, com as histórias de Reco-Reco, Bolão e Azeitona, do Chiquinho ou da Faustina. Eram histórias em quadrinhos. Depois, meu padrinho deu-me um livro de contos dos Irmãos Grimm. Quando já andava sozinho, de bonde, comprei nas bancas as revistas VIDA INFANTIL e VIDA JUVENIL, com suas seções de correspondência, assim começando a escrever cartas, depois contos. Frequentei a seção circulante da Biblioteca Pública da Bahia (um belo prédio na Praça Municipal) e passei a devorar os livros de aventuras e romances policiais, mas comecei a comprar obras de José de Alencar e logo estava lendo C. W. Ceram (“Deuses, Túmulos e Sábios”), Myra y Lopez (“Os Quatro Gigantes da Alma”) e Arthur Schopenhauer (“Aforismos para a Sabedoria na Vida”).
Não parava de ler, colocando muita informação à disposição de meus neurônios. Clássicos e “bestsellers”, nada me escapava. Flaubert foi um guia. Escreveu ele que a paciência não é o gênio, mas pode ser o seu sinal e sempre, substituí-lo. Acreditei nisso e tenho sido muito paciente, na leitura e não só nela. Esta é a minha receita para todos.
Não só para as letras e a música. Sobretudo, para a vida.

terça-feira, 23 de março de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 03

Passando à margem do conceito de FIM DE MUNDO, já desgastado por sucessivas e exageradas matérias com fins puramente religiosos, apesar das manifestações científicas de quem se preocupa com os temas de aquecimento global e outras mazelas, não se pode, contudo, esconder a crescente reação do PLANETA TERRA às agressões cotidianas do ser humano contra a Natureza.
A verdade é que o homem está perdido dentro de casa, sem o conhecimento necessário para compreender os mecanismos cósmicos e particularmente, os telúricos, assim errando e tropeçando cada vez com mais freqüência, em sua caminhada.
É chegada a hora, portanto, de abrir a porta dos arquivos secretos dos místicos e revelar para a CIÊNCIA, o que esta preconceituosamente sempre se recusou a ver, porque sempre se limitou à matéria e à energia (constituintes da realidade física), considerando o pensamento como atributo apenas do cérebro, no corpo físico ANIMAL.
Tudo o que acontece no mundo, hoje, de bom e de mau, é fruto do aumento desenfreado da população humana, quase sem predadores para equilibrá-la. Ao contrário, há estímulos econômicos, políticos e religiosos para a reprodução, porque quanto mais gente houver, mais consumidores comprarão produtos diversos de quem faz mais propaganda; mais cidadãos terão votos e formarão massas de manobra partidária; e mais fiéis existirão, a contribuir com dízimos para as igrejas em luta sectária para conquistá-los.

É EVIDENTE QUE OS FENÔMENOS NATURAIS, RESULTANTES DE LEIS NATURAIS (E CÓSMICAS), QUE SEMPRE OCORRERAM NA TERRA, PROVOCARÃO MAIORES DANOS E REPERCUSSÃO NUM PLANETA LITERAL E COMPLETAMENTE OCUPADO POR AGLOMERADOS HUMANOS, DO QUE NO TEMPO EM QUE ERAM POUCAS AS ALDEIAS E VILAS, SENDO RARAS AS CIDADES, NO MUNDO.

É necessário chamar a atenção da mídia para esse fato, sob pena de se criar um clima alarmista com insegurança total e resultados imprevisíveis. Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, com as bombas nucleares lançadas pelos Estados Unidos no Japão, a juventude entrou, em todo o mundo, num processo de medo, porque, de repente, alguma coisa poderia acontecer para acabar com a humanidade. Foi, então, bastante divulgado que, se o fim poderia acontecer a qualquer momento, o melhor seria aproveitar a vida ao máximo, gozando mais dos prazeres e relaxando com as obrigações, todas estas, as produtivas, as educacionais, as sociais e até as familiares.
Acrescente-me o aumento vertiginoso da população humana e se terá o quadro de pânico em que nos encontramos hoje, com a falência total das leis, do caráter, da moral e da dignidade, inclusive até em religiosos completamente afastados de qualquer processo de consciência, mergulhados também nas trevas da ignorância desenfreada.
A provocação, portanto, para a nossa mídia, é: quando abordar as questões da violência, da miséria, das catástrofes naturais, das mortes no trânsito, das epidemias e das doenças em geral sem a devida assistência médica, entre outros temas traumáticos, perguntar se cada uma dessas ocorrências teria o mesmo balanço de sofrimento e morte, se acontecesse na metade do século passado, quando a população era consideravelmente menor na cidade ou no campo.
Começa por aí, a busca da verdade.

segunda-feira, 22 de março de 2010

DESORDEM E REGRESSO 03

Às 11 horas de hoje, o homem passou com dificuldade pelo estreito acesso reservado aos pedestres, no pavimento térreo do Supermercado Bom Preço (loja do Canela, em Salvador, Bahia), porque havia um carro estacionado em área de circulação, bem encostado no tal acesso, impedindo que uma senhora que saía com suas compras passasse. O homem, vendo-a assim em dificuldade, ajudou-a, suspendendo um cavalete metálico, para que ela empurrasse seu carrinho por baixo daquele e assim pudesse retirar as compras deste, com sua ajuda, passando-as para fora do prédio. Até aí, havia o erro apenas de quem estacionou seu carro em local proibido, certamente porque não achou vaga para fazê-lo em outro lugar. O homem continuou o seu caminho e ao subir a rampa para a loja, encontrou um vigilante uniformizado, muito forte, encostado à mureta. Relatou a ele o que ocorrera e apontou para o carro mal estacionado, mas ouviu, sem acreditar no que ouvia: “O que é que eu posso fazer? Tenho família para cuidar, a empresa não me deu uma arma e eu não posso morrer por causa do Bom Preço”. Respondeu o homem: “Então não adianta nada o senhor estar aqui”. O vigilante concordou: “É! Não adianta não!”. O homem subiu para a loja e foi à gerência. A gerente não estava e uma mulher forte perguntou: “Em que posso ajudá-lo?”. Ele relatou toda a ocorrência e ela pediu para levá-la até o vigilante. Ele a levou e apontou para o homem da segurança e para o lugar onde estava o carro, indo cuidar de sua vida, porque já estava atrasado para o que tinha de fazer. Tinha cumprido sua obrigação.

O blog não sabe o que aconteceu depois, mas o que importa é que este não é um caso isolado. Não só vigilantes, até policiais, desarmados ou não, estão sendo mortos por bandidos em todos os cantos. Ninguém tem segurança nas ruas, nos supermercados, nos estádios de futebol, nas praias, nos cinemas e para ter alguma segurança em casa tem de se trancar com grades e cadeados dentro dela.
Todos os bandidos do Brasil têm quem os defenda com base nas leis de direitos humanos, mas nenhum deles dá a mínima para essas leis e esses direitos. Na minha adolescência, o Brasil não era assim. Ali pela metade do século vinte, o desenvolvimento econômico trouxe muitos benefícios, mas acabou com a educação doméstica. As pessoas passaram a lutar por seus direitos, mas ninguém se preocupou com os deveres, um dos quais o de educar os filhos, dentro de casa e na escola. Os professores adotaram teorias importadas de não punir na escola e os psicólogos espalharam a prática de não punir também dentro de casa. A falta de punição é a causa de tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. O pior é que sem punição, não há aprendizado, não há evolução, porque é a experiência do sofrimento que ensina a não repetir o processo errado. Não existe outro meio de fazê-lo, porque o ser, humano ou não, só evolui, só se desenvolve, com referenciais que são dados pela punição maior, a primeira delas, a das leis naturais, ditas Leis de Deus.

Como mudar isso, se a Igreja manda perdoar todas as dívidas e ações, dar a segunda face quando se recebe um tapa na primeira, assegurando que só vai para o Céu, para a companhia de Deus, quem é besta, idiota, ofendido, agredido, roubado e morto? É evidente que tem alguma coisa errada nisso tudo, mas seja o que for, é a responsável pela desordem e regresso generalizados neste País (e nos outros).

domingo, 21 de março de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 02

O blog recebeu dois e-mails de visitantes que fizeram o caminho de volta. Uma das caraterísticas de REFLEXOS NO ESPELHO é não abrir discussão ou debate, mas tão somente refletir a luz recebida e permitir que outras pessoas também a recebam e a transmitam para mais algumas e assim por diante. Só isso. Há, contudo, um procedimento meu, de divulgá-lo por e-mail para a gente que me parece interessada numa ou noutra linha de pensamento aqui desenvolvida. Só por essa via, é possível retornar, com alguma pergunta ou algum comentário. Tem ficado claro, assim, que o blog não promete resposta, mas não a nega, desde que caiba no (con)texto dos domingos e possa ser útil a todos. Também está claro, que não publica nomes de terceiros, de modo que estes não são necessários e se as mensagens vierem assinadas, os nomes não serão divulgados. Elimina-se com isso qualquer possibilidade de constrangimento. É a regra do jogo.

Chegou um e-mail de BH, a bela capital mineira. Gosto das suas praças, dos seus parques, da sua gente, da sua comida e dos seus mil lugares de sentar à noite para conversar e beber um chope, até numa livraria com serviço de bar ao ar livre. É a cidade grande com gosto delicioso de cidade pequena. Ali é fácil formar intelectuais. Foi um deles, que tendo recebido a dica de entrar neste blog, fez o esforço de chegar a quem tinha o meu endereço eletrônico. Enviou duas perguntas: uma não será respondida porque é política e partidária. Já foi dito aqui que este blog não é partidário nem sectário. Por que ficar com uma parte, se podemos ter o todo e por que olhar apenas por um setor, se podemos ver por todos os ângulos, esfericamente? Reconheço, no entanto, o direito de cada pessoa em agir de acordo com o degrau em que se encontra, na infinita escada em busca do conhecimento universal. Degraus mais baixos, panoramas com pequenos horizontes. A boa notícia é que esta subida depende apenas da vontade do indivíduo. Há quem atrase sua subida mantendo-se no nível de uma coletividade. Um partido ou uma seita, por exemplo.

A outra pergunta, sim, deve ser respondida. A abordagem feita é referente ao ACHADOS E PERDIDOS 02, mais particularmente à frase “o fim do mundo com hora marcada é pura ficção”. Não espero que aconteça tão cedo, mas é possível um “fim do mundo”, sim, a varrer toda a humanidade e até mesmo quase toda a vida na Terra. O que foi dito aqui é que isso jamais deverá ser previsto com hora marcada (ou dia marcado), como se está a divulgar, apontando a data de 21 de dezembro de 2012, ou seja 21/12/2012. Ah! Porque naquela data, haverá um alinhamento da Terra com o Sol e o centro da galáxia. Que importância tem isso? É um fenômeno meramente geométrico, ou melhor, “cosmométrico”. As distâncias são demasiadamente grandes para que haja alguma influência gravitacional ou outra qualquer. Colocar o calendário maia nisso tudo é apenas oportunismo. Isso é o mesmo que dizer: “No dia 01 de outubro de 2010 (01/10/2010), haverá um terremoto devastador na Indonésia”. O que acontecerá com quem esteja num barco no meio do oceano e fique alinhado com a cidade onde nasceu e com o Vaticano no dia 23/03/2023, na hora do equinócio? Fiquemos por aí. Temos mais o que fazer. Cada um de nós deve dedicar boa parte da duração de sua consciência a buscar a verdade do outro, para melhorar a sua. É obrigação de todos refletir a luz recebida. Tenho feito isso na maior parte dos meus 72 anos de vida.

sábado, 20 de março de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 02

Se não dominarmos o conceito de “consciência” e de “espaço” não adianta prosseguir. No sábado passado, este blog trouxe umas luzes que só iluminarão o caminho de quem abrir os olhos. Comumente, novos conceitos parecem confusos quando as pessoas que os recebem resistem a eles, por condicionamento ou “pré-conceito”. Esta, no entanto, não é a pior situação, que ocorre quando a pessoa é cega, isto é, não está instrumentada para ver, por deficiência psíquica, com o ego ainda em estádios muito baixos da evolução. Tal pessoa, no entanto, não deve se desesperar, pois irá se capacitar ao longo da caminhada, desde que não resista à luz que abrirá seus olhos.
Já foi dito aqui (FÍSICA E PSÍQUICA 01) que não há espaço sem consciência, mas podemos falar em “consciência do espaço”. É importante não confundir, contudo, “consciência do espaço” com “conhecimento do espaço”. A Psicologia costuma usar a palavra “consciência” para designar “conhecimento”. Por exemplo: “Fulano tem a consciência de que é baixo e é bonito”. Ora, se ele SABE que é baixo e bonito, é porque tem CONHECIMENTO disso, observando-se no espelho. A palavra “consciência” aí está mal empregada porque consciência não é SABER. Ela é SER. Se digo: “Sou um homem”, estou consciente de SER um homem e não de SABER que sou um homem. Em outras palavras: só estarei consciente disso, se sentir no meu SER, essa condição humana, não bastando que me informem isso para eu SABER.

Estando isso claro, podemos ir adiante.
No dia 7 de julho de 2008, eram 23 horas, preparava-me para dormir, quando fui assaltado por um “insight” (os neurônios trabalham continuamente), que me levou a anotar o seguinte texto: “É engraçado (cômico, ridículo?) quando se diz que não havia espaço antes da explosão de toda a matéria concentrada numa partícula do tamanho de um bilionésimo de um próton (o tal do BIG BANG). Se não havia espaço, o que era todo o vazio (o nada) infinito? É evidente que seria um ESPAÇO VAZIO”.

O que os cientistas (os físicos) costumam afirmar sobre o espaço é que este só existe como lugar da matéria e da energia, que são objetos da Física. E o espaço matemático? Não é científico? Mas, o que é o espaço matemático? Por exemplo, o espaço infinito em todas as suas quatro dimensões, formado por uma infinidade de pontos, tão próximos um dos outros, que, se fossem mais próximos seriam um só. Como sabemos, o ponto não tem dimensões. Tem apenas posição. Alguém, tentando definir todas essas posições, pode perguntar: o que há entre tais pontos, assim posicionados? Claro, evidente, que há uma dimensão infinitesimal (infinitamente pequena, mas tão pequena que, se for menor, não existe). Esse “intervalo” é necessário, para que haja pontos assim individualizados, cada um consciente de sua posição e de sua existência, pois se não houvesse essa consciência, não haveria ponto, não haveria posição.
Isto é MATEMÁTICA. O espaço formado por todos os pontos conscientes de sua posição no Universo Infinito é o que se deve chamar de Consciência Universal.
Voltem no próximo sábado, mas se quiserem adiantar um bocado, podem pesquisar no Google, o artigo “Teoria Unificada do Universo”, entrando com as palavras-chave Teoria Unificada do Universo/Adinoel Motta Maia/Consciência.

sexta-feira, 19 de março de 2010

AVES E NAVES 02

Quando se quer falar de alguém que teria voado pela primeira vez, há sempre quem visite a mitologia grega e de lá retire a figura de Ícaro. Desde a antiguidade clássica, a idéia de voar estava associada a asas e assim o coitado do Ícaro as ganhou, coladas ao seu corpo com cera, produzida por abelhas, que, como sabem todos, têm asas e voam. A mitologia, como a religião, está cheia de imagens mágicas e milagrosas criadas por quem não precisava ter maior compromisso com o conhecimento e com a verdade científica, mas usava fantasia para criar fé e obter resultados reais, não raramente com benefícios para pessoas, individual ou coletivamente. Casos estes em que os fins justificam os meios.
Evidentemente, esse processo custou milhares de anos ao desenvolvimento humano, de modo que só no século XVIII o homem voou, de fato, pela primeira vez, não o fazendo com asas, mas com um balão de ar quente (vejam aqui, em AVES E NAVES 01), contrariando todas as expectativas. Antes desse vôo, contudo, o balão (ainda sem esse nome) voou sem ninguém a bordo, feito com papel, como ainda fazemos hoje, mas não podemos deixar subir livremente, sob pena de sermos presos, porque é um perigo deixar cair um deles sobre um telhado de casa ou uma refinaria de petróleo, por exemplo.
Houve época, contudo, em que os balões de papel enfeitavam os céus brasileiros no mês de junho, nas festas do Santo Antônio, do São João (sobretudo nesta) e na de São Pedro, com alguns poucos e pequenos prejuízos, quando raramente desciam sem controle numa casa, numa árvore ou mesmo numa fábrica (eram poucas e muito pequena a probabilidade de tal ocorrer). Considerava-se um baixo preço para o alto benefício da tradição de festas populares e do culto aos santos. A Igreja mandava.
Eu tinha meus quatro a cinco anos de idade, ainda me lembro da imagem, quando via o meu tio-avô Zuca (José) debruçar-se em uma grande mesa a desdobrar, estirar e cortar “papéis de seda” de várias cores, sob sifões de vidro (para que o vento não os espalhasse), depois colando-os de forma a compor enormes balões redondos, que eram dobrados e guardados até a noite de São João, quando iam todos para a porta da rua, em Periperi, no subúrbio ferroviário de Salvador, para vê-lo colocar a bucha que estava num vaso, embebida em aguarrás, numa estrutura de arame, na boca do balão, depois de estar este cheio de ar, nele colocado por quem usava abano de palha e força muscular nessa tarefa, enquanto a pessoa mais alta subia numa cadeira ou no muro para segurá-lo em sua extremidade mais elevada, de modo a mantê-lo na posição vertical, durante toda a operação.
Era o início da década de 1940, havia a guerra mundial, os americanos ocupavam a base naval de Paripe, ali perto (meu pai trabalhava lá) e o Zeppelin (balão dirigível alemão) voava por ali, quando passava pela Bahia (lembro-me de sua imagem no céu e da emoção que sentia). Não sei quem ficou com a tecnologia do tio Zuca, mas ela me foi passada na sua forma mais simples, de um balão poliédrico chamado “carioca”, para o qual bastava cortar a folha retangular de papel na sua diagonal e colar os triângulos resultantes pelo seu menor lado, para se obtrer cada um dos seis panos, que, também colados entre si, davam forma ao balão.
O fato é que, em 1948, com quase 11 anos, já morando em Salvador, em frente à Baía de Todos os Santos (na Ladeira da Jaqueira), eu fazia meus balões “cariocas” e os soltava da porta do nosso sobrado (número 18) e os via subir para atravessar a baía (vento sudeste) ou cair antes disso, no mar. A cidade inteira soltava balões que passavam muito alto por nossas cabeças, tão alto que nem sempre eram vistos. Uma das diversões da meninada era jogar “balão-beijo” (quem visse um balão antes dos demais tinha o direito de beijar uma das meninas disponíveis no grupo). Ainda havia aquele outro jogo, de somar quantos balões alguém via, com vitória para quem tivesse o maior total. Eram muitas dezenas deles, às vezes centenas, numa noite, dependendo de qual noite.
Tudo isto acabou, porque o “progresso” tornou essa atividade perigosa. É possível praticá-la com segurança em alguns lugares, mas é mais fácil para todos proibir “em geral”. Naquela época, falava-se em Bartholomeu de Gusmão, o Padre Voador. Eu cresci sabendo do seu nome, envolvido por informações falsas de uma “Passarola” que nunca existiu e na qual ele teria voado. Pura patriotada, mentira oficial que prejudicou a divulgação da verdade: o balão foi inventado por ele. Deixou-se de falar e ele hoje é um desconhecido em todo o Brasil. Pobre Brasil, que despreza seus heróis, seus cientistas, seus artistas, seus escritores. Nossos jovens quase só conhecem jogadores de futebol e cantores de música de carnaval, que têm os respectivos méritos, mas quase sempre estão preocupados apenas com o dinheiro que ganham.
Para continuar com este assunto, voltem às sextas-feiras.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ONDE E QUANDO 02

Este blog é direcionado apenas para seres intelectuais porque os humanos que sejam ainda somente animais não se interessam por ele nem por nenhum outro instrumento de estudo, pesquisa e reflexão. Paciência! A Natureza é assim e promove os animais a intelectuais, que, nos seus primeiros estádios são muito ignorantes, iniciando a subir uma escada de inúmeros degraus a marcarem etapas da evolução do seu ego. Essa subida, sabem todos, se faz com observação e experimentação, sofrendo-se com o trabalho de ler, ouvir, estudar e pesquisar os dados que vão para os neurônios, pelos quais são registrados e processados continuamente.
Cada ser humano, portanto, ocupa seu espaço com a consciência em suas quatro dimensões: as três do “onde” (comprimento, largura e altura) e uma do “quando” (duração), à qual se costuma chamar de “tempo”. No trato dessa consciência, o ego humano evolui, subindo na escada que o põe em degraus cada vez mais altos, com panoramas cada vez mais amplos, estendendo paulatinamente seu horizonte.
Nessa trajetória, o ser humano faz a sua geografia e a sua história, pessoais, únicas, compondo suas respectivas verdades e formando ou melhorando o seu caráter, isto é, as características de sua personalidade que dependem apenas do seu acervo de dados, de informação, de conhecimento, de sabedoria.
Pobre é o homem ou mulher que se mantém nos degraus mais baixos, cultivando apenas sangue, sexo e suor (3S), ainda que tenha muito dinheiro no banco e muitas posses registradas em cartório.
Rico(a) é o homem ou mulher que faz o esforço cotidiano para subir a escada da intelectualidade, cultivando informação e reflexão, ainda que seja mal visto(a) e incompreendido(a) por sua informalidade no vestir, por sua liberdade no opinar ou por sua coragem no contrariar estruturas sociais, políticas e econômicas que querem os humanos como gado.
Os critérios de “riqueza” e “pobreza”, portanto, estão mal colocados, quando não se completa, acrescentando “de valores materiais” ou “de valores intelectuais”. Que não sejam aplicados para discriminar socialmente, mas tão somente para escolher as companhias com as quais se hermonize a própria existência, porque a ninguém deve ser exigido agredir sua própria personalidade, seu próprio ego, em permanente evolução. Esta é sempre individual e só aparenta ser coletiva, quando é o conjunto da evolução de muitos indivíduos.
Por tudo isso, é necessário que nos situemos, todos, em nossa geografia (o “onde”) e em nossa história (o “quando”), como pessoa que tem conhecimento de sua consciência em quatro dimensões (ver FÍSICA E PSÍQUICA 01 neste blog).

quarta-feira, 17 de março de 2010

LETRA E MÚSICA 02

Quem leu aqui LETRA E MÚSICA 01, há uma semana, questionando o suporte da criação artística ou da informação, deve ter percebido a posição do blog: o que importa é o conteúdo. Tomar o vinho em uma taça de cristal, num copo de vidro ou de metal ou diretamente da torneira do barril, é um detalhe de menor importância, se a qualidade da bebida é boa.
O leitor vai continuar lendo o que quer, seja num livro impresso, seja num iPad ou no que mais possa aparecer como suporte do texto. Embora seja um problema para os editores, nada altera para os escritores. Continuaremos fazendo nossas pesquisas, estruturando nossas narrativas, criando nossos personagens e indiretamente defendendo nossa visão do mundo, em busca dos dez por cento do preço de capa, seja esta a de um livro, seja a de um disco, seja a de uma placa eletrônica.
Não importa. A grande pergunta é: o que o leitor continuará lendo ou passará a ler?
O perigo está na oferta pela editora sem conhecer a procura pelo leitor. Ainda maior: a editora pode se tornar dispensável.
A indústria de placas eletrônicas para leitura não precisará editar o livro, nem deverá fazê-lo. É como a industria de aparelhos de rádio e televisão, sem qualquer compromisso com os programas a serem nestes sintonizados. Neste caso, a necessidade de estúdios para a produção e de poderosas antenas para a transmissão exige a existência de emissoras comercialmente estruturadas. O texto literário, no entanto, é obra individual, que pode chegar diretamente ao leitor de placa eletrônica, pela Internet.
Editor para que?
É evidente que há autores hoje, sob contrato, que permanecerão fiéis aos seus editores, mas os novos autores podem ser independentes e não se submeterem aos intermediários, porque o “livro” não será mais um objeto que se produz e distribui, precisando do editor, do distribuidor e do ponto de venda (a livraria, por exemplo).
Será um texto que poderá sair diretamente do computador do escritor para a placa eletrônica do leitor. É nesse míssil, que editores estão embarcando, sem saber onde e quando irá explodir, atingindo distribuidores e livreiros.
Ainda não viram isso?

terça-feira, 16 de março de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 02

Como já vimos aqui, na semana passada (ACHADOS E PERDIDOS O1), uma onda de fim do mundo está entrando em todas as casas pela televisão fechada (canais History, Discovery e National Geographic, entre outros), restando poucas opções para quem já não aguenta a baixaria na mídia eletrônica aberta, oferecida diariamente às camadas mais inferiores da intelectualidade, que se alimentam de sexo, sangue e suor (3S), porque é preciso colocar em frente à telinha o povão que vai ver anúncio de lojas de eletrodomésticos, de automóveis financiados em 60 meses ou mais, de sandálias de dedo, de produtos para cabelos que voam em cabeças com pouco pensamento e de viagens aéreas com preço de passagem de ônibus, entre muitas outras peças publicitárias que sustentam essa mídia eletrônica aberta. Esta não cobra ingresso de cinema nem mensalidade de TV fechada, entrando gratuitamente em todos os lares (depois, evidentemente, que se compra o televisor e se paga a conta de energia).
Quem ainda não percebeu que o ser humano adora ver tragédias coletivas, guerras, atos de terrorismo, a morte por atacado, mas igualmente os crimes individuais de estupro, sequestro e assassinato? Há poucos dias, às 7:20 horas, uma apresentadora de notícias do “Jornal da Manhã” terminava um bloco e anunciava os comerciais, quando prometeu cenas de violência no bloco seguinte, dizendo: “Você não pode perder, uma rebelião de presos no Interior”.
Pessoas das classes C e D dispõem de programas nos canais abertos com notícias apenas de crimes e desastres. As das classes A e B pagam canais de assinatura porque não agüentam isso, mas escolhem os canais que mostram documentários sobre as tragédias bíblicas, as profecias de fim do mundo, as declarações de cientistas ameaçando os homens que promovem o aquecimento global, as epidemias possíveis ou prováveis, tudo com um tratamento mais sofisticado.
No fundo, a mídia eletrônica explora a grande atração que o homem tem pelo medo, como um sentimento atávico, herdado dos primeiros homens, aqueles que tudo ignoravam e por isso tinham extrema insegurança. Poderíamos tirar de tudo isso uma lei: quão mais ignorante é o ser humano, mais gosta de ver violência na televisão, buscando nas cavernas das vidas anteriores o medo que sentiam, mas agora sem o perigo real, seguros em suas posições na frente da TV, com a família reunida ou apenas com uma tulipa de cerveja na mão. Tais programas são verdadeiros “achados”, quando pensamos estar “perdidos” em nossa existência. Busca-se na violência de hoje os resquícios das vidas anteriores, numa memória física (genética) e psíquica (religação do seu ego eterno).
Em verdade, o fim do mundo com hora marcada é pura ficção. Nem hora, nem dia, nem mês, nem ano, nem mesmo século. Nossa pequena ciência e nossa vã filosofia sabem disso. Até a próxima terça-feira, dia de LOST em um canal fechado.

segunda-feira, 15 de março de 2010

DESORDEM E REGRESSO 02

Entre o direito dos homens e a justiça divina, há uma grande distância. O que se considera “direito dos homens” é o que estabelece a Lei, que varia de País para País, cada um com a sua, feita ao sabor dos interesses do poder e da classe dominante, nem sempre a dos ricos (quando a maioria é ignorante e o regime é a democracia, mandam os pobres). O que se considera “justiça divina” é o que estabelece a Vontade de Deus ou dos deuses, que nada mais é (ou são) senão as leis físicas e psíquicas que criaram o Universo e cuidam do seu equilíbrio e desenvolvimento.
No dia 8 último (clicar em DESORDEM E REGRESSO 01), este blog deu uma notícia e colocou uma questão, provocando os juristas a respondê-la (não ao blog, mas a si mesmos). Chegaram duas respostas: uma delas levou o caso para o lado da indenização “moral”, disse que o homem não tinha direito de reclamar na justiça porque não se pode confundir “situações desagradáveis do dia a dia com direito à reparação”, não havendo como provar que o reclamante foi prejudicado por ter chegado à urna antes das 16 horas. Aí pergunta: “O que o abalou ‘moralmente’ em ter cumprido o horário?” O blog não falou em indenização “moral”, mas em terem os promotores da liquidação descumprido o regulamento publicado no cupão, prorrogando o prazo da promoção e assim aumentado bastante o número de concorrentes, o que, evidentemente DIMINUIRIA AS CHANCES DE CADA UM DOS QUE CUMPRIRAM O PRAZO REGULAMENTAR em ganhar um dos prêmios, em sorteio. Está claro que todos estes foram prejudicados, se algum sorteado colocou seu cupão na urna DEPOIS das 16 horas do dia 8. É evidente que se o prazo do regulamento fosse cumprido, essa pessoa não teria colocado seu cupão na urna e não seria sorteada. O prêmio iria para outra pessoa, que não o recebeu porque o prazo foi prorrogado, CONTRARIANDO O REGULAMENTO.
Diz, por fim, a jurista que respondeu ao blog: “O dano moral existe por si, é algo muito íntimo, que a pessoa sequer precisa explicar. A idéia central da reparação é colocar o lesado na posição exata em que ele estaria, caso não tivesse ocorrido a lesão. O objetivo da reparação é tornar a pessoa sem dano, e não enriquecê-la por conta disso.”
A outra resposta colocou mais um ponto em discussão: “O cupão reproduzia o edital do concurso na íntegra? Se reproduzia, os promotores não cumpriram seu próprio regulamento. Se não reproduzia e o edital completo permitia a prorrogação, ainda assim, poderiam ser processados por negarem informação aos concorrentes. Em qualquer caso, o poder concedente do direito de fazer o concurso teria de apurar o fato".
O blog não deseja fazer denúncia (não é do seu escopo), muito menos fazer justiça (não lhe compete), mas tão somente mostrar que as coisas estão acontecendo neste País (e não só neste, mas em todos os de civilização de segunda classe) com um confortável “deixa pra lá”, porque o povo é tratado como gado, coletivamente, e não como um conjunto de indivíduos que merecem respeito e atenção, um a um, porque há um ego em cada pessoa que faz o seu esforço para evoluir.

domingo, 14 de março de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 01

Completamos hoje a primeira semana deste blog. Não serão citados aqui os nomes de quem responde alguma questão nele proposta, mas estarão aqui, sim, aos domingos, essas respostas, com as perguntas nelas embutidas. Este blog não pretende a discussão, o debate, mas tão somente porpor a reflexão, como um espelho. Veio por e-mail o pedido de explicação por ter sido dito que teremos uma reflexão semanal, sendo a inserção diária, parecendo haver uma contradição.
Não há contradição. A reflexão proposta é semanal, sim, em cada dia da semana, cada um com um tema. A proposta é que o tema de cada dia da semana seja direcionado para pessoas nele interessadas fazerem uma reflexão própria nesse dia, semanalmente. O blog conduzirá essa reflexão aos poucos. Amanhã teremos o tema “Desordem e Regresso”. O blog lançará luz sobre o oposto do que determina nossa bandeira, a brasileira - Ordem e Progresso – em cada segunda-feira, abordando sempre nossos costumes. Essa luz pode ser apenas absorvida (como o faz a cor negra) ou ser também refletida (como o faz a cor branca) por todos os que se sentirem iluminados, em todas as direções e não (apenas) de volta ao blog. Pretende-se que ela chegue a muitas pessoas e sejam todas estas beneficiadas com as informações e a discussão realizada ou provocada.
Nas terças-feiras, em “Achados e Perdidos”, o blog refletirá sempre a luz recebida da mídia impressa e eletrônica, pretendendo levar aos leitores de jornais, ouvintes de rádio e telespectadores, o comentário crítico à luz da filosofia, da ciência e da tecnologia, sobre abordagens feitas com pouco ou nenhum rigor para um público leigo que acredita em tudo, repete notícias inverídicas, segue exemplos de personagens problemáticos de novelas e deturpa situações ambíguas, escolhendo não raramente a opção errada.
Assim por diante, o blog espera contribuir com a observação apurada dos fenômenos, o estudo profundo dos casos, a pesquisa do que ainda não se conhece e a análise fria e não partidária nem sectária dos conteúdos iluminados pela filosofia, pela ciência e pela tecnologia. O visitante do blog pode fazê-lo apenas em um dia ou em mais de um, da semana, identificando-se com o(s) tema(s) ali proposto(s) e fazendo semanalmente sua reflexão, em cada um. Cabe sempre a quem recebe novos dados (mais luz), processá-los junto com os que já possui em seus neurônios e confirmar ou alterar sua própria verdade, com coragem e humildade.
Cada um de nós tem o dever intelectual de absorver toda a luz que nos chega, ampliá-la e refletí-la para o maior número de pessoas ao nosso alcance, como um espelho limpo e poderoso. Esta é a verdadeira caridade. Quando damos dinheiro ou outros bens, viciamos pessoas na preguiça, na ignorância e na pobreza. Quando damos informação, tornamos as pessoas livres, independentes e ricas, donas do seu corpo saudável e da sua mente ativa.

sábado, 13 de março de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 01

AS QUATRO DIMENSÕES DA CONSCIÊNCIA SÃO: COMPRIMENTO, LARGURA, ALTURA E DURAÇÃO.

Esta é uma frase para ser anotada e divulgada, urgente e amplamente.
A minha proposta (ver meu artigo de 2007, A Teoria Unificada do Universo) tem sido a de substituir o conceito de espaço pelo de consciência. Espaço nada mais é do que consciência. São duas palavras para um mesmo conceito. Falar “a consciência do espaço” é pleonasmo, às vezes necessário. Não há consciência sem espaço, nem espaço sem consciência. Não há “comprimento” sem consciência, mas poderíamos falar em “a consciência do comprimento”. Não há “altura”, nem “largura”, nem “duração”, sem consciência, mas poderíamos, numa tentativa de reforço, dizer “consciência da altura”, “consciência da largura”, "consciência da duração”. Toda a realidade física se decompõe nessas quatro dimensões, inseparáveis, que constituem o espaço universal e portanto, a consciência universal.
Quando os místicos dizem que Deus é a Consciência Universal, ficam todos a imaginar uma grande inteligência superior a dominar (seria melhor dizer "ocupar") todo o Universo. Como ninguém conhece inteligência que não seja função de um elemento físico como o cérebro dos homens, faz-se imediatamente a idéia de que Deus é um Ser, um indivíduo que "está" no Universo e o comanda. Um Universo geométrico, com apenas três dimensões (comprimento, largura e altura) ou um Universo físico, com as quatro, como se diz, com o “tempo” (a duração da consciência) além daquelas três.
Houve um momento em que um grande cientista, para muitos o maior deles, Albert Einstein, jogou o “tempo” dentro do “espaço” (como se ele pudesse estar fora) e montou toda uma teoria da relatividade para provar matematicamente que o mundo físico é relativo, isto é, depende do “tempo” como quarta dimensão do espaço e que este muda em função daquele, mas não foi além disso, porque em seu trabalho ele nunca pensou nem falou em “consciência”. Se tivesse percebido que o espaço é consciência e que o tempo é apenas a duração desta, como já dizem há milênios os que hoje respondem como rosacruzes, não teria caído nessa armadilha da relatividade, como não caiu nela o rosacruz Isaac Newton, por exemplo.
O universo é relativo apenas para quem vive na realidade, isto é, nos conjuntos parciais do espaço e nas manifestações das consciências individuais que se relacionam, umas com as outras, conforme suas respectivas estruturas e durações. Daí, as dificuldades ditas “quânticas”, para as quais de criou artifícios chamados de “singularidades”.
A teoria da relatividade e a mecânica quântica vivem um conflito que é insolúvel sem a morte de uma delas.
Ao contrário, a Consciência Universal – Deus, se quiserem – nada tem a ver com relatividades nem singularidades, porque Sua consciência (espaço infinito) é absoluta, de todas as partes em todas as dimensões, vivendo uma única atualidade, eterna. Um único e eterno agora (por mais louco que tal possa parecer). Por isso, as leis de Deus são imutáveis, doam em quem doer, sem pedidos nem perdão, iguais em todo o espaço, para todas as consciências que são partes de uma só, a d’Ele.
Vamos estar aqui aos sábados para explicar isso a quem visitar este blog e assim penetrar paulatinamente no âmago dessa questão, que é filosófica, mas igualmente científica, com possíveis abordagens místicas e religiosas. Eu precisei de exatos cinqüenta anos para partir do zero (em 1957) e chegar à visão de uma teoria unificada para o universo (2007), quando publiquei o acima referido artigo, que está disponível no Google. Não será em uma ou duas semanas, que colocaremos todos os pontos dessa consciência universal, na consciência (no espaço tetradimensional) que cada ser humano tem de sua realidade, muito particular e relativa à duração de suas experiências, perante os anteparos do espaço (consciência) circundante. A relatividade é ilusória e provisória, justamente porque é relativa.
É normal que tudo isso seja confuso para quem recebe subitamente tal revelação, porque nossos neurônios precisam de tempo para processar novos dados, cumulativamente. Como ninguém pinta um quadro com muitas figuras num único instante, também não se consegue montar a estrutura complexa de leis universais com a consciência (espaço) muito reduzida. Não basta trabalhar com as leis da Física. Precisa-se de uma nova ciência: a Psíquica, que ainda não existe formalmente (a Psicologia está para a Psíquica como a Fisiologia está para a Física). Chegaremos a algum lugar se trabalharmos com paciência e denodo, mas sobretudo com coragem e humildade para receber a luz que nos ilumina e precisamos refletir. Coragem sobretudo para não desistir, com medo das pressões internas e externas do nosso espaço (consciência).
Apesar do que a desistência é natural e inevitável, quando ainda não temos as ferramentas necessárias para realizar um trabalho ao qual nos propomos.
E quando não nos esforçamos para aquirí-las...

sexta-feira, 12 de março de 2010

AVES E NAVES 01

Desde quando, desejou, o homem, voar? Ao descer das árvores, há sempre a perspectiva de se lançar abaixo em planeio suave, mas todas as experiências, desde as primeiras eras, trouxeram certamente dolorosas conseqüências. Quem observou, pensou, tocado por esse desejo, invejando os pássaros, as aves voadoras. Não se supõe que se tenha invejado os insetos alados, mas não havia outro modo de voar no mostruário da Natureza. Todos os animais voadores tinham asas.
Quem primeiro enfrentou essa proposta com consciência e denodo, registrando seus pensamentos, até com desenhos e bastante teoria, foi o nosso querido e mui festejado italiano Leonardo da Vinci, ainda no século XV, observando o vôo dos abutres e descobrindo, por exemplo, que sem bater as asas, eles subiam, desde que tivessem o vento pela cara, em sentido contrário ao do seu vôo. Seus seguidores perseguiram tais idéias aerodinâmicas. Sem asas, admitiu Leonardo, podia-se no máximo descer suavemente e desenhou um pára-quedas. Subir, jamais...
Outro italiano, um padre jesuita, Francesco Lana, no século XVII, em 1670, imaginou e desenhou uma “naveta volante”, que seria um barco ao qual se amarraria quatro esferas, em cujo interior se faria o vácuo (acabara-se de inventar a bomba para isso). Tais esferas, mais leves que o ar, suficientemente grandes, poderiam fazer subir o barco, que velejaria como qualquer outro, não mais nos rios e mares, mas nos ares. Qualquer esfera, no entanto, de material que não colasse suas paredes, ao se retirar o ar do seu interior, seria mais pesada que este e logicamente jamais subiria. Um sonho irrealizável...
Logo depois, quando o Brasil ainda era Portugal, o jovem santista Bartholomeu Lourenço, aos 10 anos em 1695, chegava ao seminário jesuíta de Belém da Cachoeira na Bahia. Criança intelectualmente inquieta, um ego já evoluído para observar fenômenos e experimentar idéias deles oriundas, logo, aos 13 anos, estava a fazer uma obra, um cano de cem metros de comprimento pelo qual teria feito subir água para um seminário, vencendo um desnível de não menos que cinqüenta metros, antes aquecendo a água num brejo e transformando-a em vapor, que voltaria a ser água ao se resfriar, no tanque do seminário. O velho processo da destilação, até então só aplicado para separar líquidos.
Parece não haver ligação, mas deve ter sido assim que ele começou a inventar o balão. Quem fazia a comida no seminário, fosse uma velha indígena ou um padre jesuíta, tinha, por certo, no fogão, panelas de barro a ferver água e tampas nessas panelas. Uma criança observadora vê nesse processo, que a água evapora e sobe, depositando-se em gotas no interior da tampa, que, se não for muito pesada, tende a subir e bate ruidosamente de volta, nas bordas da panela.
No ano passado, em 5 de agosto, comemorando o tricentenário da primeira vez em que se mostrou publicamente a ascensão do aeróstato inventado por Bartholomeu, fazia eu palestra na igreja do antigo seminário de Belém da Cachoeira, pretendendo revelar essa descoberta e acabar com duas polêmicas – a daquela obra e a do aeróstato – mas antes de fazer qualquer afirmação, tendo um grande grupo de crianças da escola da Paróquia em um dos lados da igreja, perguntei a elas se já tinham visto uma panela a ferver água num fogão. Uma menina levantou o braço, sorridente. Perguntei-lhe se ela via a tampa bater e o que via nessa tampa. Disse imediatamente que via gotas de água presas nela. Tinha menos de dez anos. Toda a platéia reagiu com o entusiasmo de Arquimedes ao dizer “Eureka”.
Esta é a primeira nota que aqui colocamos sobre o assunto. Por enquanto, digo apenas que assim o adolescente Bartholomeu descobriu ao mesmo tempo como fazer subir a água e qualquer outra coisa. Com vapor de água, isto é, com ar quente. Haveria talvez, algum padre jesuíta, possivelmente italiano, ali, com o livro do Lana a mostrar sua “naveta volante”. Substituir o vácuo pelo ar quente numa esfera...
Não preciso dizer mais nada.
Bartholomeu Lourenço inventou o balão em Belém da Cachoeira antes de 1701, quando já foi tratar do assunto em Portugal, onde faria subir, em 1709, pela primeira vez na história do homem, uma máquina voadora, capaz de elevar-se com recursos próprios. Há muitos documentos comprovando tudo isto (ver nosso artigo completo sobre Bartholomeu e seu aeróstato na edição de 2009 da Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia).

quinta-feira, 11 de março de 2010

ONDE E QUANDO O1

O que é o turismo se não geografia e história ao vivo? Mesmo quando se fala em museus de arte, lá estão as pinturas de paisagens do mundo inteiro e dos seus povos, tudo no contexto da história da própria arte. Quando o quadro foi pintado? E as esculturas antigas? O que é o Museu do Louvre, se não um museu de geografia e história universais?
Ah! Há a criação artística, o traço, a sombra, a perspectiva, o material empregado, a cabeça do pintor ou do escultor a reproduzir suas ansiedades, suas paixões, suas depressões, seus medos, suas alegrias, sim, há tudo isso, mas num estilo próprio do clássico, do medieval, do barroco, do moderno e aí estamos de novo na história.
Mas não é dessa arte apenas que vive o turismo. Tem a música e o teatro, quem viaja para ver e ouvir espetáculos. Quem vem à Bahia para o Carnaval ou compra ingresso de um “show” de “rock” em Londres ou de um concerto da Filarmônica de Berlim, com um ou dois anos de antecedência, pagando passagens, hospedagem, alimentação e tudo o mais que move o mundo das viagens. Carnaval da Bahia? Qual? O dos bailes em clubes e hotéis? O dos trios elétricos de Caetano, Armandinho, Moreira? Ou o dos camarotes de Mercury, Gil e Ivete? Há um “quando” nessa escolha, um momento da história da música de carnaval a ser vivido, a depender do endereço que se dá ao motorista do táxi, saindo do hotel. Ou na escolha do próprio hotel. Talvez na escolha da cidade onde se vai “curtir” o Carnaval, porque o do Rio é muito diferente daquele que se faz em Colônia, na Alemanha. Festa do povo, depende deste, dos seus hábitos, da sua cultura, da sua geografia, da sua história. Que coisa é essa de viajar, gastar dinheiro, para ser arrumado em áreas de “show”, como gado, com o direito apenas de balançar as ancas e os braços, sem espaço para dançar, mas apenas para pular rigorosamente na vertical? Isto é música, porque se está ali apenas para ouvir a música “ao vivo”, com toda a vibração coletiva, expulsando os próprios demônios, limpando a alma. Ah!!! Mas há quem escolha o lugar, o espaço geográfico, onde as pessoas se fantasiam, evoluem, buscam significados e colhem a inocência dos cantos e dos olhares sedutores de quem está à janela, apenas sorrindo... em Olinda!
Isso é turismo. História e Geografia. Seja o que for, que se faça. No fim, no verso das fotografias, põe-se sempre uma data e um lugar e um dia, abrindo-se um álbum (ou um arquivo no computador), conta-se para outra pessoa, sua história pessoal aqui ou ali.

quarta-feira, 10 de março de 2010

LETRA E MÚSICA 01

Tem gente dizendo que não nos devemos preocupar porque jamais o papel deixará de ser suporte para a leitura. O que teriam dito os antigos escritores que escreviam em linguagem cuneiforme e imprimiam em tabuinhas de argila, ou os que lavraram a pedra e pintaram paredes com seus hieróglifos, quando surgiram os papiros e pergaminhos? Algo assim: “Não nos devemos preocupar porque jamais a pedra e o barro deixarão de ser suporte para a leitura”. Quem pintava animais no interior das cavernas das montanhas jamais imaginou que um dia se pintaria montanhas na pele, no couro dos animais. Quem só batia tambor e soprava flautas feitas com tíbias humanas perdia suas composições porque não tinha onde gravá-las e tudo era uma questão de ensinar o filho a tocar, para que elas não se perdessem.
Todos nós conhecemos a evolução do suporte das letras e das músicas. Agora estamos com medo de que a gravação eletrônica acabe com os livros impressos em papel, do mesmo jeito que se temeu a gravação em disco a substituir as partituras musicais. Quem compõe textos e músicas continuará fazendo-o sempre, não importa qual seja o suporte. Este é um problema que também os editores resolverão no tempo certo, utilizando os recursos da indústria para conquistar o público apreciador de frases e acordes, assim como o consumidor de informação.
Mais revolucionário do que o suporte eletrônico – isto sim é preocupante – é o suporte nenhum, é o registro da letra e da música “no ar”, ou seja, no espaço, na consciência universal com seu arquivo infinito, bastando usar “a senha” para entrar em sintonia com a frequência de uma onda qualquer aí no espaço livre além da Terra, no Céu. Impossível? Perguntem ao Google, com sua promessa de arquivo “nas nuvens”. Tudo de graça, seja pela Graça Divina, seja pela graça em que se encontra o autor, seja pela gracinha de dar tudo sem cobrar nada. Quem viver, verá! Mas continuará vendo novas gravações em pedra, nos monumentos e nos cemitérios, por exemplo.
Continuem aqui conosco e saberão das coisas que sempre existiram mas ainda não aprendemos a vê-las. Não precisamos dizer tudo (para isso existem os jornais, as revistas, as emissoras de televisão e naturalmente os editores de livros). Basta dizermos antes dos outros descobrirem... ou permitirem!

terça-feira, 9 de março de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 01

Terça-feira é dia de LOST, na televisão fechada. Sexta e última temporada, o que significa sexto ano em frente ao mistério de uma ilha no Pacífico, que pode sumir para o mundo mas existe para quem vive nela e por sua vez, troca de tempo, viajando para o passado e o futuro e ainda podendo viver simultâneamente em duas realidades, em espaços diferentes. Uma loucura que pessoas da melhor qualidade intelectual acompanham com ansiedade, episódio após episódio, aguardando uma explicação diferente da ficção de baixa qualidade que termina sempre com o inexplicável levando alguém a acordar (“Tudo foi um sonho!”) ou saindo de uma ilusão quântica, quando basta se comprovar que a luz pode ser corpuscular e ondulatória, simultâneamente.

O cardápio na televisão fechada oferece esse tipo de ficção científica, mas se abre também para o documentário apocalíptico. Anuncia o fim do mundo como se desse uma notícia trivial. Ainda marca a data: 21 de dezembro de 2012. O povo maia fez um calendário projetado para séculos além do sumiço de sua civilização, mas apenas até essa data. Facilmente, se diz que terminaram aí porque nada mais haveria depois disso, por ser esta data uma efeméride astronômica com o raro trânsito do planeta Venus à frente do Sol, ao nascer, apenas um grau acima do horizonte, seguido de um eclipse solar total, tudo sendo visto de uma das ilhas do Arquipélago de Juan Fernandez, a cerca de seiscentos quilômetros da costa chilena, onde acabamos de ver o segundo maior terremoto da história do planeta.

Estamos realmente perdidos, no meio de tanta ficção. Alguém já se perguntou se os maias tinham obrigação de levar seu calendário ad infinitum? Pararam num lugar certo, que se repete todos os anos: a data do solstício de inverno no hemisfério Norte e de verão, no Sul. É o momento em que a Terra faz a volta, em sua órbita em volta do Sol, terminando um ano e começando outro. É o fim do ano e não o fim do mundo. O fato de ser em 2012 pode significar terem optado por um momento importante no calendário astronômico, mas somente para quem os poderá observar, no Pacífico. Seria o caso deles próprios, se ainda estivessem lá.

Este assunto é complexo, merece abordagem científica, bastante atenção e o devido reconhecimento, numa abrangência muito maior que a dada ao calendário maia e com a certeza de que teremos tempo para tratar dele, além do ano 2012. Será o nosso assunto das terças-feiras, a noite do LOST, porque estamos todos perdidos no espaço, cuja quarta dimensão é a duração da consciência, isto é, o tempo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

DESORDEM E REGRESSO 01: CONSULTA AOS JURISTAS

UMA ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO, MAS SE OUTRA CHEGAR JUNTO E MAIS OUTRA... E MUITAS OUTRAS, SIM! É PRECISO, SEMPRE, HAVER UMA PRIMEIRA ANDORINHA.

Aqui está a notícia: no cupão gratuito da promoção Liquida Salvador está o regulamento onde se lê (com aquelas letrinhas que ninguém enxerga sem lupa), que tais cupões resultantes de compras feitas em lojas durante o período da promoção, deveriam ser colocados na urna até as 16 horas do dia 8 de março, HOJE. O homem chegou às 15:50 horas, nervoso, suado, na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas, feliz, depositando uma a duas dezenas de cupões na urna ali existente. "Ufa!" - disse ele, sorrindo e completando: "Cheguei a tempo de..." Não terminou a frase, porque o porteiro num pequeno balcão lhe interrompeu: "Não precisava correr porque a promoção foi prorrogada até a sexta-feira". O HOMEM FICOU FURIOSO, XINGOU, SENTINDO-SE MAL, FALANDO EM DESRESPEITO E BATENDO A PORTA DE VIDRO COM VIOLÊNCIA, AO SAIR. Não é só na Bahia, que não se liga para prazos, horários, agendas, compromissos, nem é só no Brasil, mas é apenas em PAÍSES DE SEGUNDA CLASSE, onde não há respeito pelo outro. Pergunta-se aos juristas: e se alguém for para a justiça e pedir uma indenização porque o regulamento da promoção marca uma data e ao fim dela os promotores resolvem prorrogá-la, aumentando o número de cupões e pessoas concorrentes, prejudicando todos os que cumpriram o regulamento? Pode-se alegar que com menos concorrentes as chances são maiores e o regulamento é claro: a data de encerramento é 8 de março. Às 16 horas!

domingo, 7 de março de 2010

NOSSA PROPOSTA

QUÃO MAIS POLIDO E LIMPO É O ESPELHO E MAIOR A QUANTIDADE DE LUZ, MELHOR É A IMAGEM ALI REFLETIDA.
REFLETIR A LUZ É PROCESSAR A INFORMAÇÃO RECEBIDA E ENVIAR O SEU RESULTADO.
Se cada um de nós é um espelho, quando somos iluminados temos a obrigação de refletir a luz que recebemos para todas as pessoas que estão na escuridão total ou ainda têm cantos escuros em seu caminho.
Luz é informação, é conhecimento que recebemos por observação e experimentação e processamos (digerimos) em nosso cérebro com a ação de nossos neurônios.
A escuridão da ignorância é a causa de todos os acidentes que ocorrem em nosso caminho, não raramente impedindo que cheguemos a cada destino desejado, programado, em nosso processo evolutivo.
Negar receber a luz é parar no caminho, errando, perdendo a direção que levaria ao fim de cada etapa da evolução individual.
Quem vive no escuro não conhece a luz e pensa que não precisa dela, assim trombando com tudo e com todos em sua caminhada.
O CAMINHO DE TODOS É A EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL, DESDE O PONTO SEM DIMENSÃO ALGUMA ATÉ AS ESTRUTURAS MAIS COMPLEXAS (ver "Teoria Unificada do Universo", pesquisando no GOOGLE, entrando com Teoria Unificada do Universo/Adinoel Motta Maia/Consciência).
O homem é a estrutura mais complexa de consciência, que conhecemos. Individualmente, não há homens iguais. Na estrutura humana, há inúmeros estádios de consciência, em diferentes níveis de evolução individual.
O mais baixo nível da estrutura humana de consciência é o mais elevado da estrutura animal já racional mas ainda não intelectual. A intelectualidade é a característica própria da consciência humana. Seu crescimento determina os sucessivos níveis de evolução individual do homem, assim cada vez mais complexo. Quão mais intelectual é o homem, mais evoluído ele está.
Aos 72 anos de idade (metade de 144, que é 12x12), estou lançando este blog para propor uma reflexão por semana. A minha trilha está completamente iluminada. Já não tenho cantos escuros nela. Procuro ser o bom espelho, refletindo as imagens formadas em meu cérebro, por meus neurônios, processando um oceano de dados acumulados em todo esse tempo de continua observação e experimentação.
Além desta reflexão semanal, teremos aqui dados e notícias a qualquer momento. Não é necessário escrever para mim, dialogar comigo. Cada um deve fazer o seu processo. A evolução não é um processo coletivo, ainda que fenômenos coletivos possam contribuir para ela. Em cada cérebro, o processamento é automático. Os neurônios aproveitam o que serve e eliminam o que consideram desprezível, como nosso intestino o faz com o que não é enviado para o sangue. Quem evolui é o ego. Feliz é o povo que tem muitos e muitos egos evoluídos.
Adinoel Motta Maia