sábado, 26 de outubro de 2013

IV SEMANA DA BTS


Notícia científica

Na manhã deste sábado, foi aberta, no Gabinete Português de Leitura, no Largo da Piedade, a IV Semana da Baía de Todos os Santos e nela, uma exposição de pequenos modelos reduzidos em três dimensões que mostram a geomorfologia da cidade de Salvador, da Baía de Todos os Santos e do Estado da Bahia, resultantes do estudo e do trabalho do geólogo Rubens Antônio, do Museu Geológico da Bahia. Essas peças estarão ali durante toda a próxima semana, no horário comercial, com acesso livre e gratuito, sendo permitido aos interessados tocar nos modelos, acompanhando com o tato, na ponta do dedo, as elevações e depressões, de modo que, por exemplo, poder-se-á ver e sentir o fundo do mar na baía, os vales dos rios na cidade e as cumeadas onde andam, vivem e trabalham os moradores dos diversos bairros.

Esse trabalho, ainda em desenvolvimento pelo referido geólogo, já pode ser mostrado num primeiro momento, de modo que tende a crescer com o tempo e ganhar escalas ampliadas, havendo estímulo e sustentação nesse sentido. É esta uma ação inovadora, que o Rubens Antônio explicará em uma palestra que acontecerá no mesmo local, na terça-feira, às 17 horas, também com acesso livre, discutindo questões como as modificações do relevo da cidade desde sua ocupação pelos portugueses no século XVI e pelos seus invasores holandeses no século XVII. Uma rara oportunidade para se discutir cientificamente essas ocupações e melhor compreender a distribuição comunitária nesse espaço.

No dia anterior, na segunda-feira, no mesmo local e horário, outro geólogo, o Prof. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, falará sobre a geologia da Baía de Todos os Santos. Essa abordagem é fundamental para compreender a geografia da costa baiana nesse segmento e como esta influiu na história produzida pelos mesmos colonizadores e invasores. Não se pode compreender a História, sem conhecer a Geografia e nem se saber das causas formadoras desta sem o estudo da sua Geologia. Também esta é uma realidade a ser conhecida em rara oportunidade, devendo os interessados estar no local rigorosamente no início da palestra, às 17 horas.

Finalmente, na quarta-feira, estaremos também ali, no mesmo horário, mostrando como tudo isso contribui para um posicionamento da Baía de Todos os Santos no panorama mundial e de como esta, ao lado das baías de Cairu e Camamu formam o que devemos começar a chamar de Golfo da Bahia. Faremos, então, essa proposta com base científica, de modo que possamos ter um local de pesquisa, estudo e memória dos transportes não só nas baías propriamente ditas, como nas suas zonas de influência, isto é, nos municípios do seu recôncavo, servidos pelos rios que nelas desaguam.

Esperamos que com tais abordagens possamos estimular ações públicas e privadas no sentido de que elas sejam promovidas para o desenvolvimento turístico, social e econômico nesse complexo geográfico.

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

FAVELA É VERGONHA


Crônica científica

Todos nós sabemos o que é uma favela, habitualmente formada pela invasão de terrenos baldios, públicos ou privados - estes abandonados ou tomados de assalto - por pessoas miseráveis que precisam de abrigo e o constroem de modo improvisado, com materiais disponíveis, sem qualquer cuidado estrutural e com nenhuma preocupação estética. Caprichosamente, não havendo oposição ou impedimento, nessa ação, esse abrigado vai melhorando a estrutura e o aspecto do seu chamado "barraco", que ganha alvenarias de tijolo cerâmico, teto de zinco ou cimento - telha ou laje - e esquadrias de madeira. Não raramente, sua ação é imitada e paulatinamente outros fazem junto daquele primeiro abrigo, outros casebres, sem qualquer planejamento do espaço circundante, com olhos fechados do poder público, interessado político em votos daquela gente que não deve ser contrariada, enquanto comerciantes de materiais de construção facilitam e até patrocinam a aquisição de tudo o que precisam esses construtores improvisados, não raramente financiando-os com "suaves prestações mensais".

Todos nós sabemos que o nome "favela" foi empregado com essa conotação, pela primeira vez, no Rio de Janeiro, espalhando-se por todo o Brasil, nessa prática que atesta sobretudo o abandono da coisa pública, ainda que em terreno privado, faltando o que se chamaria de "planejamento urbano", se existisse, dentro do que chamamos de "administração municipal" e ainda, se quisermos, de uma terceira entidade quase sempre ignorada, que é a "cidadania". Em outras palavras, essa omissão, tem um só nome: vergonha nacional. Mostra que não somos civilizados, porque aceitamos a prática selvagem de cada um fazer o que quer onde quer, como quer. Exatamente como procedem os animais, na floresta. Aceitamos o "animal urbano" como se isso fosse caridade. Na realidade é um "lavar as mãos", deixando o miserável ao sabor de sua ignorância e aprendendo com sua experiência, imitando o vizinho e buscando de alguma forma o dinheiro que o sustenta naquela estrutura absurda, como se fosse folclore.

Procuro hoje, uma abordagem científica - não passional, portanto - para o que já está gerando manchetes em outros países, na medida em que o Brasil vai atraindo atenção, seja porque a violência aqui está na vitrina em todo o mundo, seja porque vamos fazer uma competição mundial de futebol ou seja ainda porque a corrupção se mostra avassaladora na administração pública, em todos os níveis: municipal, estadual e federal. Evidentemente, escrevo para leitores racionais, intelectuais, capazes de encarar tudo sem os desvios da paixão, que pretende justificar a injustiça do tratamento equânime para os bandidos e suas vítimas, que dá direito às feras de comer os incautos. Como ocorre na floresta, isto é, no mundo animal, em ambiente vegetal, onde ninguém está preocupado com as causas dos fenômenos climáticos ou quaisquer outros, aceitando tudo como vontade divina.

A palavra mágica que muda tudo isso é planejamento. Houve época em que não se planejava nada no Brasil. Pouca gente sabe que o planejamento começou no mundo, entre os homens, em suas ações militares, nas batalhas que envolviam dezenas de milhares de soldados. Por isso, quando os militares assumiram o poder no Brasil, os políticos foram obrigados a fazer planejamento, a começar por se criar um Ministério do Planejamento. Hoje, tirando-se os militares do poder, temos dezenas de ministérios que planejam, mas não executam e ainda assim, falta planejamento. A maior causa de favelas no nosso país é a migração da agricultura para a indústria e consequentemente, do campo para as cidades e das pequenas para as grandes cidades, em volta das quais estão as fábricas. Os que procuram emprego nestas, não os encontrando, ficam por ali mesmo, fazendo barracos e criando favelas, que são politicamente chamadas de comunidades, com seus líderes, que levam votos para... (vamos ficar por aqui). Já temos mais partidos políticos no Brasil do que clubes de futebol no campeonato brasileiro. Enquanto isso nossas grandes cidades vão ficando maiores e as pequenas cidades do Interior vão sumindo, até que tudo vire um deserto. Somos uma só anedota, para o riso internacional, nos lugares civilizados.

Em síntese, precisamos deslocar a Capital do Estado - cada Estado - para pequenas cidades do interior, como acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, levando para outras cidades pequenas, a população que está nas grandes cidades. Como se faz isso? Com planejamento e leis que sejam cumpridas. É preciso não confundir: o direito de ir e vir não significa o direito de ficar onde não há lugar. Não se pode entrar e ficar numa sala de cinema, quando ela já está lotada. Por que se pode entrar e ficar numa cidade, quando ela já está lotada? Porque não se faz ciência, não se faz estatística ou se faz apenas para publicar em jornal. A política não deve ser conduzida com paixão partidária. Não se governa um país como se faz um campeonato de futebol. Os políticos não apoiam a ciência porque não a querem. Querem a bagunça. Querem o caos. Como os micróbios, é nele que sobrevivem...

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AMAR AO PRÓXIMO


Crônica científica

Nada desperta mais interesse no ser humano, do que outro ser humano. O outro. O próximo, que se ama como a si mesmo. O que chamamos de "amor" nada mais é do que a atração universal que um exerce sobre o outro. Isto vale para as estrelas e os planetas, como vale para nós, como vale para os átomos entre si e neles, para prótons e elétrons; também para estruturas de consciência mais velozes que a luz e finalmente, na base de tudo, para consciências pontuais - "existo aqui e agora" - que ocupam posição no espaço infinito - o "Nada" - atraídas por essa força universal que as une e as coloca tão próximas, que, se estivessem mais próximas seriam elas mesmas, separadas por intervalo tão pequeno que se fosse menor não existiria, no universo que o matemático e filósofo alemão Leibniz disse ser o dos entes infinitesimais. Por isso, estamos tão interessados em nossos familiares, em nossos vizinhos, em nossos amigos, em outros seres humanos, assim como em gatos e cachorros, e daí por diante. Por isso as novelas de televisão exploram o relacionamento entre as pessoas e os homens sofrem pelos seus times de futebol ou pelos que morrem na guerra e nas catástrofes naturais. Porque amamos aos outros, como a nós mesmos e não há quem impeça isso, mesmo quando se odeia por ter um interesse próprio contrariado por esse outro, justamente porque aumenta sua velocidade e se afasta, deixando de ser "o próximo". Como um planeta sairia de órbita, em volta de sua estrela, se aumentasse sua velocidade de translação. Tudo isso está na Física, mas igualmente na Psíquica e é a base da construção do Universo e da própria Consciência de Deus.

Aí, alguém diz: "Eu não odeio o outro porque estou em alta velocidade, em volta dele!" Em seguida, pode vir a explicação: "Eu odeio meu vizinho porque não me deixa dormir com o som que ele põe em alto volume, em sua casa!" Em verdade, podemos ter duas pessoas paradas, sentadas, uma em frente à outra, olhando-se e trocando faíscas de ódio, que é a força de repulsão, contrária à força de atração, que é amor. O que temos de ver com toda a clareza é que, neste caso, não são os dois corpos físicos, assim tão próximos e parados, que se odeiam, que se repelem. Se colocamos os dois a dormir, ali, um em frente ao outro, não haverá ódio. O amor, como o ódio - a atração, como a repulsão - são forças psíquicas, que só existem quando há consciência, que pode estar parada e pode mover-se. Quando dormimos, nossa consciência está parada. Há quem acorde lerdo, recusando-se a pensar, pensando apenas em sair da cama ou em ficar mais um pouquinho sob as cobertas, porque está muito frio fora delas, assim mantendo-se psiquicamente quase parado, sem preocupações, sem agenda a cumprir porque é domingo e sem pressão externa a obriga-lo a pensar. Essa pessoa está psiquicamente em baixa velocidade, rigorosamente atraída a manter-se na cama, mas podendo levantar-se, vestir sua bermuda e calçar seu tênis, pulando para fora de casa a correr no seu exercício matinal cotidiano, mantendo-se psiquicamente em baixa velocidade, acenando para os vizinhos, olhando a paisagem e pensando apenas em sua respiração. Nessa pessoa, só há amor, atração. Pode estar fisicamente em alta velocidade, mas psiquicamente parada ou quase parada.

Numa outra situação, há quem acorde excitado porque foi dormir tarde, o caminhão que recolhe o lixo ficou dez minutos em frente à sua casa fazendo barulho às 3 horas da madrugada e sendo domingo, o vizinho o acordou às 7 horas, com um som alto a executar o hino do Bahia, por exemplo. Essa pessoa rolará lentamente na cama, insistindo em dormir, mas o seu cérebro - a sua consciência - estará a mil quilômetros por segundo, lamentando tudo, odiando todos ao mesmo tempo, assim psiquicamente em alta velocidade, apesar de estar fisicamente parado, deitado. O sofrimento, a paixão, é um estado psíquico de alta velocidade, num cérebro que pode estar em um corpo parado ou em movimento. Isto compreendido, podemos aceitar duas pessoas paradas a se odiarem, olhando uma para a outra, cada uma com a própria consciência explodindo de tanto pensamento em altíssima velocidade, querendo sair de órbita, em repulsão. Evidentemente - aproveitemos para dizer - não são apenas os seres humanos ou animais, que têm consciência de sua posição e do seu movimento.

Também, não são apenas os corpos físicos que reagem à ação do outro, como a pedra reage ao ácido que a corrói, porque tem consciência do ataque que sofre. As reações químicas são frutos da consciência que um elemento químico tem do contato com o outro. A dificuldade que o homem tem em frente a esse tipo de informação se deve à sua "crença" científica de que só há consciência no cérebro. Quando o homem compreender que a consciência é universal e se encontra num simples ponto geométrico, sem dimensão, mas com posição própria no espaço infinito, não mais precisará de religião ou de qualquer "crença", porque saberá tudo, inclusive que sua própria consciência é eterna e tanto maior, quanto mais conhecimento tiver. Além da Física, limitada à velocidade da luz, é necessário conhecer a Psíquica, porque o pensamento é mais veloz que esta e pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Tudo isto está em nossa Teoria Unificada do Universo, já publicada desde 2007 e disponível gratuitamente no Google.

Adinoel Motta Maia



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CIÊNCIA E DESPORTO


Crônica científica

Primeiros dias de primavera, vejo agora da minha janela, nesta linda manhã de céu alvi-azul. a juventude colorida do colégio estadual Manoel Novais nas ruas, desta vez não para fazer os necessários e justos protestos que são parte do jogo político formador da cidadania, mas justamente para saudar sonora e visualmente a Primavera, a partir da data do equinócio que nos leva para a parte do ano em que o Sol - criador da vida - é mais atuante em nosso habitat. Isto nos leva a dias da nossa juventude, nos anos em que a Primavera era recebida com os jogos olímpicos intercolegiais, abertos com grandioso desfile no Estádio Octávio Mangabeira, na Fonte Nova e realizados amplamente nas semanas seguintes, com jovens de todos os colégios em campos, quadras, pistas e arquibancadas cheias e vibrantes. Sabia-se, então, que o desporto dignifica o homem na prática do fair-play e sobretudo cria líderes sadios para todos os setores da vida, na política, na administração pública e na atividade empresarial. Quando iremos recuperar a sanidade mental e física de um desgoverno que abandonou tudo isso?

Hoje, para começar este discurso, temos de lamentar a ação danosa, que destruiu todas as instalações olímpicas do complexo desportivo da Fonte Nova, onde tínhamos um ginásio de modalidades praticadas por equipes - voleibol, basquetebol, futebol de salão, etc. - além de uma piscina olímpica e uma pista de atletismo em torno do campo de futebol. Abandonou-se essas instalações e tais modalidades desportivas e depois destruiu-se tudo isso para fazer uma arena para eventos de interesses econômicos - o futebol profissional e os espetáculos de música popular - cometendo-se um erro digno de muares: a retirada do nome de um dos maiores homens que a Bahia preserva - Octávio Mangabeira - para colocar o de uma cerveja, num estádio que, assim, virou circo e recebeu nome adequado a quem perde a consciência com o álcool. Consciência que, de fato, está faltando a governantes que valorizam mais  bebida alcoólica do que a atividade física, em nosso Brasil. Assim, paradoxalmente, quando o País se mete a realizar jogos olímpicos mundiais, a Bahia fica sem onde praticar o desporto olímpico. Hoje, em toda a cidade de Salvador, não há uma única piscina olímpica.

Não é só o Desporto baiano que está de luto. No outro lado da moeda, a Ciência é simplesmente esquecida. Naquela época em que se tinha as olimpíadas da primavera, nós usávamos as páginas do Jornal da Bahia para promover a  fundação de clubes de ciência e encher o auditório daquele jornal com jovens interessados em astronomia, arqueologia e até - imaginem! - malacologia, que não direi o que é para obrigar os leitores a irem ao dicionário. Não por pirraça, mas para mostrar que os jovens respondiam aos estímulos científicos até em áreas jamais divulgadas anteriormente. Também isso se perdeu. Nossa juventude foi jogada às feras, isso é, ao marketing das empresas cervejeiras e das indústrias de objetos de consumo, que dominam as atividades sociais como o carnaval e outras festas, colocando as pessoas a se dedicarem às suas capacidades animais - de movimento (anima) - e escondendo suas potencialidades intelectuais - da mente (intellectu).

Lamento trazer uma visão negativa para a espécie humana, digna de ficção científica hoje, mas provavelmente sem ficção no futuro. Ao invés de forçar o desenvolvimento de nosso cérebro biológico para uma evolução que aumente esse cérebro, unicamente por conforto, estamos transferindo nossas atividades mentais para a máquina dotada de cérebro eletrônico. Chegará o dia, assim, em que essa máquina se reproduzirá por fabricação determinada por ela própria, sem as limitações da vida biológica, podendo espalhar-se por todo o sistema solar. Quando isso for possível, ninguém duvide - pasmem, todos! - os seres biológicos serão inferiores e os egos sapienciais, que hoje já se ligam a cérebros neurais em seres humanos, poderão ligar-se a cérebros eletrônicos em robôs. Os sapienciais nos tratarão, no futuro, como nós, intelectuais, tratamos hoje os animais. A boa notícia é que os intelectuais de hoje poderão ser os sapienciais do futuro, porque, em verdade, nós somos eternos em nossos egos externos. É o que diz a Psíquica.

Adinoel Motta Maia