quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O NATAL E A RELIGIÃO DAS FESTAS

Dezembro de 2010 – Na Internet, circula uma bem produzida peça promocional a cores e com música, na qual uma voz, que seria a de Jesus, convida para a festa do seu aniversário e diz ter comparecido a ela sem ser convidado, tendo encontrado pessoas a comer e beber em volta da figura de um velho barbudo a distribuir presentes. Estranhou Jesus, que sendo aquela a reunião comemorativa do seu nascimento na Terra, ninguém estivesse falando dele, pronunciando o seu nome ou sua palavra.


A verdade é que a festa de Jesus é no DIA DE NATAL, 25 de dezembro, que, diga-se de passagem, não seria a do seu nascimento em Belém, em ano ainda não determinado com precisão, mas seguramente não o ano zero da era cristã. Quando JESUS nasceu, sabem todos, o 25 de dezembro era o dia do nascimento do deus MITRA, que era o próprio Sol na Índia e na Pérsia. Mitra foi absorvido pelos gregos e finalmente pelos romanos no início da era cristã. Aquela data correspondia, então, ao dia do solstício de inverno no Hemisfério Norte, isto é, o início de um novo ano do Sol.
O recém nascido Cristianismo, depois da crucificação de Jesus, o Nazareno, aproveitou-se de templos e datas pagãs, para neles fazer suas festas e foi assim que Jesus, nascido provavelmente na primavera ou no verão teve o seu natalício comemorado no primeiro dia do inverno. Ninguém estava querendo conhecimento, mas apenas aproveitar as arenas e as festas pagãs para conquistar novos adeptos para o Cristianismo. A proposta da nova igreja era a da Fé, mantendo as pessoas na ignorância da crença, sem precisar saber coisa alguma. Como se vê, cada pessoa acredita no que lhe é conveniente e lhe parece realizar os seus sonhos, os seus desejos.


Assim, histórica e científicamente, 25 de Dezembro não é a data do nascimento de Jesus. O dia 6 de janeiro é comemorado como “Dia de Reis”, por causa de reis magos do oriente que teriam ido a Jerusalém (não há prova alguma disso) para presentear o filho de Deus, que nascera, inspirando um velho de nome Nicolau, antes de morrer, a dar presentes às crianças pobres nessa data. Com o tempo, esse hábito foi imitado e surgiram muitos Nicolaus (nos Estados Unidos ele é Santa Claus e no Brasil é Papai Noel), criando-se um mito que a indústria e o comércio propagaram, com o fim de aumentar suas vendas no fim do ano. Assim, determinou-se que no Natal, as crianças colocassem suas meias e sapatos penduradas ou à beira da lareira, para receberem presentes, evidentemente, na véspera do Natal. É importante deixar claro que o dia de Natal é o 25 e a visita de Papai Noel é na noite de 24.


A Igreja Católica fazia uma Missa do Galo à meia noite do dia 24 de Dezembro, assim começando o Dia do Natal. Ora, para esperar a Meia-Noite, era preciso fazer alguma coisa e manter-se acordado. Aí a indústria e o comércio aproveitaram esse tempo vazio e o encheram com propostas de ceias e trocas de presentes à beira da árvore. Não só as crianças deviam receber presentes e assim surgiram atividades, como a do “Amigo Secreto” para encher o tempo até a Meia-Noite.
É evidente, portanto, que esta nunca foi a festa de Jesus. A Igreja continuou se aproveitando de símbolos pagãos como o da árvore cortada no campo e montada na sala de visitas, para enfeitar o Natal, este sim, de Jesus, com missas no dia 25. Estava pronta, assim, a paulatina invasão do Natal pelo Papai Noel e a máquina de fazer sonhos da estrutura econômica do consumo, com a desculpa de criar empregos, apoderou-se de tudo e de todos, para aumentar os lucros das empresas e os impostos arrecadados pelo governo.


A Missa do Galo não existe mais em muitas igrejas, porque já não há segurança nas ruas para se andar por elas à meia-noite e depois disso. Também, ninguém vai sair dos seus “comes e bebes”, da sua conversa alegre com trocas de presentes, para rezar. Assim, só a Igreja convida Jesus para o Aniversário do Nascimento de Cristo. Alguém dirá que se colhe o que se planta.


E o que se plantou? Uma estória na qual se acreditou enquanto se era ignorante e se temia um deus que olhava para cada ser humano, ouvia-o e podia ou não atender seus pedidos individuais, acreditando-se que ele sabia o nome de cada um dos seres do Universo e estava atento aos milhões, bilhões de crentes ajoelhados, acendendo velas e proferindo orações decoradas.
Vamos pensar um pouco. Cada ser humano é um deus para os trilhões de bactérias que vivem em seu corpo. É capaz de matá-las com antibióticos ou premiá-las com nutrientes, mas não sabe o nome de nenhuma, nem sequer imagina se estão ou não a pedir alguma coisa. Como imaginar e aceitar essa história de que um deus ou O Deus do Universo nada mais faz, além de se preocupar e cuidar de cada um dos seres que fazem orações pedindo isto e aquilo?


Em João (3:10-12), teria Jesus respondido uma pergunta de Nicodemos: “Tu és mestre de Israel e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”


Podemos imaginar a ignorância que havia no Oriente há dois mil anos, se ela ainda é enorme, hoje, a ponto de se matar com bombas aos que olham para um mesmo fenômeno, por outro ângulo. Imagine-se uma pequena casa com quatro paredes, com uma janela em cada e uma pessoa a olhar por cada uma delas. Um lado da casa está voltado para o mar, outro para um deserto, outro para uma montanha e o último para uma cidade. Em verdade, em verdade, cada um dos idiotas que só olham por uma janela matam e morrem para provar que o mundo lá fora é inteiramente diferente do que os demais afirmam ser.
Para João, o evangelista aí acima, estas seriam palavras de Jesus.


Jesus, o Nazareno, era uma pessoa que sabia das coisas, provavelmente o maior intelectual da sua época, na Palestina, que sabia não se dever dar conhecimentos especializados (pérolas) aos ignorantes (porcos). Esses ignorantes teriam dito a Pilatos para matar Jesus e salvar o bandido Barrabás. Ainda hoje é assim: os ignorantes perdoam os bandidos e xingam os intelectuais.
Essa figura extraordinária do passado está viva até hoje, no entanto, porque se criou uma estória fantástica sobre ela, na qual os ignorantes poderiam acreditar, sem nada perguntar, sem nada saber, sem que se precise explicar. Esses mesmos ignorantes que O aceitaram por séculos, O estão trocando, agora, por Papai Noel, o deus do Consumismo, a nova religião, cujos templos são conhecidos como shoppings. Nesses novos templos de uma nova religião, não se precisa sequer ter dinheiro para comprar. Basta endividar-se e ter fé em conseguir o dinheiro depois, para pagar as prestações.
Não se precisa, portanto, estudar e saber coisa alguma. É muito fácil acreditar no que parece ser bom para nós. Os porcos não querem pérolas. Querem comida e festa.



HÁ MUITO O QUE SABER E MUITO PEQUENA É A DURAÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NUMA ÚNICA VIDA. O QUE DIZER DAS PESSOAS QUE SÓ QUEREM DIVERSÃO, SEM NENHUMA INFORMAÇÃO?