quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

2011 - 510 ANOS DA BTS

Este blog ficou reservado para o meu projeto da Baía de Todos os Santos, neste ano de 2011, porque passei toda a minha produção de idéias e textos filosóficos e científicos para um outro - http//adinoel-blogart.blogspot.com - que neste momento está sendo alimentado com alguns comunicados importantes ao mundo da Ciência.

Como já foi dito nas outras duas postagens deste ano, aqui, fiz dos 510 anos da descoberta da Baía de Todos os Santos uma confirmação da proposta que no ano anterior lancei, de despertar as cidades do Salvador e do Recôncavo para a necessidade de promover a BTS e fazer dela um "point" internacional de turismo e lazer, como ocorre em todo o mundo, onde se dispõe de águas mediterrâneas.

Nesta postagem, estou colocando o meu relatório do que foi a II Semana da Baía de Todos os Santos, apresentado em 11 de novembro ao Gabinete Português de Leitura, assim registrando mais um passo na direção do Projeto BTS lançado durante esse evento e que será iniciado em 2 de maio de 2012, com a atribuição do Selo BTS 2012.






RELATÓRIO
II Semana da Baia de Todos os Santos
26 de outubro a 1 de novembro de 2011
Coordenador: Prof. Adinoel Motta Maia


01.INTRODUÇÃO

A semente por nós lançada em 2010, com a realização da I Semana da Baia de Todos os Santos, despertou as instituições então envolvidas com a geografia e a história desta. O Gabinete Português de Leitura decidiu continuar com a promoção dessa Semana em 2011, alterando, no entanto, as datas de 29 de outubro a 5 de novembro em 2010, para 26 de outubro a 1º de novembro, atendendo ao calendário do Projeto BTS, que começa em 2 de maio e termina em 1º de novembro de cada ano, assim se mantendo nos anos seguintes. Por outro lado, o Yacht Clube da Bahia, que inseriu um coquetel comemorativo da Descoberta da Baia de Todos os Santos, realizando-o dentro da Semana, no dia 3 de novembro de 2010, resolveu independentemente, fazer um evento próprio em 2011, a I Semana Náutica da Baia de Todos os Santos, a partir de 28 de outubro, constituída principalmente por atividades náuticas e palestras. Do mesmo modo, por iniciativa do Vereador Dr. Sandoval Guimarães, que, em 2010, esteve representando o Prefeito na solenidade de abertura da Semana, foi realizada uma sessão especial na Câmara Municipal de Salvador, em 28 de outubro, comemorando a Descoberta da Baía de Todos os Santos com uma palestra.

Não bastassem essas demonstrações de engajamento dos parceiros de 2010, colhemos frutos em terrenos não plantados naquele ano, por adesão, por exemplo, da Paróquia de São Pedro, cujo pároco, o Padre Aderbal Galvão de Sousa celebrou missa festiva na Igreja de São Pedro, na Piedade, com homilia dedicada aos portugueses que descobriram a baía em 1501, fazendo-o no dia 1º de novembro, encerrando a Semana de 2011 com esse evento. Não podemos deixar de registrar, que, na véspera desse encerramento, foi feito um Seminário na Fieb, no dia 31 de outubro, congregando empresários e governo do Estado, no qual o Rotary Clube da Bahia (BTS) demonstrou realizar ações em prol da nossa Baia, a exemplo do que é feito na Baía de São Francisco, nos Estados Unidos. É, portanto, encorajador, que a II Semana da Baía de Todos os Santos já foi bem maior que a primeira, não só pela programação do Gabinete Português de Leitura, como pelos demais eventos, realizados por outras instituições.


02.PROGRAMA

A Semana da Baía de Todos os Santos, instituída em 2010, visa, portanto, comemorar a data da sua descoberta pela expedição de Gonçalo Coelho, em 1º de novembro de 1501. É um evento anual promovido pelo Gabinete Português de Leitura de Salvador, cuja programação pode inserir ações com o mesmo propósito em parceria com outras instituições sócio-culturais-científicas. Em 2011, teve a seguinte programação:

· 26.10 – 10 horas – Gabinete Português de Leitura (auditório).
1. Constituição da mesa
2. Abertura da Semana pelo Presidente do GPL
3. Lançamento do Projeto BTS pelo seu Coordenador
4. Abertura da Exposição “Baía de Todos os Barcos”
5. Serviço de um Porto de Honra






· 26.10 – 17 horas – Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
1. Abertura da sessão pela Presidente do IGHBa.
2. Uma Proposta de Encontro Anual dos geógrafos e historiadores da Baía de Todos os Santos – Prof. Adinoel Motta Maia.

· 28.10 – 10 horas – Câmara Municipal de Salvador
1. Abertura da sessão especial comemorativa dos 510 anos da Baía de Todos os Santos.
2. Palestra do Prof Adinoel Motta Maia: “Turismo, Sustentabilidade e Desenvolvimento Precisam Atracar em Salvador”.



· 28.10 – 15 horas – Gabinete Português de Leitura
1. Abertura da sessão
2. Palestra da Dra. Anne Feitosa: “Baía de Todos os Santos: Sua Importância e Mecanismos de Utilização pela Sociedade Através da Cessão Onerosa”.
3. Debate





· 01.11 – 8:00 – Igreja da Paróquia de São Pedro (Largo da Piedade)
1. Missa de Ação de Graças a Todos os Santos, com Homilia do Padre Aderbal Galvão de Sousa
2. Palavra do Presidente do Gabinete Português de Leitura, encerrando a II Semana da BTS.

03.REALIZAÇÃO


03.01 - ABERTURA

A abertura da II Semana da Baía de Todos os Santos foi realizada no dia 26 de outubro de 2011, às 10:30 horas, na Sala Prof. Agostinho da Silva, no Gabinete Português de Leitura, pelo Presidente Manuel Bernardino da Silva, que convidou o Prof. Adinoel Motta Maia, idealizador e coordenador da Semana, para fazer o lançamento do Projeto BTS 2012, já aprovado pelo Gabinete Português de Leitura e que foi proposto e será também coordenado por ele, a cada ano, no período entre 2 de maio e 1 de novembro. Foi então projetado o selo que será conferido por uma comissão representativa a todo evento que se registrar no GPL para execução dentro desse período. Ao fim dessa apresentação, o Presidente Manuel Bernardino da Silva convidou todos os presentes a se dirigirem ao pavimento superior, onde foi aberta a exposição “Baía de Todos os Barcos”, constituída por uma coleção de painéis alusivos às navegações portuguesas nos séculos XV e XVI e aos índios brasileiros, sua organização social e seus costumes; que emolduraram uma grande mesa onde foram mostrados modelos reduzidos de diversas embarcações que já entraram na Baía de Todos os Santos, desde as naus e caravelas do seu descobrimento até os mais novos navios de cruzeiro, sendo a montagem dos painéis feita pelo arquiteto Abel Travassos e a construção dos modelos reduzidos, pelo engenheiro de máquinas José Nunes da Silva. Nesse ambiente foi servido um Porto de Honra.

03.2 - I ENCONTRO DE GEÓGRAFOS E HISTORIADORES

Às 17 horas do dia 26 de outubro de 2011, foi realizada na Sala da Presidência do Instituto Geográfico e Historico da Bahia, uma reunião de trabalho entre a Presidente do IGHB, Profa. Consuelo Pondé de Sena e o Coordenador da Semana da Baía de Todos os Santos, Prof. Adinoel Motta Maia, com a presença de outros membros daquele Instituto, oportunidade em que o referido coordenador expôs sua proposta de realização anual por essa entidade, de um encontro entre professores e pesquisadores de geografia e historia, com o objetivo de concentrar estudos sobre essas disciplinas no âmbito da Baía de Todos os Santos, ou seja, das terras e águas sob sua influência, o que vale dizer: Salvador e Municípios do Recôncavo. Tal proposta foi defendida pelo seu idealizador em face à notória deficiência de conhecimentos dessa área, havendo muitas “suposições” não devidamente comprovadas ou confirmadas, sobre diversos aspectos, desde a própria barra da baía até o nome das águas que eram Kirimurê e Paraguaçú, não se definindo se eram referentes apenas à baia ou a esta e o oceano, em conjunto, podendo-se falar de muitas outras dúvidas também nos rios e terras dessa região, assim como em ações humanas neles ocorridas. Ao fim desse encontro, sugeriu a Presidente do IGHB, que seja nacional, podendo-se convidar especialistas sobre a BTS, também de outros estados, para tal contribuição. Ficou, então decidido que o assunto será considerado e uma proposta formalizada pelo IGHB nesse sentido, incorporando-se o evento à III Semana da Baía de Todos os Santos, em 2012.


03.3 - SESSÃO ESPECIAL NA CÂMARA DE VEREADORES


Dia 28 – Palestra do Prof. Adinoel Motta Maia na Câmara Municipal de Salvador

Turismo, sustentabilidade e desenvolvimento precisam atracar em Salvador


Exmo. Senhor Vereador Dr. Sandoval Guimarães, presidente desta sessão especial
Exmos. Srs. componentes da mesa: João Carlos Oliveira da Silva, Chefe de Gabinete da Secretaria de Turismo, representando o Exmo. Sr. Governador do Estado da Bahia, Jacques Wagner; José Manuel Lomba, Consul de Portugal na Bahia; Leonel Neto, Assessor de Relações Internacionais da Prefeitura Municipal de Salvador; Manuel Bernardino da Silva, Presidente do Gabinete Português de Leitura e José Eduardo Athaide, representante do Rotary Clube da Bahia

Senhoras e Senhores

Antes de tudo, devo dizer que me sinto muito honrado pelo convite do vereador Dr. Sandoval Guimarães para falar aos senhores nesta sessão especial da Câmara Municipal de Salvador, tendo ele escolhido o tema e assim me imposto a tarefa prazerosa de abordar a vocação turística da Baía que dá nome ao nosso Estado, descoberta pela expedição de Gonçalo Coelho em 1º de novembro de 1501. No ano passado, ele esteve na abertura da I Semana da Baía de Todos os Santos, na sede do Gabinete Português de Leitura, quando demonstrou todo o seu entusiasmo pelo nosso projeto de despertar Salvador e o Recôncavo para a necessidade de uma ação conjunta de todos os seus habitantes, visando dar a essa baía e sua zona de influência o lugar que sua beleza e sua grandeza impõem, no cenário social e econômico, quer pela sua privilegiada geografia, quer pelo valor histórico das ações nela promovidas ao longo de cinco séculos, sendo, assim, portanto, esse vereador, um homem de primeira hora, na execução desta proposta.

É também muito prazerosa a constatação de que, depois daquele nosso primeiro passo, em 2010, outras instituições, públicas e privadas, se associaram à ideia de comemorar esse dia histórico e assim, surge, em 2011, mais um evento que se deverá repetir anualmente: a I Semana Náutica da Baía de Todos os Santos, promovida pelo Yacht Clube da Bahia, que no ano passado realizou um coquetel para autoridades civis e militares, coroando a I Semana. Neste ano, além do apoio da Câmara Municipal de Salvador, com a realização desta sessão especial, devemos registrar a participação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, com mesa redonda na qual programou um encontro nacional de geógrafos e historiadores da Baía de Todos os Santos, para a III Semana, em 2012. Finalmente, ainda como notícia, estando o Gabinete Português de Leitura, entre março de 2012 e março de 2013, comemorando seu sesquicentenário, pretende a atual Diretoria dar maior enfoque à Baía de Todos os Santos, tendo lançado no último dia 26, o PROJETO BTS, que terá sua execução iniciada em março do próximo ano, abraçando um programa de estímulo à cultura e ao turismo em Salvador e Recôncavo, justamente no período de sua baixa estação, entre 2 de maio e 1º de novembro de cada ano, datas, respectivamente, da passagem de Gaspar de Lemos por ela – não se sabe se a percebeu – em 1500, voltando a Portugal com a notícia do Descobrimento do Brasil; e da sua descoberta por Gonçalo Coelho, em 1501, quando este lhe deu nome.

Que estas primeiras considerações históricas, assim introdutórias, não nos tirem, contudo, do tema proposto para esta palestra, que é o do turismo a ser feito na BTS, com sustentabilidade e desenvolvimento. Só ele pode reverter o processo acelerado que vem transformando Salvador e o Recôncavo Baiano em um depósito de pobres, desde que se criou o Centro Industrial de Aratu, quando cada fábrica que se instalou na região, ao invés de trazer apenas trabalho remunerado para os seus habitantes, trouxe mais gente de fora em busca de emprego, em proporção muito maior do que a capacidade de geração deste, daí resultando um aumento progressivo de desempregados que vivem de pequenos serviços eventuais, auxílios diversos e esmolas, hoje tão avultados e aviltados, que levam pessoas ao desespero, fazendo desses aglomerados humanos uma ante sala do crime. Já é hora dos cientistas sociais estudarem esse fenômeno, quando a chegada de uma fábrica traz para o lugar onde ela se instala, mais gente do que ela pode absorver.

Ao contrário da indústria, o turismo fomenta empregos que não se concentram abruptamente em cada fábrica que se inaugura, mas se espalham paulatinamente em atividades mil e exigem educação dos habitantes do lugar – gente que tem o sotaque local, faz a comida da região – para a prestação de serviços diversificados. Gente que tem um mínimo de conhecimento desse lugar e de amor por ele, no atendimento de turistas com dinheiro para gastar ali, num pinga-pinga eterno que compete a todos acelerar, oferecendo estrutura adequada ao volume dos visitantes, cuja qualidade varia desde os que procuram albergues gratuitos e pousadinhas baratas até os que exigem hotéis de alto luxo.

Reconhecer essa variedade é função prioritária do planejador do turismo como fonte de recursos a serem introduzidos na região. Podemos classificar os turistas em geral, em diversos segmentos, todos eles gastando com transporte aéreo, marítimo ou terrestre apenas no local de origem. Há quem contrate os serviços de operadoras nacionais e internacionais, restando pouco a gastar no local de destino. É o caso típico dos cruzeiros marítimos, com muito tempo de hospedagem no mar e pouco tempo para gastar, apenas em compras, alguma ou nenhuma alimentação, e passeios curtos, nos portos visitados.

Um segmento muito numeroso é o dos que só buscam hospedagem gratuita ou barata e gastam pouco com alimentação, mais em lanchonetes ou na rua, propondo-se apenas ver e curtir o lugar visitado, geralmente com mochilas nas costas. Não se deve estimulá-los em qualquer planejamento econômico porque costumam solicitar mais serviços às cidades do que querem ou podem remunerar.

O segmento economicamente mais interessante é o dos que se hospedam em hotéis, comem em restaurantes e gastam com ingressos e compras. É este o turista para o qual temos de planejar estruturas e eventos, na Baía de Todos os Santos, isto é, Salvador e Recôncavo. Antes, contudo, devemos separar a cidade do Salvador em duas vertentes ou orlas. A do oceano, de mares bravios, com ondas para o esporte e praias com equipamentos de comida e bebida, é a que se tem hoje e onde se faz os eventos musicais para uma clientela mais vibrante, jovem, agitada. Na outra, da baía, começa-se a fazer marinas. É a dos remansos naturais, das ilhas com costas abrigadas a sotavento, próprias para a atividade náutica, o lazer, as estadias de temporada e sobretudo, os eventos nacionais e internacionais de modelo mediterrâneo, que atraem os ricos, de mais idade, que viajam em suas lanchas e iates, em seus próprios aviões (há um pequeno aeródromo em Itaparica) ou mesmo nos aviões de carreira, mas com uma logística exigida por quem paga caro para não perder tempo. Por falta dessas condições, não há turismo considerável na orla da baía e até o tradicional veraneio está em queda acentuada, prevalecendo uma migração de gente que não acha mais habitação em Salvador e migra para as ilhas, tomando-as como dormitórios.

Não sejamos ingênuos, portanto. Turismo não se viabiliza com pobreza porque esta não enriquece nenhum destino e não raramente sequer remunera os investimentos. Há, portanto, duas sustentabilidades a considerar no planejamento e no investimento turístico. Primeiro, como atividade econômica que atrai riqueza, só é sustentável se tiver como público alvo os simplesmente ricos ou os milionários de todo o mundo, a elite financeira, as pessoas educadas para consumir sofisticação ou pelo menos a classe média-alta, com gente que gasta até milhares de reais numa única garrafa de vinho e deixa gorjetas de acordo com sua satisfação. A outra sustentabilidade é a do meio ambiente. Nada deve ser feito na nossa bela, maravilhosa, querida Baía de Todos os Santos, com violência, com desrespeito, contra a sua natureza. A preservação ambiental tem de estar na base de todos os projetos, principalmente porque é isto o que se procura e é mais raro e caro, no mundo. Um aglomerado de habitações miseráveis irregulares numa encosta ou em vales é tão danoso ao ambiente quanto uma casa de luxo com píer de atracação numa praia escondida, mas o turista que traz riqueza para a região e pode até se hospedar nessa casa, jamais se instalará naquele aglomerado.

Evidentemente, essa preocupação com a oferta de prazeres para quem pode pagar caro por eles e a exigência de regras que protejam o meio ambiente, não impede a existência, aqui e ali, de uma pequena pousada, um barzinho escondido, uma rampa para alugar barquinhos de lona, um recanto onde o turista de classe econômica possa conviver com gente muito rica, desde que sejam todas as pessoas bem educadas, que o lixo seja religiosa e diariamente recolhido, que se tenha segurança para andar a pé em qualquer lugar a qualquer hora, tudo isso requisito para que possamos colocar nossa Baía de Todos os Santos no mapa do mundo. Quem conhece a realidade de hoje em Salvador, dirá que isto é impossível, que já não é mero sonho, mas verdadeiro delírio.

Não é impossível. É necessário e se é necessário tem de ser feito, porque, nós, baianos, devemos nos convencer de que não somos a ralé de incapazes e frouxos, que já se diz que somos. Se já fomos, não somos mais, não devemos ser, vamos fazer o que é preciso fazer e nos fará mais felizes, doa em quem doer. Se o Bahia e o Vitória têm de estar na primeira divisão do campeonato brasileiro de futebol, a Baía de Todos os Santos tem de sair da segunda, terceira ou quarta divisão em que se encontra para a primeira divisão do turismo internacional. Isso só depende de todos nós. O que nos está faltando é apenas determinação, sem a qual, não teríamos tirado do nada essa coisa de comemorar aniversário da descoberta da Baía de Todos os Santos e trazer todos vocês para cá. Esta Casa de Vereadores não é um barzinho onde se conversa trivialidades. É um reduto de heróis. Se temos heróis, somos capazes de tudo.

Nós não queremos mais fomentar a pobreza e a ignorância que alimentam cordeiros que não vivem sem seus pastores ou galinhas que se satisfazem com migalhas. Queremos, sim, enriquecer os baianos e sobretudo o seu cérebro, que se tornará mais exigente, mas, por outro lado, dará menos trabalho, porque cuidará de si mesmo e assim, poderá cuidar do turista que chega com prazer e deve ser servido com competência, aqui deixando os recursos que dão sustentabilidade, tanto econômica quanto ambiental, à existência humana, sem os já agora obrigatórios custos ditos “sociais”, cada vez maiores e obrigando a investimentos sem retorno. Isto, ao contrário, é insustentável.

Teremos uma oportunidade única de nos mostrarmos grandes, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, não apenas por aqui sermos a sede dos jogos de 2014 ou um “segundo destino” turístico para quem for ao Rio de Janeiro em 2016. Nosso maior interesse não deve estar dirigido aos poucos milhares de pessoas que virão para ver esses jogos, mas aos milhões que verão eles pela televisão. É para estes, que deveremos fazer uma vitrina encantadora, mostrando paisagens, gente educada e a tranquilidade de andar à noite pelas ruas sem ser assaltado e morto, como ocorreu, dias atrás, em Porto Seguro.

A Baía de Todos os Santos, portanto, oferece-nos a oportunidade de planejar e executar um novo modelo de turismo para nós, que deve ser o velho modelo da Europa Mediterrânea. O que sempre deu e ainda dá certo. O turismo das férias de quem tem dinheiro em todo o mundo. Salvador e Recôncavo Baiano têm história e geografia com extraordinários episódios e paisagens encantadoras, para atrair essa gente. Como ouviremos hoje à tarde no Gabinete Português de Leitura, em palestra da Dra. Anne Feitosa do Nascimento, dentro da programação desta II Semana da BTS, podemos, sim, obedecer às leis de proteção ambiental, histórica e artística, também compreendendo que a joia pode ser colocada no corpo de uma bela mulher sem lhe tirar a autenticidade física ou psíquica. O homem é o topo da evolução e o único ser intelectual, capaz, portanto, de fazer arte não só para colocar nos móveis ou nas paredes, mas também para adornar e enriquecer o ambiente natural com uma bela joia em um belo corpo. O ser humano não deve ser penalizado por ser o topo da evolução, como ninguém se propõe arrancar a casa do passarinho João de Barro, do tronco de uma árvore.

Seria de grande importância, por exemplo, neste século XXI, construir à beira da baía, algo novo e significativo para este novo século, quanto o foi a nova estrutura do Elevador Lacerda, inaugurada em 1º de janeiro de 1930, para o século XX. Quem imagina hoje a Cidade da Bahia sem a figura do Elevador Lacerda, que foi uma intervenção agressiva, sem dúvida, na paisagem natural da cidade, mas extraordinariamente inovadora, seja por sua arquitetura, seja por sua engenharia? A cidade de Dubai, na Ásia, saiu da sua obscura posição no mapa, para tornar-se uma coleção de monumentos arquitetônicos, hoje conhecida em todo o mundo, atraindo milionários que ali vão colocar água no deserto. Precisamos pensar e agir rapidamente para marcar o evento da Copa do Mundo com o lançamento da pedra fundamental de uma construção à beira da Baía de Todos os Santos, que seja revolucionária neste momento, como o foi a extensão do Elevador Lacerda em 1930.

Se não temos coragem e capacidade para uma ação radical que nos ponha como atração mundial, vamos continuar atraindo o que e quem? O homem é animal porque se move com a força que os gregos chamaram de anima, isto é, alma. Basta uma rápida visita a Atenas, contudo, para se ver que os gregos antigos não eram apenas animais corporativistas como os atuais, em crise que vem arrastando a Europa para o caos. Eu fiz essa viagem em 1990, só para ver quase apenas ruínas e pisar no chão onde antes de Cristo havia gente inteligente, civilizada, que ouvia os filósofos e usava o intelecto como seres que colocam joias arquitetônicas no colo da Natureza. É este o exemplo que temos de seguir na Baia de Todos os Santos para fazê-la universal e imortal, como lugar de seres intelectuais a serem admirados pela eternidade.

Muito obrigado, portanto, Vereador Sandoval Guimarães, pelo convite que me honra, para estar a falar neste plenário, neste momento. Agradeço também aos que aqui vieram ouvir, não apenas para aceitar, mas para pensar e discutir. Houve um dia em que os portugueses aqui chegaram como os americanos chegaram à Lua quatro séculos e meio depois, dizendo ser aqui um Novo Mundo. Se Porto Seguro foi o lugar do primeiro desembarque no Brasil, a Baía de Todos os Santos foi o lugar onde se começou a civilizar o Brasil. Quem aqui estava então, deu um salto de milhares de anos, passando em décadas, da Idade da Pedra para a Idade da Tecnologia. Não se faz isso sem traumas e assim como a criança passa pela difícil puberdade para chegar a adulto, nossos índios sofreram para tornarem-se civilizados.

Ao planejar, projetar e construir para receber turistas de todo o mundo e com isso desenvolver essa região que envolve a BTS, já sabemos que não teremos sucesso se não preservarmos a Natureza, a História e a Arte, fazendo arquitetura e engenharia em edificações que guardarão a Memória destes 510 anos de História que estamos comemorando com esta semana, e encerrando com uma missa festiva de ação de graças a Todos os Santos, no dia 1º de novembro, às 8 horas da manhã, na Igreja de São Pedro.

Agradeço a atenção de todos e vos desejo um Feliz Dia de Todos os Santos.

Plenário da Câmara Municipal de Salvador
28 de outubro de 2011
Adinoel Motta Maia









03.4 - PALESTRA DA DRA. ANNE FEITOSA DO NASCIMENTO

Às 15 horas do dia 28, foi iniciada a palestra da Dra. Anne Feitosa do Nascimento, na Sala Prof. Agostinho da Silva, sob a presidência do Prof. Adinoel Motta Maia e a presença do Exmo Sr. Cônsul José Manuel Lomba, de Portugal, entre associados e convidados, que ouviram a advogada consultora em assuntos imobiliários vinculados à legislação de proteção ambiental e de domínio da União, sobre os diversos aspectos de questionamentos nessa área, mormente à margem de águas interiores, como baías, rios, lagos, etc. Sob o título “Baía de Todos os Santos: Sua Importância e Mecanismos de Utilização pela Sociedade, Através da Cessão Onerosa”, a palestrante dissecou os problemas mais comuns que ocorrem, quando a iniciativa privada projeta e constrói equipamentos, ainda que em propriedades privadas, em terrenos protegidos por lei. A palestra foi seguida de uma sessão de perguntas e respostas que muito esclareceram os presentes.





03.5 - MISSA DE AÇÃO DE GRAÇAS A TODOS OS SANTOS

Encerrando a II Semana da Baía de Todos os Santos, o pároco Padre Aderbal Galvão de Sousa realizou missa festiva sugerida pelo Gabinete Português de Leitura, na Igreja da Paróquia de São Pedro, no Largo da Piedade, que se encheu de gente, inclusive membros da Diretoria do Gabinete e do Instituto Geográfico Histórico da Bahia, notadamente seus respectivos presidentes, Manuel Bernardino da Silva, que pronunciou palavras alusivas àquela comemoração, a convite do celebrante; e Profa. Consuelo Pondé de Sena. Com técnica inovadora, o Padre celebrou a missa entremeando a liturgia com cânticos seus e dos fieis, assim como com trechos da homilia, que abordava informações sobre a descoberta da Baia de Todos os Santos por portugueses em 1501, naquele dia santificado. Ao fim da missa, vários convidados confraternizaram com o padre na sacristia, enquanto este acenava com uma festa maior em 2012.

Salvador, 11.11.2011
Adinoel Motta Maia
Coordenador

sexta-feira, 22 de julho de 2011

PROJETO BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BTS

Esta é a hora e a vez da BTS.

Neste ano do 510º aniversário da descoberta da Baía de Todos os Santos, com este nome, comecei a falar em BTS, uma sigla carinhosa que trouxe de Belo Horizonte, quando ali estive em turismo, ouvindo toda a gente a pronunciar BH para referir-se à sua cidade. Dando uma entrevista ao repórter Davi Lemos, de "A Tarde", sobre o Descobrimento do Brasil em Portro Seguro (22 de abril a 2 de maio de 1500), a matéria publicada em 1º de maio de 2011 estampou as letras BTS na manchete da página. Falei então da descoberta da Baía de Todos os Santos, à margem da qual sempre vivi, sempre vendo suas águas, fosse da janela da minha casa, fosse nas inúmeras travessias que fiz, ora indo para Cachoeira, ora para a ilha de Itaparica.

Em 2010, já havia proposto ao Gabinete Português de Leitura a criação de uma efeméride em volta de 1º de novembro, com o título de Semana da Baía de Todos os Santos, com eventos que foram realizados na sede daquela instituição e com a adesão do Yacht Clube da Bahia, que realizou um rico coquetel comemorativo, oportunidade em que foi apresentado o projeto inovador - o livro como mídia - do meu romance "A Cruz dos Mares do Mundo", já impresso, não só ambientado na BTS como narrando sua descoberta em 1501. Estava, eu, ainda escrevendo a obra "Yacht 75 Anos", que acaba de ser lançada neste mês de julho, havendo ali um longo capítulo intitulado "A Baía das Velas", que não é outra.

Chegando julho de 2011, também "A Cruz dos Mares do Mundo" ganha sua primeira edição com o Selo AMME, ao tempo em que proponho ao Gabinete Português de Leitura, o Projeto BTS, já aprovado em sessão do dia 13, da Diretoria para ser permanente, sob minha coordenação.

A seguir, para conhecimento de todos, a íntegra do projeto aprovado.


PROJETO BTS
CADASTRO-CALENDÁRIO COM REGISTRO E AÇÕES DE EVENTOS CULTURAIS

Introdução

Estudos realizados por mim, a partir de documentos históricos, de conhecimentos geográficos e geológicos aceitos universalmente e das próprias teoria e prática de navegação a vela, levaram-me a concluir que os historiadores não deram qualquer importância à viagem de volta de Gaspar de Lemos à Portugal, em 2 de maio de 1500 – partindo de Porto Seguro, na Bahia – referindo-a apenas como a missão de levar ao Rei D. Manuel I a notícia da descoberta de terra no mar oceano Sul, no caminho para as Índias, pelo escrivão Pero Vaz de Caminha registrada como “Ilha de Vera Cruz”.
Conforme entrevista por mim concedida ao jornal “A Tarde”, de Salvador, publicada em 1º de maio de 2011, Gaspar de Lemos fez essa viagem de volta, obrigatoriamente bordejando a costa da considerada “ilha”, assim evitando os ventos de proa e as correntes descendentes – do equador para o polo – que ajudaram a frota de Cabral, mas o impediriam de navegar a vela para o Norte em pleno oceano. Analisando cientificamente a situação do navegador português, naquela missão, fica evidente que ao subir pela costa, logo passou por acidentes geográficos e deve ter registrado, como de hábito, suas latitudes, entre os quais a baía de extraordinária barra (ou boca), que um ano e meio depois, seria oficialmente descoberta e nomeada “Bahia de Todos os Santos”, com a chegada ali, da expedição de Gonçalo Coelho em 1º de novembro de 1501.
Se tomarmos essas duas datas – 2 de maio e 1º de novembro - em cada ano, podemos estabelecer uma temporada de seis meses para ações em prol do estudo científico, sobretudo geográfico e histórico, no conjunto de lugares sob a influência da BTS – Baía de Todos os Santos – ao tempo em que se realizariam eventos culturais nesses lugares, vinculados a datas tradicionais da sua história e do seu folclore, inclusive as religiosas.
Para a realização deste projeto, portanto, tomar-se-ia, a cada ano, o período entre 2 de maio e 1º de novembro, para se realizar essas ações culturais e científicas, criando-se um selo para marcar todas essas iniciativas devidamente registradas – cadastradas – com as iniciais BTS seguidas do ano de cada um desses períodos, de modo que, neste primeiro ano, o selo teria os sinais BTS-2011; no ano seguinte, BTS-2012; e assim por diante.

Objetivos

Feitas tais considerações, torna-se óbvio que por esse meio, pode-se fomentar, estimular, promover e consolidar estudos para o melhor conhecimento da Baía de Todos os Santos e dos lugares e sua gente, no seu entorno, nas áreas às suas margens e às margens dos rios que nela desembocam, nos municípios de Salvador e do chamado Recôncavo, para tal se considerando como histórica, geográfica e geologicamente determinada barra ou boca da baía, a linha reta entre a Ponta de Santo Antônio (Farol da Barra) em Salvador e a ilha de Tinharé (Morro de São Paulo), na foz do rio Una, o que inclui na área do projeto, todas as localidades à margem da baía e dos rios que para ela fluem.
Também se pode, com este projeto, firmar compromissos entre o poder público e a iniciativa privada, no sentido de valorizar os lugares, seus costumes tradicionais, sua gente, assim destacados, sempre com a liberdade que deve orientar as manifestações culturais e a seriedade que se exige nas realizações científicas, preservando-se os valores biológicos e portanto, ambientais.
Finalmente, com tais ações, pode-se incrementar a realização de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de resgatar estruturas físicas enterradas, tradições esquecidas, paisagens perdidas e até biografias nunca feitas.

Justificativa

Temos, na Bahia, o hábito de esperar que nossas orações sejam ouvidas por entidades ditas espirituais ou de clamar pela ação do governo, seja federal, estadual ou municipal. É evidente que existem estruturas físicas e psíquicas montadas para atender as necessidades individuais, seja esta a de se alimentar, seja a de informar-se, seja a de ir e vir, seja a de habitar e assim por diante. É certo que pagamos impostos cada vez mais pesados para o nosso orçamento, com o propósito de dar à administração pública recursos suficientes para prover todas as necessidades básicas das comunidades e de cada individuo enquanto cidadão. Por motivos diversos, no entanto, muita coisa necessária não é feita e áreas que em qualquer país desenvolvido são paradisíacas, aqui são apenas selvagens; lugares onde lá fora se tem equipamentos para o lazer e a cultura, aqui se tem apenas lixo, esgoto a céu aberto, mato em vias públicas, desrespeito aos horários, enfim, o caos.
Justifica-se, por si só, toda iniciativa, todo projeto, que pretenda aumentar o nível de consciência de uma população para promover e monitorar seu desenvolvimento cultural, social e econômico, através da informação e do processamento de dados assim obtidos.
Mais que isso, no caso da Baía de Todos os Santos, cujo potencial turístico é igual ou maior que o de muitos lugares famosos do mundo, visitados por milhões de pessoas ao ano, que chegam com recursos para enriquecer populações inteiras, justifica-se atrair iniciativas individuais que jamais existiriam sem uma coordenação qualquer, não necessáriamente governamental, mas certamente pública.

Metodologia

Minha proposta, portanto, é que este projeto seja aprovado no âmbito de uma entidade sócio-cultural, com capacidade para registrar, cadastrar, arquivar e expor propostas, programas, captando recursos em sub-projetos ou simplesmente divulgando dados e processos para que iniciativas individuais ou comunitárias prossigam e prosperem, por conta própria, oferecendo instalações para reuniões e meios de divulgação.
Numa primeira etapa, se fará uma divulgação do próprio selo a ser colado em toda proposta, todo projeto, toda realização programada e efetivada, que esteja dentro do período de seis meses – 2 de maio a 1º de novembro – para que cada ação mostre estar registrada, cadastrada, na referida entidade “guarda-chuva”, formando assim um “estoque” à disposição de quem deseje investir em estruturas e eventos na Baía de Todos os Santos e sua zona de influência hidrológica.
Numa segunda etapa, esse selo será colado em peças publicitárias na mídia, em cartazes, em programas impressos, chamando a atenção do público para cada elemento assim cadastrado, da Baía de Todos os Santos, a BTS, em determinado ano (por exemplo, BTS-2011).
Finalmente, em sequência, haverá o desenvolvimento natural do próprio projeto, repercutindo os efeitos das manifestações e corrigindo rumos para maior eficiência e alcance do processo promocional da BTS.

Orçamento

Nesta apresentação do projeto, não havendo proposta especifica de realização de qualquer atividade, ainda sem uma entidade ou instituição que se proponha ser o “guarda-chuva” para todas as iniciativas, não seria possível oferecer números de custos ou investimentos.
Pode-se, contudo, dizer que a entidade ou instituição coordenadora, que abrigue tais iniciativas apenas para registro e avaliação necessárias à permissão de utilizar o selo, já teria instalações, equipamentos e pessoal em quantidade e qualidade necessárias para realizar tais funções, sem custos consideráveis adicionais, podendo, contudo, cobrar alguma remuneração pela locação de sala de reunião, auditório, salão de exposição, etc., conforme orçamento particular de cada sub-projeto, se tal for necessário, sem prejuizo para quem quizer realizar suas ações em instalaçõpes próprias ou comunitárias.
Sendo este o momento de buscar tal entidade ou instituição, propostas orçamentárias quaisquer seriam necessárias apenas no desenvolvimento deste projeto, junto a tal pessoa jurídica, em fase posterior, quando seriam estabelecidos organogramas, fluxogramas e cronogramas.

Conclusão

Em síntese, pretende-se com este projeto, formatar uma ação de promoção da Baía de Todos os Santos, resgatando seus valores geográfico-paisagísticos, biológico-ambientais, sócio-culturais e histórico-científicos, com o propósito de promovê-la nacional e internacionalmente como lugar de qualidade de vida humana, animal e vegetal capaz de atrair pessoas que invistam no seu desenvolvimento sustentado, como riqueza do povo baiano.


Salvador, 2 de maio de 2011

Adinoel Motta Maia



sábado, 29 de janeiro de 2011

BAÍA DE TODOS OS SANTOS

A partir deste mês de janeiro de 2011, o meu texto filosófico passa a ser publicado, registrado (com data) e arquivado em um outro blog, para o qual remeto os leitores.
http://adinoel-blogart.blogspot.com
Aqui, em Reflexos no Espelho, continuam dados, análises, propostas e projetos literários, científicos e tecnológicos.

Neste ano de 2011, deverei consolidar todas as minhas propostas para a Baía de Todos os Santos, desde as comemorativas da sua descoberta (510 anos em 2011) até as de divulgação de suas riquezas geográficas e históricas para fins turísticos, divulgação esta ameaçada pela reforma ortográfica da língua portuguesa, que determina hífens antes e depois do artigo "os", ficando assim: "Baía de Todos-os-Santos". Que os linguistas busquem o que fazer e tirem os tremas irresponsavelmente ou tirem hífens de onde eles estão e os ponham onde não estavam, compreende-se. É muito chato ficar sem trabalho. O que não pode, não deve, não se aceita, é que alterem nomes próprios, principalmente os públicos, tradicionais, históricos.
Podem fazer a mesma regra para ser aplicada também no "de" e passaríamos a ter Bartolomeu Lourenço-de-Gusmão ou Humberto-de-Campos ou Santiago-de-Compostela e assim por diante.

Dias atrás, a revisora contratada para despertar-me dos meus cochilos ortográficos no livro que estou escrevendo para o Yacht Clube da Bahia - seus 75 anos de história - tentou alterar o nome Baía de Todos os Santos do meu texto, colocando-lhe os tais hífens. Não permiti, jamais permitirei e sugerí-lhe uma nota de pé de página para tirar, dela, a responsabilidade profissional que a obriga a ser obediente à norma técnica da linguística nacional. Sim, ela é linguista e deve obediência, compreende-se. Eu sou escritor, artista, filósofo e, sobretudo, cidadão com o direito constitucional de liberdade de comunicação e expressão. Pode não ser "elegante" escrever fora do rigor linguístico, mas é evidente que é permitido pela lei maior do País: sua Constituição. Principalmente quando essa ação está acoplada a uma idéia e a um direito de expressá-la.

Vamos pegar essa palavra - linguístico - que, até antes da reforma, escrevia-se com trema - lingüistico - como se escrevia "freqüente", por exemplo, agora se determinando escrever "frequente". Não só imaginem, mas vejam o absurdo irracional dessa proposta. Tira-se o trema para alterar a fonética, mas não se muda a ortografia para "frecuente" e assim obriga-se a pronunciar o "quente" como se fosse "cuente". E como fica a palavra "quente", aquela que é o oposto de "frio"? Nós, os engenheiros, somos racionais? Os linguístas são irracionais? Ou não são os linguistas que estão propondo isso, mas meros bebedores de chá (cha...teados por não terem o que fazer)?

Parece que essas propostas são frutos apenas da ociosidade. Ou terá o objetivo de criar novos empregos e encarecer os sistemas produtivos culturais dos países de língua portuguesa? Não acredito que seja apenas para acabar com a paciência de quem pensa em fazer sua arte e cultivar sua história e suas tradições sem perturbações externas.

O fato é que tem muita gente brincando com coisa séria, deixando seu subconsciente - pensamento automático e intuitivo - agir contra a própria consciência, quando esta se distrai e permite que ele a comande. É necessário estar atento, porque um pensamento subconsciente nocivo (ódio, orgulho, vaidade, etc) pode entrar em conflito com o consciente e causar danos à saúde ou coisa ainda pior. Para corrigir tais desvios, uma dose correta de amor é um santo remédio.

Adinoel Motta Maia