sexta-feira, 30 de abril de 2010

AVES E NAVES 08

A questão de como o noviço Bartholomeu Lourenço foi despertado para o ar quente como condição elevatória da esfera de papel é importante, porque nenhum dos sábios que há séculos vinham propondo o vôo do homem pensara em tal possibilidade.
Tão surpreendente é essa descoberta por um menino, num lugar escondido do mundo, no meio do mato, que a tendência tem sido a de não aceitá-la.
A resposta, contudo, encontra-se na sua “invenção” anterior, uma espécie de degrau para ele chegar à esfera de ar quente.
Basta apresentar a comprovação desse degrau, daí se concluindo que sua obra elevatória de vapor d’água em processo de destilação para transporte desse líquido o teria levado a pensar no ar quente para realizar a ascensão da esfera de papel.
Tal documento é uma certidão passada pelo padre Alexandre de Gusmão e transcrita pelo Padre Serafim Leite em seu livro “História da Companhia de Jesus no Brasil”, nos seguintes termos:

“Certifico eu, P. Alexandre de Gusmão, da Companhia de Jesus, Reitor do Seminário de Belém, como é verdade que Bartholomeu Lourenço, seminarista que foi do dito Seminário, fez com sua indústria subir a água de um brejo do dito Seminário, que fica sobre um monte, por um cano de quatrocentos e sessenta palmos de altura, obra de grande admiração e utilidade para o dito seminário; a qual eu vi correr e todos os mais do dito Seminário, assim religiosos como Seminaristas. E por passar assim na verdade, e me ser pedida esta, a fiz, por mim assinada e selada com o selo do meu ofício. No mesmo Seminário de Belém, aos 18 de janeiro de 1706.”

Esta certidão tem data posterior à do privilégio do invento concedido apenas para a cidade de Salvador, pela Câmara da Bahia (12.12.1705), mas anterior à da sua extensão para todo o Estado (18.05.1706) e à do privilégio do mesmo invento, concedido em Lisboa pelo Conselho Ultramarino (18.11.1706), tendo ela sido considerada como uma das provas.

Em conferência pronunciada na Escola Politécnica da UFBa, em 16.10.2009, lancei a proposta de que essa “obra” do Bartholomeu Lourenço em Belém foi constituída apenas pelo referido cano de quatrocentos e sessenta palmos (101,20 metros) e nada mais, não havendo qualquer aparelho para bombear água,como se costuma especular.
Se houvesse algo mais, estaria isso na mesma certidão.
Naquele evento comemorativo do tricentenário do aeróstato, a Escola Politécnica decidiu realizar expedição a Belém da Cachoeira para medição plani-altimétrica da área entre o Seminário (hoje apenas uma igreja) e o brejo (ou rio), o que foi feito em 19 de dezembro. Eu e o Prof. Artur Caldas Brandão estamos preparando um artigo com as medições, os cálculos e as conclusões, mas já podemos anunciar que os 101,20 metros são do comprimento do cano e não da altura de elevação da água, reduzida a um terço disso.

Não vejo outra alternativa tecnologicamente conhecida para se elevar água apenas com um cano: em forma de vapor, no velho processo da destilação até então usada apenas para separar líquidos, nunca para transportá-los, vencendo grandes alturas.
É evidente que assim experimentando com o vapor d’água, o noviço jesuíta Bartholomeu Lourenço o associou ao ar quente, daí surgindo naturalmente a idéia de elevar um saco de papel com ar aquecido em seu interior.
De início, fez isso, certamente, brincando.
Maior foi o seu mérito ao insistir no brinquedo e transformá-lo num aparelho voador, pedindo, posteriormente, ao Rei de Portugal, o privilégio pelo seu invento.
Sendo toda prova científica baseada em evidências, não tenho receiado apresentar esta dedução lógica e conseqüentemente matemática como base sólida para a aceitação não apenas de que o primeiro invento de Bartholomeu foi um cano elevatório de vapor (jamais um aparelho), mas também de sua imediata associação ao ar quente como condição interna para a ascensão de uma esfera de papel, posteriormente por ele desenvolvida com estrutura de arame, suporte e pequena bandeja para aquecimento do ar, constituindo, este sim, um aparelho voador.

O primeiro, feito pelo homem, com recursos próprios para sua ascensão.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ONDE E QUANDO 08

A estrada asfaltada e ajardinada da fantasia (ignorância) leva para o abismo.
Quem está voando e vê as pessoas nela, em alta velocidade para o desconhecido, as adverte, mas elas não acreditam que possa haver perigo numa via tão atraente e maravilhosa e continuam acelerando.
Todo ignorante é cego. Completamente ignorante, completamente cego. Parcialmente ignorante, cego de um olho ou deficiente nos dois.
O que é pior: o cego não sabe sobre o que não está vendo e nunca viu, assim não podendo imaginar o que se descreve para eles. O ignorante também, ao ponto de não querer ouvir sobre o que não sabe.

Alguém já disse: “Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!”

Não adianta insistir, porque ninguém pode estar acima do seu nível de evolução e não se eleva sem muito esforço e sacrifício, ou seja, sem muito viver e experimentar, sofrendo por não saber das coisas, até aprender.
Há quem precise se ligar a muitos corpos, em vidas sucessivas, para subir um degrau e ver um horizonte maior e melhor. Quem acha que isso é mentira e não faz nada para descobrir a verdade, fica ali, vida após vida, como o aluno que fica na escola sempre na mesma série do curso, ano após ano.
É um repetente!

O bem que se recebe gratuitamente não serve à evolução.
Por isso, o esforço deve ser individual, porque só o indivíduo grava a experiência sofrida e o resultado desta.
A caridade está em refletir a luz que se recebe e não em distribuir os bens que se adquire com esforço e sacrifício, pois isto apenas acomodaria quem os recebesse e atrasaria sua evolução.
A luz apenas ilumina o caminho, cabendo a cada indivíduo trilhá-lo com denodo e determinação, vivendo a experiência e aprendendo com ela, registrando os resultados e os divulgando, para que todos se beneficiem com seu exemplo.
Encontrar e aceitar companhia na trilha é parte da experiência, mas cada um deve andar com os próprios pés, ver com os próprios olhos e assim por diante, com cada um dos cinco sentidos físicos.

NÃO É POSSÍVEL EVOLUIR COLETIVAMENTE. AINDA QUE ESTEJAM MUITOS NUMA MESMA ESTRADA, NUM MESMO MOMENTO, CADA INDIVÍDUO FAZ O PRÓPRIO ESFORÇO, COLHE AS PRÓPRIAS RESPOSTAS PARA SUAS PERGUNTAS E AS MANDA PARA SEUS NEURÔNIOS PROCESSAREM, DAÍ RESULTANDO UM NOVO CONHECIMENTO, SÓ PARA ELE.

Os demais caminhantes terão também seus processamentos e seus próprios resultados.
A troca desses resultados pode contribuir para que todos tenham uma resposta coletiva e um aproveitamento coletivo desse conhecimento, enquanto estão na mesma estrada.
Ao fim desta, iniciando-se outra, tudo vai depender de quem segue um ou outro caminho, porque sempre há egos em evolução, individualmente.
Tudo se resume a uma única pergunta e sua resposta: onde e quando se está na estrada.
As experiências dependem do lugar e do momento em que se vive e não das companhias que se tem.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

LETRA E MÚSICA 08

Dias atrás, um agente da ECAD, a organização arrecadadora de direitos autorais dos compositores, andou por um grande hospital, na Bahia, fazendo um levantamento dos pontos de som, para quantificar a cobrança de direitos de sua transmissão.
Até hoje, não entendi como é que é feita essa distribuição de dinheiro para cada filiado, se não há um meio de saber exatamente que peças musicais foram executadas em cada ponto de som, em cada momento, durante os dias, semanas, meses e anos.
Também não entendo ou não aceito, que se pague direitos autorais de peças musicais compostas até por estrangeiros há muito tempo mortos, como os clássicos Chopin ou Wagner, por exemplo.
Eles não foram (nem são) filiados à ECAD e jamais verão (nem seus descendentes) a cor do dinheiro arrecadado.
Quem o recebe?
Não é necessário responder para este blog. O melhor seria divulgar publicamente os critérios de cobrança e destino da arrecadação.

No caso da Literatura, o método e a prática são mais claros e justos.
O autor de obra literária (não apenas a artística, mas toda aquela publicada através de letras) é remunerado pela editora que o publica sob contrato, adotando-se uma porcentagem do valor de capa do livro.
Em outros casos, se negocia os direitos de tradução com a editora que representa o autor.
Pode-se fazer de outra forma, tudo combinado com o autor e previsto em contrato assinado por ele com seu agente literário ou com o seu editor.
Imaginem todos, o absurdo (e ridículo!) do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) ou a CBL (Câmara Brasileira do Livro) colocar agentes por aí a flagrar salas de espera nos consultórios médicos onde haja livros expostos para leitura dos clientes, exigindo pagamento de taxa do “doutor” que preferiu dar uma distração literária, ao invés de musical, aos seus pacientes.

Vejam esta situação:
-- Doutor! Vou taxar este volume do livro do Machado de Assis que está aqui no balcão...
-- Mas sou eu quem está lendo esta obra...
-- Não importa! Está no balcão!
-- Por acaso, deixei-a aí, ao chegar...

Vivemos num país, cuja nação é composta por pessoas que cultivam a lamentável prática do “deixa pra lá”, ou seja, por cordeiros que não estão nem aí se lhe tiram a lã, o leite e finalmente a carne. Cidadãos escorchados por impostos, taxas de todos os tipos imaginados, contas lavradas sob tarifas que ninguém sabe como são calculadas, tudo isso obrigatório para que viva, produza e tenha algum lazer ou alguma cultura.

O trabalho intelectual, como qualquer outro, deve ser remunerado com uma parcela do preço da obra vendida, trate-se do livro, do disco, da fita, qualquer que seja esse suporte.

FORA DAÍ, A CIRCULAÇÃO É LIVRE.

Isso precisa ser discutido, em busca da luz, para que não se tenha máquinas arrecadadoras de “impostos” literários, musicais, etc. a constranger e impedir a divulgação dessas obras e de seus autores.

Passem esta mensagem adiante.

terça-feira, 27 de abril de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 08

Quem compra o jornal ou a revista na banca, já vê o produto pronto.
Raros são os que conhecem a estrutura e o processo de uma REDAÇÃO (o lugar onde se reúnem os jornalistas para escrever suas matérias).
Um desses jornalistas tem a função de fazer a pauta para os outros irem buscar na rua ou no arquivo os dados para redigir suas matérias. Por isso, é o PAUTEIRO.
Quando alguém telefona para a redação de um jornal e informa que tem um grande buraco na sua rua a provocar acidentes com pedestres e automóveis, essa informação pode ir para o pauteiro, que inclui uma reportagem sobre o assunto para a edição do dia seguinte, já fornecendo ao repórter alguns dados que o orientarão na busca de pessoas que falarão sobre o assunto.
A PAUTA é, assim, a relação de todas as matérias propostas pelo pauteiro, para a edição seguinte, de um jornal ou uma revista (também é feita para os programas de televisão).

Entre suas propostas, este blog tem a de fornecer subsídios aos pauteiros para incluir assuntos pouco ou nunca abordados pela mídia impressa ou eletrônica, mas de importância fundamental para a compreensão de fenômenos que costumam ser ignorados ou mal explicados, mas que estão na “pauta” dos cientistas.

SIM, A MÍDIA IGNORA E DESPREZA MUITA COISA QUE É PROBLEMA OU SUA CAUSA.

A ignorância está aumentando em todo o mundo. Por que? Na base de tudo está o aumento da população, que exige mais emprego, que só existe se a economia de mercado for satisfeita, isto é, se o consumo aumenta, para o que é necessário que a oferta de produtos satisfaça o DESEJO do indivíduo que forma as massas de fan(ático)s comedores, bebedores, ouvintes de músicas, compradores de roupas e sapatos e de tudo o mais que excita o sistema nervoso.

Não tem jeito.
Não, enquanto tudo depender do desejo, da vontade, da satisfação dos ignorantes.
Cabe à mídia, principalmente a eletrônica (a que mais é consultada por estes), mostrar os fenômenos, suas causas e seus efeitos, mas o que se vê é o oposto, servindo-se mais aos anunciantes do que aos leitores e ouvintes.
Recentemente, vi uma das muitas matérias que se faz, de conselhos para a mulher comer sem sentir culpa. É freqüente a abordagem de temas para se cuidar da estética do corpo.

E NO CÉREBRO, NÃO VAI NADA? PASSA-SE A ÍDEÍA DE QUE A MULHER SÓ PRECISA DE CORPO. MATÉRIA SOBRE NECESSIDADES DO CÉREBRO É PARA HOMEM.

A verdade é que revista para intelectual não dá certo porque cada um tem sua própria verdade e ninguém consegue influenciá-lo com anúncios.
O intelectual é a ovelha negra do rebanho. Nenhum pastor consegue dominá-lo, além do que sua lã não serve para ser vendida.

A POPULAÇÃO IDEAL PARA QUEM QUER GANHAR DINHEIRO COM ELA, É A DE IGNORANTES. MANSOS.

Em todas as terças-feiras, aqui, sugestão de pauta.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

DESORDEM E REGRESSO 08

Política não é profissão.
É representação, para a gestão temporária de recursos e interesses públicos.
É a “ciência dos fenômenos referentes ao Estado”, na definição do dicionário do Aurélio.
Há outras coisas que se pode dizer da política, mas são todas derivadas disso aí.
O político, portanto, não é um profissional, mas apenas o indivíduo “que trata ou cuida da política”. Qualquer pessoa pode ser um político, bastando que se interesse pelas ações relativas ao exercício do poder no Estado ou à administração pública, de interesse do Estado.

Em um regime democrático, evidentemente, quem determina quais pessoas ocuparão o poder ou administrarão a estrutura estatal, é o povo, através do seu voto individual.
Na medida, no entanto, em que não se sabe em quem votar, essa escolha não é feita pelo povo, mas por quem manipula “politicamente” esse povo, seja através de falsas verdades, seja por imposição da força, seja pelo medo de represálias, seja pela simples compra do voto.
Evidentemente, nesses casos, não há democracia.

Assim, não raramente, o “político” torna-se um profissional, isto é, uma pessoa que atua para servir e representar quem está no poder, recebendo um salário com a única finalidade de trabalhar para manter outras pessoas e quadros partidários nos cargos administrativos.
Elege-se pessoas, assim, não para tratar ou cuidar dos interesses do Estado, mas dos interesses de quem está nesses quadros partidários, mantendo-os ali.
A máquina política é assim azeitada para não ser substituída, jamais e tudo o que e faz é nesse sentido.
Qualquer um de nós, do povo, pode observar num ano de eleições, que os candidatos aos diversos postos executivos e legislativos, continuam sendo os mesmos que se candidataram e se elegeram em eleições anteriores, mantendo-se “na política” até morrer.

Como ocorre no absolutismo das monarquias que foram substituídas pelas democracias.

Mudou-se o que? O processo, apenas. Os objetivos são os mesmos de sempre. Os dos pastores a explorar suas ovelhas.
Promove-se a desordem, sempre que se quer o regresso.
Costuma-se colocar o necessitado contra o remediado, para que se pense que os empresários são contra os trabalhadores e os exploram em troca de salário.
Aí, o político estabelece a esmola que compra o voto, porque o desempregado vai para a dependência dessa esmola, que se diz ser do Estado, quando é apenas do “político” a ocupar um cargo na administração pública.
Quanto mais ignorância, mais doença e mais miséria houver, melhor será para esses “políticos que se tornam profissionais”, afogando as empresas e os indivíduos produtivos com impostos para sustentar a corrupção, que os mantém no poder.

A grande pergunta é: por que as classes produtoras que sustentam o Estado (este não produz nada) aceitam tudo isso e colaboram com essa desordem e esse regresso?
Os políticos profissionais fazem assistencialismo com os recursos da iniciativa privada que paga impostos.
O injusto é que esses políticos profissionais costumam colocar os pobres contra os ricos, negando educação de boa qualidade e saúde para quem mais precisa.

POVO IGNORANTE E DOENTE É POVO DEPENDENTE.

domingo, 25 de abril de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 07

As primeiras imagens de hoje, no meu televisor, foram as da Maratona de Londres, com a vitória de um atleta da Etiópia, que, por meros nove segundos, não bateu o recorde da prova. A cobertura, transmitida no Brasil pelo canal SportTv, mostrou mais que os corredores, inclusive o brasileiro em 6º lugar, Mailson dos Santos. Ali estavam os londrinos à margem do Tâmisa, num fim de manhã dominical ensolarada, a acenar para os competidores, nenhum inglês nas primeiras posições. Coisa bonita de ver. A “City” foi mostrada em vistas aéreas, com toda a beleza da sua arquitetura, graças ao programa espacial que colocou satélites artificiais em órbita da Terra.

Ontem à noite, os noticiários da TV reproduziram imagens do Universo, cobrindo a comemoração dos 20 anos de lançamento do telescópio espacial americano Hubble. Fantásticas formas e cores de galáxias e nebulosas que povoam o espaço cósmico, assim devassado por nossa curiosidade, humana.
Não há como não comparar o homem – a olhar o Universo – e a bactéria, a olhar o Homem.
Menor ainda que a bactéria, numa escala mais adequada, um ser que habitasse um corpúsculo em volta de um elétron, olhando para os átomos ao seu redor, como nós olhamos para as galáxias à nossa volta.
Essa comparação serve para mostrar nossa ignorância, nossa incapacidade de processar dados obtidos com imagens de corpos tão distantes.

Supondo um átomo de carbono, com seis elétrons, como se cada um deles fosse uma “estrela”, esse átomo funcionaria como uma pequena galáxia com seis estrelas em volta do seu núcleo. Só para comparar, diga-se que a nossa galáxia, a Via Láctea, teria mais de 200 bilhões de estrelas em órbita do seu núcleo (há quem, hoje, fale em até quinhentos bilhões).
Agora, imaginemos que em volta de cada uma dessas seis “estrelas”, isto é, elétrons, houvesse um ou mais “planetas”, isto é, partículas dez a cem vezes menores que os elétrons.
Ainda mais fantástico, suponhamos haver numa dessas partículas, seres vivos e inteligentes, que façam telescópios e ponham sondas no espaço orbital.
Finalmente, vamos dizer que esse átomo de carbono é um dos que se encontram no nosso corpo, humano.
Ao olhar para fora do seu “planeta”, que está em órbita daquele elétron, aquele ser vivo e inteligente verá um céu bem parecido com o nosso, com muitos elétrons (estrelas) a formar inúmeros átomos (galáxias) não só de carbono, mas de todos os elementos que formam moléculas em nosso corpo.

Vocês acham que tal ser vivo e inteligente, olhando para o seu céu, terá como imaginar o corpo do ser humano, dentro do qual ele vive? E que esse ser humano é apenas um dos que moram na cidade do Salvador, ou de Londres, ou de...?

A proposta deste blog não é apenas fazer perguntas como estas, mas ir atrás das respostas certas.
Toda proposta exige uma ou mais respostas.

sábado, 24 de abril de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 07

Muita gente contorna os assuntos que este blog apresenta aos sábados, como o peregrino que contorna a floresta, porque esta é tão densa, que ali ele se perderia e não acharia a saída.
Não é aconselhável, portanto, para quem está com pressa, deter-se aqui.
Há, no entanto, um pensamento popular que retrata quem assim procede:

APRESSADO COME CRU!

Se queremos evoluir, portanto, subindo a escada para oferecer horizontes maiores ao nosso ego (ver DESORDEM E REGRESSO às segundas-feiras), a pressa pode, ao contrário do que se pretende, atrasar a caminhada, ou melhor, a subida.
Isso não significa que temos de parar para digerir o que já vimos. Dentro da floresta, devemos dar passos sucessivos, sempre. O que se exige é fazê-lo com orientação, para não se andar em círculos.

Aqui se coloca um novo conceito de espaço-consciência, sendo necessário saber exatamente o que se diz, para não confundir o cenário e se perder os referenciais. De uma vez por todas, temos de não mais falar ou escrever “espaço-tempo”.
Sempre se falou em “três dimensões do espaço e uma do tempo” para medir os fenômenos no Universo e em suas partes, até que o discurso de Einstein apontou para o “tempo” como uma dimensão do “espaço”. Sua quarta dimensão.

Um dos problemas do gênio, contudo, é sua pressa. Ao dizer que “a paciência não é o gênio, mas (...) pode substituí-lo”, Flaubert deixou muito claro que qualquer pessoa pode fazer o que o gênio faz, mas se demora muito mais, porque a genialidade está exatamente na capacidade de perceber e raciocinar com mais velocidade. É uma virtude dos egos superiores, mais evoluídos, não importa o que seja e como seja o corpo ao qual esteja ligado.

Com a sua genialidade, Einstein trabalhou com quatro dimensões do espaço, mas se manteve fiel aos três eixos cartesianos, mantendo separado o “tempo”, com esse mesmo nome e sua individualidade, relacionando-o com o “espaço” numa nova entidade: o “espaço-tempo”.
Os gênios também erram, porque são humanos... e estão apressados.
Por isso, temos de dar aos nossos neurônios frutos colhidos de todas as árvores, para que a salada seja completa.
O conceito de “espaço-tempo” está incompleto, porque faltou determinar um dos seus fundamentos: a natureza do espaço. Trabalhou-se apenas com a matéria e a energia, como se nada mais existisse, sem determinar a origem de uma e de outra.

Já estamos vendo ao longo desta série, aos sábados, que tudo, sem exceção, é consciência que se manifesta em estruturas diversas, as simples compondo as complexas, em permanente evolução. Sem isso, não se concebe que espaço é consciência e assim, as quatro dimensões dele são dimensões da consciência, em quatro eixos de consciência, num dos quais se mede sua duração, que temos chamado de “tempo”.
Se Einstein tivesse visto isso (sua pressa não o permitiu olhar em volta, na floresta), ele não teria falado em “espaço-tempo”, como não falou em espaço-comprimento, espaço-largura, espaço-altura. Ao falar do “espaço”, já se diz tudo. Nesta palavra, já estão todas as suas quatro dimensões. A “duração” (o tempo)é apenas o seu quarto eixo. Com ela, falamos do universo físico, da realidade e da relatividade. Sem ela, temos apenas matemática, geometria, atualidade. Psíquica.

Não se preocupem. Aqui, ninguém deve ter pressa.

Até o próximo sábado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

AVES E NAVES 07

Os documentos que comprovam a estada do padre Bartholomeu Lourenço em Lisboa no ano de 1709 e as suas demonstrações públicas, notadamente a de 5 de agosto, naquele ano, são suficientes para dar a ele a primazia do vôo do primeiro aparelho feito pelo homem, a subir livremente na atmosfera com recursos próprios.
Há um, no entanto, que, além disso, constitui o único texto que afirma ter ele promovido vôos desse aparelho (uma esfera de ar quente com fonte de calor própria) quando ainda se encontrava na Bahia.
Paradoxalmente, esse texto não é científico, mas artístico: um poema. Seu autor, o poeta português Tomás Pinto Brandão, fora companheiro de Gregório de Matos, vivendo em Salvador entre 1682 e 1694, saindo deportado desta cidade, portanto, antes do menino Bartholomeu sair de Santos - onde nasceu - para o seminário de Belém da Cachoeira.
Assim, quando encontrou o padre Bartholomeu Lourenço em Lisboa, em 1709, este já era um homem de 23 anos, famoso por fazer voar suas esferas de ar quente. Era natural que os poetas, como os cronistas, fossem os repórteres e os críticos dos feitos públicos, numa época em que ainda não existia a profissão de jornalista.

Em um dos poemas nos quais tratou do invento desse padre português do Brasil, assim também brasileiro, estão quatro versos que provam ter, tais esferas, voado pela primeira vez na Bahia.

OS SEUS VÕOS NA BAHIA
ALGUM PRINCÍPIO TIVERAM
QUE POR ISTO NÃO O QUISERAM
OS PADRES DA COMPANHIA

As demonstrações feitas com as esferas de ar quente em Lisboa foram necessárias para a obtenção do privilégio que o inventor pedia ao Rei de Portugal. O “alvará de mercê” com o qual o rei concedia esse privilégio está datado de 19 de abril de 1709, o que faz da demonstração realizada para a corte em 5 de agosto do mesmo ano apenas um ato oficial com testemunhas importantes, como o núncio apostólico, Cardeal Michelangelo Conti, doze anos depois Papa Inocêncio XIII.

Evidentemente, uma ou mais ascensões foi ou foram feitas(s) particularmente para o rei, antes deste conceder o privilégio e tanto isso é verdade, que já se sabia do pequeno espaço necessário para ela, programando-se sua demonstração para o ambiente fechado do salão das audiências, no palácio real, a Casa das Índias.
Ora, está muito claro que o 5 de agosto não é a data do primeiro vôo do aeróstato no mundo e muito menos a da invenção, que certamente ocorreu em Belém da Cachoeira, na Bahia, como conseqüência natural dos trabalhos de Bartholomeu com o vapor d’água, degrau do qual passou para o ar quente, como já vimos nesta série de textos.

Das palavras acima, do poeta, podemos tirar outras verdades.
Ele conhecia a Bahia e certamente teve alguma conversa com o Bartholomeu em Lisboa sobre a cidade de Salvador. Deve ter ouvido deste um depoimento sobre os seus inventos em Belém e dos vôos feitos pelo seu aparelho esférico, assim como sobre o porquê de ter saído da Companhia de Jesus ainda como noviço, em 1701, com 15 anos (o Catálogo da Companhia de Jesus de 1705 o dá como ”DIMISSUS” EM 1701), daí concluindo o poeta que “por isso não o quiseram os padres da Companhia”).

Está, portanto, provado e comprovado, que o aeróstato (ainda sem esse nome ou o de “balão”) foi inventado na Bahia, evidentemente em Belém da Cachoeira, por Bartholomeu Lourenço, ainda noviço, anos antes de sua demonstração para o rei em 1709.
Por estas e outras provas, que ainda serão mostradas neste blog.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

ONDE E QUANDO 07

A data de hoje me impele a abordar corajosamente um tema explosivo, do qual se tem fugido, ou melhor, ao qual se tem evitado, porque é mais cômodo deixar que a chuva destrua o que se constrói, do que construir um teto e um sistema de drenagem para as águas livres.
A data é a do Descobrimento do Brasil, porque é a da chegada de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, na Bahia (22 de abril de 1500). Primeiros homens civilizados a tocar no solo selvagem, com gente selvagem, com referenciais apenas na mãe Natureza, provedora de todas as necessidades e castigos.
Há quem pretenda e consiga desviar o principal da questão, mudando o seu foco para uma discussão estéril sobre o nome (descobrimento ou achamento), ou outra, sobre os benefícios da adaptação ao natural contra os malefícios da civilização, como se os índios de hoje não fizessem uso de algumas conquistas da tecnologia e da ciência, desde medicamentos até aparelhos e máquinas de uso pessoal.

O fato é que este país era ocupado em 1500 por pessoas que viviam em guerras permanentes (entre as tribos e aldeias), comiam-se uns aos outros (não importam os motivos), viviam com o único objetivo de sobreviver, exatamente como os animais e usavam o cérebro para a memória e o processamento de dados relativos ao ambiente, ao clima e às relações com outras pessoas, amigas ou não.
Sua filosofia restringia-se à busca do conhecimento proporcionado pelos fenômenos naturais em sua ação criadora (a fertilidade humana e animal era um mistério insolúvel) ou punitiva, compensando sua ignorância com imagens e idéias fantásticas, mas experimentando sua racionalidade para formar um catálogo de resultados que dava poder aos pagés, sempre muito ágeis ao fazer um teatro para apresentar suas receitas mágicas.
Tinham arte, mas não tinham escrita. Para que a teriam? A escrita só surgiu com a necessidade do homem em transmitir conhecimento ou fazer memória. É o primeiro sinal da civilização. A língua dos índios (tupi) só foi escrita com a chegada do europeu aqui.

Nesse cenário primitivo e selvagem, em 1500, neste território onde hoje pisamos, surgiram homens em suas naus, com velas, cobertos por roupas, com armas de fogo e outros objetos “mágicos”.
Não eram deuses. Eram civilizados. Invadiram e tomaram, sim, mas os índios também invadiam e tomavam. Aldeias indígenas eram destroçadas por outros índios, que matavam e tomavam. Selvagem ou civilizado, o homem é o mesmo, como pessoa. Com tecnologia, evidentemente, tem mais poder.

Por que se condena tanto, então, a chegada e a presença danosa do civilizado? Onde e quando isso aconteceu, deve-se apenas à ação religiosa, ao fanatismo cristão, que não aceitava o pagão. A ordem de Roma era destruir e matar, se necessário, para impor o cristianismo, punindo os infiéis. Outras religiões fizeram e ainda fazem o mesmo.
No Brasil, os jesuítas, no entanto, tiveram uma ação quase apenas de educação e catequese, tal o primitivismo aqui encontrado. Muitos falam de escravidão, mas esta também aconteceu na Grécia, em Roma, em todos os lugares, com gente de todas as raças. Quem ignora que os brancos também foram escravos? Só não vivem dizendo isso.

O dia 22 de abril deveria ser comemorado, sim, em todas as escolas, para que tudo fosse discutido e não falassem apenas os políticos comprometidos com ideologias que identificam os europeus com o capitalismo. O erro se transmite. Os ignorantes assim permanecem. Não aprendem nunca. Não são estudiosos. São agentes.

Tire-se as máscaras e diga-se o que se pretende sem tapar o Sol com uma peneira.
Com coragem e humildade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

LETRA E MÚSICA 07

Minha primeira visita à Feira do Livro de Frankfurt foi feita como turista. Morando dois meses em Freiburg, um pouco mais ao Sul, gozando bolsa de estudo do alemão, dada pelo Goethe Institut, aproveitei um fim de semana para estar ali justamente nos dias abertos ao público, daquele evento, em 1990.
Não poderia imaginar, então, que quatro anos depois voltaria lá, mais uma vez convidado pelos alemães, para cumprir um roteiro pelo país, que terminaria exatamente naquela feira, sendo o Brasil o “País Homenageado”.
Tudo precisamente cronometrado, até uma entrevista com o Diretor da Feira, em rigorosos dez minutos, nos foi oferecido para que tivéssemos, os cinco escritores brasileiros que formavam o grupo, uma visão real daquilo que se pode chamar de “o modo de ser, viver e fazer do povo alemão”.

Hoje, o novo Diretor da Feira de Frankfurt, Juergen Boos, acena com a possibilidade de já nos próximos dias estar anunciando que o Brasil voltará a ser homenageado no evento, em 2013.
Isso significa que teríamos um espaço entre os pavilhões da Feira para montar uma exposição não só de livros, mas de tudo o que é o nosso País, mostrando-se evidentemente que somos “Um País que Lê” (está aí um bom “slogan”).
Mais que apenas tal exposição, contudo, nessa ocasião, os organizadores espalham eventos paralelos por toda a cidade, em áreas privadas, o que nos permitiria oferecer amostras da nossa Cultura para exportação.

Se os políticos de plantão não quiserem aproveitar essa oportunidade para convidar os povos a vir no ano seguinte para a Copa do Mundo – isso seria ridículo – poderíamos mostrar exatamente o contrário, que não somos apenas o País do Futebol e que o nosso povo tem mais do que os pés, usando a cabeça para outras funções, além daquela de chocar-se com uma bola.

Naquela “Buchmesse” de 1994, deve ser lembrado, o resultado mais duradouro da presença brasileira como homenageado foi a introdução da caipirinha no cardápio dos bares alemães (e não só alemães), graças à divulgação da receita (com gustação) no estande da editora Melhoramentos, que levou e distribuiu fartamente um livreto com todas as instruções.

Perdeu-se, então, uma grande oportunidade de transformar nosso tímido e medíocre método de vender livros num agressivo procedimento de comércio exterior para exportar obras literárias e direitos autorais.
Enquanto até países asiáticos estão jogando “bestsellers” no mundo ocidental, nós continuamos fiéis às nossas raízes, concentrando baterias em autores cujas obras já estão em domínio público e cujo sucesso é apenas nacional, devido mais às adoções escolares (compra e leitura obrigatórias) do que ao gosto popular.

Voltem na próxima quarta-feira.

terça-feira, 20 de abril de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 07

Na terça-feira passada (ACHADOS E PERDIDOS 06), assim como ontem (DESORDEM E REGRESSO 07), este blog lançou a idéia de que o ego (seja o humano ou outro qualquer) é uma entidade psíquica eterna que não se encontra dentro do corpo (humano ou outro qualquer), como se pensa, penetrando nele com o seu nascimento e saindo dele com sua morte.
Mostrei, aqui, ser a crença numa alma ou espírito que entra e sai dos corpos, inaceitável pela ciência, nada havendo em qualquer lugar da Natureza ou de feitura humana, que mostre isso ou se pareça com isso.

Fato científico e tecnológico é que o Homem fez o Computador Eletrônico (e está fazendo o robô) à sua imagem, sendo este concebido pelo seu ego neural (físico e consciente, no cérebro) e desenvolvido durante muitos anos, do mesmo modo como a Estrutura de Consciência Individual (leiam FÍSICA E PSÍQUICA aos sábados) fez o Homem à sua imagem, sendo este desenvolvido ao longo de muitos milênios de evolução, desde as rochas e os seres vivos unicelulares.

Assim como o homem atua sobre seu computador eletrônico, ligando-se sucessivamente a cada CPD (central de processamento de dados), que é substituída quando seu HD (disco rígido) “morre”; a ECI (estrutura de consciência individual) atua sobre o seu computador biológico (humano, por exemplo), ligando-se sucessivamente a cada corpo físico, que é substituído quando seu cérebro morre.

Ninguém vai absorver esses novos dados rapidamente, sem um necessário processo de coleta de muitos deles e um longo processamento (amadurecimento), de modo que devem ter, todos, muita paciência, visitando este blog regularmente.
Neste primeiro momento, é necessário começar a ver que essa estrutura de consciência individual (ECI) não fica a entrar e sair de um corpo, como o homem não fica a entrar e sair de uma CPD. Ambos estão “fora do corpo” e apenas se ligam a ele ou se desligam dele.
Nosso objetivo, agora, é atrair a atenção da mídia para esse novo conhecimento, essa nova notícia, que é a base para a solução de um problema universal e muitas vezes milenar, porque o homem tem buscado conhecer como foi criado e vem acumulando muitas idéias, geralmente conflitantes, criando deuses criadores, que não deixam de ser verdadeiros, se considerarmos que o próprio homem é um deus criador de computadores e outras coisas mais.
Parece-me, portanto, ser esta a notícia mais importante do mundo, em todos os tempos, revelando o modo científico de abordar e investigar para comprovar não só a origem e evolução do homem como de toda a existência no Universo.

Já publiquei, há dois anos, um artigo numa revista científica (do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia) sem qualquer repercussão, apesar de estar disponível no Google (“Teoria Unificada do Universo”). Provoquei a Academia a discutir o assunto e não obtive resposta. Parece que os cientistas têm medo de encostar nessa fonte de alta energia e queimar-se. Os religiosos têm medo de esvaziar o seu discurso.
Estou me atirando aos leões, sem medo algum, porque toda prova é baseada em evidências e elas estão aí, à disposição de quem quiser ver. Não estou falando de filosofia, mas de ciência com aplicação tecnológica comprovada.

O HOMEM FOI FEITO DA MESMA FORMA COMO ELE FAZ AS COISAS.

A diferença está no processo. O da Natureza (Estrutura de Consciência Individual) é químico-biológico. O do Homem é mecânico-eletrônico.
O artigo acima mencionado mostra o que é a Estrutura de Consciência Individual, que evolui continuamente em complexidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

DESORDEM E REGRESSO 07

Na segunda-feira passada (DESORDEM E REGRESSO 06), foi dito aqui, que “todos nós, da pedra que se solta da montanha até o homem mais intelectual do planeta, existimos para evoluir, cada um crescendo durante sua existência e se multiplicando, isto é, se reproduzindo, aumentando continuamente a população, até que uns comam os outros ou simplesmente se destruam ou ainda mais simplesmente, sejam destruídos por conjunturas estruturais da Natureza em evolução, porque cada indivíduo (mineral, vegetal, animal ou intelectual) está sempre sofrendo experiências, fazendo observações, aumentando sua memória, processando dados em análises e tornando mais complexas suas estruturas de consciência, que exigem novas formas físicas para realizar funções mais complexas, sacrificando-se a quantidade em benefício da qualidade”.
A boa notícia – repito – é que, individualmente, ninguém (nenhum ego) deixa de existir e toda desordem (regresso coletivo) leva à ordem e ao sistema que produz a evolução (progresso individual).

Esta evidência é percebida no cotidiano à volta de todos, esteja-se onde estiver, no meio da desordem e regresso (caos) coletivos, onde e quando se percebe a diferença dos egos individuais, uns seguramente mais evoluídos do que outros.
Não me refiro à percepção de aspectos físicos, genéticos, mas a dos comportamentos, do caráter de cada um, dos valores individuais mais elevados e sofisticados.
Não se trata de ser branco ou negro ou amarelo, nem de ser grande ou pequeno, forte ou fraco, alto ou baixo, fisiologicamente doente ou saudável. Não é questão genética, portanto.

Percebe-se à nossa volta, que um ego é mais evoluído do que outro, pelo seu comportamento, pelas suas atitudes, pelos seus valores intelectuais, pela sua consciência e sem a menor dúvida, também pela complexidade da sua estrutura física, porque esta se ajusta à complexidade da estrutura psíquica.
Ouso contrariar os que atribuem fatores ambientais como motivadores da evolução dos seres. Prefiro ver que a consciência de cada estrutura espacial (leia-se aos sábados neste blog a série FÍSICA E PSÍQUICA), se combina com outra para evoluir em complexidade, gerando estruturas físicas mais complexas para realizar funções ideais mais complexas.
Daí se verificar que estruturas físicas e psíquicas vegetais são mais complexas que as minerais e que as animais o são, mais que as vegetais e que as intelectuais o são, mais que as animais.
Entre os intelectuais, também se observa níveis de consciência mais elevados do que outros, seja pela quantidade, seja pela qualidade das informações obtidas por cada um.

Evidentemente, cada ego neural localizado no cérebro, assim tão mais evoluído quanto mais e melhor informado, morre com a morte do cérebro, isto é, do corpo humano.
TODA A INFORMAÇÃO QUE ESTÁ NELE, DESAPARECERIA SE NÃO FOSSE PASSADA PARA OUTRO EGO.

A BOA NOTÍCIA, PORTANTO, É QUE ESTE EGO NEURAL ESTÁ LIGADO A UM OUTRO EGO (INCONSCIENTE) FORA DO CORPO.
Um ego inconsciente para cada ego neural, que existe antes do nascimento e continua existindo após a morte desse corpo e que comanda o cérebro dele, ao qual se liga, como um homem comanda o HD (o disco rígido) de cada computador ao qual se liga. Esse HD não tem consciência do ego do homem, que o comanda.
Assim, quem evolui, eternamente, não é seu ego mortal, mas seu ego imortal.

Se não fosse assim, seria uma contradição da Natureza, tão perfeita em suas leis e propostas. Não haveria a estrutura e evolução geológica e biológica na Terra, se as conquistas evolutivas da Natureza não fossem mantidas e se prevalecesse o desperdício da destruição do que chega aos níveis mais elevados.

A evolução física é mantida pelo arquivo genético, já sabemos todos.
E a evolução psíquica?
Se o ego tivesse apenas seus arquivos no cérebro, morreria com a morte do corpo e tudo começaria de zero em cada corpo, sucedendo-se o longo aprendizado no lar, na escola e no ambiente social.
Como explicar, então, um gênio que surge num lar desestruturado ou inexistente, freqüenta uma escola medíocre e vive num ambiente sócio-cultural castrador?
Sem necessidade de ir buscar subsídios na religião oriental ou na doutrina espírita de Allan Kardec, o próprio método científico já nos permite estudar a consciência como acima proposta para se provar que há um ego permanente e individual FORA DO CÉREBRO, ligado continuamente ao ego neural (no cérebro), desde o nascimento até a morte deste.
Um ego imortal e inconsciente para o ego neural (humano), que evolui eternamente com as experiências vividas através de cada corpo material, na Terra, ligando-se sucessivamente a muitos deles.

Já me alongo demasiadamente para a dose desta segunda-feira. Prometo voltar na próxima semana.

domingo, 18 de abril de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 06

Este blog não pretende ser igual a qualquer outro. Não pretende ter milhares, centenas ou dezenas de seguidores. Pretende apenas o que propõe no seu título: refletir o conhecimento recebido e processado. Pretende registrar e informar. Nunca, convencer.

Sua característica principal: tem apenas textos. Um por dia, em sete colunas semanais, cada uma vinculada a uma linha de pesquisa, de estudo ou de observação.
Há textos fáceis, imediatos. Há textos difíceis, que exigem preparação por parte do leitor, não porque se queira eles inacessíveis, mas porque não se pode chegar ao 50º degrau de uma escada, sem passar pelos outros 49 inferiores.
Recentemente li uma frase preocupante: “Cada vez há menos textos para satisfazer mentes mais exigentes”. Há uma fome. Há quem os procure e não os encontre, até mesmo nas publicações acadêmicas. Muita gente com capacidade para produzi-los desperdiça seu potencial, atendendo outros interesses.
Os grandes problemas do Universo, do planeta Terra, da Humanidade ou apenas do Homem como indivíduo; ontológicos, que buscam respostas inovadoras, antes mesmo de soluções, estão sendo negligenciados pelos pensadores mais capazes, por medo ou por compromisso.

Outra característica deste blog: não pretende receber respostas para ele, mas as solicita para todos. O espelho reflete a imagem e nada mais. Não é necessário comentar sobre a imagem recebida. É como um livro que se compra e lê. Não é preciso responder ao autor. É como um jogo de futebol que se vê. Não é preciso mandar opiniões para os jogadores. As frutas estão penduradas nas árvores para ser colhidas e comidas. Não há que se dizer coisa alguma para as árvores.
Responder a tudo e a todos é uma perda de tempo. Há quem escreva para jornais e revistas apenas para elogiar os redatores, como se isso fosse necessário. Quem tem consciência do que escreve não precisa dessa confirmação. Quem não tem, não a merece. Por que então perder-se tempo com isso?
Se, por outro lado, o objetivo é a crítica, construtiva ou destrutiva, também não é necessária. Cada pessoa tem a sua verdade e só escreve ou fala de acordo com ela e não com a do leitor ou a do ouvinte. Só aceita uma crítica quem não precisa recebê-la, porque já tem consciência de seus erros e assim decide corrigi-los.

Não se deve, portanto, perder tempo. Quem está subindo uma escada deve procurar o reflexo de quem está nos degraus acima dele e não o de quem está abaixo. Estes devem ser ignorados. Só isso. Não se deve perder tempo com eles. Cabe a cada um fazer o seu esforço para subir a escada, procurando as luzes de quem está acima, porque passam por superfícies que as refletem (espelhos). Só essas. As de baixo não iluminam, porque passam por superfícies que as absorvem, porque precisam delas.
Os sábios sabem que devem ler muitas vezes o mesmo texto, como se deve mastigar muitas vezes um pedaço de carne. A rápida ingestão causa indigestão. Nada se aproveita dela. Salvo como fertilizante agrícola.

Com essas “dicas”, é desnecessário perguntar. E responder.

sábado, 17 de abril de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 06

No sábado passado (FÍSICA E PSÍQUICA 05), disse aqui ser a REALIDADE relativa e depender da duração da consciência (tempo).
Escrevi que Einstein errou, ao afirmar que o tempo (duração da consciência) altera o espaço, quando deveria dizer que altera a percepção do espaço. Pode-se pensar que é a mesma coisa, mas não é.
O espaço é a consciência em quatro dimensões. Existe, SEMPRE, mesmo quando uma (sua duração) ou mais delas tem valor zero. Matematicamente (psiquicamente, portanto) continua existindo.
Se a duração, contudo, é mensurável, isto é, tem valor positivo e diferente de zero, a REALIDADE observada dependerá de cada observador, considerada sua posição, seja qual for a duração da observação, isto é, da consciência do fenômeno segundo a capacidade de percepção de cada um.
Esse fenômeno só será real, se houver pelo menos um observador. Não havendo um, sequer, o fenômeno, ainda assim, existirá, em sua própria consciência, somente nela, numa sucessão de “agoras”, ou seja, de atualidades de um espaço significativamente apenas tridimensional (tetradimensional com a duração zero).
Assim, usemos a famosa imagem do trem que se desloca numa estação.
Para o trem, ou para os que estão nele, sem olhar para fora, se nada e ninguém se mover dentro dele, há uma realidade apenas para quem está acordado e consciente da duração de sua observação.
Se todos estiverem dormindo, inconscientes, a duração da consciência de cada um será zero e o trem estará REALMENTE parado, vivendo, todos, uma ATUALIDADE.
Mas esse trem realmente se desloca, para os observadores que se encontram na estação, cada um com sua própria experiência, função da duração da própria consciência, conforme sua posição em relação ao trem.
Entre esses observadores, temos de incluir tudo e todos, inclusive, inequivocamente, os trilhos, nos quais rola a composição ferroviária, assim como todos os demais corpos ali existentes, todos conscientes, segundo a PSÍQUICA (não considerados pela PSICOLOGIA).

Não é fácil acordar, com um panorama complexo em formas e cores à nossa frente. Em casos assim, é necessário olhar lentamente cada coisa, para absorver o significado de cada uma. Repetir a observação tantas vezes quantas for possível, até compreender tudo. Estou fazendo isso há mais de cinqüenta anos e só agora me sinto em condições de refletir a luz recebida, com um mínimo aceitável de deformação das imagens.
É fundamental dominar esta questão inicial, sem a qual não se chega a uma teoria unificada do Universo, aquela que explica todas as leis, fenômenos e elementos do espaço infinito organizado em estruturas que evoluem porque constituem a evolução da consciência (do espaço, portanto) em cada uma.

Assim, a Teoria da Relatividade serve apenas para a REALIDADE (a FÍSICA), em segmentos do Universo. Não explica, sozinha, o Universo Absoluto, único e infinito em suas quatro dimensões.
Quando Einstein referiu-se ao “espaço curvo”, esqueceu-se de limitar esse conceito a aspectos relativos da observação dos fenômenos submetidos à ação gravitacional em cada segmento do Universo, podendo-se dizer que este é composto por vários lugares e momentos curvos, dentro de um espaço único, infinito e informe.
Não se deve dizer que uma caixa é curva pelo fato de que está cheia de bolas de diversos tamanhos em seu interior.
Cada REALIDADE gravitacional determina a curvatura de um segmento do Universo, podendo ele ser um conjunto de segmentos encurvados pela ação das “massas” (estruturas de consciência) ali presentes, o que não o faz inteiramente curvo. O que é infinito não tem forma.
Não nos entenderemos, se não formos precisos em nossas afirmações. Um ano não é ou são doze meses. Um ano tem doze meses. Cada mês é um mês.

Voltem no próximo sábado. Até lá, pensem numa bactéria a explicar o ser humano.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

AVES E NAVES 06

Não se tem documentos sobre A PESSOA Bartholomeu Lourenço, na Bahia, salvo o seu registro no seminário da Companhia de Jesus. Nenhum traço do seu rosto, nenhum dado sobre seu corpo, qualquer menção ao seu caráter ou ao seu temperamento, ou mesmo aos seus relacionamentos com gente.
No que se refere aos seus inventos, só há registro a partir dos seus pedidos de privilégio, seja o da obra de elevação da água (à Câmara da Bahia, 1705), seja o do “instrumento de andar pelo ar” (ao Rei de Portugal, 1709).
Como não se dispõe de mais do que esses textos, da lavra dele, temos de procurar em suas palavras o máximo que elas podem revelar e até na ausência de outras, o que não passava por sua cabeça.
Assim, por que teria ele utilizado a expressão “andar pelo ar” e não, simplesmente “voar”? É evidente que só se usava esse verbo para a locomoção das aves no céu, assim como das abelhas e outros insetos alados ou, na literatura religiosa, dos anjos.
Vale a pena, de passagem, notar que nos desenhos religiosos só estes têm asas. Jesus teria subido ao céu sem elas. Há referências nos evangelhos a anjos que O esperaram perto do sepulcro, para transportá-lo ao sair. Só voava, quem tinha asas. Era isso o que se pensava.
Podemos considerar, portanto, uma evidência, que Bartholomeu não trabalhava com asas para “andar pelo ar”. Não seguiu, portanto, os apontamentos teóricos de Leonardo da Vinci, como outros o fizeram, sem sucesso. O artista e engenheiro florentino estudou o movimento das aves e fez a primeira teoria do vôo realmente científica, descobrindo a aerodinâmica e o seu princípio fundamental, do relacionamento da posição da asa com o fluxo do ar sobre ela (ou da passagem dela pelo ar).

Proponho arriscarmos afirmar que Bartholomeu não teve, em momento algum, o propósito de estudar o vôo e assim levar o homem a voar. Se quisesse isso, teria trabalhado com asas. A idéia de levar alguma coisa a sustentar-se no ar deve lhe ter surgido como conseqüência de suas experiências com o vapor para elevar água por meio da destilação.
Associar essa idéia à esfera proposta pelo padre jesuíta italiano Francisco Lana (1670), fazendo-se o vácuo nela para levar uma nave ao espaço aéreo, pode ter sido o gatilho para chegar a sua esfera com ar quente.

A história das invenções nos mostra que nenhuma delas é fruto de uma única pessoa.
O inventor que registra a patente (antigamente pedia-se o privilégio para explorá-la) é apenas o que conclui o processo teórico iniciado por outros, em ações que podem demorar até séculos, como ocorreu com o avião.
Precisamos, assim, cientificamente, de uma linha investigatória com as premissas acima para se concluir, provavelmente, que Bartholomeu Lourenço formulou a teoria da aerostação como uma conseqüência da sua experiência com o vapor d’água e imediata associação deste com o ar quente, só depois visando aplicar esse conhecimento na construção de uma nave a “andar pelo ar”, como está escrito no seu pedido de privilégio.

Um coisa, no entanto, é o texto desse pedido e outra é a demonstração pública da primeira ascensão da esfera de ar quente, realizada no interior da Casa das Índias em 5 de agosto de 1709.
A análise daquele texto e a dos poemas de Tomás Pinto Bastos nos leva a novas descobertas sobre o que esse poeta chamou de “passarola” e considerou como “os seus vôos na Bahia”.

É o que veremos aqui nas próximas sextas-feiras.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

ONDE E QUANDO 06

Abrindo o seminário “A Urbanização de Salvador em Três Tempos”, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, dois dias atrás, a Profa. Maria Hilda Baqueiro Paraiso, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBa fez uma palestra sobre “Os Índios na Conformação Urbana de Salvador”.
Com a seriedade que caracteriza seus trabalhos de pesquisa, ousou (como deve ser) colocar alguns pontos nos is, mostrando, por exemplo, que o “sobrenome” Paraguaçu, da índia Catarina (do Brasil), do século XVI, nunca existiu de fato, sendo apenas uma invenção poética do século XVIII, acrescentando que não se tem conhecimento do nome do seu pai, ao qual se costuma atribuir o de Taparica.
Isto certamente desagrada historiadores de plantão e horas vagas e explica por que, sempre que sou informado e posso, compareço aos lugares onde ela fala ou aos textos que ela escreve.
Conheço-a desde os tempos em que contribuiu com a sua qualidade para dar visibilidade à Associação de Arqueologia e Pré-História da Bahia, nos anos 1970/80. Quem a vê, hoje, contudo, não diz que tanto tempo já se passou.

Ao fim do seu pronunciamento, sentou-se para responder perguntas e estas choveram, de um auditório (o salão nobre do IGHB) lotado. Uma destas referiu-se aos materiais utilizados nas primeiras casas de Salvador, quando uma arquiteta afirmou serem estas feitas de barro, porque havia pouca pedra na cidade, tirada, esta, da montanha, referindo-se à falha onde hoje está a Ladeira da Montanha.
Aí, então, a Profa. Maria Hilda, humildemente, questionou o fato dessa “montanha” não ter nome, perguntando se alguém o conhecia. Isso me obrigou a levantar o braço e colaborar com aquele importante debate, dentro do meu conhecimento como engenheiro e ex-aluno do já falecido professor de geologia Walmor Barreto, que nos ensinou ser a referida falha resultante de um abatimento do terreno ondulado que existia onde hoje é a Baia de Todos os Santos (já me referi a isto, neste blog).

Apresentei, então, como conclusão lógica, à luz da geologia e da geografia, que, não havendo originalmente nenhuma montanha na região, também nenhuma foi criada, não se devendo considerar a meia centena de metros de desnível entre as partes alta e baixa desta cidade como encosta de montanha. O nome da ladeira, portanto, é impróprio, porque leva o intelectual atento a fazer o questionamento pronunciado pela referida estudiosa e pesquisadora, assim provocada a responder uma pergunta que ninguém tinha feito, mas precisava ser feita.

Já tradicional, não deve esse nome, portanto, ser mudado, mas mantido como monumento ao costume de dar nomes impróprios aos logradouros, com base apenas em aparências não raramente enganosas e em atos políticos enganadores, que nomeiam ruas, escolas, hospitais e tudo o que é público, assim como prédios de condomínio, apenas para imortalizar amigos e parentes ou a si próprios, servindo tão somente à Vaidade.

Onde e quando se começará a ouvir os estudiosos, os filósofos e os artistas nesse mister?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

LETRA E MÚSICA 06

Nunca é demais ou extemporâneo falar de ou escrever sobre Sir Artur Conan Doyle e sua criação mais importante: a dupla de personagens Sherlock-Watson.
Dois homens sozinhos num pequeno sobrado da Baker Street, em Londres, sem que, num único conto ou capítulo dos muitos livros escritos, sequer numa única frase, houvesse qualquer suspeita de homossexualidade.
Não havia (nem há) por que pensar nisso, sabendo-se do interesse do leitor apenas pelo objetivo maior na literatura policial de mistério, ou seja, a busca da solução para um crime, com a identificação do seu autor.

Embora Doyle não seja pioneiro (deve-se creditar a Edgar Allan Poe a inovação do processo científico na investigação criminal, na ficção), foi ele quem criou o paradigma do romance policial científico, centrado na dedução, na lógica, na matemática do raciocínio preciso, com base nos dados levados para os neurônios do cérebro.
A famosa Agatha Christie se inspiraria em Sherlock Holmes para criar o seu Hercule Poirot, que chegava a se referir a esse processo, ao falar na sua “massa cinzenta”.
Outros escritores têm feito o mesmo, como obrigatória e silenciosa homenagem a Doyle.

Criticada como literatura fácil de ler (justamente por isso), mas difícil de produzir, a ficção policial científica européia impôs-se por sua proposta de pouca ou nenhuma brutalidade do investigador e a desnecessária presença do sexo entre as suas necessidades, ao contrário da norte-americana, com detetives violentos em situações de elevada sexualidade, respeitadas as exceções, merecendo referência os romances de Ellery Queen.

Ressalvada a fidelidade de fanáticos leitores desses escritores puramente racionais, deve-se registrar a atual crescente opção pela tecnologia policial a dominar os processos investigativos nas séries de televisão do tipo CSI. A preferência pelo “show” químico-eletrônico de laboratórios caríssimos de corporações policiais é, contudo, apenas o sinal de que o “leitor” é comodista, trocando sua própria capacidade de raciocinar e imaginar como parceiro do autor, pelo conforto de apenas ver e ouvir o que os personagens mostram e falam, trabalhando em equipe.

Com isso, o leitor perde o melhor da proposta da ficção policial científica de mistério: a possibilidade de descobrir junto com o investigador do livro (ou até mesmo antes dele o revelar), quem cometeu o crime.
Assim como a possibilidade de parar a leitura e levar um dia ou mais pensando nas pistas e nos comportamentos dos personagens envolvidos no caso.

Elementar, meu caro Watson!

terça-feira, 13 de abril de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 06

Há dois tipos de descoberta. A que complementa ou altera levemente o que todo mundo já sabe, caso, por exemplo, do raio laser, que apenas concentra mais a luz já conhecida por todos; e a que substitui estruturas bastante sólidas (científicas, econômicas, sociais, religiosas) com um perigo para pessoas (poucas ou muitas), que, por isso, fazem tudo para não revelá-la abertamente.

Exemplo: enquanto uma empresa industrial não fatura com um produto o suficiente para pagar todos os seus custos de pesquisa e produção, não lança no mercado outro produto (já inventado), que o substitúa.
Guarda o segredo a sete chaves e faz o possível para não permitir que outros tenham a mesma idéia e saiam na frente.

A mídia (imprensa, televisão e rádio) costuma aceitar esse jogo e ainda que “fure” o sistema de proteção da informação, publicando alguma notícia, esta acaba caindo no vazio ou é desmentida.
Talvez por isso, tenha tanto receio de divulgar algo que não esteja ainda consagrado pelo uso ou pela declaração de alguém já consagrado pela fama.
Essa mídia “medrosa” está coerente com o princípio de que “gato escaldado tem medo de água fria”. Em outras palavras: tem medo da “barriga”, que é o oposto do “furo”. Se este revela uma notícia em primeira mão, antes dos demais; ela é sinônimo de notícia falsa. O autor do “furo de reportagem” pode ser promovido. O jornalista que produz uma “barriga” pode ser demitido.

Imaginem vocês uma primeira página de jornal ou capa de revista com a manchete: “PESQUISADOR AFIRMA QUE O INCONSCIENTE DO HOMEM ESTÁ FORA DO SEU CORPO”.
Ainda mais, no texto: “Ao nascer, o ser humano tem uma consciência neural, um ego no próprio cérebro, formado no útero materno, com memória e processamento próprios. Com a primeira inspiração, recebe a energia que liga este cérebro a um ego fora do corpo, que tem caráter próprio, evoluído em sucessivas re-ligações como essa, com corpos que nascem e morrem. Assim, ao morrer cada corpo de um ser humano, com a última expiração, desliga-se o ego fora do corpo, enriquecido com as experiências sofridas por aquele, durante aquela vida. Esse ego fora do corpo, eterno, é o Inconsciente que comanda cada ser humano, ao qual muitos oram, pedindo favores e às vezes os recebendo. Há quem o chame de Senhor”.

Só há um ponto ainda desconhecido, nesta notícia: a de que o Ego Inconsciente (há quem o chame de Alma ou Espírito) não entra no corpo com o nascimento e sai dele com a morte, mas permanece onde sempre está, fora do corpo, ao qual apenas se liga no nascimento e do qual se desliga na morte, mantendo contato direto com o Ego Consciente, que morre com o cérebro.

Vou fazer uma experiência. Publico esta notícia, hoje, neste blog e começo a mandá-la para a mídia impressa (jornais e revistas brasileiros). Vamos ver se alguém me pede detalhes sobre o assunto. Ninguém o fará, porque tem medo de publicar uma “barriga”.

O que é uma pena, porque seria um “furo”.

Continuem lendo este blog, que não tem medo e lhes dá esse “fu(tu)ro” hoje.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

DESORDEM E REGRESSO 06

Quem ainda não perguntou, para os seus botões, por que está vivo?
“Por que estou aqui?” – “Por que eu nasci?” – “Por que eu existo?”
Perguntas como essas costumam ficar sem resposta que satisfaça a todos.
Os religiosos relaxam com a idéia de que tudo é resultante da vontade e dos planos de Deus, que criou o homem, no conjunto de toda a Sua obra. O problema é d’Ele, portanto e não nos cabe discutir o assunto.
Os ateus ficam com a suposição de que somos um acidente da Natureza. O problema é de cada um dos homens, dos animais, dos vegetais, dos minerais, em sobreviver.
Ah! Somos o resultado da evolução das espécies! Assim disse Charles Darwin. De vez em quando descobre-se um novo “primeiro homem”, o famoso “elo perdido”. Há quem tenha a certeza de que esta é a resposta.
Mas aí apareceu uma nova “certeza”: os homens são todos iguais. Foi feita uma lei para garantir isso e ai de quem, “preconceituosamente”, disser o contrário. Dá até cadeia.

Como ninguém jamais está satisfeito, surge uma nova pergunta: “Para que existo?” Muita gente imagina que nasceu para comer, fazer sexo e dormir, porque não há quem escape dessas obrigações. Outros estão seguros de que só o trabalho justifica sua existência e assim trabalham até quando estão na praia tomando uma cerveja. Estes, se não puderem levar suas preocupações para lá, preferem não ir ao banho de mar.
Na realidade, tudo isso pode ser resumido numa única frase, que teria sido uma ordem de Deus, após a Criação: “Crescei e multiplicai-vos”.
Nada mais adequado, para provar a evolução, não precisamente das espécies, mas da consciência (sobre “consciência”, leia-se neste blog, aos sábados, FÍSICA E PSIQUICA).
Todos nós, da pedra que se solta da montanha até o homem mais intelectual do planeta, existimos para evoluir. Para isso, cada um cresce durante sua existência e se multiplica, isto é, se reproduz, aumentando continuamente sua população, até que...

NÃO HAVERIA LUGAR PARA TODOS, SE ESSE PROCESSO NÃO PARASSE.

Até que uns comam os outros ou simplesmente se destruam ou ainda mais simplesmente, sejam destruídos por conjunturas estruturais da Natureza em evolução, porque cada indivíduo (mineral, vegetal, animal ou intelectual) está sempre sofrendo experiências, fazendo observações, aumentando sua memória, processando dados em análises e tornando mais complexas suas estruturas de consciência, que exigem novas formas físicas para realizar funções mais complexas.
(Podem registrar a data em que esta frase, aí acima, está sendo publicada pela primeira vêz e aproveitem para anotar a seguinte, aí abaixo).
Faz parte desse processo, sacrificar a quantidade em benefício da qualidade.

A boa notícia disso tudo é que, individualmente, ninguém (nenhum ego) deixa de existir e toda desordem (regresso coletivo) leva à ordem e ao sistema que produz a evolução (progresso individual).

Na próxima segunda-feira tem mais.

domingo, 11 de abril de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 05

Estamos vendo cenas infernais na televisão, principalmente as de Niterói, onde muitas casas desceram numa avalanche de terra sobre casas feitas num monte de lixo, tudo resultado da ignorância consentida e até promovida pelos políticos que compram votos com pequenos favores, inclusive dando material de construção para que os miseráveis façam seus barracos nas encostas dos morros.

Assassinos! Sentirão algum remorso? Talvez sejam também ignorantes. É no que dá, ignorante dando voto para ignorante e os elegendo para cargos públicos. Democracia...

Por outro lado, os religiosos dizem que Deus manda perdoar sempre aos que erram, o que estimula todos ao erro a favor dos seus interesses e assim, ao perdão. Os místicos, ao contrário, sabem que Deus não perdôa, nunca. Deus sempre castiga, pune, porque o sofrimento é a escola que funciona, para quem não quer estudar, informar-se e usar o conhecimento para evoluir. A diferença entre os religiosos e os místicos é que aqueles rezam para pedir e estes se informam para pensar e fazer.

Ao invés de dinheiro como esmola, deve-se, portanto, dar informação. O indivíduo que está bem informado vai ganhar o dinheiro que precisa com trabalho, com produção, mesmo que não tenha emprego.

Aqui, neste blog, informa-se a quem busca o conhecimento. Dias atrás, alguém me disse ter ouvido de uma pessoa, que esta entrou no blog e “achou que tinha texto demais”. Não tem texto demais. Só tem texto. Quem gosta apenas de figura, não sabe ler. Quem não sabe ler, só recebe a informação que interessa apenas a outras pessoas.

O caminho do sucesso é o da iluminação e esta luz só chega com o conhecimento, que está nas palavras. Não há outro caminho. O preguiçoso vai ser sempre um sofredor, que precisa da esmola para sobreviver. Dar esmola é estimular esse sofrimento.

Dizem que isso é um procedimento cristão. Coitado de Cristo, cujo nome é assim ultrajado. Quem SABE LER A BÍBLIA tem o conhecimento de que Jesus Nazareno ofereceu apenas uma coisa: A NOTÍCIA DO REINO DE DEUS. Foi por causa dessa notícia, dessa informação, que não interessava aos poderosos da política e da religião, que o crucificaram.

A boa notícia, a BOA NOVA, a informação que contraria o que se costuma dizer (a notícia velha) é perigosa para quem está no poder e quer ter cordeiros a obedecer cegamente a eles, pastores, que os criam para deles se tirar a lã e o leite, depois os matando para tirar também o couro e a carne, indo sempre atrás dos que se desgarram, porque precisam da lã, do couro, do leite e da carne destes também.

Qualquer economista sabe disso e recomenda esse procedimento. É o bê-a-bá da pecuária. Espalhe esta notícia com seus amigos. Eles merecem recebê-la...

sábado, 10 de abril de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 05

Esta coluna do blog, aos sábados, pode ser considerada como uma introdução à Psíquica, a ciência que faz a bipolaridade com a Física.
Propositadamente se coloca aqui pequenas porções semanais do seu conteúdo, para que ninguém se afogue na profundidade da travessia do fluxo de novas informações, nem se arranhe na abertura de uma picada, ao penetrar em densa floresta ainda desconhecida.

Depois do já exposto em sábados anteriores, deve estar claro que “o espaço infinito, com suas quatro dimensões, é a consciência universal, de todos os seus pontos, tão próximos uns dos outros, que, se estivessem mais próximos seriam um só”.
Havendo uma duração qualquer dessa consciência, esta é sua quarta dimensão, chamada justamente de DURAÇÃO. A duração da consciência é o que se costuma designar como TEMPO. As outras três dimensões são distâncias entre duas de suas posições (pontos), em três eixos ortogonais (perpendiculares, cartesianos), dando-se àquelas os nomes de COMPRIMENTO, LARGURA e ALTURA (ou ESPESSURA).

Atenção, agora: quando a duração tem o valor ZERO, a consciência continua existindo, mas não é percebida. Estamos todos acostumados a dizer, neste caso, que não há o tempo. Nenhum de nossos cinco sentidos “físicos” funciona, se não temos um “tempo” qualquer para perceber alguma coisa pela visão, pela audição, pelo tato, pelo paladar ou pelo olfato. Por menor que seja a fração de segundo (um décimo, um milésimo, um milionésimo de...), é preciso haver uma “duração” da consciência para haver percepção.

Havendo essa duração da consciência, por menor que seja, estamos na REALIDADE, estamos na FÍSICA, onde não há espaço sem o “tempo”. Einstein utilizou isso para conceber sua teoria da relatividade e passou a usar a expressão “espaço-tempo” para se referir a ela, porque o “tempo” altera a realidade com a posição de quem a percebe e/ou a de quem a realiza, assim modificando-a.
Seu erro foi o de dizer que o tempo altera o espaço, porque altera apenas a percepção do espaço. Em outras palavras, mais corretas: a duração da consciência não altera o espaço (ela própria), mas apenas a percepção deste. Einstein não poderia mencionar isso, simplesmente porque nunca utilizou a palavra consciência, sequer a considerou em seus trabalhos teóricos.
A REALIDADE, portanto, é relativa, porque é fruto da duração da consciência de cada observador, perante cada fenômeno, natural ou artificial. Assim, existe uma REALIDADE própria de cada observador. Por isso, cada pessoa tem sua própria verdade e o mundo vive em permanente conflito (esta questão meramente psicológica (do homem), único ser intelectual na Terra, só será abordada bem mais adiante, nesta coluna do blog).

Falta dizer, apenas, o que acontece quando a duração da consciência (o “tempo”) é ZERO. Não havendo essa dimensão, o espaço existe apenas como um AGORA (“tempo zero”), não sendo percebido, numa eterna ATUALIDADE, com apenas três dimensões, ou seja, três distâncias cartesianas. Da mesma forma que cada uma destas é reduzida a um AQUI, quando sua dimensão é ZERO.

Atenção, de novo: assim como há distâncias entre dois pontos no comprimento, na largura e na altura, também há distância entre dois pontos na duração (no “tempo”). São quatro dimensões, medidas entre duas posições.
Em todas elas, repito, os pontos são tão próximos que, se fossem mais próximos seriam um só e seus intervalos são tão pequenos, que, se fossem menores não existiriam.
O que temos, então, como resultado? Pontos em três eixos ortogonais (cartesianos) cuja consciência dura tão pouco, que se durasse menos, não existiria, com intervalos entre duas dessas “durações” tão pequenos, que, se estes fossem menores, ambas seriam uma só.

Assim, a REALIDADE é uma sucessão eterna de ATUALIDADES, isto é, de AGORAS e a duração da consciência que a determina é medida pelo número delas. Em outras palavras: a distância entre dois pontos no “tempo” é a quantidade dos pontos AGORA, quando percorridos, assim como a distância entre dois pontos em cada eixo cartesiano é a quantidade dos pontos AQUI, onde percorridos. Repetindo mais uma vez: todos tão pequenos, que, se fossem menores não existiriam e situados a intervalos tão pequenos, que se fossem menores, seriam um só ponto (posição da consciência).

Até o próximo sábado.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

AVES E NAVES 05

Na sexta-feira passada (AVES E NAVES 04), deixamos uma pergunta aqui. Vamos respondê-la, agora.

O seminarista Bartholomeu Lourenço, ainda a correr pelo terreiro em frente ao Seminário de Belém e a ver o árduo trabalho cotidiano de descer uma encosta com cerca de cem metros de desenvolvimento e trinta a cinqüenta metros de desnível (estamos estudando a topografia e hidrologia daquela área e calculando isso), para transportar água do rio das pitangas até a cumeada onde estava o prédio jesuíta, naqueles anos de 1695 a 1701, não se sabe se no lombo de animais quadrúpedes ou na cabeça de trabalhadores bípedes, certamente foi testemunha das queixas pelas dificuldades naquela tarefa e de alguma forma induzido a questioná-las em sala de instrução.

Os jesuítas usavam a destilação para obter álcool com fins terapêuticos, devendo-se aceitar que ensinavam o processo a seus pequenos discípulos, que certamente conheciam a cozinha do seminário e viam trepidar as tampas das panelas no fogão, com gotas de água depositadas na sua face interna. Era conhecido, portanto, ali e então, o processo da vaporização da água, isto é, da sua transformação em vapor, por aquecimento. Conhecimento milenar, resultante da observação do efeito do calor solar na água nos rios e lagos (também na do mar) a criar neblina (em contato com o solo) e nuvens (em grandes altitudes atmosféricas).
Esses padres jesuítas sabiam e deveriam ensinar aos noviços, que o vapor de água eleva-se no ar e transforma-se em nuvens, onde condensam em gotas de água (como nas tampas das panelas), que depois precipitam-se como chuva, retornando ao solo. É certo que Bartholomeu Lourenço usou esse conhecimento para aquecer água do rio e conduzir seu vapor por um cano de cem metros, mantendo-o ali aquecido, até o seminário, onde haveria um tanque, no qual o vapor se condensava, voltando a ser água.

Esta assertiva deriva do documento oferecido pelo reitor do seminário, o padre Alexandre de Gusmão, fornecendo certidão à Câmara da Bahia, na qual escreveu do próprio punho, que ele “fez com sua indústria subir a água de um brejo do dito Seminário, que fica sobre um monte, por um cano de quatrocentos e sessenta palmos de altura, obra de grande admiração e utilidade”. Ainda afirmou que viu correr essa água assim obtida e foi claro ao falar de OBRA e não de aparelho, assim contribuindo para que a Câmara da Bahia, em 1705, reconhecesse aquela invenção, concedendo ao Bartholomeu o privilégio de explorá-la.
É mais do que provável, que esse trabalho intelectual tenha motivado o seminarista a substituir o vácuo proposto teoricamente por Lana para fazer subir uma esfera, pelo vapor d’água; e que daí ele tenha chegado ao ar quente como melhor solução para essa ascensão, inventando assim o aeróstato, que faria voar experimentalmente ainda na Bahia, mas publicamente apenas em Lisboa (pela primeira vez em 1709), tomando tal aparelho, posteriormente, o nome de balão.

Passar do vapor, que é líquido vaporizado, para o ar quente, que é gás aquecido, para tornar a esfera mais leve do que o ar (proposta de Lana), explicaria o fato do jovem Bartholomeu ter inventado, quase ao mesmo tempo, uma obra hidráulica e um aparelho aerostático, como frutos de árvores diferentes, mas numa mesma linha de investigação tecnológica.
Com isso, pode-se encerrar as polêmicas que alimentaram a invenção, por ele, do carneiro hidráulico e a invenção do balão pelos irmãos Montgolfier, franceses. Ambas, frutos de uma outra árvore: a da ignorância que gera afirmações gratuitas, sem qualquer conhecimento teórico a sustentá-las ou um único documento. Ignorância que associada a um patriotismo vesgo tem contribuído para esconder o mérito verdadeiro de Bartholomeu Lourenço, que mais tarde acrescentaria “de Gusmão” ao seu nome.

Na próxima sexta-feira tem mais.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ONDE E QUANDO 05

Hoje, dia mundial de combate ao câncer, temos todos um marco histórico cravado, na luta contra as doenças, todas elas. Não é um grande feito, mas é inovador.
Pela primeira vez se fala em BENEFICÊNCIA PREVENTIVA como conceito.
Mais que isso, deu-se o primeiro passo para institucionalizar a medicina preventiva numa sociedade beneficente no setor da saúde.
Isto aconteceu às 10 horas, com uma palestra da Dra. Clarissa Mathias, no auditório do Centro Médico do Hospital Português da Bahia, falando sobre “prevenção de câncer”, dentro de um programa de lançamento da revista “Imagem Real / HP Vida Saudável” desse hospital da Real Sociedade Portuguesa de Beneficência Dezesseis de Setembro”.

Toda boa matéria jornalística começa com um “lead” no qual se responde às perguntas “o que”, “onde” e “quando”. Cumprida essa parte, vou agora aos detalhes.
Há muito tempo se fala em “medicina preventiva” como a solução para acabar com as doenças no mundo. Em verdade, ninguém deveria nascer doente, mas isso acontece, sim, por razões genéticas ou por uma gestação irresponsável. Na maioria dos nascimentos, contudo, poder-se-ía garantir que uma pessoa, nascendo com saúde perfeita, a manteria assim, por toda a vida, se não provocasse ou permitisse ações contra o próprio corpo e a própria mente.

É evidente que é possível nunca estar doente, em toda a vida, mas o ser humano é educado para aceitar a doença como um mal necessário às suas opções de vida, seja pelas agressões POR ELE MESMO impostas ao seu organismo, seja pelo ambiente escolhido para viver, seja pelo relacionamento com pessoas já doentes. Tudo isso evitável, quando se tem a devida informação em tempo hábil.
Certa vez, ouvi de um colega engenheiro, a quem aconselhei não fumar, uma resposta incompativel com o seu nível de educação: “prefiro morrer a deixar de fumar”.
Em outra vez, disse a uma colega professora da Universidade, que fumava sem parar: “não posso confiar em você, porque se você não cuida da própria vida, vai cuidar da minha?”
Quando somos informados e cuidamos dos nossos interesses, facilmente perdemos amigos, somos mal vistos pelas pessoas e acusados de “egoistas”.

Algum tempo atrás, tive uma idéia: “a beneficência na área da saúde não precisa esperar que o indivíduo fique doente para curá-lo, mas, ao contrário, será ainda maior se conseguirmos evitar que fique doente”.
Por que ninguém pensou e tratou de institucionalizar esse procedimento, só realizado ocasionalmente? Porque nenhuma instituição de saúde dispôs-se a isso.
Levei, então, essa proposta à Diretoria do Hospital Português da Bahia, da qual sou membro, associando-a a um programa de “marketing” que criava uma revista cujo conteúdo seria dedicado à informação, à educação e a campanhas de prevenção da doença, através do saneamento básico, da higiene em geral, da alimentação saudável, do exercício físico, da atitude mental associada a posturas morais e éticas, entre outras práticas. Uma revista a ser distribuída gratuitamente aos milhares para todos os segmentos da população.
Hoje, no HP, foi lançada essa revista.
Hoje, portanto, começa sua trajetória no sentido de tornar viável a “beneficência preventiva” como um procedimento banal, ao alcance de todos. Um procedimento que só não interessa a quem lucra com a doença.

Divulguem essa idéia. Na próxima quarta-feira terão outra.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

LETRA E MÚSICA 05

Em seqüência ao que foi dito aqui (LETRA E MÚSICA 04), na quarta-feira passada, sobre a leitura, há ainda a considerar a tendência do crítico de arte literária em “achar” que leitura é só literatura enquanto arte. Adoram o verbo “fruir” para suas referências ao gozo e ao desfrute do texto metafórico.

Parte da Diretoria do Gabinete Português de Leitura da Bahia esteve ontem reunida para tratar de alterações na revista “Quinto Império”. Diretorias anteriores, por anos, por décadas, contrariando o próprio estatuto da entidade, confundiram “Leitura” com “Literatura”, justamente porque essa associação automática e exclusiva tem sido feita pela crítica literária. Assim, seguindo a proposta de que o “Dia de Portugal” é o “Dia de Camões” (10 de Junho), o GPL baiano (há também um no Rio e outro em Recife) tem um Centro de Estudos Portugueses dedicado à Literatura e uma Casa Fernando Pessoa, que já tem seu objetivo no nome.
A nova diretoria da entidade, no entanto, está rompendo com esse vício e obedecendo o estatuto que respeita a vontade dos fundadores em 1863. Começa com alterações na sua revista, que não mais publicará apenas ensaios sobre Literatura, peças de ficção e de poesia. Aos poucos, deverá inserir também os textos científicos, filosóficos e até tecnológicos, nos quais brilham muitos filhos dos países lusófonos. A lingua portuguesa é veículo para a arte, a filosofia, a ciência e a tecnologia e como tal deve ser cultivada.
A revista “Quinto Império”, assim, será uma nova revista, com novo formato, com a nova proposta da antiga entidade de se abrir para todas as manifestações da intectualidade, com visão esférica do universo. Com isso, insere uma provocação no acomodado (fossilizado?) sentimento de que só tem valor o que é escrito com arte, numa prática incansável de ver apenas “linguagem” na “língua”, que é também meio de comunicação e não apenas de expressão.

Essa ausência premeditada da lingua portuguesa tem dado à língua inglesa, à alemã, à francesa e muitas outras, o papel de comunicar descobertas e propostas, além de todo o conteúdo necessário aos povos. Nessa recusa, é responsável por não se conhecer no mundo inteiro, muito do que se produz nos países lusófonos, de conhecimento novo.
Ninguém precisa estudar “português”, para receber qualquer conteúdo em primeira mão.
As letras lusófonas estão especializadas em exportar metáforas. O conhecimento é quase todo passado em outros idiomas, tendo-se o “inglês” como o universal. A nós todos, do “português”, resta importar e traduzir para uso interno.

Voltem na próxima quarta-feira.

terça-feira, 6 de abril de 2010

ACHADOS E PERDIDOS 05

Meu chefe de reportagem no Jornal da Bahia, em julho de 1959, era o Joca (João Carlos Teixeira Gomes). Eu era um “foca”, pescado por Ariovaldo Matos, que editava o suplemento dominical “Tablóide”, para o qual eu escrevia uma coluna de Aeromodelismo desde março daquele ano. Foi ele quem me recomendou para a Reportagem.
Saia da redação sem pauta, porque me cabia apenas cobrir três setores: a Biblioteca Pública, o Hotel da Bahia e a Superintendência Municipal de Transportes Coletivos. Tinha de passar em cada um deles, todos os dias. Ninguém esperava que houvesse qualquer notícia importante em qualquer desses lugares, de modo que minha responsabilidade era apenas a de evitar que o JB tomasse algum “furo” por ali.

Decorridos tantos anos, dias atrás, deram-me a notícia: fecharam o Hotel da Bahia, logo depois do Carnaval.
Ontem passei por sua porta e não vi porta alguma, porque sua fachada ao rés do chão estava totalmente coberta por placas de madeira prensada, formando um comprido tapume à sua volta. Nem pensei em chorar. Mais fiquei foi com raiva. O primeiro grande hotel da Bahia, construído pelo Estado para o ano do Quarto Centenário de Salvador (1949), já havia mudado de nome, quando ficou sob o controle da Varig, passando a chamar-se Tropical Hotel, coisa que ninguém sabia porque na boca do povo continuava sendo Hotel da Bahia.
Agora, acabaram com ele, melancolicamente.
Já ouví dizer que vão implodir o prédio. Não acredito!

No meu papel de “foca”, ele tinha dez anos de inaugurado, eu chegava tímido no balcão da recepção, via os repórteres dos Diários Associados (Diário de Notícias e O Estado da Bahia) e de A Tarde, todos a conversar e trocar figurinhas. No dia seguinte, a cobertura era a mesma nesses três jornais, ninguém furava ninguém.
Eu pedia para ver a lista de hóspedes, sempre com os desconhecidos turistas e homens de negócio, ninguém importante.
Um dia, não acreditei no que li: Emilio Myra e Lopez. Só podia ser ele, o grande psicólogo espanhol, autor do “best-seller” internacional – naquela época, no Brasil, uns poucos milhares de exemplares – “Os Quatro Gigantes da Alma”.
Deixei cair a lista sobre o balcão com absoluto descaso e andei por ali, como a gastar tempo para ir embora, até que voltei ao balcão e pedi o telefone, ligando para o seu quarto.
Ele mandou-me subir e eu fiz algumas voltas pelo saguão, para que os outros repórteres não me percebessem entrar no elevador.
Myra e Lopez abriu a porta, recebendo-me apenas de cueca, descalço, com o peito nú. Mandou-me sentar na cama e deu-me uma entrevista exclusiva, revelando estar na Bahia a convite da Universidade, para tratar da implantação de um setor de orientação vocacional.
No dia seguinte, o Jornal da Bahia foi o único que publicou a notícia de que estava na cidade e do que estava fazendo nela. Um furo consagrador. Gostei da experiência e passei a praticar esse esporte. Foram muitos os meus furos de reportagem.

Hoje quase não existe mais isso. É mais fácil encontrar uma notícia de primeira mão, exclusiva, numa coluna social, do que numa página local. Furo nacional? Impossível. Nem a televisão consegue. As agências de notícias vendem tudo para todos. O mundo está ficando sem graça e a moral dessa história é que onde não há competição, a mediocridade impera.
Quem joga para empatar, perde sempre o campeonato.
Aí, a gente pergunta: inscreveu-se nele pra que?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

DESORDEM E REGRESSO 05

A desordem social promove o regresso das comunidades a estádios cada vez mais baixos, porque aumenta o número relativo dos ignorantes e despreparados. Ainda que se eduque mais e melhor, o aumento da população, sendo maior, resulta em aumento dos ignorantes em relação aos bem informados.

A solução é parar de parir.

Mas como fazer isso, se os políticos querem mais votos, os religiosos querem mais fiéis pagando dízimos às suas igrejas e os empresários querem mais clientes comprando produtos e serviços?
Esta é uma pirâmide que cresce irresponsavelmente, pela omissão de uns e ação de outros, todos egoistas, pensando apenas na captação de recursos para seus projetos e necessidades econômico-financeiros.
Em um panorama mundial, dos seis bilhões de habitantes na Terra, cinco bilhões estão em áreas carentes de recursos para mantê-los em níveis dignos de vida. Lugares onde a miséria campeia, a violência explode, os valores morais sequer são conhecidos e a evolução do ego para, levando a sociedade ao regresso, na direção dos povos mais primitivos de outras eras.
A migração já não é apenas do campo para as cidades pequenas e destas para as metrópoles. É vultosa, dos países mais pobres para os mais ricos, em movimentos inclusive intercontinentais. Dentro da Europa, anos atrás, gregos, italianos, portugueses e espanhóis deixavam suas famílias em seus países e iam servir mesa e varrer ruas de cidades alemãs, por exemplo, cujos habitantes eram sobreviventes de duas guerras mundiais devastadoras, mas souberam reconstruir não só seus prédios, como principalmente suas estruturas sociais, políticas e econômicas. Hoje, com a união européia, muitos já regressaram às suas famílias e suas cidades natais, mas o que se vê é que justamente esses mesmos povos são os que estão com problemas financeiros na Europa e ameaçando a unidade desta.

Há um componente individual que faz alguns deles mais capazes que outros. Costuma-se cultivar um erro, ao pensar que esse componente é apenas genético, embora, sem dúvida, o fator genético o favoreça, na medida em que o corpo mais saudável traz menos problemas para o ego que o ocupa e gerencia.
O principal fator da desordem e do regresso é de natureza cultural. Povos formados por indivíduos que teimam em manter-se solidários a tradições, cânones, práticas até milenares, guardadas como valores religiosos ou ontológicos, formam um CARÁTER DE GRUPO que resiste à pesquisa, ao conhecimento novo, à inovação, preservando estruturas milenarmente inalteradas, no atraso. São povos que se isolam em suas linguas, seus hábitos, suas crenças e não aceitam a verdade do outro, sequer para conhecê-la, limitando-se a negá-la.
O que mais nos ameaça, a todos, como humanidade sendo levada até a um fim trágico, é justamente o fato de o aumento populacional ser maior que a capacidade educacional, assim agravando o problema e contribuindo para o caos deflagrador da ruína total e irreversível.

A solução é uma só: parar de parir, quando não se tem vontade e capacidade para educar, abrigar e alimentar. Isso só funcionará se acontecer em todo o mundo, mas cada um de nós deve fazer o seu dever de casa. AGORA!

domingo, 4 de abril de 2010

PROPOSTA E RESPOSTA 04

Nesta “Semana Santa”, os ovos de Páscoa continuaram mais populares do que Jesus. Verdade verdadeira, não se pode negar. Vimos todos, na televisão, que o Papa já não é visto como infalível, tais e tantas são as manifestações em todo o mundo, inclusive entre católicos, contra o seu posicionamento moral.
Numa roda, em família de católicos, fez-se churrasco no sábado, que antigamente era “de aleluia” (hoje ninguém fala nisso). Na minha infância, às 10 horas da manhã, íamos para a rua com colheres batendo em panelas, fazendo toda a algazarra que crianças adoram, porque Jesus estaria subindo ao céu naquele momento, depois de morrer na cruz. Anos depois, veio a notícia de que se tinha de esperar até a noite, para fazer a festa da aleluia, passando a idéia de que durante anos batemos em panela na hora errada. Alguém tinha errado no cálculo das horas.
Passa o tempo e as notícias vão desmentindo o que a gente ouviu o tempo todo.
Descobriu-se um pote de barro com manuscritos dentro, logo identificados como “evangelhos gnósticos”, um dos quais de Maria Madalena. Uma cópia como outras que teriam sido destruídas pela Igreja, porque esta afirmava ser Madalena uma prostituta e esse manuscrito dizia outra coisa. Alguém disse recentemente: foi necessário mostrar Maria Madalena numa obra de ficção para o mundo saber quem era ela, de verdade.

Mais do que nunca é fundamental saber que cada um tem sua verdade, que é tanto melhor quão mais informado se é. Quem cozinha, sabe: cada prato é o resultado dos ingredientes da receita. Igualmente, cada verdade é o resultado dos dados, das informações, que se coloca no cérebro, à disposição dos neurônios. Por isso, é muito importante saber o que os outros sabem e pensam. Jogar fora, destruir, manuscritos antigos, com o objetivo de evitar que se tome conhecimento do que há neles, para impor a própria verdade, é crime contra a humanidade. Criticar a pesquisa científica, censurá-la e escondê-la, também. Como as pessoas não são burras, ainda que fiéis, quem faz isso perde a credibilidade e promove a infidelidade.
É assim que os pastores vão perdendo seus rebanhos. Tentando manter suas ovelhas ignorantes, num mundo em que a informação é livre. Ainda há lugares em que não se manda mais ninguém para a fogueira ou a guilhotina, mas se prende e se mata com um tiro na nuca, cerceando a liberdade de informação e de análise.
Uma das propostas deste blog é estimular as pessoas a anotarem seus “insights”, isto é, aquelas idéias, aqueles pensamentos, que chegam na cabeça de repente (é importante ter sempre caneta e papel no bolso ou onde se esteja). Em 17 de maio de 2009, eu fazia a barba no sanitário, concentrado no movimento do barbeador no meu rosto, às 7 horas da manhã, quando surgiu de repente um pensamento pronto, que anotei imediatamente, guardei (tenho centenas deles numa caixa) e agora transcrevo:

“Eu cheguei primeiro, botei meu prato na mesa e agora todos têm de comer do meu prato (palavra de quem quer impor sua verdade aos outros)”.

Feliz daquele indivíduo que é cercado por pessoas que também fazem o seu prato e o oferecem aos demais. Assim são feitos os banquetes.

sábado, 3 de abril de 2010

FÍSICA E PSÍQUICA 04

Prontos para a ginástica intelectual, não é desejável que se ACREDITE no que aqui se diz. Ao contrário, é necessário não aceitar qualquer afirmação ou proposta, até que se esteja consciente de que se chegou a uma nova estrutura de pensamento, sem qualquer dúvida.
O primeiro passo, como sempre, é acumular dados na própria memória e deixar que os neurônios os processe. Sem pressa e sem prazo. O que este blog tem trazido, nos últimos sábados, relacionado à consciência dos pontos do Universo, marcando suas posições, pode ser dito de outra forma:

O ESPAÇO INFINITO, COM SUAS QUATRO DIMENSÕES, É A CONSCIÊNCIA UNIVERSAL, DE TODOS OS SEUS PONTOS, TÃO PRÓXIMOS UNS DOS OUTROS, QUE, SE ESTIVESSEM MAIS PRÓXIMOS SERIAM UM SÓ. CADA UM DESSES PONTOS TEM A CONSCIÊNCIA DE “SER” UM PONTO E “ESTAR” NA SUA POSIÇÃO. QUALQUER QUE “SEJA” ESSA POSIÇÃO, É O CENTRO DO UNIVERSO, PORQUE A PARTIR DELA, INDO-SE EM QUALQUER DIREÇÃO, NUNCA SE CHEGA AO FIM.

Se não aceitarmos e compreendermos isso, não veremos a face de Deus. Imaginemos uma bactéria no meio de um corpo humano, querendo ver a face do Homem. Não o fará com a sua precária estrutura de consciência. Sequer perceberá que há um corpo humano, mas certamente SENTIRÁ em um ou outro momento que algum fenômeno responde por sua existência ou pela morte de outra bactéria a seu lado. Da relação da sua consciência (seu ego) com a estrutura do meio onde se encontra, depende seu comportamento, com suas observações, suas experiências e seu aprendizado, para sua evolução.

Isto parece ficção científica, não é? Porque é a parte da CIÊNCIA que não corresponde às leis da REALIDADE, isto é, da FÍSICA. Encontra-se no domínio de outra ciência: a PSÍQUICA. Que não deve ser confundida com a Psicologia. Esta está para a Psíquica, como a Fisiologia está para a Física.

Quem ainda não aceita a consciência da posição, do ponto, não deve se preocupar. É normal, natural, que assim ocorra. Mas isso não impede que se vá em frente. Ninguém pode compreender uma paisagem, olhando apenas para uma pedra que nela se encontre. O próximo passo, é aprender o que é uma dimensão. Todos nós sabemos que é a distância entre dois pontos e isso é um conhecimento básico da Geometria (estamos na Matemática, o que significa, na Psíquica). Podemos dizer que entre dois pontos, temos um milímetro, dez metros ou duzentos quilômetros, por exemplo, mas se os dois pontos forem vizinhos, não havendo outro entre eles, essa distância é “infinitesimal”, isto é, infinitamente pequena, tão pequena que, se fosse menor não existiria e os dois pontos seriam um só.
Volte no próximo sábado.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

AVES E NAVES 04

Nas abordagens anteriores deste tema das sextas-feiras, ficou clara a necessidade de se dar atenção ao fato comprovado por documentos, sobre o primeiro aparelho criado pelo homem, que subiu na atmosfera, com força própria, gerada no seu interior.
A maior importância disso é justamente a de mostrar que O CONHECIMENTO CIENTÍFICO NOVO depende de duas coisas básicas, duas práticas indispensáveis: a do próprio indivíduo cujo caráter (ego) seja predominantemente investigativo, continuamente insatisfeito com perguntas sem respostas, buscando estas onde quer que possam ser encontradas; e a do método de estudo e pesquisa, que conduz paulatinamente à descoberta, à inovação, à invenção.

No caso do acima referido aparelho, foram muitos os homens que tentaram chegar a ele. Quase nunca, com método ou mesmo uma teoria, mas sempre com observação, experiência e alguma crença ou expectativa de sucesso. Ou seja, com engenharia empírica. A inovação é apenas uma palavra mais recente para o velho conceito de engenharia. O primeiro a conseguir isso com o aparelho voador foi indubitavelmente o Bartholomeu Lourenço, no seminário jesuíta de Belém da Cachoeira, na Bahia, quando o território brasileiro era parte do Reino de Portugal.
Era evidente ser ele, ainda aos seus dez anos de idade, uma criança curiosa, que cresceu e chegou à adolescência com um caráter investigativo, observador e experimentador. A escola dos jesuítas deu-lhe o método. Estava montada a condição básica para a inovação. Os padres jesuítas trabalhavam com a destilação, para fazer álcool, com fins terapêuticos e portanto, conheciam a vaporização necessária a esse processo. Há prova científica de que um padre jesuíta italiano (Francesco Lana), que publicara um livro na Itália sobre seus inventos, já propunha uma esfera mais leve que o ar (que seria retirado dela por meio de uma bomba de vácuo) como meio de elevar uma barquinha, fornecendo, assim, uma teoria para tal invento, que, no entanto, não se realizou por ser impossível fazê-lo com o vácuo.

Com tais considerações quero mostrar que já haviam as condições necessárias à invenção do balão, em Belém da Cachoeira: uma escola, instrutores competentes e um discípulo capaz de inovar, assim motivado por uma proposta de fazer uma barca voadora, substituindo o vácuo por alguma outra coisa.
Teria Bartholomeu Lourenço cerca de treze anos, talvez mais um pouco, mas antes dos quinze, quando já estaria trabalhando com a destilação e sabia que aquecendo a água a levaria ao estado de vapor, o mesmo vapor que se elevaria na atmosfera para formar as nuvens, capazes, mais tarde, de retornar à terra como chuva.
Um jovem inteligente, a vagar pelo ambiente de florestas e rio em volta do seminário, observava assim os fenômenos naturais e seria um tolo se não visse que o vapor de água poderia levar alguma coisa com ele... para cima.
Com isso na cabeça, inventaria duas coisas ao mesmo tempo: um modo de elevar água do rio por um cano de cem metros para o seminário e um modo de fazer subir a esfera de Francesco Lana. Foi isso o que aconteceu?
Vivemos num País que não valoriza a História. A prova está nos políticos que o comandam e que estão se lixando para sua própria imagem, nela. Vamos mudar essa postura.
Voltem na próxima sexta-feira, a este blog, para ter a resposta. Desde já, devemos saber que o ar quente é gás aquecido e o vapor é líquido vaporizado, isto é, ambos com suas moléculas sob tensão. Não são a mesma coisa, contudo.
Pensem nisso.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

ONDE E QUANDO 04

Há muitos anos, provoquei a Associação de Arqueologia e Pré-História da Bahia a realizar uma exposição em Salvador sobre o Antigo Egito, pensando na quantidade de pessoas interessadas nessa civilização, tantos eram os livros sobre o assunto em nossas livrarias e os filmes com esse cenário em nossos cinemas. A resposta foi negativa, sob o argumento de que a AAPHBa priorizava divulgar os achados arqueológicos em território baiano, o que aliás foi tão bem feito que se criou o Museu Arqueológico até então proposto pelo Prof. Valentin Calderon na UFBa, mas nunca por ele realizado.
Este blog voltará a tal assunto, tendo entrado nele aqui e hoje apenas para mostrar um viés da Cultura Baiana: o de ACHAR que tudo o que é universal não nos interessa (as livrarias e os cinemas contradizem isso). Assim, pensa-se que editora baiana só deve publicar livro de autor baiano sobre cenário e gente baiana, pesquisadores baianos só devem estudar e analisar a gente e os fatos da Bahia, museus baianos só devem mostrar a arte feita nesta terra e assim por diante, com algumas exceções, da iniciativa de uns poucos intelectuais considerados um tanto deslocados da nossa realidade, às vezes considerados sonhadores, ou coisa parecida.
Outro clube de ciência que surgiu pelo trabalho feito no “Jornal da Bahia”, quando ali escrevia aos domingos a página “Ficção e Realidade”, nos anos 1970, é a Associação de Astrônomos Amadores da Bahia, que foi fundada por seis pessoas com o testemunho de muita gente, sob o entusiasmo da chegada do cometa Kohoutek, mas nunca teve muitos sócios. Se pensar no Egito já era (ainda é) uma atitude preconceituosamente exótica, imaginem observar estrelas e estudar galáxias.
Os sempre poucos e dedicados amantes do céu, no entanto, ainda se reunem, enquanto, com a fundação do Museu acima referido, os amantes da arqueologia foram por este absorvidos e aquela associação desapareceu. Hoje, a AAAB promove eventos bastante interessantes, tendo levado todo o ano passado acoplada às comemorações do Ano Internacional da Astronomia. É pena que a mídia mostre mais interesse em dar espaço para os assassinos de crianças, os embriagados que matam no trânsito, os maridos que espancam mulheres, os traficantes de drogas e os políticos corruptos, do que aos cientistas, amadores ou profissionais, desta terra.
Querem um exemplo? Vamos ver qual o espaço que será dado na imprensa e na televisão para a I Semana de Meteorítica na Bahia, que visa popularizar o estudo, a pesquisa e o achado de meteoritos – as populares “estrelas cadentes” – nome este, que prova a ignorância do povo sobre o assunto.
O esforço que está sendo feito por uma plêiade de idealistas para dar aos baianos uma programação científica de estudo e entretenimento, proporcionará um conjunto de vinte horas de palestras e uma exposição (acesso gratuito) no Museu Geológico da Bahia (Corredor da Vitória) assim como uma excursão guiada ao Observatório Astronômico Antares de Feira de Santana. Acontecerá entre 23 e 30 de abril (programa e outras informações pelo e-mail crosato@ufba.br ou pelo telefone 3283-8558). A realização é do Laboratório de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral, da UFBA, com a provocação e o apoio da referida associação de astrônomos.

Este é um dos muitos indícios de que se pensa errado sobre o interesse popular.
É uma falsidade a afirmação de que baiano só gosta de tocar tambor, imagem estereotipada e feita justamente pelo muito que se divulga dessa arte (ou apenas prática) musical, cotidianamente. Na Bahia, até os jornais informativos da televisão têm músicos frequentemente compondo o cenário, sob o argumento de que se não o tiver, ninguém sintoniza o programa para obter informação. Maldade! Nós gostamos de música, mas também de ciência. O problema é que ninguém diz “quando” e “onde” acontecem os eventos científicos. Principalmente os programados para o gosto popular.