sexta-feira, 27 de setembro de 2013

RELIGIÃO E CIÊNCIA


Crônica científica
 
Amanhecemos hoje com uma notícia vinda da Suécia, onde nesta madrugada se anunciou para o mundo, que já não há dúvida: até o fim deste século, o mar subirá 82 centímetros, se nada for feito para interromper o modus vivendi da humanidade, que tudo quer ter e fazer, sem sacrificar nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhum interesse pessoal. Cada um de nós tem seu próprio ego neural instalado no cérebro, com respectivo nome de batismo. O que se recusa é o fato de que o egoísmo é tanto maior quão menos evoluído é esse ego, no cérebro, comandado por um ego externo e eterno que também evolui em função de suas experiências em ligações sucessivas - vidas - com egos neurais. O aumento populacional dos homens na Terra, na velocidade em que ocorre, não dá tempo para que os novos egos que surgem nesses novos homens sejam já suficientemente evoluídos para que compreendam mais do que sua própria existência e assim, muito menos, a existência e necessidades do próprio planeta em que vivem. A grande maioria da população humana não está capacitada, portanto, a decidir sobre o seu próprio destino, mas justamente essa ignorância a capacita a destruir suas estruturas sociais e individuais. Infelizmente, é essa ignorância que leva essa maioria a recusar esta informação. Vamos ver a seguir como esse processo começou, isto é, como surgiu e evoluiu a ciência que nos permite prever o destino da humanidade e das suas cidades.
 
Na Antiguidade, a ciência era conhecida como mágica. O mágico (ou mago) foi penetrando cada vez mais no estudo da Natureza e descobrindo suas leis. Passou a ser chamado místico. Na Idade Média, este era chamado de alquimista. A alquimia era a base intelectual do que passaria a ser a Química. Paralelamente, dentro ou fora da alquimia, tinha gente associando os fenômenos da Natureza à matemática, explicando-os através de equações, fórmulas e leis. O maior de todos esses alquimistas, hoje reconhecido como o primeiro grande físico, chamava-se Isaac Newton. Com o objetivo de encontrar um grande nome para a fundação da Física, enquanto ciência, as universidades e seus pesquisadores se esqueceram de dizer que ele era um grande místico e também investigava os mistérios até hoje não discutidos pela academia científica, porque estariam no escopo da religião.

Acontece que a religião também se encheu de preconceitos e não aceita a ciência física em suas limitações, ditas materialistas, aí se incluindo a energia, que não é matéria. O divórcio estava estabelecido e o místico continuou existindo como um indivíduo que visita a religião e a ciência, misturando-as à sua conveniência, para explicar os fenômenos da matéria e do espírito que é apenas a força que liga posições de consciência e forma estruturas evolutivamente mais complexas até se manifestarem como matéria. As antigas sociedades místicas tornaram-se secretas, ditas ocultas, para proteger seus membros de perseguições e seus conhecimentos de revelações que poderiam levar perigo a quem os utilizasse irresponsavelmente. Nesse contexto, cada qual foi para o seu lado, com mútuas acusações de usar caminhos errados para chegar a lugares pretendidos. Vivemos, hoje, no entanto, uma nova era de descobertas científicas que muito se aproximam dos milagres religiosos e assim, nitidamente, a Ciência disputa as mentes mais brilhantes, enquanto a Religião conforma-se com um papel social de apascentar ovelhas ignorantes, necessitadas de caridade material e espiritual.

Evidentemente, a Ciência acoplou-se ao poder econômico que financia a inovação tecnológica e a produção de bens móveis e imóveis, enquanto a Religião vive dos dízimos pagos pelos fiéis como contribuição para Deus. A ignorância os leva a crer que Deus precisa de dinheiro para aumentar os seus rebanhos e coloca-los em grandes templos da Fé, onde operam os pastores/sacerdotes que precisam comer, dormir e viajar. Nessa proposta, contudo, de igrejas que pretendem ser universais, surgem igrejas particulares, isto é, pertencentes a pastores que ficam com todo o dinheiro arrecadado para utilização com livre arbítrio, alguns deles milionários. No outro polo - da Ciência - ocorre o mesmo, formando-se empresas e conglomerados destas para o enriquecimento apenas de suas diretorias e quando muito, também de seus maiores acionistas. Concorrentes entre si, elas utilizam o vale-tudo publicitário para valorizar seus produtos, de modo, por exemplo, que cada seita religiosa tem seu próprio Deus, como se fosse possível haver mais de um Deus num único Universo, cada um com suas regras de vida na Terra, suas estruturas post mortem e suas propostas para a salvação e/ou ressurreição. Nenhum é capaz de mostrar aos concorrentes que estes estão errados, porque nenhum Deus assim criado e imposto tem poder para isso. Como as ovelhas são animais ignorantes, vão aceitando tudo o que seus pastores dizem, para o prometido bem delas. Enquanto isso, o "Paraíso da Ciência" que promove a Tecnologia e a Economia abre a porta para acionistas minoritários, isto é, indivíduos que confiam em outro tipo de pastor: o corretor de ações, que são disputadas nas bolsas de valores.

A crise mundial que vivemos neste início do "Terceiro Milênio da Era Cristã" atinge todo o planeta, numa encruzilhada da qual não se sai sem grande risco de derrota, isto é, de erro no caminho escolhido. Um fenômeno cada vez mais visível é o da humanidade a se comportar em grupo como animais e individualmente como intelectuais, separadamente. Os animais são os homens que apenas se movimentam em trabalhos braçais, desportos e danças, minimizando o uso do cérebro; os intelectuais são os que desprezam as atividades físicas, minimizando-as ao próprio deslocamento, dedicando tempo integral aos computadores, às artes e à ciência. Evidentemente, há uma graduação contínua na evolução da animalidade para a intelectualidade, quer geneticamente, quer no acúmulo de experiências e respectivos dados em memórias e processamento compatíveis com as estruturas de consciência que se sucedem, vida após vida, até tais estruturas serem salvas em arquivos que se eternizam, apondo novas características físicas exigidas pela necessidade de novas funções psíquicas, gerando novas espécies compatíveis com os ambientes planetários dos diversos sistemas estelares.

Temos assim uma proposta digna da melhor ficção científica para o desenvolvimento qualitativo da existência presente e futura do ser humano, a partir da desistência do sectarismo, em busca de uma postura científica sem os limites da matéria, visitando a energia e superando-a em direção a estruturas de consciência meramente psíquicas, sapienciais, capazes de avançar no espaço em velocidades superiores à da luz. Dizer que tudo isso já está à nossa disposição, a depender do nosso nível de racionalidade, pode ser mal recebido por quem ainda não domina níveis de informação elevados, donde se conclui que o esforço individual é necessário ao desenvolvimento do processo evolutivo que atua no animal, aumentando sua inteligência e levando-o à sapiência. A boa notícia, afinal, é que cada um de nós, seja qual for sua posição evolutiva, deve reconhecer o degrau em que está na escada do seu crescimento intelectual e usar o cérebro que tem - mais do que os músculos e os órgãos genitais - par subir com paciência, degrau após degrau, em busca de uma posição mais elevada e uma paisagem mais completa do mundo que o cerca. É nisso e somente nisso que está a salvação.
 
Adinoel Motta Maia

 
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CIÊNCIA E POVO


Crônica científica

Na segunda-feira passada, a Academia de Ciências da Bahia apresentou resultados de uma pesquisa encomendada à Datafolha para saber o que pensam os soteropolitanos sobre Ciência e Tecnologia. As pessoas que lotaram o pequeno auditório da Fapesb - a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia - não se mostraram surpreendidas com os dados projetados no telão, porque é evidente o desinteresse da massa da população baiana e particularmente da soteropolitana, pela informação científica e ainda mais pela tecnológica. Tentando resumir em um único número genérico esse interesse, com base nessa pesquisa muito ampla e detalhada, arriscaríamos dizer que apenas sete por cento de nossa população tem alguma vontade de saber alguma coisa - pouca ou muita - nessa área. Ainda assim, devemos considerar que esse interesse detectado inclui temas mais populares, como os da saúde, da alimentação e da reprodução. É evidente que o universo dos dados obtidos está distribuído em inúmeras possibilidades de abordagem e já foi dito naquela reunião, que a Academia de Ciências da Bahia se debruçará sobre os resultados apresentados para chegar a um diagnóstico e um tratamento adequados à situação, que é de doença da nossa sociedade, onde fatores sociais, políticos e econômicos - inclusive religiosos - contribuem para a manutenção da ignorância. Quanto mais ignorante é um povo, mais facilmente pode ser enganado e dominado.

Por outro lado, na abordagem da Ciência, é muito larga a faixa de interesses, com a tendência de se incluir tudo no rol das ciências. Por exemplo, aquilo que se refere à vida urbana, como a habitação e o transporte, pode ser inserido na Geografia enquanto ciência. Qualquer coisa que permita uma abordagem estatística pode ser inserida no contexto científico. Uma simples pesquisa de mercado é passível de análise que contribua com uma proposta científica. Antes de tudo, portanto, é necessário traçar as fronteiras da área que se quer estudar e explorar. A ciência pode ser pura ou aplicada. À ciência aplicada, costuma-se chamar de tecnologia. Uma coisa é estudar o corpo humano fisicamente (Antropologia Física) e outra é fazê-lo no conjunto da sociedade à qual ele pertence (Antropologia Social). Aquela serve, por exemplo, à Medicina, enquanto esta, à Política. As fronteiras se elastecem e não raramente promove-se superposições com interesses os mais variados, desde o de obter inclusão de um texto numa publicação "científica" até o de candidatar-se a uma verba restrita a pesquisa "científica".

Quando se forjou o termo "Ciência & Tecnologia", procurou-se resolver esse problema de uma vez por todas. Considera-se "Ciência", o conjunto dos processamentos de dados que conduzem ao conhecimento em geral e aos métodos de pesquisa do conhecimento novo. À aplicação disso, chama-se "Tecnologia". Por vontade política e interesses econômicos, as verbas públicas e privadas estão sendo orientadas quase exclusivamente para a Tecnologia e mesmo nesta, para a busca de novas patentes de produto e de processo, às quais se dá o nome de Inovação. Está na moda promover a inovação. Vivemos, assim, a civilização da corrida pelo novo. Assim, não adianta gostar de valsa, porque só se vai ouvir rock ou funk. Se a sociedade não gosta de funk, não tem importância. Faz-se uma campanha publicitária mundial, invade-se a mídia com anúncios que a sustentam e obtém-se boa crítica e muito espaço para condicionar a sociedade a consumir essa inovação. Estamos usando um exemplo artístico para nosso assunto científico, porque fica mais fácil abordar essa questão com o que todos os leitores conhecem. Aplicando esse raciocínio ao tema científico, poderíamos falar de uma "nova" substância descoberta ou inventada em laboratório para atender uma necessidade de consumo fabricada pelo marketing de empresas que vivem de inovação.

Enquanto isso, todo o universo científico que não gera lucro para ninguém, mas apenas despesa a fundo perdido, com o objetivo de ampliar as fronteiras do conhecimento, fica abandonado e a sociedade sequer é motivada a saber da sua existência. Por exemplo: havia uma publicação periódica que nos dava o mapa do céu a cada mês e os comentários correspondentes às ocorrências que se poderia observar no período. Essa revista deixou de ser publicada no Brasil porque não havia público suficiente para sustenta-la. A falta de informação adequada nas escolas brasileiras, que promovem atividades lúdicas artísticas e nenhuma atividade lúdica científica - como a astronomia, por exemplo - provoca essa deformação cultural lamentável. Hoje na presidência da Academia de Ciências da Bahia, o Prof. Dr. Roberto Santos, que nos honra como ex-reitor da Universidade Federal da Bahia e como ex-governador do Estado da Bahia, fez então o Museu de Ciência e Tecnologia que tivemos por alguns anos e foi propositadamente abandonado pelos governadores que o sucederam, até hoje. É este o melhor exemplo para o que acima foi dito e nos pede uma resposta à pergunta: A quem interessa uma mídia que só apoia a ciência que aumenta os lucros das empresas anunciantes?

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

CONSCIÊNCIA GEOLÓGICA


Crônica científica

Em reunião de diretoria, ontem realizada, no Gabinete Português de Leitura, aprovou-se o programa da IV Semana da Baía de Todos os Santos, que ocorre anualmente entre 26 de outubro e 1º de novembro. O evento encerra o calendário do Projeto BTS a cada ano - www.gpl.salvador.com.br - e neste ano terá por tema: "Geologia, Geografia e História da Baía de Todos os Santos". Ainda no rastro das comemorações dos seus 150 anos de existência, essa notável agremiação cultural da Bahia está paulatinamente voltando-se para outros ramos da Leitura, que não apenas a artística - aí se situando a ficção em prosa e verso - habitualmente festejada nas águas de caudalosos rios literários, como os de Camões, Pessoa e Saramago, entre muitos outros. O fato motivador da programação de 2013 é o de ainda se desconhecer quase tudo sobre a nossa baía e o seu recôncavo, muito longe de nós, apesar de vivermos dentro dela. A falsa crença de que a Ciência é uma disciplina de difícil e cansativa prática nos tem afastado do conhecimento das coisas, não raramente delicioso e empolgante. Fazer uma abordagem científica da Baía de Todos os Santos pode ser algo tão gostoso como enfrentar uma semana de Carnaval, desde que se disponha a utilizar o cérebro com a mesma alegria com que se pode usar as ancas e as pernas.

Ali na sede do GPL, no Largo da Piedade, será montada uma exposição, naquele período, que mostrará, como nunca o foi, o relevo da nossa cidade do Salvador e da Bahia, nua e crua, isto é, como foi feita pela mãe Natureza, sem as edificações e as ruas, na sua mais precisa geomorfologia. Fruto do estudo e do trabalho do geólogo Rubens Antônio da Silva Pinto, do Museu Geológico da Bahia - quem ainda não conhece esse museu, ali no Corredor da Vitória, precisa passar uma tarde lá - a exposição terá cinco pequenas maquetes que permitirão não só ver, como sentir com os dedos, cada elevação e cada depressão do terreno da nossa Salvador, com seus vales e cumeadas, lugares onde estão nossas casas e as ruas por onde andamos, vistas de cima. Quem acha que conhece esta cidade, terá muitas surpresas. Mais importante e inédito é que a exposição será montada com o objetivo de permitir aos deficientes visuais - aquelas pessoas que andam pela cidade sem vê-la - justamente essa visão de sua topografia, do seu relevo, da sua geomorfologia, passando o dedo nos modelos reduzidos. Daí, o título da exposição, proposto pelo seu criador, o geólogo acima referido: "Utilização de Pequenos Modelos em 3D para Facilitação do Aprendizado dos Deficientes Visuais".
Ao contrário das demais exposições, esta permite que todas as peças sejam tocadas com os dedos.

Esse mesmo geólogo fará uma palestra intitulada "Associação de História, Condições e Modificações do Relevo de Salvador na Visão dos Colonizadores e dos Invasores - Influência do Relevo nos Eventos Históricos", no dia 29 de outubro, às 17 horas, de modo que os interessados poderão ver a exposição e em seguida ouvir o seu realizador, fazendo-lhe perguntas a ela referentes. Na tarde do dia anterior, ou seja, às 17 horas do dia 28, também no auditório do Gabinete Português de Leitura, o Prof. José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, fará palestra sobre a "Geologia da Baía de Todos os Santos", assunto no qual é especialista, com trabalhos publicados, que embasará o conhecimento da própria estrutura do Recôncavo da BTS, no qual se insere a cidade do Salvador. A rara oportunidade de ouvir estes dois pesquisadores nos exige, desde já, passar esta notícia para os nossos amigos, não só os dessa área do conhecimento, mas todos aqueles que optam pela consciência do que são e onde estão. Consciência essa que é cada vez mais rara, numa sociedade que privilegia a diversão, o consumismo e a alienação, em detrimento da informação que leva todos nós, animais, a evoluir para a intelectualidade. Nem só de alma (anima, movimento) vive o homem, sabemos todos.

A programação da IV Semana da Baía de Todos os Santos começará assim - prosseguirá até o dia 1º de novembro - com uma necessária base geológica. Chamaremos em seguida, a atenção de todos, para o fato de que não há História sem Geografia e não há Geografia sem Geologia. Este, aliás, será o slogan do evento. A presença do homem na Terra tem sido historicamente uma permanente adaptação sua, às condições geomorfológicas do planeta como um todo e de cada uma de suas regiões, inclusive submarinas, como do próprio mar. Às escolas onde se ensina Geografia e História, temos de provocar, para que seus professores estejam presentes e possam motivar seus alunos em sala de aula, com o que puderem absorver dessa experiência. Nas vezes em que visito o Museu Geológico da Bahia, costumo ver grupos escolares que se agitam em observação e questionamento do muito que ali se mostra. Jovens e também crianças são abertos ao aprendizado, ao enriquecimento cognitivo e ao desenvolvimento de sua personalidade, quando percebem novos horizontes da sua espécie e a comparam com as demais, desde os minerais. Negar essa oportunidade a eles, por mera acomodação, chega a ser um crime de lesa-humanidade. Passemos, portanto, às nossas agendas...

Adinoel Motta Maia

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A CIÊNCIA DA LINGUA


Crônica científica

Começamos o dia, hoje, com uma notícia vergonhosa para a Bahia. Uma prova para selecionar novos juízes do trabalho, com pouco mais de dois mil e quinhentos candidatos advogados da Bahia para atuação na Bahia, selecionou apenas 61 finalistas para uma prova de redação. VERGONHA: todos foram reprovados e é possível que tenhamos de importar advogados de outros estados para nossos tribunais. Este é o nível de educação que temos em nossas universidades, nos cursos de Direito. É este o resultado da política social de nivelamento por baixo, para que os menos capazes não sejam recusados pelo nível superior de educação. A começar pelo ensino do nosso idioma, a língua portuguesa, fundamento sem o qual a comunicação é prejudicada e os prejuízos se avolumam. O nível de exigência para a aprovação nos exames escolares, notadamente o vestibular, deve ser compatível com o que se espera e necessita, na formação de nossos profissionais, quer estejamos falando da atividade privada, quer a pública, inclusive a política, onde todos sabemos que o voto analfabeto está elegendo candidatos analfabetos para o Poder Legislativo.

A importância da língua é tão grande, que aquela que se fala na Alemanha é justamente a que o protestante Martinho Lutero utilizou para traduzir a Bíblia Sagrada, assim obrigando todos os que falavam diversos dialetos e a queriam ler a aprender aquele utilizado, assim unindo vários povos em uma só nação. Defender o próprio idioma é defender a Pátria. No Brasil, no contexto da malandragem e da preguiça que assola o País, forma-se e informa-se os nossos jovens com deficiência tal, que hoje já é difícil encontrar intelectuais em nossa juventude cheia de animais que apenas se animam, isto é, se movimentam fisicamente e usam o cérebro para comunicar-se através de símbolos que não precisam de gramática (nem de matemática) para trocar recados, ditas mensagens eletrônicas, que devem ser curtas porque as telas dos aparelhos leitores são muito pequenas. Uma frase como "você também é porque..." é digitada "vc tb é pq..." - que é danosa porque vicia nossos jovens, que se tornam adultos com pequena capacidade de raciocínio e muita agilidade para conversas inúteis. Tudo isso - ninguém se engane - é fruto da ganância de empresários que criam aparelhos eletrônicos e desejam ganhar o mercado com a cultura do menor esforço. É verdade que se trata de inovação tecnológica. A pergunta que deve ser respondida é: para que? A serviço de que e de quem? Nossa mídia eletrônica e impressa segue a onda, impulsionada pelos milhões de dólares - seriam bilhões - gastos por tais empresas multinacionais em propaganda.

Tudo se explica. Nem tudo se justifica. Se não temos um "desconfiômetro" e não exercitamos o pouco que ainda nos resta de tempo para escrever com todas as letras, todas as palavras necessárias às frases que se juntam para completar um raciocínio lógico, ESTAMOS PERDIDOS. Iremos nos tornar macacos eletrônicos, voltando à animalidade, ao invés de levarmos nossa inteligência - somos intelectuais - em direção à sapiência, que significa aumento de capacidade de memória em nosso cérebro e de velocidade de processamento dos dados, nele. Com a lenta ajuda da genética, evidentemente. Essa evidência nos coloca numa necessidade premente de desenvolver a língua portuguesa na sua complexidade, como ciência (não apenas como arte literária), na memória, transporte e processamento de dados para compor estruturas psíquicas cada vez mais completas, em busca de mais consciência (ver um dos apêndices do romance A Cruz dos Mares do Mundo), que evolui o ser humano, passando-o de intelectual para sapiencial, em direção ao Reino de Deus (Jesus foi traído por Cristo), conforme se lê em A Noite dos Livros do Mundo.

Nada está perdido porque ainda há fagulhas espalhadas pelo mundo e que podem voltar a incandescer esse mundo ameaçado de melancólica volta - não será a primeira vez - à animalidade, na medida em que o aumento da população apenas aumenta a percentagem de animais, em relação à dos intelectuais. Nesta sanfona em que se coloca a humanidade ao longo dos muitos e muitos milênios, com meteoros, eras do gelo e outras ocorrências em intervalos niveladores, temos de nos apressar. A cultura da língua é o fator mais revelador do nível intelectual de um povo. Ignorar isso já é preocupante e não tomar essa assertiva como farol é desesperador, pois não sabemos quanto tempo nos resta até o próximo fenômeno meteorológico ou geológico que reduzirá nossa população humana a muito poucos indivíduos. Raros destes serão salvos. Tratar a língua como ciência e evitar que seja destruída, enquanto se pensa estar no caminho certo apenas com a arte que se faz com ela, é fundamental para o futuro da espécie humana. Um bom passo nessa direção foi a reprovação total de todos os candidatos ao concurso baiano para escolher novos juízes do trabalho. Sinal de que há intelectuais (ainda) no comando da Justiça, na Bahia.

Adinoel Motta Maia
 
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