Crônica científica
Amanhecemos hoje com uma notícia vinda da Suécia, onde nesta madrugada se anunciou para o mundo, que já não há dúvida: até o fim deste século, o mar subirá 82 centímetros, se nada for feito para interromper o modus vivendi da humanidade, que tudo quer ter e fazer, sem sacrificar nenhum desejo, nenhuma paixão, nenhum interesse pessoal. Cada um de nós tem seu próprio ego neural instalado no cérebro, com respectivo nome de batismo. O que se recusa é o fato de que o egoísmo é tanto maior quão menos evoluído é esse ego, no cérebro, comandado por um ego externo e eterno que também evolui em função de suas experiências em ligações sucessivas - vidas - com egos neurais. O aumento populacional dos homens na Terra, na velocidade em que ocorre, não dá tempo para que os novos egos que surgem nesses novos homens sejam já suficientemente evoluídos para que compreendam mais do que sua própria existência e assim, muito menos, a existência e necessidades do próprio planeta em que vivem. A grande maioria da população humana não está capacitada, portanto, a decidir sobre o seu próprio destino, mas justamente essa ignorância a capacita a destruir suas estruturas sociais e individuais. Infelizmente, é essa ignorância que leva essa maioria a recusar esta informação. Vamos ver a seguir como esse processo começou, isto é, como surgiu e evoluiu a ciência que nos permite prever o destino da humanidade e das suas cidades.
Na
Antiguidade, a ciência era conhecida como mágica. O mágico (ou mago) foi penetrando cada vez mais no estudo da Natureza
e descobrindo suas leis. Passou a ser chamado místico. Na Idade Média, este era chamado de alquimista. A alquimia era a base intelectual do que passaria a ser
a Química. Paralelamente, dentro ou fora da alquimia, tinha gente associando os
fenômenos da Natureza à matemática, explicando-os através de equações, fórmulas
e leis. O maior de todos esses alquimistas, hoje reconhecido como o primeiro
grande físico, chamava-se Isaac Newton. Com o objetivo de encontrar um grande
nome para a fundação da Física, enquanto ciência, as universidades e seus
pesquisadores se esqueceram de dizer que ele era um grande místico e
também investigava os mistérios até hoje não discutidos pela academia científica,
porque estariam no escopo da religião.
Acontece
que a religião também se encheu de preconceitos e não aceita a ciência física
em suas limitações, ditas materialistas, aí se incluindo a energia, que não é
matéria. O divórcio estava estabelecido e o místico continuou existindo como um
indivíduo que visita a religião e a ciência, misturando-as à sua conveniência,
para explicar os fenômenos da matéria e do espírito que é apenas a força que liga posições de consciência e forma estruturas evolutivamente mais complexas até se manifestarem como matéria. As antigas sociedades
místicas tornaram-se secretas, ditas ocultas, para proteger seus membros de
perseguições e seus conhecimentos de revelações que poderiam levar perigo a
quem os utilizasse irresponsavelmente. Nesse contexto, cada qual foi para o
seu lado, com mútuas acusações de usar caminhos errados para chegar a lugares
pretendidos. Vivemos, hoje, no entanto, uma nova era de descobertas científicas
que muito se aproximam dos milagres religiosos e assim, nitidamente, a Ciência
disputa as mentes mais brilhantes, enquanto a Religião conforma-se com um papel
social de apascentar ovelhas ignorantes, necessitadas de caridade material e
espiritual.
Evidentemente,
a Ciência acoplou-se ao poder econômico que financia a inovação tecnológica e a
produção de bens móveis e imóveis, enquanto a Religião vive dos dízimos pagos
pelos fiéis como contribuição para Deus. A ignorância os leva a crer que Deus precisa
de dinheiro para aumentar os seus rebanhos e coloca-los em grandes templos da
Fé, onde operam os pastores/sacerdotes que precisam comer, dormir e viajar.
Nessa proposta, contudo, de igrejas que pretendem ser universais, surgem igrejas particulares, isto é, pertencentes a
pastores que ficam com todo o dinheiro arrecadado para utilização com livre
arbítrio, alguns deles milionários. No outro polo - da Ciência - ocorre o
mesmo, formando-se empresas e conglomerados destas para o enriquecimento apenas de suas
diretorias e quando muito, também de seus maiores acionistas. Concorrentes entre si, elas utilizam o
vale-tudo publicitário para valorizar seus produtos, de modo, por exemplo, que
cada seita religiosa tem seu próprio Deus, como se fosse possível haver mais de
um Deus num único Universo, cada um com suas regras de vida na Terra, suas
estruturas post mortem e suas
propostas para a salvação e/ou ressurreição. Nenhum é capaz de mostrar aos
concorrentes que estes estão errados, porque nenhum Deus assim criado e imposto tem
poder para isso. Como as ovelhas são animais ignorantes, vão aceitando tudo o
que seus pastores dizem, para o prometido bem delas. Enquanto isso, o "Paraíso da Ciência" que promove a Tecnologia e a Economia
abre a porta para acionistas minoritários, isto é, indivíduos que confiam em
outro tipo de pastor: o corretor de ações, que são disputadas nas bolsas de valores.
A
crise mundial que vivemos neste início do "Terceiro Milênio da Era Cristã" atinge
todo o planeta, numa encruzilhada da qual não se sai sem grande risco de
derrota, isto é, de erro no caminho escolhido. Um fenômeno cada vez mais
visível é o da humanidade a se comportar em grupo como animais e individualmente
como intelectuais, separadamente. Os animais são os homens que apenas se
movimentam em trabalhos braçais, desportos e danças, minimizando o uso do
cérebro; os intelectuais são os que desprezam as atividades físicas,
minimizando-as ao próprio deslocamento, dedicando tempo integral aos
computadores, às artes e à ciência. Evidentemente, há uma graduação contínua na
evolução da animalidade para a intelectualidade, quer geneticamente, quer no
acúmulo de experiências e respectivos dados em memórias e processamento
compatíveis com as estruturas de consciência que se sucedem, vida após vida,
até tais estruturas serem salvas em arquivos que se eternizam, apondo novas
características físicas exigidas pela necessidade de novas funções psíquicas,
gerando novas espécies compatíveis com os ambientes planetários dos diversos
sistemas estelares.
Temos
assim uma proposta digna da melhor ficção científica para o desenvolvimento
qualitativo da existência presente e futura do ser humano, a partir da desistência do
sectarismo, em busca de uma postura científica sem os limites da matéria,
visitando a energia e superando-a em direção a estruturas de consciência
meramente psíquicas, sapienciais, capazes de avançar no espaço em velocidades
superiores à da luz. Dizer que tudo isso já está à nossa disposição, a depender do
nosso nível de racionalidade, pode ser mal recebido por quem ainda não domina
níveis de informação elevados, donde se conclui que o esforço individual é
necessário ao desenvolvimento do processo evolutivo que atua no animal, aumentando
sua inteligência e levando-o à sapiência. A boa notícia, afinal, é que cada um de nós, seja qual for sua posição evolutiva, deve reconhecer o degrau em que está na escada do seu crescimento intelectual e usar o cérebro que tem - mais do que os músculos e os órgãos genitais - par subir com paciência, degrau após degrau, em busca de uma posição mais elevada e uma paisagem mais completa do mundo que o cerca. É nisso e somente nisso que está a salvação.
Adinoel
Motta Maia
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