sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A CIÊNCIA DA LINGUA


Crônica científica

Começamos o dia, hoje, com uma notícia vergonhosa para a Bahia. Uma prova para selecionar novos juízes do trabalho, com pouco mais de dois mil e quinhentos candidatos advogados da Bahia para atuação na Bahia, selecionou apenas 61 finalistas para uma prova de redação. VERGONHA: todos foram reprovados e é possível que tenhamos de importar advogados de outros estados para nossos tribunais. Este é o nível de educação que temos em nossas universidades, nos cursos de Direito. É este o resultado da política social de nivelamento por baixo, para que os menos capazes não sejam recusados pelo nível superior de educação. A começar pelo ensino do nosso idioma, a língua portuguesa, fundamento sem o qual a comunicação é prejudicada e os prejuízos se avolumam. O nível de exigência para a aprovação nos exames escolares, notadamente o vestibular, deve ser compatível com o que se espera e necessita, na formação de nossos profissionais, quer estejamos falando da atividade privada, quer a pública, inclusive a política, onde todos sabemos que o voto analfabeto está elegendo candidatos analfabetos para o Poder Legislativo.

A importância da língua é tão grande, que aquela que se fala na Alemanha é justamente a que o protestante Martinho Lutero utilizou para traduzir a Bíblia Sagrada, assim obrigando todos os que falavam diversos dialetos e a queriam ler a aprender aquele utilizado, assim unindo vários povos em uma só nação. Defender o próprio idioma é defender a Pátria. No Brasil, no contexto da malandragem e da preguiça que assola o País, forma-se e informa-se os nossos jovens com deficiência tal, que hoje já é difícil encontrar intelectuais em nossa juventude cheia de animais que apenas se animam, isto é, se movimentam fisicamente e usam o cérebro para comunicar-se através de símbolos que não precisam de gramática (nem de matemática) para trocar recados, ditas mensagens eletrônicas, que devem ser curtas porque as telas dos aparelhos leitores são muito pequenas. Uma frase como "você também é porque..." é digitada "vc tb é pq..." - que é danosa porque vicia nossos jovens, que se tornam adultos com pequena capacidade de raciocínio e muita agilidade para conversas inúteis. Tudo isso - ninguém se engane - é fruto da ganância de empresários que criam aparelhos eletrônicos e desejam ganhar o mercado com a cultura do menor esforço. É verdade que se trata de inovação tecnológica. A pergunta que deve ser respondida é: para que? A serviço de que e de quem? Nossa mídia eletrônica e impressa segue a onda, impulsionada pelos milhões de dólares - seriam bilhões - gastos por tais empresas multinacionais em propaganda.

Tudo se explica. Nem tudo se justifica. Se não temos um "desconfiômetro" e não exercitamos o pouco que ainda nos resta de tempo para escrever com todas as letras, todas as palavras necessárias às frases que se juntam para completar um raciocínio lógico, ESTAMOS PERDIDOS. Iremos nos tornar macacos eletrônicos, voltando à animalidade, ao invés de levarmos nossa inteligência - somos intelectuais - em direção à sapiência, que significa aumento de capacidade de memória em nosso cérebro e de velocidade de processamento dos dados, nele. Com a lenta ajuda da genética, evidentemente. Essa evidência nos coloca numa necessidade premente de desenvolver a língua portuguesa na sua complexidade, como ciência (não apenas como arte literária), na memória, transporte e processamento de dados para compor estruturas psíquicas cada vez mais completas, em busca de mais consciência (ver um dos apêndices do romance A Cruz dos Mares do Mundo), que evolui o ser humano, passando-o de intelectual para sapiencial, em direção ao Reino de Deus (Jesus foi traído por Cristo), conforme se lê em A Noite dos Livros do Mundo.

Nada está perdido porque ainda há fagulhas espalhadas pelo mundo e que podem voltar a incandescer esse mundo ameaçado de melancólica volta - não será a primeira vez - à animalidade, na medida em que o aumento da população apenas aumenta a percentagem de animais, em relação à dos intelectuais. Nesta sanfona em que se coloca a humanidade ao longo dos muitos e muitos milênios, com meteoros, eras do gelo e outras ocorrências em intervalos niveladores, temos de nos apressar. A cultura da língua é o fator mais revelador do nível intelectual de um povo. Ignorar isso já é preocupante e não tomar essa assertiva como farol é desesperador, pois não sabemos quanto tempo nos resta até o próximo fenômeno meteorológico ou geológico que reduzirá nossa população humana a muito poucos indivíduos. Raros destes serão salvos. Tratar a língua como ciência e evitar que seja destruída, enquanto se pensa estar no caminho certo apenas com a arte que se faz com ela, é fundamental para o futuro da espécie humana. Um bom passo nessa direção foi a reprovação total de todos os candidatos ao concurso baiano para escolher novos juízes do trabalho. Sinal de que há intelectuais (ainda) no comando da Justiça, na Bahia.

Adinoel Motta Maia
 
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