sexta-feira, 22 de julho de 2011

PROJETO BAÍA DE TODOS OS SANTOS - BTS

Esta é a hora e a vez da BTS.

Neste ano do 510º aniversário da descoberta da Baía de Todos os Santos, com este nome, comecei a falar em BTS, uma sigla carinhosa que trouxe de Belo Horizonte, quando ali estive em turismo, ouvindo toda a gente a pronunciar BH para referir-se à sua cidade. Dando uma entrevista ao repórter Davi Lemos, de "A Tarde", sobre o Descobrimento do Brasil em Portro Seguro (22 de abril a 2 de maio de 1500), a matéria publicada em 1º de maio de 2011 estampou as letras BTS na manchete da página. Falei então da descoberta da Baía de Todos os Santos, à margem da qual sempre vivi, sempre vendo suas águas, fosse da janela da minha casa, fosse nas inúmeras travessias que fiz, ora indo para Cachoeira, ora para a ilha de Itaparica.

Em 2010, já havia proposto ao Gabinete Português de Leitura a criação de uma efeméride em volta de 1º de novembro, com o título de Semana da Baía de Todos os Santos, com eventos que foram realizados na sede daquela instituição e com a adesão do Yacht Clube da Bahia, que realizou um rico coquetel comemorativo, oportunidade em que foi apresentado o projeto inovador - o livro como mídia - do meu romance "A Cruz dos Mares do Mundo", já impresso, não só ambientado na BTS como narrando sua descoberta em 1501. Estava, eu, ainda escrevendo a obra "Yacht 75 Anos", que acaba de ser lançada neste mês de julho, havendo ali um longo capítulo intitulado "A Baía das Velas", que não é outra.

Chegando julho de 2011, também "A Cruz dos Mares do Mundo" ganha sua primeira edição com o Selo AMME, ao tempo em que proponho ao Gabinete Português de Leitura, o Projeto BTS, já aprovado em sessão do dia 13, da Diretoria para ser permanente, sob minha coordenação.

A seguir, para conhecimento de todos, a íntegra do projeto aprovado.


PROJETO BTS
CADASTRO-CALENDÁRIO COM REGISTRO E AÇÕES DE EVENTOS CULTURAIS

Introdução

Estudos realizados por mim, a partir de documentos históricos, de conhecimentos geográficos e geológicos aceitos universalmente e das próprias teoria e prática de navegação a vela, levaram-me a concluir que os historiadores não deram qualquer importância à viagem de volta de Gaspar de Lemos à Portugal, em 2 de maio de 1500 – partindo de Porto Seguro, na Bahia – referindo-a apenas como a missão de levar ao Rei D. Manuel I a notícia da descoberta de terra no mar oceano Sul, no caminho para as Índias, pelo escrivão Pero Vaz de Caminha registrada como “Ilha de Vera Cruz”.
Conforme entrevista por mim concedida ao jornal “A Tarde”, de Salvador, publicada em 1º de maio de 2011, Gaspar de Lemos fez essa viagem de volta, obrigatoriamente bordejando a costa da considerada “ilha”, assim evitando os ventos de proa e as correntes descendentes – do equador para o polo – que ajudaram a frota de Cabral, mas o impediriam de navegar a vela para o Norte em pleno oceano. Analisando cientificamente a situação do navegador português, naquela missão, fica evidente que ao subir pela costa, logo passou por acidentes geográficos e deve ter registrado, como de hábito, suas latitudes, entre os quais a baía de extraordinária barra (ou boca), que um ano e meio depois, seria oficialmente descoberta e nomeada “Bahia de Todos os Santos”, com a chegada ali, da expedição de Gonçalo Coelho em 1º de novembro de 1501.
Se tomarmos essas duas datas – 2 de maio e 1º de novembro - em cada ano, podemos estabelecer uma temporada de seis meses para ações em prol do estudo científico, sobretudo geográfico e histórico, no conjunto de lugares sob a influência da BTS – Baía de Todos os Santos – ao tempo em que se realizariam eventos culturais nesses lugares, vinculados a datas tradicionais da sua história e do seu folclore, inclusive as religiosas.
Para a realização deste projeto, portanto, tomar-se-ia, a cada ano, o período entre 2 de maio e 1º de novembro, para se realizar essas ações culturais e científicas, criando-se um selo para marcar todas essas iniciativas devidamente registradas – cadastradas – com as iniciais BTS seguidas do ano de cada um desses períodos, de modo que, neste primeiro ano, o selo teria os sinais BTS-2011; no ano seguinte, BTS-2012; e assim por diante.

Objetivos

Feitas tais considerações, torna-se óbvio que por esse meio, pode-se fomentar, estimular, promover e consolidar estudos para o melhor conhecimento da Baía de Todos os Santos e dos lugares e sua gente, no seu entorno, nas áreas às suas margens e às margens dos rios que nela desembocam, nos municípios de Salvador e do chamado Recôncavo, para tal se considerando como histórica, geográfica e geologicamente determinada barra ou boca da baía, a linha reta entre a Ponta de Santo Antônio (Farol da Barra) em Salvador e a ilha de Tinharé (Morro de São Paulo), na foz do rio Una, o que inclui na área do projeto, todas as localidades à margem da baía e dos rios que para ela fluem.
Também se pode, com este projeto, firmar compromissos entre o poder público e a iniciativa privada, no sentido de valorizar os lugares, seus costumes tradicionais, sua gente, assim destacados, sempre com a liberdade que deve orientar as manifestações culturais e a seriedade que se exige nas realizações científicas, preservando-se os valores biológicos e portanto, ambientais.
Finalmente, com tais ações, pode-se incrementar a realização de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de resgatar estruturas físicas enterradas, tradições esquecidas, paisagens perdidas e até biografias nunca feitas.

Justificativa

Temos, na Bahia, o hábito de esperar que nossas orações sejam ouvidas por entidades ditas espirituais ou de clamar pela ação do governo, seja federal, estadual ou municipal. É evidente que existem estruturas físicas e psíquicas montadas para atender as necessidades individuais, seja esta a de se alimentar, seja a de informar-se, seja a de ir e vir, seja a de habitar e assim por diante. É certo que pagamos impostos cada vez mais pesados para o nosso orçamento, com o propósito de dar à administração pública recursos suficientes para prover todas as necessidades básicas das comunidades e de cada individuo enquanto cidadão. Por motivos diversos, no entanto, muita coisa necessária não é feita e áreas que em qualquer país desenvolvido são paradisíacas, aqui são apenas selvagens; lugares onde lá fora se tem equipamentos para o lazer e a cultura, aqui se tem apenas lixo, esgoto a céu aberto, mato em vias públicas, desrespeito aos horários, enfim, o caos.
Justifica-se, por si só, toda iniciativa, todo projeto, que pretenda aumentar o nível de consciência de uma população para promover e monitorar seu desenvolvimento cultural, social e econômico, através da informação e do processamento de dados assim obtidos.
Mais que isso, no caso da Baía de Todos os Santos, cujo potencial turístico é igual ou maior que o de muitos lugares famosos do mundo, visitados por milhões de pessoas ao ano, que chegam com recursos para enriquecer populações inteiras, justifica-se atrair iniciativas individuais que jamais existiriam sem uma coordenação qualquer, não necessáriamente governamental, mas certamente pública.

Metodologia

Minha proposta, portanto, é que este projeto seja aprovado no âmbito de uma entidade sócio-cultural, com capacidade para registrar, cadastrar, arquivar e expor propostas, programas, captando recursos em sub-projetos ou simplesmente divulgando dados e processos para que iniciativas individuais ou comunitárias prossigam e prosperem, por conta própria, oferecendo instalações para reuniões e meios de divulgação.
Numa primeira etapa, se fará uma divulgação do próprio selo a ser colado em toda proposta, todo projeto, toda realização programada e efetivada, que esteja dentro do período de seis meses – 2 de maio a 1º de novembro – para que cada ação mostre estar registrada, cadastrada, na referida entidade “guarda-chuva”, formando assim um “estoque” à disposição de quem deseje investir em estruturas e eventos na Baía de Todos os Santos e sua zona de influência hidrológica.
Numa segunda etapa, esse selo será colado em peças publicitárias na mídia, em cartazes, em programas impressos, chamando a atenção do público para cada elemento assim cadastrado, da Baía de Todos os Santos, a BTS, em determinado ano (por exemplo, BTS-2011).
Finalmente, em sequência, haverá o desenvolvimento natural do próprio projeto, repercutindo os efeitos das manifestações e corrigindo rumos para maior eficiência e alcance do processo promocional da BTS.

Orçamento

Nesta apresentação do projeto, não havendo proposta especifica de realização de qualquer atividade, ainda sem uma entidade ou instituição que se proponha ser o “guarda-chuva” para todas as iniciativas, não seria possível oferecer números de custos ou investimentos.
Pode-se, contudo, dizer que a entidade ou instituição coordenadora, que abrigue tais iniciativas apenas para registro e avaliação necessárias à permissão de utilizar o selo, já teria instalações, equipamentos e pessoal em quantidade e qualidade necessárias para realizar tais funções, sem custos consideráveis adicionais, podendo, contudo, cobrar alguma remuneração pela locação de sala de reunião, auditório, salão de exposição, etc., conforme orçamento particular de cada sub-projeto, se tal for necessário, sem prejuizo para quem quizer realizar suas ações em instalaçõpes próprias ou comunitárias.
Sendo este o momento de buscar tal entidade ou instituição, propostas orçamentárias quaisquer seriam necessárias apenas no desenvolvimento deste projeto, junto a tal pessoa jurídica, em fase posterior, quando seriam estabelecidos organogramas, fluxogramas e cronogramas.

Conclusão

Em síntese, pretende-se com este projeto, formatar uma ação de promoção da Baía de Todos os Santos, resgatando seus valores geográfico-paisagísticos, biológico-ambientais, sócio-culturais e histórico-científicos, com o propósito de promovê-la nacional e internacionalmente como lugar de qualidade de vida humana, animal e vegetal capaz de atrair pessoas que invistam no seu desenvolvimento sustentado, como riqueza do povo baiano.


Salvador, 2 de maio de 2011

Adinoel Motta Maia