sexta-feira, 12 de abril de 2013

AMOR AOS ANIMAIS


Crônica científica

Ví hoje no "Bom Dia Brasil", na TV, que em São Paulo há um hospital ao qual se permite levar até o leito dos pacientes internados, os seus animais de estimação, com o depoimento dos médicos de que isto tem contribuído para melhorar o estado físico deles e consequentemente reduzir o tempo de internação. Há muitos ângulos de abordagem desse fato, a começar pelo que nos mostra o que é uma prova científica, no caso, num laboratório terapêutico, no qual se comprova um efeito positivo qualquer - a melhoria do estado do paciente - em face a uma providência adotada. A repetição do procedimento e a obtenção de um mesmo resultado é uma das condições para que se considere a experiência e a descoberta como científicas.

Conduzo esta crônica, no entanto, para um outro ângulo de abordagem desse fato, demonstrando que a distância entre a Razão e a Fé pode ser nula, quando a velocidade do processamento dos dados, no cérebro, é a mesma, isto é, quando a inteligência e a sapiência operam na mesma velocidade, ou ainda, que  sapiência nada mais é do que inteligência em velocidade de processamento extremamente grande, que tende para valor infinito. Com base nesta assertiva, pode-se construir um edifício lógico que explica a cura pela Fé, que se faria com os mesmos elementos utilizados na cura pela Razão. Em outras palavras: religião e ciência são campos diferentes porque são resultantes de métodos diferentes na sua abordagem intelectual - sabemos todos - mas tão somente porque são diferentes essas abordagens, dos mesmos fenômentos neles observados.

Assim, mais diretamente, pode-se dizer que a cura pela Fé é mais rápida do que a cura pela Razão porque aquela atua diretamente nas causas psíquicas, enquanto esta trabalha com o tratamento dos efeitos físicos. Assim, o paciente internado que recebe no seu leito hospitalar o seu cachorrinho de estimação, que o saúda com olhos e rabinho movediços, recebe também uma injeção de amor, não apenas do animal por ele, mas sobretudo dele pelo animal. Essa dose de amor atua diretamente no seu sistema neural e o leva a promover condições fisiológicas mais favoráveis à cura, no próprio corpo, antecipando a sua alta hospitalar. Pode, contudo, o leitor estar estranhando o uso do termo Fé, sem uma associação a qualquer Santo ou ao próprio Deus. O que estamos a ver é que o resultado é o mesmo, porque o que promove a cura pela Fé não é o intermediário, seja este o médico, o santo ou o animal. O que promove a cura pela Fé é o acionamento direto da estrutura psíquica que é a base formadora do corpo físico, enquanto a cura pela Razão não ataca nessa profundidade, mantendo-se nos cuidados diretos com a matéria e a energia dos corpos, onde estão os efeitos e não as causas.

Não foi por outro motivo, que São Francisco deu tanta atenção aos animais. Muitos deles, os que vivem nas florestas, nascem, vivem e morrem sem médicos nem remédios, podendo ser atacados por micróbios ou por outros animais que buscam neles o alimento cotidiano. É esta a regra do jogo, que também é jogado pelos homens, intelectuais. Não há vida sem comida e as espécies mais evoluídas dominam as mais primitivas, das quais retiram seu alimento. Há animais, no entanto, que, por vários motivos, tornaram-se companheiros dos homens, que os domesticaram, colocando-os em suas casas e cuidando deles, se não como filhos, ao menos como amigos. Ainda que inconscientemente, os homens sabem ou sentem que já foram animais, na cadeia evolutiva iniciada antes, com os minerais e os vegetais, continuada com maiores graus de complexidade, desde os insetos coletivos até o mamíferos individuais, no topo dos quais estão os próprios homens, vida após vida, sucessivamente com cada vez menos animalidade (coletividade) e mais intelectualidade (individualidade).

Ao cuidar de um animal e colocá-lo até em nossa casa, quase como um membro de nossa família - há quem pague a médico e a salão de beleza para tratar dele - nada mais estamos fazendo do que reconhecer que em vidas anteriores, muito lá atrás, já fomos um deles. Agora, precisamos compreender que, assim os tratando, com amor e educação, estamos contribuindo para que evoluam individualmente com maior rapidez, saltando etapas naturais, não apenas físicas, genéticas, mas principalmente psíquicas, na medida em que o ego eterno de cada um possa, após uma vida, religar-se a um novo corpo, dentro da própria espécie ou passando para outra, superior. Há muito o que estudar, pesquisar e comprovar, ainda, nesse campo, mas um bom estímulo para que o façamos científicamente é conhecermos melhor todos os povos do mundo que valorizam os animais e os consideram nessa estrutura evolutiva do ego. Só os judeus, cristãos e muçulmanos "acreditam" que os homens vivem apenas uma vez, desta vida saindo para o Inferno ou o Paraíso eternos. Pura imaginação, sem nenhuma base científica...

Adinoel Motta Maia