sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A ARTE DE FECHAR OS OLHOS


Crônica Científica

A notícia de ontem, na televisão, dizendo que a Terra está sofrendo um bombardeio de pequenos asteroides, é sem dúvida, assustadora, Nenhum de nós está livre, na Terra, de ter um deles a explodir em nossa atmosfera, chovendo pedra e/ou ferro em nosso quintal. Ou, o que pode ser pior, do choque de um deles, inteiro, no centro de uma cidade grande, por exemplo. A notícia acima referida fala de mais de mil mortos na Rússia, dias atrás, quando ocorreu tal explosão sobre uma pequena comunidade. Os grandes asteroides estão sendo monitorados pela ciência telúrica, de modo que, catástrofes como a do desaparecimento dos dinossauros e por um tempo, de todas as demais espécies animais, na superfície de nosso planeta, ocorrida há dezenas de milhões de anos, sendo hoje possíveis, talvez possam ser evitadas, se tivermos tempo de mandar algo ao seu encontro, capaz de desviar sua trajetória. Os demais, de relativamente pequeno porte, não são monitorados, porque são muitos e não facilmente detectáveis a tempo de se tomar qualquer providência. Estamos, portanto, ao sabor do azar.

Dir-se-á que cada um de nós pode morrer a qualquer momento na rua violenta das cidades brasileiras, com muito maior probabilidade do que com a chegada de um asteroide. Pura verdade, que leva muita gente a preferir as novelas do que os noticiários de televisão, fechando os próprios olhos para tudo e vivendo na ignorância. Por outro lado, há a verdade também muito verdadeira de que um dia será o último de todo indivíduo animal na Terra, por razões naturais, inclusive com limite que nos é dado pela glândula pituitária, responsável pelo controle da reprodução celular, que só seria garantida até os 144 anos de vida, no homem. A boa notícia é que após uma vida há outra, mas muitos de nós não acreditam nisso porque estão condicionados por igrejas que confundem tudo, afirmando o que não deve ser afirmado, que só temos uma vida, após o qual o destino é definitivo para a nossa "alma" (seria mais correto dizer "ego", porque alma vem de anima, que significa movimento e corresponde à força que dá movimento aos animais, os únicos seres que se movem). Este é um dos maiores fatores que estimulam a corrupção, entre tantas formas de criminalidade, porque há idiotas que dizem: "Se só tenho uma vida, vou gozá-la da melhor forma possível". Isso não justifica, mas explica porque vivem como se estivessem numa luta de "vale tudo", contra todos. Ao contrário do que dizem essas igrejas, não há perdão para quem não sabe o que faz, justamente porque não se sabe o que se faz por causa de sua própria ignorância, por preferir a diversão à informação.

Sem ciência, não há salvação.

Não nos esqueçamos jamais, que o hoje é o amanhã do ontem, como é o ontem do amanhã. Algo tão óbvio costuma não ser considerado pela maioria das pessoas, que não constroem hoje o seu amanhã, esperando que tudo caia do céu ou do programa "bolsa-família", obra de governo que estimula a preguiça, a acomodação e  pobreza, mantendo os ignorantes sob o controle dos políticos. Tem gente que se orgulha de receber essa esmola. Fala-se que isso é amor do governo pelos pobres. As igrejas também costumam confundir o que é amor, trocando causa com efeito. Mais uma vez, falta de ciência e estímulo à ignorância, porque todo gado precisa de vaqueiros. Depois que os poetas perderam a Lua para os astronautas e as estrelas para os telescópios em órbita da Terra, é a vez de aceitar o amor como força de atração entre as partículas subatômicas (na Física isso tem o nome de força fraca ou, como diz o físico Jean Charon, "espírito") que formam não só os átomos como todos os corpos. Vê-se que o mundo está cada vez mais excitante para os cientistas e perdendo a graça para os artistas. O que é mais uma razão para trocar o samba-de-roda pelo Google, como atividade de cultura e lazer. Mais estímulo para o cérebro, que comanda, do que para as nádegas, que obedecem.

Adinoel Motta Maia