Crônica
científica
As metas educativas para fins políticos, isto é,
meramente estatísticos, privilegia o número de assentos ocupados nas escolas, ou
seja, o de matrículas. Diz-se que o País está melhorando no item “educação”
meramente porque aumenta o número de crianças e jovens matriculados. Não vemos
qualquer questionamento que se refira ao que, quanto e como esses brasileiros
estão apreendendo, mas os resultados apresentados pelos diversos exames que se
realizam no país mostram claramente que não é muito, sequer o satisfatório. Na base de tudo, está a formação e o salário
do professor dos cursos fundamental ao médio. Como atrair para o
magistério, pessoas qualificadas para educar – não apenas ensinar – se o
salário oferecido é menor do que aquele que ganha, num mês, uma simples faxineira
diarista ou um encanador que se encontra em porta de casa de materiais de
construção, que não precisa saber mais do que a prática do seu ofício? É
evidente que o Estado, isto é, os políticos que nele atuam, querem manter a
população brasileira ignorante e idiota.
Por outro lado, ainda politicamente, não interessa a
prefeitos, governadores, deputados, vereadores e seus secretários ou mesmo ao
Presidente da República e seus ministros, que a Escola forme massa crítica,
cidadania atenta e competente. O que esses enganadores querem é apenas o voto
sem consciência, de ignorantes que acreditam em slogans ou seguem líderes carismáticos semeadores de crenças e
emoções, contrários a tudo que desenvolva a razão e promova a verdade. A
técnica mais utilizada para manter esse status
quo é a do fomento das artes e dos espetáculos que formam apenas
espectadores nas escolas, assim como dos jogos recreativos (jamais o do esporte
competitivo, que forma líderes). Para completar o quadro, introduziu-se a farsa
que dá dinheiro a quem apenas matricula os filhos na escola (sem se exigir que
obtenham rendimento com os estudos). E o pior: enche-se a mídia impressa e
eletrônica com anúncios de empresas estatais, para que textos como este não
sejam impressos em suas páginas ou lidos em quaisquer horários. Uma mídia que
privilegia os temas sociais e o noticiário policial para atrair a fatia do
público que cultiva apenas emoção, sexo e violência, ou seja, as práticas dos
animais.
Com essa base estratégica, os políticos que
envergonham a nação que os elege, reelege e eterniza em seus cargos – sobretudo
a minoria dos intelectuais que são obrigados a conviver com essa realidade –
são os donos do país e de sua população, usufruindo a mais torpe das ditaduras:
a da corrupção, que compra tudo e quase todos. Os intelectuais brasileiros,
isto é, a parcela da sociedade que usa o cérebro na plenitude de sua capacidade
de memória e da sua velocidade de processamento, no topo da educação não apenas
universitária e em pleno processo cultural dirigido para a consciência
científica e suas preferências artísticas, têm a responsabilidade de liderar
uma revolução na educação do povo deste país, sabendo que não se educa as massas,
mas cada um dos indivíduos que as compõem. Qualquer tentativa em educar massas,
neste mundo, resultou apenas em monstruosidades sócio-políticas que a História
mostra como exemplos de sacrifícios não raramente transformados em infernos
dantescos.
Nesse contexto, trago o publicitário baiano Nizan
Guanaes, que, em um artigo publicado em 14 de maio de 2013, no jornal A Tarde, defendeu “o fim da marca
fantasia e o começo da marca verdade” na comunicação, na publicidade, alegando
que, “como o mundo está transparente, o consumidor cobra o que você diz que é”
e assim, “na época da comunicação total, a verdade tornou-se a maior arma de
persuasão em massa”. Não apenas em massa, podemos completar, mas também
individual. Principalmente quando individual, porque a massa é mais fácil de
enganar do que o indivíduo. Assim, tomando emprestado a competência e a
experiência de Guanaes, vamos todos reforçar esta proposta de cultura da verdade
também na educação, substituindo as pressões ideológicas partidárias e
sectárias na formação de professores por uma universalidade científica até no
ensino das artes – onde se trabalha com emoções – trazendo a verdade, doa em
quem doer, como solução para a felicidade e a eternidade dos egos de todos nós.
Porque, afinal, é o ego que importa porque é ele que evolui e nos transforma,
levando-nos, como diria Jesus, para o Reino de Deus.
Adinoel Motta Maia