quinta-feira, 6 de maio de 2010

ONDE E QUANDO 09

Há dois dias, ou melhor, na noite de antes de ontem, os astrônomos amadores buscaram Marte no céu por um motivo especial: o fechamento do laço retrógrado que vinha desenhando na constelação de Câncer desde 12 de outubro do ano passado.
Nada de complicado para o homem comum, que nada entende de astronomia.
Vou explicar isso, aqui e agora, passo a passo.

Olhar para o céu à noite é cada vez mais frustrante nas grandes cidades, por causa das luzes desta que iluminam também a atmosfera e assim eliminam a principal condição para o aparecimento das estrelas: a escuridão.
Conta-se que um habitante que nasceu numa grande cidade e nunca saiu dela, em uma noite, sendo atingido, pela primeira vez, por um “black-out”, entre surpreso e amedrontado pela falta de luz, chegou à janela e olhou para o céu, enfrentando um momento de terror. Correu para o telefone e avisou à Polícia: “Estamos sendo invadidos por milhares de naves extraterrenas!”
Era a sua primeira visão das estrelas.

Em verdade, o homem urbano não olha mais para o céu à noite, salvo para ver a Lua Cheia, sempre gloriosa e dominante na paisagem.
Só nos lugares mais escuros, como os bosques ou as praias não iluminadas, ainda se pode observar as constelações, que são aqueles conjuntos de estrelas que formam quase figuras, por se ver apenas as mais brilhantes (diz-se “de maior magnitude”).
Entre tantas constelações, há uma que se chama “Câncer”, não por causa da doença, mas pela sua forma semelhante a um caranguejo.
Na astrologia, é o quarto signo do zodíaco, das pessoas que nascem entre 21 de junho e 22 de julho.
Neste momento, por volta das 22 horas, pode ser vista pouco acima do horizonte oeste.

Pois bem! Marte está ali, um pouco acima das suas principais estrelas. Parece uma estrela amarelada, mas com sua luz firme (as estrelas piscam).
Os planetas mudam de posição no céu, noite após noite, fazendo o seu caminho, sempre junto ou sobre a linha da eclíptica (a trajetória do Sol no céu). Passeiam assim pelas constelações do zodíaco.
Há casos e momentos, no entanto, em que param e voltam até um certo ponto, de onde retomam sua rota normal, realizando uma figura arredondada, como se fosse um laço, que se pode acompanhar noite após noite, olhando-se para sua posição em relação às estrelas ao fundo.
Percebe-se isso muito bem no campo, onde se vê muito mais estrelas no céu do que nas cidades.
Esse fenômeno ocorre porque os planetas têm órbitas em volta do Sol e uns passam pelos outros, por estarem mais próximos deste.
Assim, ao passar por Marte, a Terra o observa como se ele parasse e ficasse para trás, fazendo o caminho de volta no céu, até novamente parar e retomar sua rota aparente na eclíptica.
A isso, os astrônomos chamam de “laço retrógrado”.
Na noite de 4 de maio, esse laço se fechou e hoje Marte já está no seu caminho habitual, novamente.
Quando se obtém o conhecimento, se ganha mais consciência e o ego evolui mais um pouco.
É fundamental saber onde e quando tudo acontece.

Voltem na próxima quinta-feira.