segunda-feira, 17 de maio de 2010

DESORDEM E REGRESSO 11

Vi e ouvi, na televisão, que se o Brasil quisesse fazer a Copa do Mundo hoje, já poderia, porque para quem organiza e realiza o campeonato brasileiro (séries A e B) e a Copa do Brasil, ao mesmo tempo, o campeonato mundial da FIFA é apenas um pequeno torneio.
Quem disse isso, no entanto, acrescentou que o problema não estaria nos estádios, mas nas cidades que recebessem os jogos, sem meios, vias e terminais de transportes nas dimensões e condições exigidas pelos torcedores que viriam de todo o mundo.

A COMEÇAR PELOS AEROPORTOS.

Quando se fala nos terminais aéreos, pensa-se em pistas de pouso e de rolamento, assim como em prédios. Na reportagem especial “Entre o Céu e o Inferno”, dos repórteres Carolina Romanini, Alexandre Salvador e Ronaldo Soares (VEJA, 7 de abril de 2010), mostra-se que os aeroportos brasileiros estão com terminal de passageiros, pátios de estacionamento de aeronaves e pistas de pouso SATURADOS.
Este não é um problema apenas brasileiro, contudo, mas aqui é mais grave e será muito maior durante uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada, porque as obras são feitas para inauguração eventualmente, quando deveriam ser feitas periodicamente.
Pode-se até imaginar que os recursos são insuficientes, mas o fato é que o são porque não há planejamento e há muito desperdício e corrupção nos processos de licitação, construção e compras, segundo denúncias mostradas na imprensa.

Repercussão maior, no entanto, não se deve a esse trio da infra-estrutura pesada, mas em pequenas coisas que fazem a diferença e irritam os passageiros, principalmente os estrangeiros acostumados a não ver o descaso e sofrer por causa dele em seus países.
A mesma citada reportagem dá exemplos, como o das esteiras que danificam as malas nos aeroportos de Curitiba e Salvador. Isto irrita mais um passageiro do que deixá-lo no pátio por meia hora, a espera de autorização para seu avião encostar no terminal, apesar do custo de substituição da esteira ser desprezível, comparado ao da construção de mais uma pista.

A soma dos pequenos (e muitos) problemas em terra transformam o que seria uma viagem dos sonhos num martírio agora gravado nos celulares e mostrado aos familiares e amigos, em todo o planeta, quando fazemos algo que atrai gente de muitos países.

Atestam, esses incômodos e prejuízos, a nossa barbárie, a nossa desordem, o nosso regresso como civilização que produz aviões a jato e não sabe cuidar de aeroportos, estradas, avenidas, ruas, quase todos sem conforto e segurança, nos níveis aceitáveis.

Não devemos esquecer que somos os inventores dos aparelhos de voar.

Começava o século XVIII, quando Bartholomeu Lourenço inventava na Bahia o aeróstato, o aparelho que seria aumentado pelos irmãos Montgolfier sete décadas depois para proporcionar o primeiro vôo do homem, em balão.
Dois séculos depois, era o brasileiro Alberto Santos Dumont, quem dava dirigibilidade a esse balão e construía o primeiro avião a decolar com recursos próprios, em Paris.
Temos, portanto, obrigação moral de mostrar para o mundo que progredimos e não, que estamos regredindo.

É, portanto, urgente, preparar nossos aeroportos para nós próprios e assim recebermos bem nossos visitantes, aproveitando para mostrar aos que voam, quem foram esses dois nossos inventores, com grandes murais nas paredes e réplicas de seus aparelhos no saguão de cada terminal aéreo do Brasil.

PRECISAMOS, TODOS, PRESSIONAR AS AUTORIDADES NESSE SENTIDO.

AGORA!