segunda-feira, 22 de março de 2010

DESORDEM E REGRESSO 03

Às 11 horas de hoje, o homem passou com dificuldade pelo estreito acesso reservado aos pedestres, no pavimento térreo do Supermercado Bom Preço (loja do Canela, em Salvador, Bahia), porque havia um carro estacionado em área de circulação, bem encostado no tal acesso, impedindo que uma senhora que saía com suas compras passasse. O homem, vendo-a assim em dificuldade, ajudou-a, suspendendo um cavalete metálico, para que ela empurrasse seu carrinho por baixo daquele e assim pudesse retirar as compras deste, com sua ajuda, passando-as para fora do prédio. Até aí, havia o erro apenas de quem estacionou seu carro em local proibido, certamente porque não achou vaga para fazê-lo em outro lugar. O homem continuou o seu caminho e ao subir a rampa para a loja, encontrou um vigilante uniformizado, muito forte, encostado à mureta. Relatou a ele o que ocorrera e apontou para o carro mal estacionado, mas ouviu, sem acreditar no que ouvia: “O que é que eu posso fazer? Tenho família para cuidar, a empresa não me deu uma arma e eu não posso morrer por causa do Bom Preço”. Respondeu o homem: “Então não adianta nada o senhor estar aqui”. O vigilante concordou: “É! Não adianta não!”. O homem subiu para a loja e foi à gerência. A gerente não estava e uma mulher forte perguntou: “Em que posso ajudá-lo?”. Ele relatou toda a ocorrência e ela pediu para levá-la até o vigilante. Ele a levou e apontou para o homem da segurança e para o lugar onde estava o carro, indo cuidar de sua vida, porque já estava atrasado para o que tinha de fazer. Tinha cumprido sua obrigação.

O blog não sabe o que aconteceu depois, mas o que importa é que este não é um caso isolado. Não só vigilantes, até policiais, desarmados ou não, estão sendo mortos por bandidos em todos os cantos. Ninguém tem segurança nas ruas, nos supermercados, nos estádios de futebol, nas praias, nos cinemas e para ter alguma segurança em casa tem de se trancar com grades e cadeados dentro dela.
Todos os bandidos do Brasil têm quem os defenda com base nas leis de direitos humanos, mas nenhum deles dá a mínima para essas leis e esses direitos. Na minha adolescência, o Brasil não era assim. Ali pela metade do século vinte, o desenvolvimento econômico trouxe muitos benefícios, mas acabou com a educação doméstica. As pessoas passaram a lutar por seus direitos, mas ninguém se preocupou com os deveres, um dos quais o de educar os filhos, dentro de casa e na escola. Os professores adotaram teorias importadas de não punir na escola e os psicólogos espalharam a prática de não punir também dentro de casa. A falta de punição é a causa de tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. O pior é que sem punição, não há aprendizado, não há evolução, porque é a experiência do sofrimento que ensina a não repetir o processo errado. Não existe outro meio de fazê-lo, porque o ser, humano ou não, só evolui, só se desenvolve, com referenciais que são dados pela punição maior, a primeira delas, a das leis naturais, ditas Leis de Deus.

Como mudar isso, se a Igreja manda perdoar todas as dívidas e ações, dar a segunda face quando se recebe um tapa na primeira, assegurando que só vai para o Céu, para a companhia de Deus, quem é besta, idiota, ofendido, agredido, roubado e morto? É evidente que tem alguma coisa errada nisso tudo, mas seja o que for, é a responsável pela desordem e regresso generalizados neste País (e nos outros).