sexta-feira, 15 de março de 2013

BUENOS AIRES DEL PAPA FRANCISCO


Crônica científica

Pode-se estudar científicmente a religião? É evidente, que sim.
É a religião, uma ciência? É evidente, que não.
Por que não? Porque se faz ciência com a razão, com a inteligência e se faz a religião com a fé, a sapiência.
Mas a sapiência é o degrau acima da inteligência, na evolução do ego.
E quem disse que a ciência já reconhece a sapiência?
Se o reconhecesse, evoluiria para a religião ou estamos sofismando?
Temos de ter cuidado, porque, para evitar o sofisma, podemos rigorosmente deixar de analisar cientificamente a religião.
Está confuso? Esta conclusão pode ser parte do sofisma.

Vamos contornar com outra questão.
Só há um Papa, mas neste momento, temos dois. Um que acaba de ser eleito e será logo empossado, com nome Francisco; e outro, com nome Bento XVI, que renunciou às suas atribuições, mas continua papa porque só se deixa de ser papa quando se morre. Pode-se fazer um sofisma com esta realidade. Cientificamente, temos dois papas. Religiosamente, temos um Papa Francisco e um Papa Emérito Bento XVI, como existem muitos cardeais em função cardinalícia e outro tanto de cardeias ditos eméritos. Assim como professores que estão em sala de aula e outros que se aposentam com honra e são eméritos.

O que ocorre, no entanto, é que há uma particularidade única na função papal: o papa é único porque escolhido por Deus, inspirando-se os cardeais a elegê-lo por orientação direta do Espírito Santo, de modo que se admite estar a maioria dos cardeais capacitada a ouvir a inspiração divina e a votar num cardeal que doa o resto de sua vida a essa missão. Isto é, assume a função até a morte, por determinação divina. Assim nenhum papa teme a morte.

Acontece que o Cardeal Joseph Ratzinger, quando estava a serviço do Papa João Paulo II, contribuiu com um dispositivo que alterou a Lei Divina e passou a permitir que o Papa se aposentasse, renunciando à missão conferida por Deus. Parece que estava advinhando ou sabendo que seria eleito Papa e assim abria uma porta de saída para não morrer como João Paulo II, fisiologicamente destruído. Agora se sabe que na sua eleição, oito anos atrás, o segundo colocado foi o cardeal argentino que agora, tendo ele renunciado, foi eleito Papa, tomando o nome de Francisco. Uma trama da Mãe Natureza, isto é, de Deus? Ou uma trama dos homens?
Este tipo de raciocínio também parece conduzir a um sofisma.
  
Quantas vezes, na história da inteligência, na Terra,  argumentos científicamente - matemáticamente - perfeitos foram considerados sofismas e jogados na lata do lixo?
Vale a pena mexer nisso? É claro que vale, que devemos fazer isso sempre, porque não deve haver sombras à frente do Sol. Se as há, alguma coisa está errada.

Recordemos. Após a morte de Paulo VI, foi eleito João Paulo I. Parecia-se com o agora eleito, Francisco, quer pelo seu sorriso amplo e constante, quer pela sua simplicidade e pelo que diz, com abertura e sincera reflexão. Um mês depois ele estava morto. O Vaticano não parece um lugar seguro. Há no seu bojo, interesses contrariados, lutas intensas. Depois de João XXIII, a Igreja voltou-se mais para os homens. A Sociologia tornou-se mais importante do que a Teologia e a Filosofia. Para concluir o Concílio Vaticano II, já há quem peça o Vaticano III. O Papa Francisco será um papa dos pobres, mas não precisa ser um papa dos ignorantes.

Francisco afasta sua segurança e confia num Deus que o olha e protege, mas não deve esquecer que Deus é a Lei e que a Lei não se muda. Não há oração ou fé que a modifique. O que é proibido, o que é pecado, perante a Lei, não tem perdão. Ainda que o juiz perdôe, a Lei não perdôa e cobra a punição eternamente, de quem pecou e de quem perdoou. Quem perdoa o que pecou, peca duas vezes. A Lei nunca é enganada e dela nada se esconde, porque ela se aplica automaticamente em tudo e em todos. Chama-se Consciência, que se encontra em Tudo, inclusive no Nada. É isto o que está escrito...

Bons ares, portanto, para a Igreja de Francisco. O Papa que veio de Buenos Aires e pode fazer o encontro da Fé com a Razão, da Religião com a Ciência, da Psíquica com a Física, porque, no princípio e no fim, tudo é consciência.

Adinoel Motta Maia