sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Educação, Cultura e Turismo

Crônica

Sim, estamos com nova Ministra da Cultura. Rainha morta, raínha posta. Como São Paulo é o maior centro cultural do País, parece que a proposta é mostrar aos paulistanos, que não faltará recursos para a Cultura naquela cidade, se o candidato do governo federal àquela Prefeitura for eleito. Isto talvez signifique que o resto do Brasil não terá verbas para a Cultura e assim ninguém deveria eleger os candidatos do governo à Prefeitura das demais Capitais. Conversa besta, simplória, esta, num País tão evoluído, politicamente, como o Brasil. Não é?

Seja como for, não custa dizer que não existe Cultura, sem Educação. Houve época em que os ministérios e secretarias estaduais eram da Educação e Cultura, assim, inseparáveis. Num País sem Educação, Cultura é só Folclore, isto é, manifestações autênticas, singelas, do povo que se diverte com danças, pantomimas, música e cantos em praças públicas, como acontece no Carnaval, no São João e nas paradas de gente colorida e divertida, bastante fantasiada, isto é, travestida. (Parêntesis para consulta ao Aurélio: Travesti = Disfarce no trajar).

Se deixamos os homens sem educação, isto é, como bichos, eles cultivarão os hábitos dos bichos, tais como o de comer sempre que tem vontade, de fazer sexo em qualquer lugar e de ocupar territórios alheios, defendendo-os com violência.

Quando eu era menino, existia um hábito nas famílias, o da educação doméstica, para ensinar a criança a respeitar os mais velhos, a se comportar em casa e em público, a sentar-se na mesa para a refeição, a andar na rua, a conversar com moderação, a vestir-se adequadamente ao ambiente que se frequenta, enfim, a não incomodar as pessoas em volta, com seu visual, seus ruídos ou sua postura.
Com esta base, tinha-se as condições mínimas para se entrar numa escola e ser educado para a prática cultural e em seguida, a profissional. O conhecimeno obtido permitia compreender, interpretar e aplicar os textos literários, as peças teatrais e os trabalhos de arquitetura, engenharia, medicina e outras tantas disciplinas, que tornavam as pessoas mais capazes de realizar obras e de compreender as que observava.

Hoje em dia, ainda é assim, mas apenas para uma elite intelectual que faz o próprio esforço. O Estado é politicamente interessado na quantidade de votos que elegem membros de um partido para um cargo de governo e o que se vê é uma preferência pelos apetites mais primitivos, por exigirem menos esforço intelectual e terem um apelo passional mais forte, juntando-se gente como gado em frente a um palco e comandando esse grupo com gritos e sons para que pulem e cantem em uníssono  Nada mais.

Enquanto isso, por exemplo, em todo o Estado da Bahia, não há um Museu de História que mereça essa qualificação. Temos um Museu de Geologia, mas como é divulgado e se prepara pessoas para que desejem visitá-lo? A educação que se dá visa quase apenas a preparação para o exame vestibular que seleciona para as universidades, onde se educa apenas para o preenchimento de vagas em funções públicas ou privadas. Não se forma pessoas para a cultura e a pesquisa, como uma atividade paralela à profissional. Como pode alguém dizer-se consciente, se não sabe olhar para o céu e situar sua insignificante pessoa no contexto do Universo? Como alguém pode ser consciente, se não é capaz de escolher um candidato, numa eleição e vota apenas na musiquinha que mais lhe agrada ou no apelo passional de uma proposta que não será cumprida?

Vivemos num país em que se faz Cultura na pasta do Turismo e se faz Turismo na Pasta da Cultura.
Não é? Agora temos uma Ministra da Cultura que já foi Ministra do Turismo. Falta um bocado de preocupação com o reflexo que cada um consegue em frente a um espelho.
Adinoel Motta Maia
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LEIA TAMBÉM O MANIFESTO DO APOCALIPSE EM http://adinoel-blogart.blogspot.com
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