terça-feira, 8 de junho de 2010

O NASCIMENTO DO UNIVERSO

Não é fácil abrir a mente para o pensamento inovador, em busca do conhecimento das estruturas eternas, mas ainda subterrâneas, quando se tem a obrigação, no cotidiano, de aceitar como certo o pensamento sedimentado que nos encaixota no conhecimento limitado e dirigido para os objetivos pragmáticos.
No início do ano de 1957, prestei exame vestibular para a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, onde pretendia fazer o curso de Arquitetura, basicamente uma atividade criadora.
Apesar das minhas excelentes notas em Matemática, Português, Desenho Geométrico e Desenho Artístico, que me aprovariam nos primeiros lugares, fui examinado em Física por alguém que era um físico, mas apenas um engenheiro civil, professor de Pontes. Assim, enquanto me preparei para o vestibular com aulas de cálculo vetorial ministradas pelo extraordinário professor Guilherme Ávila, os exames escrito e oral foram realizado com base no compêndio de autoria de Aníbal Freitas, adotado no curso secundário. Basta dizer que na prova oral, que constava de cinco perguntas, cada uma valendo dois pontos, minha resposta em uma delas (o que é lente?) foi considerada errada porque não era a que se encontrava no referido livro.
É um absurdo que vinte por cento da avaliação de todo o programa de Física seja feita apenas com uma pergunta dessa qualidade, que só avalia se o candidato decorou ou não as definições encontradas no livro.
Essa estrutura tacanha, onde o professor mais valia pela sua empáfia do que pela sua capacitação e ousadia intelectual (no caso, científica), foi dominante no ensino universitário da Bahia até a década de 1960 e responsável pela minha desistência da Arquitetura, levando-me para a Engenharia, cujo vestibular, embora incluísse também Química, não tinha prova oral, de modo que assim livre de questões simplórias, logrei ser aprovado, ingressando na Escola Politécnica da mesma universidade, dirigida – podem todos acreditar – pelo mesmo professor que me impedira de ser arquiteto, do qual viria a ser aluno e que mais tarde seria meu colega, porque passei em concurso para ser professor dessa escola, participando do Colegiado de Curso por ele coordenado.
Narro essa minha experiência para dizer que sempre desafiei as estruturas sedimentadas e nunca temi ser prejudicado, na defesa de conceitos inovadores buscados na pesquisa individual, sem me submeter a “autoridades” praticantes do conhecimento inalterável e dogmático, fechado em cânones e mantido em estado de verdade absoluta, fora da qual tudo é especulação.
Assim foi que estudei simultaneamente os ensinamentos rosacruzes e os universitários, não raramente interrompendo aqueles para poder avançar nestes e obter o meu diploma de graduação, enquanto praticava o jornalismo no Jornal da Bahia, onde ingressei em 1959 como colunista e repórter, seguindo uma carreira na qual fiz de tudo, inclusive como editor de caderno dominical, até 1996.
Naquele jornal, tive uma página aos domingos, por muitos e muitos anos, intitulada Ficção e Realidade, para a qual escrevi contos de ficção científica e policial e textos investigativos de temas que atravessavam a religião, o misticismo, a filosofia e a ciência, sem temer os assuntos controvertidos e sem medo de ser maculado por enfrentar pesquisa séria em áreas recusadas pela ciência, como a dos apelidados discos voadores e a dos ditos espíritos desencarnados.
Com humildade e coragem, escrevi o meu primeiro livro, para apresentar o fruto do que meus neurônios juntaram e processaram, sobre o Universo, durante todos aqueles anos. Ao ler o original da obra, o editor da série “Enigmas do Universo”, das Edições Melhoramentos, imediatamente o aceitou, colocando-o entre títulos de autores como o físico francês Jean Charon. Esse meu livro – Humanidade: Uma Colônia no Corpo de Deus – foi o único de autor brasileiro, nessa série, publicado em 1981. Esgotado, só é encontrado nos sebos.
Está ali, uma primeira visão, minha, da estrutura do Universo. Nada menos do que o Corpo de Deus. Ousei dar ao termo “macróbio”, apresentado no dicionário como uma pessoa muito velha (os donos da verdade não admitem a existência do macróbio como um ser muito grande, na mesma escala em que micróbio é muito pequeno), um significado etimológico oposto ao de “micróbio”. Naquela oportunidade, me pareceu lógico comparar o átomo (elétrons em torno do núcleo) no corpo humano a um “átomo” (planetas em volta de estrela) no corpo de Deus.
Com o desenvolvimento da idéia, ainda teoricamente, imaginei que alguma coisa na “superfície” de um elétron num átomo de carbono num corpo animal olharia para outros elétrons e para outros átomos, com a mesma percepção que nós humanos temos de um céu com planetas e estrelas.
Assim, analogamente, podemos nós, ao olharmos um céu de planetas, estrelas, galáxias, estar vendo “elétrons”, “átomos”, “moléculas” de um corpo vivo, macróbio, que nasceu e cresce, com dimensões tais que constituiriam um universo (não o Universo) de dimensões para nós imensuráveis, mas realmente limitadas.
Ainda podemos admitir muitos desses “universos” co-habitando o espaço cósmico, como nós co-habitamos na Terra. Para nós, cada um deles seria um deus, com tantos poderes sobre nós como teríamos poderes sobre habitantes de um elétron, se estes existissem.
Se tal quadro fosse real, certamente esse deus não saberia da nossa existência, como não sabemos da existência de seres quaisquer em elétrons quaisquer, de qualquer átomo de nosso corpo.
Esta é apenas uma das muitas propostas de reflexão nesse livro.
Uma reflexão que precisa ser feita, porque implica na origem de nosso universo (corpo de um deus), cujo nascimento não seria uma explosão, mas algo parecido com uma mitose seguida de outras divisões e o conseqüente crescimento do corpo, com as moléculas se afastando uma das outras como nossas galáxias o fazem.
Essa proposta já é científica, quando estudamos o nosso céu, cada vez com melhores equipamentos para detectar e compreender os seus fenômenos, sua composição e suas leis.
Esse livro de 1981 vendeu completamente sua única edição (pela Internet, pode ser encontrado em alguns sebos) e nunca achei tempo para fazer sua revisão e ampliação para uma segunda, na qual, no entanto, trabalho muito lentamente.

AGORA EM JUNHO, ESTE BLOG TRAZ A ORIGEM DO PENSAMENTO QUE ESTRUTUROU A TEORIA UNIFICADA DO UNIVERSO A PARTIR DA IDÉIA DE QUE ESPAÇO É CONSCIÊNCIA. CONTINUA NO DIA 18 DO MÊS.