terça-feira, 1 de junho de 2010

A BUSCA DA ETERNIDADE

Nasci em 1937 e vinte anos depois, exatamente no dia do meu aniversário, recebi e li a primeira monografia da AMORC – Ordem Rosacruz – à qual acabara de me filiar, atraído por um anúncio que falava de sua origem no Antigo Egito. Eu era estudante, preparava-me para o vestibular universitário e já colaborava com revistas e jornais, tendo lido “Deuses, Túmulos e Sábios”, o romance da arqueologia de C. W. Ceram, publicado no Brasil pela editora Melhoramentos.
Leitor assíduo de ficção policial de mistério, contos fantásticos, ficção científica, romances de aventura – depois de anos de relação com super-heróis das histórias em quadrinhos – já publicara meus primeiros contos na revista nacional “Vida Juvenil” (textos e quadrinhos).
Migrava aos poucos para os livros especulativos sobre mistérios arqueológicos, tais como os das pirâmides egípcias e maias, da Atlântida, dos discos voadores na antiguidade e das escrituras sagradas, desde a Bíblia até os poemas hindus da literatura védica.
Eu era um jovem normal, que ia aos jogos de futebol do Bahia, via todos os filmes lançados na semana, freqüentava clubes sociais e associações culturais, era folião no Carnaval, tinha amigos e amigas (naquela época só se fazia sexo normalmente com prostitutas e esposas), relacionando-me bem com os colegas, mas não encontrava tempo para namoro fixo e outros compromissos que tirassem minha liberdade como indivíduo sem qualquer sectarismo ou partidarismo.
A Ordem Rosacruz, ao contrário da Igreja, com seus ensinamentos, jamais exigiu crença ou fé, fornecendo meios para que se pudesse experimentar e provar mística ou cientificamente suas afirmações, permitindo a divergência e a divulgação de seus conhecimentos, até estimulando essa postura.
Foi nos seus textos que aprendi ser o tempo, a duração da consciência.

O bom professor é o que mostra tudo aquilo que podemos ver à nossa frente e nunca o fizemos por falta de atenção ou por olhar sempre para outro lado.
Fazendo os exercícios, provava com a minha própria experiência, que, com os olhos fechados e os ouvidos tampados, sem usar qualquer dos sentidos, eu estava consciente de mim mesmo e podia medir a duração dessa consciência, em unidades de tempo.
ERA EVIDENTE QUE SEM UMA DURAÇÃO, POR MENOR QUE FOSSE, DA CONSCIÊNCIA, NÃO HAVIA O TEMPO.
SUA DIMENSÃO ERA ZERO.

Essa informação, assim isolada, contudo, fora insuficiente para me levar a qualquer lugar, de modo que precisei de cinqüenta anos para ver, bastante iluminado, todo o Universo, a partir da consciência como essência e sinônimo do próprio espaço, aí já incluída essa sua dimensão: a duração.
Tive de inverter até conceitos rosacruzes, para chegar a essa descoberta.
Eu aprendera por anos seguidos, que a atualidade se refere às nossas experiências atuais, na vida atual; enquanto a realidade está na vida eterna, aquela que só conhecemos com a plena consciência de nossa personalidade-alma.
Essa estrutura semântica rosacruz, contudo, nos conduz para o lado oposto e nos afasta de nossa busca, porque a REALIDADE, ao contrário, é exatamente a estrutura na qual a consciência tem uma duração e isso nos remete para as leis da FÍSICA, esteja a nossa consciência limitada à percepção neural nesta vida que experimentamos como ego em um corpo material, ou esteja amplificada numa existência eterna como ego em uma estrutura energética que acumula todas as vidas materiais.
NÃO! Não estou fazendo proselitismo espírita, falando de reencarnação ou reincorporação de um espírito ou alma em vários corpos, sucessivamente.
O que estou a dizer é algo mais sutil, baseado numa frase bíblica:

DEUS FEZ O HOMEM Á SUA IMAGEM.
Não proponho qualquer conceito para Deus ou falo de sua capacidade criadora e neste momento, sequer afirmo que exista.
Proponho outra frase:
O HOMEM FEZ O COMPUTADOR E O ROBÔ À SUA IMAGEM.

Não se trata de uma imagem material, corporal.
O computador é muito diferente do homem, como matéria, mas é muito parecido, talvez igual, como mente.
Do mesmo modo, o homem deve ser muito diferente de Deus, como estrutura física, mas também muito parecido, talvez igual, como estrutura psíquica.
Em ambos os casos, o que temos é um processo idêntico, em que um SENHOR comanda sua MÁQUINA, fornecendo-lhe dados para que ela processe e retorne com resultados, nela inserindo um programa que a orienta em seu processamento eletrônico ou neural.
Se o computador está associado a um robô, ele próprio pode ir buscar os dados que precisa, como o homem o faz.
Assim, aquele SENHOR substitui a MÁQUINA, quando ela quebra.
Quando essa máquina é eletrônica, basta substituir o HD (disco rígido), por exemplo. Mas também se pode substituí-la por inteiro.
Quando é biológica, substitui o cérebro, ou seja, todo o corpo.
Em ambos os casos, guarda-se num back-up a memória de todas as vidas (eletrônica ou biológica), o que vale dizer, mantém-se o mesmo ego.
Morre a máquina. O ego nunca morre.
Tudo isso é aceitável filosofica e até misticamente, mas há resistências quando se diz ser aceitável cientificamente, por uma razão muito simples.
Só se considera como CIÊNCIA, a FÍSICA, aí se incluindo a Biologia e a Psicologia, esta quase exclusiva do ser humano.
Para se aceitar o acima exposto como ciência, falta a PSÍQUICA, da qual a Psicologia é apenas uma técnica, como a Fisiologia é uma técnica da Física.
Aí voltamos à questão da Realidade e da Atualidade, cujo conceito rosacruz considero apenas semântico, propondo invertê-lo para mostrar que a ATUALIDADE é o campo da Psíquica, no qual a consciência não tem duração (seu valor é zero), o que significa um eterno AGORA.
Não é difícil entender isso.
A matemática e mais particularmente a geometria é assim.
Não há necessidade da duração da consciência para existir uma linha, um plano, um sólido.
Podemos desenhar uma pirâmide ou simplesmente imaginá-la, durante um minuto ou menos, ou mais e aí estaremos na realidade com quatro dimensões para ela.
Sua existência, contudo, sem que a percebamos, num AGORA, é tridimensional e isso a põe na atualidade da Psíquica.
O que falta dizer é que a realidade com sua duração nada mais é do que uma sucessão de agoras atuais.
Isso já está explicado na série FÍSICA E PSÍQUICA deste blog, que deve ser lida, relida e estudada até se chegar à compreensão dessa estrutura de pensamento.
Pode-se exemplificar com o cinema.
O que nos dá a consciência de pessoas em movimento na tela é a sucessão de cenas em que elas estão paradas, no filme, trazendo-nos a consciência do movimento.
Assim, a realidade física nada mais é do que a sucessão (consciência com duração) de atualidades psíquicas.
Este conhecimento é fundamental para se comprovar cientificamente a eternidade das estruturas de consciência conforme já exposto na série acima citada deste blog.
Trate-se da estrutura física do elétron ou do fóton, trate-se da estrutura psíquica do ego, que tanto pode ser o desse elétron ou desse fóton como o do homem, cada um com seu nível de complexidade. Todos eternos.
NESTE MÊS DE JUNHO, O BLOG É ALIMENTADO SEMANALMENTE, PARA QUE SE TENHA ALGUM TEMPO PARA RELEITURA, REFLEXÃO E ESTUDO.
O PRÓXIMO TEXTO SERÁ COLOCADO AQUI EM 8 DE JUNHO.