sexta-feira, 12 de julho de 2013

A CIÊNCIA QUE FAZ MILAGRES


Crônica científica

   A crônica aqui publicada na semana passada, abordando a visão da Razão e da Fé, sob um olhar científico, trouxe intervenções de pessoas religiosas a questionar como ficam os milagres, que seriam resultantes da Fé aplicada não a partir do conhecimento, mas da emoção, da paixão pela crença de poder chegar um pedido ao próprio Deus ou a um santo intermediário, assim obtendo-se um emprego, um benefício qualquer ou até mesmo um milagre que salva uma vida já condenada pela ciência médica. São conhecidos muitos casos em que isto realmente ocorre e é profusamente mostrado no exercício do sacerdócio e na confirmação do milagre que comprova a importância da Fé, conforme aplicada por todas as igrejas. Por isso, as igrejas existem e proliferam.

   Quem assina estas crônicas é um católico apostólico romano, com a proposta de Jesus, que nos convidou para crescer e atingir o Reino de Deus, também conhecido como Reino dos Céus ou o Paraíso, propondo-nos a salvação, saindo do processo de sucessivas ressurreições na Terra, que seria o Inferno, onde ficam os que pecam por gosto e ignorância. Isso não significa, no entanto, ser ovelha em rebanho, conduzido por pastores. Estes só são necessários para quem ainda é ovelha, mas esta e seu pastor podem evoluir na imitação de Jesus, para ser santo  Alguém tem de dizer com todas as letras que a Igreja Católica é aquela que dialoga com os santos que estão no Reino de Deus e que são exatamente os homens que foram salvos na sua última passagem pela Terra. É só isso, porque esta e só esta é a proposta deixada por Jesus: imitá-lo. O resto é estrutura e função humanas, que têm estado erradas nestes dois mil anos de crimes e castigos eclesiásticos e são reformadas continuamente - na última vez pelo Papa João XXIII - como deverá voltar a ser nestes próximos dias, ao que parece, pelo Papa Francisco, com a proposta de formar santos e não de manter e aumentar rebanhos de ovelhas.

   Assim, pede-se a atenção de quem já não precisa ser ovelha mas continua católico, seguindo Jesus,
para tratar de Deus, dos santos e dos milagres, cientificamente, porque eles existem e precisam ser conhecidos através da Razão e da Fé, que nada mais é do que  Razão com capacidade de memória e velocidade de processamento tendendo para valores infinitos (já tratamos disso aqui, inclusive na semana passada). Pedimos, portanto, atenção, para um conhecimento científico, recentemente divulgado por um médico dos olhos, num programa de televisão matutino: lágrimas de sangue existem como último estádio da vermelhidão nos olhos provocada por vasos sanguíneos que se partem ali, não cuidada a tempo de ser evitada. Acontece que, antes da ciência fazer essa descoberta, as lágrimas de sangue eram assunto exclusivo da religião, que utilizava (ainda utiliza) o processo da Fé para curar pessoas, livrando-as dessas lágrimas vermelhas e de outras enfermidades.
  
   Narrou esse médico famoso, um caso por ele tratado. Uma mulher que traía o marido e era sua paciente, encheu-se de remorsos após a morte dele. Foi à igreja e relatou no confessionário que já não dormia e estava  sendo castigada por Deus, vertendo lágrimas de sangue, vivendo no inferno, arrependida pelo que fizera. Em verdade, sua tensão provocara o rompimento do vaso sanguíneo. O sacerdote, com muita competência, como um psiquiatra, apascentou-a com a promessa de cura, desde que ela confiasse na intervenção divina, motivando-a com o processo da Fé, que dependia apenas dela e não de Deus ou de qualquer santo, que certamente não a ouviria, se ela não fizesse a sua parte, comandando com a sua consciência as estruturas de consciência que formam toda a matéria e controlam toda a energia, provocando assim o MILAGRE. O que qualquer bom médico cirurgião dos olhos já faz, para acabar com as lágrimas de sangue, pode, portanto, ser feito por um bom psiquiatra e naturalmente por um sacerdote que invoque a Fé, que, realmente, move montanhas, seja qual for a religião do paciente ou até mesmo sem religião alguma, porque Deus não tem seita nem partido, por ser a Consciência Universal. Deus é a mente de todos e de cada um, mas o fato é que são poucas as pessoas que se comunicam sequer consigo mesmas.

   A obsessão dos movimentos políticos que apaixonam e afastam as pessoas do conhecimento e do processo dedutivo - que se acelera no intuitivo - na conversa do indivíduo consigo mesmo, estão levando à vida coletiva, às reivindicações das massas e às lutas partidárias ou religiosas, que afastam o homem cada vez mais de Deus, isto é, de si próprio, porque cada indivíduo fala com Deus, sendo Deus como um cérebro infinito no qual cada um de nós seria um neurônio. Esta imagem é grosseira e falsa, mas nos ajuda a imaginar que cada um de nós se comunica com Ele.como cada neurônio real em nosso cérebro humano se comunica com todo o cérebro, de modo que uma única informação contida num único neurônio pode alterar todo o comportamento de um homem que processa milhões de dados em um segundo. Por isso, a informação que colocamos em nossos neurônios devem ser as mais verdadeiras possíveis. Mentiras envenenam nosso cérebro e nos matam.

O homem que se alimenta com mentiras - não se duvide disso - não evolui o seu ego e assim mantém-se no inferno da Terra, até eternamente, sem salvação. Costuma-se dizer que os cientistas são ateus, apenas porque costuma-se oferecer a eles um Deus numa bandeja para consumo de ovelhas que nada fazem além de comer e mover-se dominadas pelo  cajado dos pastores, cujo único objetivo é mantê-las produzindo leite, lã e carne. A boa igreja não é a que domina e escraviza. É a que informa e liberta para a evolução. Por isso, estão todas precisando de reforma, mostrando a Fé como a Razão com capacidade de memória e velocidade de processamento que tendem para o infinito. É difícil e demorado chegar lá? Então é preciso começar logo. Temos uma grande chance com o humilde Papa Francisco, que conversa conosco e ouve a todos.

Adinoel Motta Maia