domingo, 26 de setembro de 2010

O SELO AMME - O LIVRO IMPRESSO É MÍDIA

Passei os anos 9o (século XX) como convidado e trabalhando na Feira do Livro de Frankfurt. Vi surgir, ali e assim, mundialmente, o e-book, o livro eletrônico feito para ser lido nos monitores dos computadores pessoais. Nestes dez primeiros anos do século XXI, criou-se e produziu-se o aparelho digital para a leitura desses e-books, que assim ganharam corpo próprio, com a proposta de substituir o livro impresso.

Costuma-se tranquilizar os gráficos, afirmando-se que a televisão não acabou com o cinema e o rádio, porque estes se adaptaram e desenvolveram outras vocações. É verdade, mas o rádio perdeu a novela, os programas de auditório e até os humorísticos, encontrando sua subsistência nos noticiários e coberturas jornalísticas ao vivo (principalmente as desportivas) não feitas pela TV.

Assim, o livro impresso continuará necessário em algumas aplicações e nichos onde é mais vantajoso, mas certamente perderá o mercado dos best-sellers para o entretenimento e a auto-ajuda, nas livrarias, porque estes textos costumam ser descartados após a primeira leitura e aí a sua forma digital é mais prática e barata, com recursos de imagem e memória inigualáveis.

Seria inevitável a migração imediata e total dos autores de ficção de aventura, mistério e suspense - por exemplo - para o formato eletrônico. Um dos muitos efeitos da mudança. Foi assim pensando, que me ocorreu uma idéia salvadora: a inclusão do livro entre as mídias impressas, angariando anúncios, como na televisão aberta, suficientes para manter os custos de produção impressa e distribuição das obras (como nos programas de TV).

A distribuição dirigida e gratuita é a tábua de salvação para o romance impresso que se tornava best-seller e a partir de agora não precisa ser mais vendido, assim concorrendo com a leitura digital, mais barata, mas não mais prática, porque exige a compra e manutenção do aparelho leitor, entre outras incomodidades.

Recebido gratuitamente, o livro impresso pode ser imediatamente descartado por doação ou empréstimo, o que aumenta sua circulação e seu poder de mídia entre o produtor de bens e serviços e o seu mercado, além do que a sua perenidade é maior, muito maior, que a da revista (uma semana ou um mês antes de ser jogada fora), o jornal (um ou dois dias sobre os móveis da casa) e a televisão ou o rádio, onde o anúncio é visto ou ouvido por não mais que um minuto, só sendo percebido com a sua repetição.

Assim vantajoso para o anunciante, também funcionando ao lado de outras mídias, em campanhas publicitárias, o livro impresso gratuito só cumpre esse papel, no entanto, se houver um critério rigoroso na seleção do seu conteúdo, que tem de se mostrar indispensável para a leitura, sendo inadmissível a mediocridade na linguagem ou no conteúdo, assim como a vanguarda artística ou o excesso de erudição. Esta, como a arte, no livro que deve ser popular, muito procurado, é desejável apenas como decoração. Um vaso de flores num corredor de paredes duras e frias cuja função é melhorar a circulação.

Da teoria à prática, sentí-me na obrigação de realizar a experiência com essa proposta e assim criei o selo AMME (Adinoel Motta Maia Editor). Fui à Bienal do Livro de São Paulo, em agosto último e me encantei com a proposta de impressão digital por demanda, que conheci no estande da Singular (Grupo Ediouro), onde fui muito bem recebido pelo seu E-Publisher, Cláudio Soares.
Naquele universo editorial brasileiro, destacava-se como o caminho da salvação.

Coordenando um projeto no Gabinete Português de Leitura de Salvador, para se comemorar neste ano, pela primeira vez, a descoberta da Baía de Todos os Santos (semana de 29/setembro a 05/outubro), estou correndo contra os prazos para fechar um patrocínio (ou vários) que me permita(m) cobrir os custos de uma primeira impressão, de uma primeira edição, do meu romance inédito A Cruz dos Mares do Mundo, de aventura, mistério e especulação filosófica e científica - ficção policial e científica - que abre a trilogia Nortada (ver matéria neste blog sobre 2000 anos de história em três romances) para ser lançado gratuitamente durante aquele evento, como amostra pioneira, talvez histórica, que testará a teoria. Um livro perene, com folhas de rosto dos capítulos dedicadas ao informe publicitário e com sucessivas reimpressões por demanda dos anunciantes, à disposição das agências de publicidade, das empresas e até das pessoas físicas, com tiragens ao gosto do cliente.

O selo AMME, como já dito em matéria anterior neste blog, estará à disposição também de outras editoras que quiserem publicar as obras patrocinadas e gratuitas do catálogo AMME, sem misturá-las com as obras vendidas, do seu próprio catálogo, com seu próprio selo.

Neste momento, estou colocando os dados para inclusão nos debates que tentam elucidar o enredo, o cenário e os personagens envolvidos nesta empolgante aventura em que se lança o mundo editorial. Não vejo conflito entre o impresso e o digital. Vejo uma riqueza de possibilidades a serem trabalhadas por cada pessoa física ou jurídica, conforme suas propostas, potencialidades e competências.

Mantenham-se ligados aqui, para acompanhar os passos que já estão sendo dados nesta experiência. O próximo deles será a definição do parceiro que cuidará do projeto e produção gráficos da obra primeira a sair com o selo AMME. Uma editora ou uma agência de publicidade?
Já conversamos com alguns empresários do ramo. A decisão por um deles não elimina os outros, porque este selo não é exclusivo de uma empresa. Uma das características desta proposta é que, ao invés de uma editora com vários selos, este é um selo que pode ser absorvido por várias editoras. Sucessiva ou simultâneamente.